Pratinho de Couratos

A espantosa vida quotidiana no Portugal moderno!

sexta-feira, dezembro 23, 2011


De cassetete quadrado e lubrificado

Parte IV

A cornucópia, o corno da abundância, os cornos de Amalteia, a cabra que amamentou Zeus na infância, foi cambiada pelos chavelhos que enfeitam as testas dos simples bois e homens. Nas mãos de Pluto palitos de bois e homens não derramam leite, o leite contemporâneo, euros do Banco Central Europeu, para soteriológica salvação da Banca italiana, rica em títulos, mas pobre em ouro: “os novos ativos tóxicos são os títulos de dívida soberana, aos olhos do mercado”, Giovanni Sabatini, diretor da Associazione Bancaria Italiana [1].
Pluto (do grego Πλοῦτος = riqueza) – não o cão de Mickey, nem Plutão, nome romano de Hades – é o deus da riqueza, filho de Deméter e do semideus lasion, e irmão de Persófone [2], raptada por Hades, deus do mundo dos mortos. Pluto repousava nos braços de Tique (Τύχη = sorte), divindade responsável pela fortuna e prosperidade de uma cidade, ou de Irene (Εἰρήνη = paz) abençoando de Prosperidade os crentes da antiguidade clássica. Na modernidade moderna, “Johnny, la gente está muy loca! / What the fuck?![3], esta loucura das gentes prostram-nas diante de Krampus: “o companheiro negro do Pai Natal, o tradicional presenteador europeu, que recompensa os bons meninos todos os anos no dia 6 de dezembro. O bondoso velho Pai deixa a tarefa de punir os maus meninos, à sua contraparte, o Diabo Cornudo, saído do inferno, também conhecido como Krampus, e por muitos outros nomes no continente” [4]. Os maus alunos da União Europeia são castigados com visões do mercado de capitais por um canudo e os bons gratificados com palmadinhas nas costas depois de venderem os dedos dos países. E o povo, sem dedos nem anéis?: “Sexy and I’m Homeless[5].
A “crematística” (grego χρηματιστική), a acumulação ilimitada de riqueza, era condenada por Aristóteles, “o comércio troca dinheiro por mercadorias e a usura cria dinheiro do dinheiro. O comerciante não produz nada: ambos são repreensíveis de um ponto de vista da ética filosófica. Segundo Aristóteles, a ‘necessária’ economia crematística é lícita se a venda de mercadorias é feita diretamente entre o produtor e o comprador a preço justo” [6]. Esta doutrina económica vigora durante a Idade Média, ratificada pelo centro pensante desse período, a Igreja Católica. “São Tomás de Aquino aceitou essa acumulação de capital, se servisse para fins virtuosos, como a caridade”. O ouro e a prata eram a medida da riqueza, a sua acumulação, se uma parte fosse distribuída por Deus ou pelos pobres, não colidia com as normas da Igreja Católica. Por exemplo, boatos de rios de ouro para além do cabo Bojador engodaram o infante D. Henrique em ordenar aos seus navegadores a descida da costa africana [7].
Na Europa outras ideias formigavam com as reformas protestantes de Lutero e Calvino. Segundo Max Webber, o capitalismo, como uma organização racional e livre do trabalho, é uma consequência da ética protestante (o alicerce ideológico do capitalismo americano). Lutero liberta a noção de salvação da submissão à autoridade clerical, a doutrina da predestinação conduz a que cada um se empenhe no trabalho, e o sucesso é visto como um sinal de eleição, pelos favores de Deus. Nasce o capitalista. É uma obrigação religiosa o enriquecimento e a denúncia da ociosidade. E Calvino martela-lhe o último prego: legitima o empréstimo de dinheiro, não para acorrer a uma fatalidade, mas para permitir que, tanto aquele que pede como quem empresta, tirarem proveito dele [8]. E assim, Calvino legitima, não só a usura, como o empréstimo aos ricos. O capitalista dialoga diretamente com Deus, como não há a confissão, o padre, a autoridade eclesiástica base do catolicismo, que absolve as faltas, é substituído, no protestantismo, pela responsabilidade moral individual e um rígido sentido do certo e do errado [9].
As diferenças entre o norte da Europa, protestante, e o sul, católico, são uma das causas, psicológicas, para os rótulos de lixo, vadios, zeros [10], colados nos gastadores do sul. Para os nórdicos, os gajos do sul desprezam o valor do dinheiro e causarão um caos pior que o fim da Internet (“The IT Crowd”). Os gajos do sul penaram as três fases da vida (económica): o Banco, onde pediam emprestado quando ainda eram fiáveis; o prestamista quando, enrascados porque os Bancos já não emprestam, penhoram as pratas da família; o agiota, quando a corda aperta o gorgomilo, não se olham a taxas de juro [11]. Depois das três fases, magritos de austeridade, pesarão 50 g, o peso da Internet [12] e a dívida, apesar dos otimismos, de Vladimir Putin: “penso que a Europa precisa de 1.5 triliões de euros para resolver a crise. Não se pode deixar que a Itália caia na bancarrota seria uma catástrofe”, ou do nosso rapaz na Europa, o Durão Barroso: “Portugal vai ficar sob vigilância apertada da Comissão Europeia até meados da próxima década, altura em que se espera, em Bruxelas, que o país tenha pagado até 75% do seu empréstimo”, a calculadora do Economist desmente veleidades políticas com realidades económicas. A dívida portuguesa em 2020 estará nos 123,7 % do PIB.
Nesta telenovela europeia, os líderes mais fracos, de cognome, os bons alunos, são “shippers”, (pessoas que se envolvem emocionalmente nas relações entre personagens das séries de TV ou outras obras de ficção), dos casais mais fortes, ditos líderes de 1ª. Investem para que os amores dos seus eleitos se fortifiquem e frutifiquem em “cimeiras decisivas”, em que eles, os bons alunos, servem os cafés e as águas, e cumulam felicidade por uma palavra amiga, uma piscadela de olho, um sorriso terno deles, dos líderes de 1ª. Os bons alunos pátrios não perdem um episódio desta telenovela porque o país tem um plúmbeo serviço público de televisão [13].
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[1] Os “dirigentes” lol europeus engoliram a pílula: “o mercado é supremo”, deixem-no cavalgar sem freio, que o resto será concedido. E repetem como mantra e manta da Europa: “o mercado é supremo”, “o mercado é supremo”, “ó meu Deus como o mercado é supremo”… Há uma outra lição vinda do frio: “deixem falir os Bancos”. Paul Krugman avisara sobre os benefícios da austeridade: “(uma) crise provocada pela desregulamentação, torna-se num motivo para uma viragem ainda mais à Direita; um tempo de desemprego em massa, em vez de estimular os esforços públicos para criar empregos, torna-se numa era de austeridade, na qual os gastos do Governo e os programas sociais são cortados … (Mas) salvar os Bancos enquanto se pune os trabalhadores não é, de facto, uma recita para a prosperidade”. E a Islândia confirmou: “após os seus três maiores Bancos – 85% do sistema financeiro do país – falirem na mesma semana, a Islândia fez duas coisas extraordinárias. Primeiro, permitiu que os Bancos fossem ao fundo: os financiadores estrangeiros, que tinham emprestado às instituições de Reiquiavique, por sua conta e risco, não receberam uma króna de volta. Segundo, as autoridades impuseram controlos de capital, tornando difícil aos mercadores do dinheiro fácil retirarem o seu bago para fora do país”. O país recebeu 2.1 mil milhões do programa assistido do FMI: “o Governo rapidamente colocou a sua própria marca no programa. As autoridades comprometeram-se na execução das medidas, mas queriam fazê-lo à sua maneira. Um dos principais objetivos do Governo era proteger o estado social islandês, e esse propósito foi realizado”. “A Islândia desafiou a sabedoria económica ortodoxa do nosso tempo: salvar Bancos e corte dos serviços públicos, e agora está no caminho da recuperação que o resto da Europa inveja”, o herói dessa recuperação foi o presidente Olafur Grimmson. A Islândia prevê um crescimento económico de 3% este ano, a rica Alemanha, esse motor, prevê crescer 0,6% em 2012.
