Pratinho de Couratos

A espantosa vida quotidiana no Portugal moderno!

segunda-feira, julho 04, 2011

Arre jerico!

Rufam tambores. Há guerra no ar. E os prisioneiros não serão soltos [1]. Quando era presidente dos EUA afervorava o general Eisenhower: “para salvar a economia, é preciso comprar, comprar seja o que for”. Um outro militar, o Zé do Telhado, sargento do regimento de Cavalaria 2, os Lanceiros da Rainha, anuía-lhe o comando de circulação do dinheiro [2]. A mala de dinheiro, “Straight to Hell[3], desenterram-na os banqueiros para a restituir à economia. Num cheiro de pólvora, pensava o presidente da Caixa Geral de Depósitos, Faria de Oliveira: “do meu ponto de vista penso que se vai formar um Governo de guerra, que seja capaz de atuar com toda a força no sentido de fazer cumprir o que está no programa e transmitir lá fora que Portugal, em períodos de dificuldade, sempre foi capaz de superar as dificuldades”. Nas trincheiras há um povo de Fado [4]. Um “povo lúcido, valente” [5]. Povo doador de génios ao mundo: Horta Osório, no seu Banco, o Lloyd’s de Londres, perante um mui difícil quebra-cabeças – a redução de custos no valor de 1 100 milhões de euros – tem mui fácil solução: despedir 15 mil trabalhadores. Povo quando lhe chega a mostarda ao nariz… [6]. Neste povo “nunca a sopa ‘tá pronta” [7] e, se de burro lhe tachassem, não seria o de Sérgio Godinho: “arre burro para Viana / carregado de banana” ou o senhor doutor da anedota, mas o da sabedoria de Beatriz Costa. Porque, finalmente! elegeu um Governo promotor da mobilidade social, isto é, os gabirus da classe média, descem para a baixa, os da baixa, abaixam-se ainda mais, ajustamento estrutural para encarreirar a economia portuguesa no seu galho real. Não há riqueza para, por exemplo, todas as casas terem luz elétrica. Proibi-la seria fascista, equaciona-se solução mais liberal: aumentar a eletricidade ao ponto de certas franjas da sociedade não a poderem pagar. As lamparinas a azeite ou os candeeiros a petróleo alumiaram os avós, alumiarão os netos, com a mesma claridade, enquanto o euro não se apaga e se derretem os sinos e canhões para cunhar moeda [8]. Apesar do Governo bem esburgar os cidadãos, Portugal será expulso do euro, e a razão é simples, são 2.7 triliões de simples razões: Wall Street está de olho nos 2,7 triliões de dólares da indústria dos fundos mútuos do mercado monetário. Ben S. Bernanke, presidente da Reserva Federal “disse que, embora os Bancos dos EUA tinha pouco em participações financeiras diretas ou empréstimos na Grécia, Irlanda e Portugal, tinham ‘exposições significativas’ aos maiores Bancos da Europa em países como Alemanha, França e Grã-Bretanha. Estes Bancos, por sua vez, têm grandes investimentos e empréstimos nos países mais fracos”.

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[1] Serão escravizados. Aristóteles, ao descrever o escravo, expôs o cidadão do século XXI, competitivo, produtivo, lucrativo. O escravo é uma “propriedade instrumental privada de alma”. “Todos os seres, desde o primeiro instante do seu nascimento, são por assim dizer marcados pela natureza, uns para comandar, outros para obedecer”. “Todos aqueles que só têm para nos oferecer o uso do corpo e os seus membros estão condenados pela natureza à escravatura; é melhor para eles servir do que ser abandonados a si próprios. Em resumo, é naturalmente escravo todo aquele que tem tão pouca alma e tão poucas qualidades que se sujeita a colocar-se na dependência de outrem”.