[2] Com Sovereign Syre, “uma mulher de virtude negociável”, “eu escrevo, produzo, faço de modelo e represento em variadas formas de erótica. (…) Disseram que, se a América tivesse um rei, eu seria a sua madame Pompadour…”. 1,73 m, 63 kg, 97-69-102, “a minha tarifa começa a 1000,00 dólares”.
[3] A canção “Loca People”, a primeira a subir ao número um do top inglês, depois do “Asereje” das Ketchup, em 2002: “o vídeo passa-se em Barcelona, especialmente nas Ramblas, Plaza Catalunya e no interior da discoteca Millennium. Nele, sob um ritmo cativante, parodia-se os turistas festeiros que visitam a capital catalã e preferem beber ou ir a discotecas, em vez de desfrutar da oferta cultural da cidade” (a casa Batlló, a Sagrada Família, o dildo gigante / a torre Agbar). Do DJ, produtor e empresário da noite catalão Sak Noel: “as imagens têm esse ar de BD, com legendas e diálogos, o que se deduz que se trata de uma paródia e não de uma apologia do turismo da borracheira”. Cantada pela holandesa Esthera Sarita. E a airosa turista no vídeo é Desirée Brihuega.
[4] “Em França, o Pai Natal tem um amigo chamado Père Fouettard, que maldosamente corta a garganta de três crianças, antes de fazer o guisado da quadra com elas. (Aliás, tem-se especulado que o Père Fouettard é o homem na capa de Led Zeppelin IV)”. Krampus é uma personagem do folclore alpino, comum na Áustria, Bavaria meridional, sul do Tirol e Hungria, provém da antiga palavra alemã “krampen” = “garra”. {A canção}. {Há a banda italiana de folk metal Krampus}. O Travel Channel não transmitiu a animação “A Krampus Carol”, do chef americano, Anthony Bourdain: “o mundo não estava ainda preparado para uma releitura, em stop motion, do ‘parceiro de chicote em punho’ do Pai Natal, que ‘chicoteia e lambe as crianças desobedientes’ com a sua língua de 30 cm e, em seguida, ‘carrega-as no seu saco’”. {Postais}. {Enfeites}.
[5] Nem casa terá para vender cachorros quentes de porta a porta: “Electro Puppet Porn”.
[6] O preço justo era fixado pelo vendedor. Impagáveis são “as 24 mais sexy da desova das estrelas rock de 2011”.
[7] Foi a cobiça, não qualquer demanda de conhecimento científico, que mareou o beatão infante na grande aventura dos portugueses. Na “Intercontinental Super Grind”.
[8] O capitalismo perfeito, só o Capital, sem o Trabalho, está para breve. A Foxconn Technology Group de Taiwan, que monta iPhones e iPads, vai despedir empregados e substituí-los por um milhão de robots. “A Foxconn tem atualmente 10 mil robots; no próximo ano, este número deve saltar para 300 mil e até um milhão nos próximos três anos”. A empresa foi assolada por uma praga de suicídios nas suas fábricas na China, que incomodou a HP, Apple, Sony e outros dos seus clientes e, além da inoportuna morte, há a questão do inoportuníssimo estipêndio: “os salários dos trabalhadores estão a aumentar tão rapidamente que algumas empresas não aguentam mais”, Dan Bin, gestor de fundos.
[9] Christine Lagarde, ainda ministra das Finanças francesa, explicava a peculiaridade moral dos alemães, quando se descobriu as tramóias que ocultaram a dívida grega: “penso que os alemães acharam que havia um contrato, que havia uma regra de co-propriedade e que cada um devia respeitá-la. Entre as regras de co-propriedade havia a impossibilidade de bailout, isto é, não podíamos criar um plano de resgate, e simultaneamente, não podia haver uma saída. Segundo, havia um Pacto de Estabilidade e Crescimento que devia ser respeitado. Em terceiro, havia trocas de informações estatísticas no Eurostat, na lógica alemã, devia ser difícil crer que as estatísticas eram falsas, que o pacto não seria respeitado e que seria necessário rever as regras da co-propriedade na cláusula de salvaguarda”. A própria Angela Merkel descobriu que não pode confiar na responsabilidade moral: “que possibilidade há hoje, na zona euro, de forçar um país a implementar o que consta e se espera do Pacto de Estabilidade e Crescimento? Vemos que mesmo num pacto melhorado, não há uma instância europeia capaz de tomar medidas fortes se um país não respeitar o Pacto. Por isso, digo que urge trabalhar em alterações ao Tratado que nos permitam, pelo menos, processar um país junto do tribunal europeu, para que os países abdiquem de parte das suas capacidades e soberania a fim de uma instituição europeia, poder declarar que quem não respeita os tratados, deve ser obrigado a fazê-lo”.
[10]We’re All No One”: “You do your best / You take the fall / You reminisce / About almost nearly having it all. / You see the stars / You try and catch one / Ooooh / You tried so hard / Chasing, nothing / Because, / We're all no one 'til someone thinks that we're someone / 'Til then we are no one”, NERVO, as irmãs gémeas australianas Miriam e Olivia Nervo.
[11] O Banco, o prestamista, o agiota são um uno, são as mesmas instituições financeiras, o espírito de emprestar é que é diferente. Como um concerto no Afeganistão é um concerto mas: “envolto em segredo e segurança para evitar ataques, o festival Sound Central apresentou bandas locais afegãs, ao lado de colegas músicos do Irão, Uzbequistão, Kazaquistão e até mesmo da Austrália, oferecendo uma bem-vinda distração a jovens famintos de música num país devastado pela violência”.
[12] Menos que o peso de Lindsey Lohan na Playboy. Ela queria um milhão Hefner, pagou quase, por mais uma repetição do “Marilyn Monroe on Red Velvet”, 1949, de Tom Kelley. Que ainda rende dólares: “a edição dupla janeiro fevereiro de Lindsey Lohan está a bater recordes de vendas” tuitou Hugh Hefner.
[13] Pinto Balsemão, um inteligente cita outro inteligente: “parece-me oportuno citar também António Barreto. António Barreto, numa conferência que eu assisti, proferida em Lisboa há pouco tempo em em, penso que em setembro deste ano, afirmou o seguinte: ‘eu sou pessoalmente favorável à existência de um serviço público de televisão. Não considero que a RTP, hoje em dia, com a totalidade dos seus serviços cumpre os meus critérios de serviço público. É que a RTP, como serviço público, não tem nada que fazer no futebol, por exemplo. Não tem nada que fazer nos concursos. Não tem nada que fazer no entertainment disparatado. Tem muito pouco que fazer na informação. Já se faz informação em Portugal suficiente e o serviço público não acrescenta nada, mas o serviço público acrescenta muito no debate, na discussão livre e no documentário, no estudo, na alta cultura. Porque é que os portugueses têm medo de dizer alta cultura. Há medo em Portugal porque é elitista, porque é burguês ou porque é fascista. Então a ópera, a música clássica, o Mozart e até o Cole Porter, o drama, o bailado, tudo isso é pra jogar fora em nome de quê? da cançãozinha que dura 15 dias? Fim de citação”. Um sábio português consume certas hortaliças culturais, a sua sabença surde da sua convicção de que elas também são boas para os outros.

cinema:

O quadro preto nos filmes porno: um material pedagógico primário na escola de sucesso do ministro Nuno Crato que na prefação da sua ministrice “boanovou” o país: “nós precisamos de melhorar o ensino e vamos melhorá-lo. Nós vamos ter mais horas para o português e para a matemática. Vamos ter maior concentração nas tarefas fundamentais no 2º e 3º ciclo. Eu julgo que tudo isto são boas novas para Portugal. Acho que os professores e as famílias, nós também, devemos estar contentes e vamos agora trabalhar”. Na Europa ventada pela “crise”, trabalho significa ser pago em amendoins, e o ministro ministrou na assembleia na República a reforma estrutural do prémio de mérito: “nós não acabámos com o prémio de mérito, nem acabámos, nem acabámos com a entrega de 500 euros por cada aluno premiado. O que fizemos foi o seguinte (…) o que nós dissemos foi simplesmente o seguinte: na altura da entrega do prémio, em vez de entregar dinheiro diretamente aos alunos, porque pensamos que o mérito deve ser recompensado, mas não deve ser recompensado distribuindo dinheiro, porque pensamos isso, nós instituímos um processo de utilização desse dinheiro que está perfeitamente claro, e que se, por indicação dos alunos premiados será afeto à aquisição de materiais ou projetos sociais existentes na escola. O que significa, o mérito não é equivalente a distribuir dinheiro, o prémio não é equivalente a distribuir dinheiro, o mérito é sobretudo recompensado através daquilo que fica e aquilo que fica é o registo do reconhecimento do mérito desse aluno”. O despacho do ministério transmuta o vil metal na boa moral: “contudo, tal atribuição constituirá uma nova prática especialmente vocacionada para o desenvolvimento dos necessários valores de partilha e de solidariedade”, pontapeando uma das “365 ideias para Passos Coelho governar”, no livro “Voltar a crescer”, coordenado por Pedro Reis: “melhorar a remuneração dos governantes – com vista ao recrutamento e retenção dos melhores quadros oriundos do setor privado e não apenas pessoas em final de carreira”. O ministro prioriza o fardo da “formação real” para prendar o país de bons dirigentes no amanhã: “conjuntamente com o ministério de Economia estamos a avaliar a rede de centros de Novas Oportunidades e recentrá-la pra formação real”. – “Filmes para crianças incrivelmente assustadores”: “The Never Ending Story / Die unendliche Geschichte” (1984), Tami Stronach, a “Imperatriz Criança”, tinha 11 anos e “perdeu ambos os dois dentes da frente, pouco antes das filmagens, fizeram-lhe dentes falsos que lhe causaram sigmatismo, até que aprendeu a compensá-los”; nasceu em Teerão a 31 de julho, 1972, filha de dois arqueólogos, o pai escocês, David Stronach, e mãe judia, Ruth Vaadia. “Noah Hathaway, ‘Atreyu’, é agora proprietário de um estúdio de tatuagens em Los Angeles, que opera com a mulher”. A banda sonora de Giorgio Moroder é um panfleto sobre a razão do fascínio pela música dos anos 80, nesta década, os grupos, na seguinte, os artistas a solo. Nos anos 80, os ótimos Kajagoogoo nos 90… Limahl (c/ Beth Anderson). – “Beware! Children at Play” (1989), “um dos títulos mais controversos da Troma devido ao seu macabro final, uma sequência de cinco minutos onde os habitantes da cidade brutalmente assassinam cada uma das crianças canibais, usando armas de fogo, forquilhas e outras armas sortidas. Segundo Lloyd Kaufman, quando o trailer do filme passou no festival de Cannes, antes da exibição de ‘Tromeo & Juliet’, quase metade da assistência abandonou a sala em protesto”.
Intervalo para publicidade: jbs underware: “os homens não querem ver outros homens nus”, as cuecas confecionadas por operárias qualificadas. {Fotos}. ● Dodge, o carro da Chrysler Group LLC.
música:

Saxofone – “foi patenteado em 1846 por Antoine-Joseph ‘Adolphe’ Sax, um fabricante de instrumentos belga, flautista e clarinetista a trabalhar em Paris. Enquanto ainda trabalhava na loja de instrumentos do seu pai, em Bruxelas, Sax começou a desenvolver um instrumento que tivesse a projeção de um instrumento de metal com a agilidade de um de sopro de madeira”. “Aos 25 anos foi morar em Paris, onde começou a trabalhar no projeto de novos instrumentos. Ao adaptar uma boquilha semelhante à do clarinete a um oficleide, Sax teve a ideia de criar o saxofone. A data exata da criação do instrumento foi em 28 de junho de 1840. (…). O saxofone é um instrumento fabricado em metal, geralmente latão, com chaves, numa mecânica semelhante à do clarinete e à da flauta. É composto basicamente por um tubo cónico, com cerca de 26 orifícios que têm as aberturas controladas por cerca de 23 chaves vedadas com sapatilhas feitas de couro e uma boquilha que pode ser de metal ou de resina, na qual se acopla uma palheta de bambu ou de material sintético”.
Solos de sax da década de 80: por alguma razão os produtores musicais desta década adoravam o som do saxofone e enfiaram uns solos na maioria das canções: Haircut 100 – “Favorite Shirts (Boy Meets Girl)”, Phil Neville Smith, no sax, veio ajudar na gravação de umas fitas para as editoras, o resultado final agradou e ele foi convidado para tocar nos concertos ◙ Sheila E. – “The Glamorous Life”, filha do percussionista de Santana, Pete Escovedo ◙ Debbie Gibson – “Only in my Dreams”, para trapacear os adolescentes na compra de discos, o marketing discográfico, vendia-a como a eterna rival de Tiffany; em 2011 participaram juntas no filme “Mega Python vs. Gatoroid”; desde que completara 18 anos, a Playboy insistiu cinco vezes para que posasse nua, desnudou-se em 2005, para promover o seu single “Naked”, a frescura da carne fritara-se com os 35 anos de idade e o êxito do passado não bisou ◙ Glenn Medeiros – “Nothing Gonna Change My Love For You”, havaiano de ascendência portuguesa, em 1992 gravou “Standing Alone”, com Thomas Anders, a metade bonita da melhor banda alemã (duo), que achinelou Wagner, Beethoven, Mozart, Bach, Orff, Brahms, Strauss, Stockhausen… os Modern Talking; casou-se em 1996 com Tammy e tem dois filhos chamados Chord e Lyric. 
10 grandes canções quase destruídas pelo saxofone: instrumento principal, do som “plastic soul”, tocado pelo músico de jazz americano David Sanborn, na canção que foi a chave do mercado americano para David Bowie – “Young Americans” ◙ coletivo canadiano indie, de seis a dezanove membros, Broken Social Scene – “Almost Crimes” ◙ a secção de metais é a alegria no ska, Madness – “It Must Be Love”.