[2] José Teixeira, nasceu na freguesia de Castelões de Recesinhos, lugar do Telhado, concelho de Penafiel, e por 10 anos, assaltou solares fidalgos, no vale do Douro, aliviando-os dos ouros aferrolhados. Porque, dizia ele, o dinheiro é como o sangue tem de circular, quando pára é a morte. Na cadeia da Relação do Porto, confessou a Camilo Castelo Branco – preso por encornar o capitalista Manuel Pinheiro Alves, e fugir-lhe com a mulher, Ana Plácido – que destinava parte do saque para comprar juntas de bois para os lavradores pobres. Na tropa, em Lisboa, aquando da revolta dos marechais, o Saldanha e o Terceira, contra a revolução de Setembro de 1836, lutou sob o comando do duque de Saldanha. O duque pirou-se para Espanha e Zé regressou à sua aldeia. Casou com a prima Ana Lentina de Campos. Mas, em 1847, outro soluço luso, a Patuleia, a revolta da esquerda liberal contra a ditadura do Costa Cabral. Ele vende as terras para comprar cavalo e armamento e apresenta-se na junta do Porto. No combate de Valpaços salva o seu comandante, o marquês Sá da Bandeira, que retira do peito a medalha Torre e Espada e ali o condecora. Esta guerra pateta, que ninguém queria vencer, termina com intervenção estrangeira, na convenção do Gramido a 29 de Junho de 1847. Herói, mas desempregado, sem hipótese de emprego, desenrasca-se. O seu primeiro assalto data de Dezembro de 1849. Em 1850 embarca no Porto para o Rio de Janeiro. Por lá vive ano e meio, segundo Camilo, regressou com saudades dos 5 filhos. Lixou-se no assalto ao solar do Carrapatelo, da D. Ana Vitória. O cruel assassinato do criado João e os pesados sacos de ouro roubados despertam a Justiça. O administrador de Marco de Canaveses, Adriano José de Carvalho e Melo, jura passá-lo pela bala ou ferros. É preso, por uma denúncia, quando tentava fuga para o Brasil, e trancado na cadeia da Relação. Camilo cede-lhe o seu advogado, o causídico maravilha Marcelino Matos, que no tribunal do Marco, tira-o da forca pelo degredo em Angola em 1860. O seu túmulo está em Malange cuidado pelos locais como herói.

[3] Um western paella de 1987, (com título de uma canção dos Clash filmado em Almeria), de Alex Cox: “talvez tenha sido um pouco à frente do seu tempo. Não havia então uma moda de filmes gozões sobre assassinos profissionais de fato preto à la Jean-Pierre Melville”; com Joe Strummer: “fiz, pá. Nada melhor para fazer, suponho”, Courtney Love, Elvis Costello, Grace Jones, The Pogues, Jim Jarmusch…

[4] Um berreiro de mandriões de Lisboa e uma miada de doutores cábulas de Coimbra que a indústria discográfica vende por solenidade musical. Salazar topava-os: “Os fados amolecem o carácter português, esvaziam a alma das suas energias e incitam à inação”, em “Férias com Salazar”, Christine Garnier. No entanto, ótimo para sacar noivo, Joana Amendoeira descobriu-o através do seu álbum ao vivo em Lisboa: “então eu explico. Não. É. Foi. Já, que depois o disco editado, portanto foi mesmo numa loja. Comprou o CD e, ele é estrangeiro e, a partir daí (…) e daí, depois tentou pesquisar, saber, veio outras vezes a Portugal, nessa altura não me conheceu, e, descobriu que eu cantava no Clube de Fado, e foi lá, que foi, aparecendo algumas vezes e depois daí, mais tarde, muitos anos depois é que tudo… aconteceu”. “É brasileiro e vive nos Estados Unidos”.

[5] Cavaco Silva: “só tem pátria, quem sabe lutar, os portugueses são um povo lúcido, valente e com uma sabedoria ancestral que lhe permite, em situação de grande crise, escolher um caminho seguro rumo à estabilidade e à garantia da sua independência”. Ele é um presidente-economista temperado no duro: “comecei por estudar muito, mas não posso esconder que chumbei um ano, sabes? e sabes o que é que o meu pai fez? mandou-me para uma quinta do meu avô, durante as férias de Verão, cavar milho e cavar batatas, e nesse ano eu não fui pra praia”, lecionava ele, para uma criança, nos jardins de Belém, que lhe perguntara “como descobriu a sua vocação?”.

[6] O banqueiro Oliveira e Costa sobre Dias Loureiro: “lá foi dizendo ‘veja lá como me trata, olhe que eu quando me hostilizam não sou pra brincadeiras”.

[7] Pinto Monteiro, Procurador-geral da República: “a minha posição é conhecida. Eu sou contra os megaprocessos. Os megaprocessos arrastam uma investigação que nunca acaba. Se quiser investigar o país todo, as sociedades todas, os Bancos todos, então nunca acaba. Porque cada descobre mais uma coisa. O exemplo que eu costumo dar é como uma grande panela, onde está a fazer sopa. Quando a sopa ‘tá pronta, acrescentam-lhe mais uns vegetais, depois mais qualquer coisa e nunca a sopa ‘tá pronta”.