O instrumento noutras bocas:
Tokyo Ska Paradise Orchestra & Puffy AmiYumi – “Hazumu Rhythm” ◙ os catalãs The Pepper Pots – “Time To Live” ◙ Sisters of Mercy – “Dominion”, a baixista, “a pin-up gótica perfeita, com as suas altas sobrancelhas arqueadas, eyeliner preto, vermelho sangue nos lábios, provocante cabelo avolumado, longas unhas negras e guarda-roupa mistura de fetiche com renascimento”, Patricia Morrison, em 1994 editou o álbum “Reflect On This” – “Alone” ∆ “Reflection”: na adolescência viveu a cena punk de Los Angeles, fundou os Bags em 1976 e os Legal Weapon em 1981. É convidada para os Gun Club em 1982. Kid Combo Powers relata: “decidimos, ‘ok, os Gun Club estão a separar-se’. Então, estávamos todos em Londres, e eu e a Patricia decidimos ter uma banda” os Fur Bible. Amiga de Andrew Eldritch, substitui o desavindo Craig Adams nos Sisters of Mercy, em 1985, saiu no início de 90, reclamando de Eldritch dinheiro não pago. Em 1996 foi convidada a juntar-se aos Damned depois de o baixista, Paul Gray, ter sido ferido por uma garrafa, atirada por um fã, num concerto no The Forum, Kentish Town, Londres. Em 1998, casou com o vocalista dos Damned, Dave Vanian, em Las Vegas. Depois de dar à luz Emily Vanian, em 2004, retirou-se dos Damned” – “Love Song” ∆ “Eloise”.
O sax punk:
Lora Logic, nascida Susan Whitby: “por volta do outono de 76, vi um anúncio no Melody Maker procurando músicos punk. Eu nem sabia o que era o punk, simplesmente apareci. O manager para os X-Ray Spex gostou da ideia de ter outra mulher na banda com a Poly, por isso entrei. Nós demo-nos tão bem, realmente descolou e ensaiávamos muito. Era como um sonho”. Ela ainda tocou no marco punkOh Bondage! Up Yours!”. “Poly viu que eu estava a ficar um pouco demais na ribalta e fui substituída sem qualquer aviso um ano depois. Eles até usaram todas as partes de sax que eu trabalhei para o álbum (Germ Free Adolescence) com um novo músico”, o saxofonista Rudi Thomson. “Tornei-me cínica acerca do negócio da música e fui para a escola de arte estudar fotografia por um tempo”. “Um tipo que encontrei na escola (Jeff Mann) sabia dos Spex, tinha um estúdio e chateava-me sobre isso. Finalmente decidi fazer algo e comecei a trabalhar numa banda por um ano antes de tocarmos ao vivo”, agrupa em 1978 os Essential Logic – “Aerosol Burns” ∆ “Wake Up”. “Ficámos juntos três anos, mas eu estava demasiado envolvida no processo e fui-me divertindo com as drogas um pouco demais, a viver o estilo de vida rock, e teve o seu preço”. Por volta de 1980 alistou-se nos Hare Krishnas e foi viver para o norte de Londres, na Letchmore Heath, (rebatizada Bhaktivedanta Manor), a mansão doada por George Harrison aos Krishnas. “Bem, a Poly juntou-se aos Krishnas e encontrámo-nos pela primeira vez em anos. Ela própria tinha passado por muito e eu compreendi”. Jah Wobble, amigo de Johnny Rotten e baixista dos Pil, descrevia Poly Styrene como “uma rapariga esquisita muitas vezes a falar de alucinações. Ela apavorava John”. “Em 1978, após um concerto em Doncaster, ela teve uma visão de uma luz cor-de-rosa no céu e sentia os objetos estalarem quando lhes tocava. Julgando que ela alucinava, a mãe levou-a ao hospital onde Poly foi erradamente diagnosticada com esquizofrenia, internada compulsivamente, e disseram-lhe que nunca mais trabalharia”. Diagnosticaram-lhe distúrbio bipolar em 1991. Poly Styrene, nascida Marianne Joan Elliott-Said (3 de julho, 1957  – 25 de abril, 2011), “enquanto adolescente, Marianne era uma ‘hippie descalça’. Aos 15 anos, fugiu de casa com 3 libras no bolso, andava à boleia de um festival de música para outro, acoitando em poisos para dormir hippies. Ela via isto como um desafio para sobreviver. A aventura terminou quando pisou um prego enferrujado enquanto tomava banho num regato e teve que ser tratada por septicemia”. A sua filha, Celeste Bell-Dos Santos, é vocalista do grupo, sedeado em Madrid, Debutant Disco – “Young Blood” ∆ “With no Brain”.
Hazel O’ Connor: “fugi da minha casa, em Coventry, quando tinha 16 anos… fiz e vendi roupas em Amesterdão, apanhei uvas em França, juntei-me a um grupo de dança que foi para Tóquio e depois para Beirute (escapando ao início da guerra civil por um mês), viajei pela África ocidental, atravessei o Sahara, cantei com um trio terrível para as tropas americanas na Alemanha e regressei a casa para ‘assentar’. Através de toda esta experiência de vida e do mundo, compreendi que cantar sempre me animou. Decidi ser cantora. Nas estranhas curvas do destino acabei num filme chamado “Breaking Glass” (1980) e também acabei escrevendo todas as músicas para o filme” – c/ os Stranglers ∆ versão de Hazel, de “Love and a Molotov Cocktail”, do grupo do seu irmão Neil, os punks The Flys.
Oil Tasters: Richard LaValliere, baixista e vocalista, Caleb Alexander, saxofonista, e Guy Hoffman, baterista, trio de Milwaukee, Wiscosin do início dos anos 80, enfiado dentro do pacote punk por dificuldades de classificação de uma música que pairava pelo jazz, rock, James Brown e a literatura surrealista – “Emma” ∆ “That’s When The Brick Goes Through The Window”. A coroa do massacre punk do sax herdou-o a cantora e saxofonista Jessie Evans – “Blood & Silver” ∆ “Is It Fire?” ∆ “Scientist of Love” ∆ “Niños del Espacio” ∆ entrevista na banheira; a sua música “situa-se nalgum lugar entre uma banda sonora de filme B mexicano dos anos 60, o disco e um calipso gótico”. Comenta ela as suas farpelas: “Sempre vesti hot pants, roupa de majorette, jalecas de soldado, com o velho vestuário de vaudeville, fatos de banho e coisas de marinheiro. Eu cresci no oceano, numa escuna, e estava numa charanga quando era criança. Acho que apenas me identifico com estas imagens. Também gosto de vestir uniformes, por que não gosto de me preocupar muito em pensar no que vou vestir. No dia a dia, uso as mesmas roupas todos os dias durante semanas ou mesmo meses. No palco só quero cintilar e abanar as minhas pernas e braços à volta como uma demente”. “Jessie torrou quase uma década na cena punk e death rock californiana a amolar a sua onda cantando e carpindo o estilo James Chance no seu fiel saxofone, em bandas como The Vanishing e as agora lendárias Subtonix. As Vanishing mudaram-se de S. Francisco para Berlim em 2004, mas separaram-se pouco depois, libertando Jessie para novas aventuras. Autonervous, inicialmente um projeto a solo, floresceu numa colaboração entre Evans e Bettina Köster (da banda alemã dos anos 80 Malaria!)”.
Os Fear – “New York's Alright If You Like Saxophones”: “New York's alright if you wanna be pushed in front of the subway! / New York's alright if you like tuberculosis! / New York's alright if you like art and jazz! / New York's alright if you're a homosexual!”. Os verdadeiros padrinhos do punk, o mais padrinho de todos: Sun Ra. Alguns saxofonistas de jazz no MySpace: Albert AylerSidney BechetEarl BosticDon ByasBenny CarterOrnette ColemanJoe HendersonRahsaan Roland KirkHank MobleyDavid MurrayCharlie ParkerSonny RollinsLester Young.