[8] D. Pedro IV quando abdicou da coroa do Brasil refugiou-se na única região do território português que não aderira ao absolutismo de D. Miguel, a ilha Terceira, nos Açores. E atraiu-lhe os sinos. Primeiro, engravidou, de um filho Pedro, a sineira do convento da Esperança, Ana Peregrino Faleiro Toste. Depois, sob promessa política de repor logo que subisse ao poleiro, ou seja, nunca cumpriu, fundiu os canhões e os sinos das igrejas para cunhar moeda, que os locais apelidaram de “moedas malucas”, por ser uma estouvada ideia a ilha ficar sem sinos para as cerimónias religiosas e canhões para a defender dos piratas.

Além dos triliões americanos, há os triliões europeus, dinheiro que tem de ser protegido, custe o que custar, por isso, os portugueses, antes de serem cuspidos do euro, pás! zás! pás! no rabo, para pagarem [1]. Os apatetados líderes europeus [2], sobre uma péssima ideia, a União Europeia, derramaram uma ainda pior: um embeleço, uma moeda única, só possível pelo atordoamento cultural atual: em França, até ao século XVIII, as pessoas eram cozidas em grandes caldeirões pelo crime de moeda falsa. Excluíram a adoção de uma moeda forte como o wernick, a moeda de Melmac, o planeta natal do ALF, com 10 dólares de câmbio seguro, por uma moeda fracote, num mercado livre de capitais, sem a proteção das taxas alfandegárias. Tommaso Padoa Shioppa, falecido ministro das Finanças italiano e “ímpeto intelectual” do euro, reconheceu falhas: “a moeda única resolveu uma questão, isto é, conseguir que o mercado único pudesse funcionar. Sem uma moeda única era impossível. Porém, abriu outra problemática, a da coerência fundamental das políticas económicas e das dinâmicas de competitividade. Subestimámos os problemas que poderiam surgir, caso por um período prolongado, um país não conseguisse cumprir as suas obrigações. Como pano de fundo, a crise do subprime, criou nervosismo nos mercados, que originou o caso grego e potencialmente em outros países”. Em Setembro de 2008, a falência do Lehman Brothers semeia o pânico. O dinheiro plof! como uma bola de sabão, porque as instituições financeiras desconfiavam umas das outras e não emprestavam entre si. Lívidos, os banqueiros agarram-se ao erário público para garantias e para que o dinheiro circule outra vez [3]. Jean-Claude Trichet: “temos uma ameaça grave e imediata de uma grande depressão nos países industrializados e a nível mundial. Nesse momento, foram tomadas várias decisões, sobretudo sobre o apoio ao setor financeiro”. Essa crise “sanada”, George Soros, um perito, pois fez fortuna especulando nas taxas de câmbio, vem à Europa avisar da próxima crise. Numa noite de Março de 2009, num salão privado do hotel Adlon, em Berlim, convidou europeus influentes para jantar, ou seja, alemães, o secretário de estado das Finanças e vários deputados. Fez-lhe um aviso sério e eles orelhas moucas: a crise bancária vai criar endividamento público, que rebentará com o euro, se não criarem um mecanismo de solidariedade entre os países. Os investidores desfazer-se-ão da dívida dos países em dificuldades impedindo-os de aceder aos mercados. E aconteceu… a Grécia. A agência France Trésor, que gere a dívida e o dinheiro do Estado francês, nota diferenças das taxas entre as várias dívidas, a alemã, a mais segura, e a grega, a espanhola, a portuguesa e a irlandesa. Trichet: “vimos que o conjunto dos investidores, aforradores, dos poupados, europeus e mundiais, introduziam uma discriminação entre o acordo dos diferentes países. Enquanto, anteriormente, tinham tendência a considerar que um risco soberano era, por definição, muito reduzido”. Os europeus acordam para uma grande novidade: os Estados podem falir. A 20 Março de 2009, o ministro das Finanças alemão Peer Steinbrück, sem convicção alguma, vem acalmar os mercados numa declaração aos média: “nenhum membro da Zona Euro tem dificuldades no pagamento ou em refinanciar a dívida pública”….

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[1] Para tal emprestam-lhes, enquanto preparam o plano B para salvarem a pele, ou seja, o dinheiro. Passos Coelho apoquentava-se antes de ser ministro: “se esse Fundo (Europeu de Estabilização Financeira) tiver de ser utilizado é muito importante que não seja estigmatizado, quer dizer, que os países que possam ver necessidade de recorrer a esse Fundo não fiquem apontados como países incumpridores er er er e de quem os investidores privados devam afastar-se. E uma solução para resolver esse problema é o de garantir que diversos países, em simultâneo, possam recorrer a esse Fundo. Essa é uma forma de desestigmatizar, digamos, o recurso a esse Fundo”.

[2] Após o jogo Nintendo DSK, e vago o lugar de canalizador, a candidata europeia e francesa, Christine Lagarde, lidera: “não sou candidata da Europa. Não sou a candidata da França. Sou candidata para servir os 187 membros do Fundo Monetário Mundial”.

[3] Sem capital financeiro é o caos. Durão Barroso sobre o vocábulo “imposto”: “eu não gosto de usar essa palavra que utilizou. Agora vamos ser completamente honestos, se estamos numa situação em que os Estados membros têm uma grande pressão sobre os seus orçamentos, se eles não podem manter ou aumentar a contribuição para a União Europeia, e se a União Europeia precisa de fundos para levar a cabo os seus objectivos, de algum lado tem de vir esses recursos”.

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Umberto Eco integrou, apocalíptico, em nome das rosas do James Bond: “o esquema é: 1) a miúda é bonita e bem comportada; 2) tornou-se frígida e infeliz por severas provações sofridas na adolescência; 3) isto condicionou-a a servir o vilão; 4) depois de conhecer Bond ela aprecia a natureza humana e todas as suas riquezas; 5) James Bond possui-a mas no final perde-a”. Na génese desta resenha ficcional está talvez um medo específico de meados do século XX: “no dia 15 de Janeiro de 1952, em Goldeneye, na ilha da Jamaica, Ian Lancaster Fleming, velho etoniano (Eton College) e antigo agente da Inteligência Naval, começou a trabalhar numa novela. Ele alegou que era uma distração ao seu próximo casamento com Anne Charteris: ‘horrorizado com a perspetiva do casamento e para anestesiar os meus nervos, sentei-me, deslizei um pedaço de papel na minha massacrada portátil e comecei”. E, nessa novela, “Casino Royale”, Bond zurze nas gajas, entrincheirando-se, contra o intimidador sexo feminino: “ele suspirou. As mulheres serviam para divertimento. Numa missão, metiam-se no caminho e baralhavam as coisas todas com o sexo, os sentimentos feridos e toda aquela bagagem emocional que transportavam. Era preciso ter cuidado com elas e protegê-las”, e no final, Vesper Lynd era uma agente dupla, que morre, e apesar dos sentimentos de amor antes expressados entre os dois, Bond e ela, a última frase do livro é “a cabra está morta”. De consumo mais imediato que a Literatura, o Cinema extraiu um modelo: “a Bond girl é bonita, com certeza, atrevida e amável, ela também está sexualmente disponível, e é improvável que arme confusão quando é morta, literalmente ou metaforicamente, no fim de cada filme, para abrir caminho para um novo amor”:

Bond girls: com o escocês Sean Connery camuflando o seu problema de calvície com um capachinho, em todos os seus filmes, inaugurou-se a enérgica série: Ursula Andress como Honey Ryder em “Dr. No” (1962): o sotaque da atriz Suiça era tão terrível que a sua voz foi dobrada por Nikki van der Zyl e o calypso, “Underneath The Mango Tree”, cantado por Diana Coupland; – Daniela Bianchi como Tatiana Romanova em “From Russia With Love” (1963): também, pela pronúncia macarrónica, a sua voz foi dobrada por Barbara Jefford. Pedro Armendáriz, ‘Ali Kerim Bey’, chefe do posto da Inteligência britânica em Istambul, com um cancro terminal, trabalhou até lhe falhar as forças, regressou a casa e suicidou-se com um tiro no coração; – Honor Blackman como Pussy Galore em “Goldfinger” (1964): com 38 anos foi a mais velha Bond girl (5 anos a mais que Connery); – Claudine Auger como Dominique “Domino” Derval em “Thunderball” (1965): ex-miss França, a sua voz foi dobrada por Nikki van der Zyl. E Luciana Paluzzi é Fiona Volpe, uma assassina da SPECTRE; – Akiko Wakabayashi como Aki em “You Only Live Twice” (1967): “de agora em diante tens de fazer tudo à maneira japonesa”; – Diana Rigg como a condessa Teresa “Tracy” Di Vicenzo, em “On Her Majesty's Secret Service” (1969); único filme com o australiano George Lazenby e de triste fado em Portugal. Bond instala-se no Palácio Hotel, rua do Parque, no Estoril. Compra o anel de casamento para a Tracy na joalharia Ferreira Marques, Filhos, no Rossio. Há festa com pegas de touros na Herdade do Vinho, no Zambujal. E, recém-casados, em viagem para a lua-de-mel no Aston Martin, Tracy é assassinada no parque nacional da Arrábida, em Setúbal, por umas rajadas de metralhadora, disparadas por Irma Bunt, de um Mercedes Benz 600, conduzido por Ernst Stavro Blofeld, líder da SPECTRE. Quando a lusa bófia vem tomar conta da ocorrência, Bond embala o corpo sem vida da esposa e responde-lhes: “temos todo o tempo do mundo” e o filme finda; – Jill St. John como Tiffany Case em “Diamonds Are Forever” (1971): Lazenby desiste, persuadido pelo seu agente de que os filmes da série Bond seriam uma velharia na década de 70, e Connery regressa por um 1,25 milhões de dólares e trocos; – Jane Seymour como Solitaire em “Live and Let Die” (1973); com 22 anos foi a Bond girl mais nova, e Roger Moore, com 45 anos, o ator de maior longevidade no papel, resistirá 12 anos; – Britt Ekland como Mary Goodnight em “The Man With The Golden Gun” (1974): o realizador Guy Hamilton ofereceu-lhe o papel depois de a ver em biquíni. Christopher Lee, ‘Francisco Scaramanga’, é primo de Ian Fleming; – Barbara Bach como a major Anya Amasova, a agente XXX do KGB, em “The Spy Who Loved Me” (1977): Fleming só autorizou o título da novela, mas não o seu conteúdo, por isso Albert R. Broccoli, que comprara a parte de Harry Saltzman, encomendou um argumento original; – Lois Chiles como Holly Goodhead em “Moonraker” (1979): a primeira trancada de Bond no espaço; – Carole Bouquet como Melina Havelock em “For Your Eyes Only” (1981): o sucesso comercial do filme contribuiu para salvar a United Artists da falência causada pelo desastroso “Heaven’s Gate” (1980) de Michael Cimino; – Maud Adams como Octopussy em “Octopussy” (1983): estreou-se com a presença do príncipe Carlos e Diana; – Tanya Roberts como Stacey Sutton em “A View to a Kill” (1985): e Grace Jones como May Day, amante e guarda-costas de Max Zorin, o vilão que quer destruir Silicon Valley. Último filme de Moore, de avançada idade, e mais de 100 duplos nos riscos, ainda (um duplo) esquia na neve ao som de “California” dos Beach Boys. Celine Cawley, atriz irlandesa, uma party girl no filme, foi assassinada aos 46 anos, o marido é o principal suspeito; – Maryam d’Abo como Kara Milovy em “The Living Daylights” (1987): violoncelista, sniper contra vontade, que falha o alvo: “os melhores atiradores do KGB são mulheres. A rapariga não era profissional. Quem a pôs a fazer aquilo deve ter assustado the living daylights out of her”, comenta Bond; – Carey Lowell como Pam Bouvier em “Licence To Kill” (1989): último filme antes de um interregno de 6 anos para batalhas legais pela posse dos direitos da personagem que envelheceu Timothy Dalton para o papel; – Izabella Scorupco como Natalya Simonova em “Goldeneye” (1995): e Famke Janssen como Xenia Onatopp, uma assassina da Geórgia que esmaga os inimigos entre as suas fortes coxas. Entretanto a União Soviética desagregara-se e Bond (Pierce Brosnan) atura desaforo de M, agora uma gaja, que lhe chama: “dinossauro sexista e misógino, uma relíquia da guerra-fria”; – Michelle Yeoh como a coronel Wai Lin, em “Tomorrow Never Dies” (1997): rainha de artes marciais de Hong Kong era melhor lutadora que Bond. A Carver Media Group Network visa o domínio global sob os lemas do seu dono: “there’s no news like bad news” ou “a palavra é a nova arma, o satélite a artilharia”; – Denise Richards como a Dra. Christmas Jones em “The World Is Not Enough” (1999): e Sophie Marceau como Elektra King. Bond oferece um charuto a Moneypenny que o atira para o caixote filosofando “a história de nossa relação, close but no cigar”; – Halle Berry como Giacinta “Jinx” Johnson, em “Die Another Day” (2002): agente da NSA, “pra frente, moderna e o próximo passo na evolução das mulheres nos filmes de James Bond”, satisfazem os produtores, para a nova atitude da mulher século XXI; – Eva Green como Vesper Lynd, em “Casino Royale” (2006): “acredita em Deus M. Le Chiffre? Acredito no lucro razoável”; – Olga Kurylenko como Camille Montes em “Quantum of Solace” (2008): na rodagem do filme, um duplo atirou o Aston Martin DBS, de 134 478 euros, ao lago Garda, Itália.