Notas soltas no instrumento:
O saxofonista etíope Gétatchèw Mekurya c/ a banda avant-garde / punk holandesa EX. “Instruído em instrumentos tradicionais, clarinete e saxofone, Merkurya iniciou-se em 1949, a tocar na Municipality Band, em Adis Abeba”. Em meados dos anos 60, juntou-se à influente Police Orchestra” ◙ Junior Walker & the All Stars – “Shotgun” ∆ “What It Takes” ◙ Candy Dulfer, holandesa do jazz suave, “começou por tocar bateria aos cinco anos. Aos seis começou a tocar saxofone soprano. Aos sete muda para o saxofone alto”, aos catorze forma a sua banda Funky Stuff – com Dave Stewart ∆ com Sheila E. ∆ com Maceo Parker ∆ “Can't Make You Love Me” ◙ 808 State – “Pacific State” ◙ The Motels – “Only The Lonely” ◙ John Zorn – “Concert at the Kitchen” ◙ Marillion c/ vocais de Steve Hogarth – “Berlin” ◙ Dream Theater c/ Jay Beckenstein sax soprano – “Another Day” ◙ “Yakety Sax”, escrita por James Q. "Spider" Rich e popularizada por Boots Randolph ◙ Blurt – “The Fish Needs a Bike” ◙ Morphine – “You Speak My Language” / “Honey White” ◙ Tihuya Cats – “Cheveza, Chicas y Rockabilly” ◙ Borbetomagus – “Friendly Fire” ◙ banda sonora de John Barry para “Goldfinger” (1964) – “Pussy Galore's Flying Circus” ∆ “Into Miami” ◙ cena de “Footloose” pelos Flight of the Conchords ◙ Alexandra Stan – “Mr Saxobeat”.
Em Portugal, nas décadas de 60/70, quando a Direcção dos Serviços de Censura travava as revistas estrangeiras escandalosas na fronteira e mulheres nuas eram um luxo só para homens legitimamente casados, as capas dos discos do saxofonista italiano Fausto Papetti insinuavam nos escaparates das discotecas o que mais tarde se aprofundava no casamento ou… nas meninas. Anciana nobre tradição nacional: o 1º conde de Linhares, D. António de Noronha, (1464-1551), o “narizes”, porque o seu apêndice nasal perdera, arrancado por uma fera numa caçada em Ceuta, escrivão da Puridade de D. Manuel I, era dono do alcouce de Lisboa. Certo dia, ao ser ignorado na rua pelo cidadão Marcos Mendes, eriça-se de sua fidalguia e grita-lhe: não sabeis que eu sou? E resume-lhe o currículo o Mendes: “sei perfeitamente. Sois D. António, escrivão da Puridade d’el rei, trineto do santo Condestável e dono da casa das meninas”. O escudeiro do 2º conde, D. Francisco de Noronha, o marido de Violante de Andrade que 13 filhos lhe pariu, Luís Vaz de Camões, também, segundo Eugénio de Andrade, molharia o pincel: “não sabemos também quem o poeta tenha amado, para lá das anónimas ‘ninfas de água doce’ do Malcozinhado e outros bordéis de Lisboa”. Essas “ninfas de água doce”, não eram umas perdidas (“The Fallen” - Crematory), serão as almofadas das esposas aparando as arrostadas mais violentas dos maridos, Apolodoro de Atenas: “temos raparigas para o prazer. Amantes para o refrigério dos nossos corpos. Mas esposas para nos darem filhos legítimos e olharem pela casa”; e fabricadoras de património cultural bandarra: a Severa (1820-1846) “era uma puta alta e graciosa, que cantava o fado (especialmente na taberna da Rosária dos ‘Óculos’, que ficava ao cimo da Rua do Capelão). Teve vários amantes conhecidos, entre eles o Conde de Vimioso (D. Francisco de Paula Portugal e Castro) que, segundo a lenda, era enfeitiçado pela forma como cantava e tocava guitarra, levando-a frequentemente à tourada”, o cume da vida cultural portuguesa, mais tarde, na era do audiovisual, completado com o Festival da Canção e o Natal dos Hospitais. O decreto-lei 44579 de 19 de Setembro de 1962 proíbe a prostituição, no papel, para serenar o cardeal Cerejeira, as autoridades civis não suaram para fechar os lupanares de Lisboa e por mais algum tempo os ouvidos dos fregueses bendirão as palmas da madame e a melodiosa frase: “meninas à sala”. No Bairro Alto, zona de petróleo, os serralhos apinhavam-se antes de as “ninfas de água doce” serem despejadas no trottoir: na Rua do Diário de Notícias nº 142, na Rua da Barroca nº 5, na Travessa da Água da Flor nº 8, na Rua do Mundo nº 100, dois andares, para dois poderes de compra, 25 paus no primeiro, 100 escudos no segundo. A Madame Calado, no primeiro andar de um prédio situado numa rampa junto da estação do Rossio, para ministros e funcionários públicos de 1ª categoria. A Madame Blanche, na rua da Glória nº 63, 1º andar, com os três pratos no menu. Na rua Luciano Cordeiro para funcionários públicos de 2ª categoria. E no Intendente para a maralha. 
E, o sol da escala, o maior saxofonista de todos os tempos, soprava e gostava de ser assoprado: Bill Clinton.

quarta-feira, dezembro 07, 2011

De cassetete espiraliforme e lubrificado

Parte III

“A conta, por favor” – pede o novo cidadão, o cidadão-ilha: uma porção de Homem rodeado de impostos por todos os lados. É ele quem tem de “trabalhar mais e melhor” para repor, em numerário, em cascalho tilintante, em moeda trincável, o rol dos fiados [1]. Todos devem a todos, isso sempre aconteceu, desde que Adam Smith mercadejou os benefícios do fluxo do comércio [2]. Então, que novo pauzinho se introduziu no gelado da economia? A “crise” ativou um factor psicológico novo: o preço moral de um banqueiro para outro banqueiro. Os banqueiros despertaram, entre colegas, de que são uns biltres e uns trafulhas, perderam a confiança entre si e a circulação do dinheiro, que é dívida de alguém sobre alguém, estancou.
Para enegrecer a paisagem económica [3] tinham exacerbado de toneladas de triliões a “riqueza” que administravam. Aristóteles, na “Política”, escrevia que “a quantidade de bens domésticos que bastam para a vida boa não é ilimitada. Há um limite fixo” e que essa fatia fixa era a riqueza (no século IV a. C.: a riqueza da casa ou da cidade-estado). Os ímprobos banqueiros esmurraçaram este senso comum [4] e disparam-se para o ilimitado quando explodiu o foguete em 2007 nas urbanizações americanas. E agora as economias “ricas” afixaram na vitrina o cartaz: “dinheiro precisa-se”. E onde está ele? Algum está aferrolhado, cimentado, blindado, fora do alcance do galfarro do Estado, o outro, no bolso dos mais pobres e remediados que lhe acenarão adeus [5].
Tosquiar a maioria da população açoda uma democracia musculada. E uma classe profissional se destacará:
polícia chique [6]. O Bófia será o melhor amigo do Estado [7]. Ele pindárico exigirá: “cabo da GNR exige sexo na via pública[8], ele bradará rapsódico: “Eu seguro a tocha de Heraclito / Assim posso abanar a terra e mover os sóis” (Behemoth), por que o Estado depende dele para conter “actos de vandalismo e algumas incivilidades”, e o cidadão, sem ter comido a mulher do polícia, alombará com o cassetete ou uma bala nas costas [9].