Desde a, super protegida pelo copyright, sequência do cano da arma, obra de Maurice Binder: nos primeiros três filmes, não é Connery, mas o duplo Bob Simmons quem filma essa cena inicial, só a partir de “Thunderball” é que o ator fará as honras da sua presença - as ferramentas e truques, as roupas, a música (oferecida pelo Manuel), os erros, o trabalho artístico, alvoraram boulevards de dinheiro, e com ele, o ersatz:

Mike Connors em “Kiss the Girls and Make Them Die” (1966): “um empresário brasileiro planeia esterilizar a raça humana através do seu satélite e pessoalmente repovoar o planeta com belas mulheres que ele raptou e conserva em animação suspensa”; – Rod Taylor em “The Liquidator” (1965): como Brian "Boysie" Oakes, contratado como assassino, mas mais interessado no estilo de vida luxuoso do cargo e papar a Iris (Jill St. John); – Richard Johnson como Hugh “Bulldog” Drummond “Deadlier Than the Male” (1966): um veterano da guerra da Coreia, agora investigador de seguros, na pista das assassinas mais sensuais do cinema, Sylvia Koscina e Elke Sommer, que matam por desporto e lucro. E “Some Girls Do” (1969): Carl Petersen, o inimigo de “Bulldog”, desenvolveu uma série de miúdas giras robots para sabotar o SST1, o primeiro jacto supersónico, através de infra-som. O filme introduz Sydne Rome como Flicky; – a série britânica “Carry on…” também espiou com “Carry on Spying” (1964), com Charlie Bind, o agente 000 (duplo 0, oh!); – “Dr. Goldfoot and the Bikini Machine” (1965): “inventou um exército de robots de biquini programados para procurar homens ricos e seduzi-los a entregar-lhes os seus ativos”; – Dean Martin como Matt Helm, dos livros ultraviolentos de Donald Hamilton, suavizado num tom de comédia, cerzida de gajas ultraboas: “The Silencers” (1966): (Stella Stevens): “a missão é deter uma organização do Mal chamada BIG O (Brotherhood of International Government and Order)”, Cyd Charisse abre o filme com um strip cantando, em playback, “Santiago”, de Vikki Carr. Murderers' Row” (1966): (Ann-Margret): o grupo pop Dino, Desi & Billy (com o filho de Martin, Dean Paul Martin, que no filme chama Helm ‘pai’) toca "If You're Thinkin' What I'm Thinkin'”. The Ambushers” (1967): (Senta Berger): “quando um disco voador do Governo é sequestrado em pleno voo por José Ortega, um governante exilado de uma nação fora da lei, o agente secreto Matt Helm e a ex-piloto Sheila Sommars são enviados para recuperá-lo”. “The Wrecking Crew” (1969): (Elke Sommer, Sharon Tate): “Matt Helm é designado pela sua agência secreta ICE (Intelligence Counter Espionage), para derrubar um perverso conde chamado Contini, que tenta o colapso da economia mundial, roubando um bilião de dólares em ouro”; – “Scorpions and Mini Skirts” (1967): “o filme inicia-se com uma sequência de ação particularmente espetacular, (embora totalmente sem sentido), em que o agente Paul Riviere (Adrian Hoven, colaborador de Jess Franco, produziu-lhe em 68 “Necronomicon – Geträumte Sünden”) salta para fora de um caixão enquanto era enterrado, destrói um monte de bófias, então escapa, quando o seu caixão é elevado por um helicóptero”; – “7 Golden Women against Two 07” (1966): “é algo sobre múltiplas pinturas de Goya, das quais apenas uma é autêntica, e que também contém pistas para um tesouro que os nazis teriam escondido debaixo de água, assim, um grupo de pessoas de todo o mundo chega a Roma para procurá-lo”; – “Le Spie Uccidono a Beirut” (1965): “dois cientistas escapam da Rússia com microfilmes contendo segredos militares. O agente americano Bob Fleming 077 é o responsável por contactá-los”; – o espião da nouvelle vague Claude Chabrol, com Roger Hanin, como o Tigre, o James Bond francês: “Le Tigre Aime La Chair Fraiche” (1964): “tenta proteger de sequestradores a esposa e a filha de um ministro turco em Paris” e “Le Tigre Se Parfume À La Dynamite” (1965): “o Tigre é enviado para supervisionar a desobstrução de um navio afundado e o seu tesouro. Mas é constantemente abortado por piratas revolucionários e agentes da Rússia, Alemanha e Estados Unidos”. “Marie-Chantal Contre Docteur Kha” (1965): “num comboio para a Suiça, um desconhecido confia à bela e frívola Marie-Chantal Froidevaux des Chatenets (Marie Laforêt) uma jóia, uma pantera, cujos olhos são rubis”; – Jean-Paul Belmondo com a irmã de Catherine Deneuve, Françoise Dorléac, em “That Man From Rio” (1965): “o soldado de 2ª classe Adrien Dufourquet chega a Paris para uma licença de uma semana durante o serviço militar. Apressa-se para encontrar Agnès, a sua namorada, mas ela é raptada diante dos seus olhos”, drogada e embarcada para o Brasil; – “The Man from U.N.C.L.E.” (1964-1968) série de TV, Sam Rolfe queria manter a ambiguidade do título entre “Uncle Sam” ou “United Nations”, mas a proibição do uso da sigla UN, sem autorização das Nações Unidas, forçou um significado para o acrónimo: United Network Command for Law and Enforcement. A organização adversária, THRUSH (Technological Hierarchy for the Removal of Undesirables and the Subjugation of Humanity), tem duas possíveis origens: fundada pelo coronel Sebastian Moran depois da morte do professor Moriarty, o inimigo de Sherlock Holmes, nas cataratas Reichenbach, ou fundada por oficiais nazis, incluindo Martin Bormann, refugiados na Argentina. A série “redefiniu os programas de televisão de espionagem introduzindo no género algumas inovações. Particularmente, rompeu com a tradição da espionagem e olhou para além da política da guerra-fria da época para vislumbrar uma nova ordem mundial”. E as girls eram de qualidade. O talhante americano Steven Soderbergh pretende assassinar a série num filme antes de se reformar de vez; – Hubert Bonnisseur de la Bath, aliás O.S.S. 117: “Pas De Roses Pour OSS 117” (1968): com Luciana Paluzzi, o ator John Gavin ganhou o papel de Bond após a partida de Lazenby, entretanto Connery concordou regressar; – Neil Connery, o irmão, também lutou pela rainha, “Operation Kid Brother” (1967): com Daniela Bianchi, “o melhor agente secreto da Inglaterra não está disponível, assim, o seu irmão mais novo é trazido para derrotar o malévolo sindicato do crime Thanatos”; – Ken Clark como Dick Maloy, o agente 077: “Agent 077: Mission Bloody Mary”, (1965), “Agent 077: From the Orient with Fury” (1965), “Special Mission Lady Chaplin” (1966): com Daniela Bianchi; – Saoirse Ronan em “Hanna” (2011): “Hanna Heller é uma miúda de 17 anos que vive com o pai, Erik Heller, na agreste Finlândia. Desde os 2 anos tem sido treinada por Erik para ser uma assassina. Como parte do seu treino, ela nunca contactou com a tecnologia moderna e memorizou uma série de falsas histórias, sobre ela própria, para serem usadas ‘quando chegar a hora’”.

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[The Girl at the Video Game Store” – canção de Perry Gripp, estreada em 9 de Julho de 2009, para comemorar o 1000º episódio de “Attack of the Show!”, um programa americano de TV ao vivo, das noites de semana, na G4 TV, “sobre novos itens tecnológicos, paródias, cultura pop, notícias gerais diárias, e pré-estreias de videojogos, filmes e média digital”; no vídeo, o apresentador Kevin Pereira, na bateria, e a ex-apresentadora Olivia Munn no papel principal. Olivia Munn transferiu-se, como “principal correspondente asiática”, para o Daily Show e foi capa da Maxim Janeiro de 2010: “SIM! Este é um pedido especial para mim. O fotógrafo pediu uma garrafa de champanhe Veuve Clicquot e um six-pack de Samuel Adams. O meu foi torta e um balde de Cool Whip”, exclama ela num intervalo da sessão fotográfica. Perry Gripp, “o homem por detrás do tema de ‘Buffy the Vampire Slayer’ está a converter o desastre vídeo da Internet em punk rock visual”; pastoreia uma “canção da semana” no Perry Gripp Radio e um canal YouTube; é compositor de jingles falsos e editou em 2005 um álbum a solo, “For Those About To Shop, We Salute You”, com 51 faixas, imitando vários estilos musicais como produtos comerciais; e é guitarrista e vocalista da banda punk Nerf Herder: segundo o Urban Dictionary: “termo depreciativo usado pela princesa Leia, a fim de rebaixar Han Solo, escondendo assim os seus verdadeiros sentimentos por ele”: → “Van HalenΞPantera Fans in LoveΞMr. SpockΞ(Stand by Your) ManateeΞBoner for Christmas].