As democracias gestam no seu útero um quisto verdadeiramente irritante, dizia Orson Welles na BBC: “o cidadão livre é sempre mais um estorvo para o polícia do que o criminoso” [10], para uma boa governança, vigiar o cidadão, não sinalizado como criminoso, é a principal função do Estado, e já é uma indústria privada: o Spyfiles da
WikiLeaks: “ a interceção em massa de populações inteiras não é apenas uma realidade, é uma nova indústria secreta abrangendo 25 países. Parece algo saído de Hollywood, mas a partir de hoje, os sistemas de interceção de massa, construída por adjudicatários de inteligência ocidentais, incluindo para ‘adversários políticos’, são uma realidade. A WikiLeaks começou hoje a liberação de um banco de dados de centenas de documentos, de tantos como, 160 adjudicatários de inteligência, no sector da vigilância em massa” [11].
O controlo estreito do cidadão prevê e prende antes do crime. No dia da greve geral (24 de novembro), os noticiários pescavam “imagens semelhantes à Grécia”: “três repartições de Finanças foram vandalizadas esta manhã em Lisboa. (…). Em Benfica, na rua Amélia Rey Colaço, e no Campo Grande, na avenida do Centro Cultural, as repartições de Finanças poucos estragos sofreram apesar de terem sido lançados ‘cocktail Molotov’ contra as suas fachadas, enquanto uma terceira, na avenida General Roçadas foi atingida com uma lata de tinta que acabou por partir o vidro da porta
principal”. Cocktails Molotov, uma importação escarninha finlandesa, lançados em patrióticas garrafas de cerveja Sagres [12] e, quiçá, com gasolina da Galp, comprovam que a liderança de Cavaco Silva: “consumir produtos nacionais”, enterra fundo em todos os estratos da população. Mais nacional, só se atirassem cocktails Molotov em Tabuleiros do Divino Espírito Santo, de Tomar, ou no box-set da Amália Rodrigues. A exactidão não é uma rotina na indústria jornalística portuguesa, e talvez a notícia de um canal privado fosse uma montagem, (filmaram a garrafa algures e inseriram depois a imagem na edição da notícia), então estaria compassada com as propostas do génio português do serviço público, João Duque, de “filtrar”, “trabalhar” a imagem de Portugal antes de a exportar no canal da RTP Internacional: “a promoção de Portugal através da imagem ou do som deve ser enquadrada numa visão de política externa”, “geniou” ele.
Se tivesse inteligência, a polícia portuguesa abortaria os ataques contra as Finanças e os perpetradores estariam experienciando outra tradição bem nossa da carga de milho na esquadra. Cacetada da boa, democrática, apenas para os menos favorecidos “
Até essas putas todas rastejarem[13].
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[1] O bancável “IOU” e não o improdutivo “IUD”. No filme “
Saturday Night Fever” (1977), Tony Manero (John Travolta), numa onda de avançar para a penetração, pergunta a Annette (Donna Pescow): “what have you got? The IOU thing?”, acrónimo de “I owe you”, confundindo-o com “IUD”, “intrauterine device” = “dispositivo intra-uterino”. Na ausência de contracetivos, Tony contenta-se: “fuck! Just give me a blow job” = tradução de Deus Google: “foda! Apenas me dê um golpe de emprego”. Tony recebe uma nega, tal como os contribuintes também não terão nem sequer um “golpe de emprego” (de consolação), após pagarem todas as dívidas das dívidas e os juros dos juros.
[2] Adam Smith (1723-1790) raptado pelos ciganos aos 4 anos de idade, nas margens do Leven, quando visitava o avô, resgatado alguns dias depois, sobreviveu ao azar da Oxford de meados de 1700, “impregnada de Porto e preconceitos”, para empilhar várias ideias dispersas numa nova noção de riqueza: “não foi pela importação de ouro e prata que a descoberta da América enriqueceu a Europa. (…) Abrindo um novo e inesgotável mercado para todas as mercadorias da Europa ocasionou novas divisões de trabalho e aperfeiçoamentos de arte, que, no círculo do comércio antigo, nunca se poderiam ter verificado por falta de mercado para consumir a maior parte da sua produção. As capacidades produtivas do trabalho foram melhoradas e a sua produção aumentada em todos os diferentes países da Europa, e juntamente com isso o rendimento real e a riqueza dos habitantes”. A riqueza deriva da tendência humana para trocar objetos que produz por outros de que necessita, assim, o bem-estar económico de uma sociedade não é a posse da riqueza, mas o processo de fluxo de mercadorias. Uma ideia já em François Quesnay (1694-1774) no seu “Tableau économique”: a riqueza das nações não é mensurável pelos quilos de ouro ou prata nos cofres, mas sim pela sua produção de bens e mercadorias, e a melhor maneira de aumentar essa produção era a livre circulação de produtos no mercado, sem monopólios de intermediários, nem limitações tarifárias.
[3] Num horror
Disco Argento. Ave Satanas!
[4] Uma evidência até para catraios de 10 anos a tocar
Metallica. Mesmo depois de apanhar com um balão nas trombas.
[5] As
sexy DJs pagarão mais impostos. Na Islândia optaram pela democracia: “o novo Governo enfrenta um dilema espinhoso: a liquidação à Holanda e ao Reino Unido de uma dívida de 3.5 milhões de euros após a falência do Icesave. (…). O Governo votou, em janeiro de 2010, uma lei autorizando esse reembolso, o que resultaria, para cada islandês, desembolsar durante oito anos uma quantia de cerca de 100 euros por mês. Mas o presidente da República recusa retificar a lei, cujo texto é submetido a um referendo”. “Entre as informações recolhidas, esta imagem impressionante da ágora nos banhos quentes públicos, onde o povo se reúne todas as manhãs para discutir a forma de refazer o mundo. Consagração desta revolução, a eleição de uma Assembleia Constituinte, a 27 de novembro de 2010” para redigir uma nova Constituição.
[6] Fotos de
Steven Meisel. Modelos Iselin Steiro e Hilary Rhoda.
[7] Miguel Macedo, ministro da Administração Interna, sobre correções nas tabelas remuneratórias da PSP para 2012: “essa situação, que é muito grave, quando estamos a falar de estruturas, que são estruturas hierarquizadas, vai ser possível corrigir no quadro do Orçamento de Estado para 2012, aí, como os srs. sabem, é uma situação de absoluta exceção, enfim dentro das restrições fortes que vivemos”. A polícia é a primeira obrigação do Estado: “a
PSP vai receber um reforço de verba de 50 milhões de euros no orçamento da Administração Interna, segundo os dados apresentados pelo ministro Miguel Macedo”.
[8]
Nitrate Love”.
[9] Norman Mailer, em “Os duros não dançam”: “em todo o caso… que diz aquele aforismo de vagabundos de rua? se queres morrer com uma bala nas costas, basta fazeres rapapés à mulher de um polícia. Ali, sentado em casa, senti um estremecimento, mas era agradável”.