[Hot Lips” – canção de Pacific!: “é o afagado pelo sol, abençoado bebé, de Björn Synneby e Daniel Högberg – dois amigos de infância da cidade costeira de Gotemburgo, na Suécia, cujo natural sentimento escandinavo para o idílico é evidente numa estética musical que, é tão encantadora, quanto desinibida”; os desenhos no vídeo são de Stéphane Manel: desenhador francês com extraordinários trabalhos como capas da Vogue ou da Elle, ilustrações para L’Officiel, a Playboy, o rótulo das garrafas de água Evian, capas de álbuns, da banda Little White Lies, Sebastian Tellier, Serge Gainsbourg, Dimitri From Paris e o vídeo dos Chromeo; “ele cria um delicado mundo de sonho, igualmente moderno e decadente. A sua arte vagueia de retratos a fantasias, irónica ou séria, multicolorida ou monocromática. O seu trabalho é visto na cena musical, editorial, comercial e no mundo da arte].

[Ghetto Love” – dos Spinnerette: → “Valium Knights” Ξ “Baptized by Fire” Ξ “All Babes Are Wolves”: projeto de rock alternativo da australiana Brody Dalle, cantora, compositora, guitarrista, nascida Bree Joanna Alice Robinson; em 1997, aos 18 anos, casou com Tim Armstrong dos Rancid, divorciaram-se em 2003, Armstrong curtiu a dor de corno nas letras do álbum “Indestructible”. E Brody comutou o apelido, pelo da sua atriz favorita, Béatrice Dalle, a francesa de Brest que economizou na roupa no filme “Betty Blue” (1986). Em 2007 casa com Josh Homme dos Queens of the Stone Age, (Dalle com os QOTSA), Eagles of Death Metal e Them Crooked Vultures, vivem na Califórnia e a primeira filha, Camille Harley Joan Homme, nasceu dia 17 de Janeiro de 2006. Dalle tuitou que o segundo, um filho, está no forno para sair dia 11 de Agosto de 2011. Ela era a vocalista do grupo punk The Distillers formado em 1998 em Los Angeles: → “The Young Crazed Peeling” Ξ “Drain the Blood” Ξ “The Hunger” Ξ “Beat Your Heart Out].

[Karl Lagerfeld – o estilista (da coleção de Inverno 2011 da Chanel: “vou fazer a coleção mais feia do mundo e ver o que acontece. Quem me vai impedir? Quem vai ter a coragem de me criticar? Quem vai deixar de comprar?”), das garrafas Coca-Cola, da suite de chocolate para a Magnum, da vestidura dos 50 anos da Barbie, realizador de “Photo Mood”, “Art Class”, “Applause” e “The Tale of a Fairy”, e janotado fotógrafo – parlou na canção “Rondo Parisiano” dos SomethingALaMode, que musicaram a coleção Cruise 2009/10 da Chanel, em Veneza, Praia do Lido. SomethingALaMode é um duo parisiense de electro / house / clássica, composto pelo violoncelista Yannick Grandjean e o violinista Thomas Roussel, influídos por Stravinski, Fauré, Daft Punk, Mirwais (Mirwais Ahmadzaï, compositor e produtor suíço, filho de pai afegão e mãe italiana, redescoberto por Madonna nos anos 90 para lhe produzir os CDs “Music” (2000), “American Life” (2003) e “Confessions on a Dance Floor” (2005); ele foi guitarrista dos neo-românticos Taxi Girl: → “Cherchez Le Garçon” Ξ “Quelqu’un Comme Toi”; – e, com a namorada, de Juliette et les Indépendants): “a mistura de moda, sintetizadores, e cordas dá aos SomethingALaMode o seu único, ainda que clássico, som francês, que mergulha nas passerelles e pistas de dança de todo o mundo”: → “Rondo Parisiano” ao vivo Ξ “5:AM” Ξ canal YouTube].