[10]
The Orson Welles Sketch Book”: episódio 3 – “The Police”, (transcrição): “mas há outro tipo de abuso policial. Você sabe, penso que todos o sofremos mais ou menos. E sofremos nas mãos de polícias bons. Polícias decentes. Polícias cumprindo o seu dever. Estes são todos os insignificantes aborrecimentos; não parece muito importante, mas confluem numa invasão da nossa privacidade e um assalto contra a nossa dignidade como humanos. (…). Estou disposto a admitir que o polícia tem um trabalho difícil, um trabalho muito duro, mas é a essência da nossa sociedade que o trabalho do polícia deva ser duro. Ele está lá para proteger, proteger o cidadão livre, não para perseguir criminosos, isso é uma parte acidental do seu trabalho. O cidadão livre é sempre mais um estorvo para o polícia do que o criminoso. Ele sabe o que fazer com o criminoso. Eu sei que é muito agradável olhar pela janela da nossa confortável casa e ver o polícia lá, protegendo a nossa casa, e devemos estar gratos pelo polícia, mas eu penso também que devemos estar gratos pelas leis que nos protegem do polícia”. O restante Sketch Book: Episódio 1 – “The Early Years”. Episódio 2 – “Critics”. Episódio 4 – “Houdini / John Barrymore / Voodoo Story / The People I Missed”. Episódio 5 – “The War of the Worlds”. O último filme de Orson Welles foi “F for Fake” (1973), um documentário sobre fraude e falsificação. Welles ganhava para o celulóide dos seus filmes na Europa: como o coronel Cascorro em “Tepepa… Viva La Revolución” (1969), com o ator cubano-americano Tomás Milián, que revelou desapontamento: “apesar de que ele era o seu ídolo, a atmosfera nas gravações era terrível, com Welles que lhe chamava ‘porco cubano’”; ou na publicidade: “haaahaaa os franceses… o champanhe foi sempre celebrado pela sua excelência”, para a Findus gravou uns anúncios pandegados por Pinky e Brain em “Yes, Always”.
[11] A Owni.fr, parceira da WikiLeaks, libertou documentos sobre a cooperação da empresa francesa Amesys, a Muammar Kadhafi, para espiar membros da oposição na Inglaterra: “eles parecem mostrar que um manual fornecido à Líbia para fazer uma ‘vigilância maciça da Internet’, instalação conhecida como sistema Eagle, inclui os endereços de e-mail e pseudónimos dos líderes da
oposição”.
[12] O novo produto:
Sagres chocolate preta. Os cocktails Molotov seriam uma boa estratégia para a crise. Pires de Lima, presidente da Associação de Cervejeiras: “nós já estamos a conhecer, sem este cardápio, sem esta saraivada de medidas penalizadoras do consumo de cerveja, nós já estamos a conhecer um decréscimo de 10%, portanto, eu temo que entremos num declive tremendo e que Portugal acabe o ano de 2012 com um consumo na área das bebidas, nomeadamente este tipo de bebidas, ao nível daquilo que se conhecia há 20 anos”.
[13] Versão de
Eden Neville, Alex Koste e Jackson Foote de “Get Low”, Lil’ John e os East Side Boyz.

cinema:


Annette Vadim: (7 de dezembro de 1936 – 12 de dezembro de 2005), nascida Annette Susanne Strøyberg, na ilha de Funen, na Dinamarca. “Cresceu sob a ocupação nazi. O seu pai era médico, e após a sua morte, ela e a irmã mudaram-se para Copenhaga. Como aluna, era uma excelente atleta e uma campeã de esqui aquático, mas foi a sua beleza deslumbrante que atraiu a atenção de um fotógrafo que passava na rua e a lançou numa carreira de modelo. Até então, ambicionava a escola de medicina. No final da adolescência, vai para Paris para se tornar manequim para Guy Laroche, que acabara de abrir a sua casa de alta-costura, mais tarde trabalhou para a Chanel, entre outras. Aos 21 anos, conheceu o realizador Roger Vadim, durante a produção de ‘Les bijoutiers du clair de lune’ (1958)”. “Quando Brigitte Bardot iniciou um cálido caso com o jovem colega Jean-Louis Trintignant, Vadim foi morar com Annette, que posteriormente deu à luz a sua filha, Nadine, em 1957. Vadim, então, começou a construir e adestrar uma réplica de BB com Strøyberg [1]. A sua grande oportunidade para a fama aconteceu quando ele a ostentou no filme, baseado no romance clássico, “Les Liaisons Dangereuses” (1959), como Marianne de Tourvel, a virtuosa vítima da pérfida Jeanne Moreau e Gérard Philipe. Fazendo a sua estreia, Annette foi impressionante, é claro, mas viu-se completamente subjugada pelo outro elenco, dificilmente preparada para um papel tão exigente. Ela ganhou algum reconhecimento quando Vadim a escalonou como Camilla, a rapariga de sociedade / lasciva vampira lésbica, no filme “Et mourir de plaisir” / “Blood and Roses” (1960). Quando o filme estreou, contudo, o seu casamento com Vadim era história. Ele tinha avançado para tentar conquistar a ascendente atriz Catherine Deneuve e ela colocou os seus propósitos no guitarrista Sasha Distel”. – “The Hands of Orlac” / “Orlacs Hände” (1924), o último filme expressionista de Robert Wiene: “um pianista mundialmente famoso perde ambas as mãos num acidente. Quando as novas mãos são enxertadas ele não sabe que pertenceram a um assassino”. Realizaram-se dois remakes: um americano, “Mad Love” (1935), com Peter Lorre e Frances Drake; e um anglofrancês “The Hands of Orlac” (1960), com Mel Ferrer, Christopher Lee e Dany Carrel. – “Head” (1968), realizado por Bob Rafelson, com os Monkees, uma aparição de Jack Nicholson e Dennis Hopper e bons conselhos de Frank Zappa: “a juventude da América depende de vocês mostrarem o caminho”. “As histórias e os momentos altos do filme vieram de uma visita de fim de semana a uma estância em Ojai, Califórnia, onde os Monkees, Rafelson e Nicholson brainstormed para um gravador, supostamente com a ajuda de uma grande quantidade de marijuana. Jack Nicholson, em seguida, pegou nas cassetes e usou-as como base para o seu argumento que, (segundo Rafelson), ele estruturou sob a influência de LSD”. A canção “Ditty Diego - War Chant”: “He, hey, we are The Monkees / You know we love to please / A manufactured image / With no philosophies”, escrita por Nicholson, parodia o tema dos Monkees na série televisiva: “Hey, hey we're the Monkees, / and people say we monkey around. / But we're too busy singing, / to put anybody down”, e termina abruptamente com o som de um tiro e imagens da execução sumária do soldado vietcong Nguyen Van Lem, pelo brigadeiro general e chefe da Polícia Nacional do Vietname Nguyễn Ngọc Loan. O filme falhou as pazadas de dólares porque, descontruía a imagem dos Monkees na TV, afugentado o seu público e uma má promoção. O único anúncio televisivo, um grande plano da cabeça de John Brockman, que após 30 segundos sorri e aparece na testa a palavra HEAD, mofa o filme “Blow Job” (1964), de Andy Warhol, em que o realizador avant-garde William Maas dá cabeça a um “jovem bonito que por acaso pairava na Factory naquele dia”. – “In Time” (2011): o mundo perfeito, “os ricos podem viver para sempre, os pobres morrem novos”: “em 2161, uma alteração genética permitiu que a humanidade desenvolvesse um sistema, onde as pessoas param de envelhecer aos 25 anos. Devido a preocupações com o excesso de população, o ‘tempo de vida’ substituiu o dinheiro como moeda e as pessoas têm de adquirir mais tempo depois dos 25 ou morrer dentro de um ano””, com Justin Timberlake, Amanda Seyfried e Olivia Wilde, uma atriz com uma babysitter ateia: “Christopher Hitchens costumava cuidar de mim quando eu era nova”. – “The Big Tits Dragon: Hot Spring Zombies Vs. Strippers” / “Kyonyû doragon: Onsen zonbi vs sutorippâ 5” (2010): (cena da vagina dragão flamejante). A stripper Lena Jodo (Sola Aoi) [2] é convidada para trabalhar numa estância de primavera. Com as colegas Maria (Mari Sakurai), Ginko (Risa Kasumi), Nene (Tamayo) e Dana (Io Aikawa), enfrentam uma chusma de clientes que se lhes desprezam os corpos, querem comer-lhes a carne. – As mais quentes brasas em fitas desportivas: no filme “We Are Marshall” (2006), January Jones (fotos Terry Richarson [3]); ou Leslie Bibb em “Talladega Nights: The Ballad of Ricky Bobby” (2006). – Rabos: regueifas anónimas, padarias famosas, acusa-se que, nadar não sabem, as bilhas brancas, e politiquices impedem a elevação a património imaterial da UNESCO, desta peça anatómica africana: Safarel Dj → “Kuitata” ♦ Flavour Nabania → “Adanma” ♦ Dr Sakis → “Love You” → “Leontine et le Zizi” → “Bisou Sur La Tomate” ♦ Naeto C → “5&6”. Contribuição branca: Maduar → “Saturday Party Time” ♦ Andreea Balan → “Trippin’” ♦ Armand Van Helden → “Shake That Ass”. – “Déjeuner Sur L’Herbe” (1959), de Jean Renoir, onde as impressionistas nádegas de Catherine Rouvel (Nénette) arrojam a festa da natureza no mundo da ciência. “O professor Étienne Alexis é um biólogo e estrela de TV, que tem ambições de se tornar presidente da Europa. Os seus pontos de vista sobre a inseminação artificial, e ‘a fabricação de crianças sendo confiada a especialistas’, são controversos e desacreditados pela igreja. ‘A paixão pode ser domesticada por antibióticos’, diz ele, 50 anos antes do Prozac. ‘Tudo pode ser explicado cientificamente’”, e outros 50 anos antes da Eurozona, a sua namorada é a germânica, alta, fria, Marie-Charlotte, (não há poder na Europa sem uma namorada alemã). – “Les fiancés du Pont MacDonald”, filme mudo com Jean-Luc Godard, Anna Karina, Eddie Constantine, Yves Robert e Jean-Claude Brialy, “um souvenir que simboliza a Nouvelle Vague como nós a vivemos, a imaginação ao poder e a amizade em ação”, disse Agnès Varda, e inserido no seu filme “Cléo de 5 à 7” (1962): a deambulação entre as 5 PM e as 7 PM de Cléo, uma cantora, por Paris, enquanto aguada os resultados de uma biopsia. Corinne Marchand (Cléo) canta “Sans Toi” com Michel Legrand ao piano.
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[1]
Brigitte Bardot “teve um caso com Jean-Louis Trintignant (na época casado com Stéphane Audran), protagonista no ‘Et Dieu… créa la femme’ (1956), antes do seu divórcio de Vadim. A sua relação foi complicada pela ausência frequente de Trintignant, devido ao serviço militar, e o caso de Bardot com o músico Gilbert Bécaud”.
[2] Ou
Sora Aoi: que significa “céu azul”, é o nome artístico de uma vedeta AV (vídeo adulto) japonesa, “eunicemuñozando” tanto nos “filmes cor-de-rosa” – “Tsumugi” (2004) – como no hardcore. 1,55 m, 90-58-83, nascida dia 11 de novembro de 1983, venceu o “AV Grand Prix Best Breast Award” em 2003 e o “Pink Grand Prix Best Actress Award” em 2004. Ela tem participado em filmes correntes: como uma turista japonesa na produção tailandesa “Hormones” (2008), no thriller de Hong Kong “Revenge: a Love Story” (2010), ou no filme indonésio “Suster keramas 2” (2011). Em 2006 editou o disco de J-Pop “Hadaka no Kiss”, e em 2010, junto com outras 25 estrelas AV, as Ebisu Muscats, o single “Banana Mango High School”, do CD “The Muscats ~Hollywood Kara Konnichiwa~” (2011). Em 2011, estreia-se na... China cantando em mandarim, “mai yu / pulôver”, com o auxílio de um intérprete: “estou tão feliz em saber que muitas pessoas na China me conhecem. Espero que possa ter algum tipo de eventos para interagir com os fãs chineses”.
[3]
A Toutes Jambes.
Intervalo para publicidade:
D'URBAN, “uma marca de moda masculina, para homens urbanos, que apreciam refinado vestir com sofisticada simplicidade, elegância calma e minimalismo moderno”, “c’est le elegance de l’homme moderne” aclamava Alain Delon, o seu porta-voz no início da década de 70: 19871987198719881989199019901991199119922011. ● Coca-Cola factos e rumores: “boicotar a Coca-Cola marca uma posição contra a América e as políticas (externas) americanas; resposta: “a Coca-Cola Company e os nossos produtos são muitas vezes olhados como americanos. Mas a realidade é que a Coca-Cola Company é uma empresa verdadeiramente internacional, operando em todo o mundo, em mais de 200 países. O negócio Coca-Cola, em cada país, é um negócio local. (…). Por exemplo, na Autoridade Palestiniana, a National Beverage Company, o parceiro local de engarrafamento autorizado pela nossa empresa, é uma empresa independente, privada, gerida por empresários palestinianos locais, que operam uma instalação de engarrafamento Coca-Cola localizada em Ramallah e centros de distribuição em Gaza, Hebron e Nablus”. Rumor: a Coca-Cola Company é uma empresa judia”; resposta: “não. A Coca-Cola Company não está afiliada com nenhuma religião específica ou grupo étnico”. ● Nomes desastrosos de produtos: Shitto delicioso molho do Gana “feito de pimenta seca, peixe seco fumado, pó de camarão seco, uma variedade de especiarias, gengibre, cebola, alho, tomates e temperos” e também no Gana o refrigerante Pee Cola. Ou comer de um “megapussi” = “saco grande”, em finlandês. ● Anúncios sexistas vintage: o ketchup Delmonte de abertura fácil ao sexo fraco e a ordem natural do mundo com o Kenwood Chef: “o Chefe faz tudo exceto cozinhar – é para isso que servem as esposas” [1]Nuts Magazine: “mulheres, não esperem qualquer ajuda numa quinta-feira”. ● Tendências sexistas que o mundo da publicidade não consegue sacudir: a depravação está nos olhos de quem olha e o olhar contemporâneo vê… coisas: as cadelas nas campanhas da American Apparel, Annabelle, Erika & Keri, Kapi & Brandi. O fundador da marca Dov Charney: “a liberdade sexual, arte e fotografia são importantes para mim” e “às vezes, para progredir, acaba-se ofendendo as pessoas. E as pessoas sentiram-se ofendidas por muitas coisas que tenho feito ao longo dos anos. Mas eu fiz o que sentia ser correto, especialmente de um ponto de vista artístico e criativo”. “Nos seus processos por assédio sexual, duas mulheres acusam Charney de se expor para elas. Uma afirma que ele a convidou a se masturbar com ele e que ele dirige as reuniões de negócios na sua casa de Los Angeles vestindo quase nada. A outra diz que ele lhe pediu para contratar mulheres jovens com as quais pudesse ter sexo, asiáticas de preferência[2]. A peganhenta ejaculação: nos anúncios dos preservativos Trojan: a esguichadela do bronzeador no canto superior esquerdo; ou o jorro de hidratante na cara no cartaz da Clinique. ● Mobília [3] para pretos e brancos na Red House. Virais na Internet, os galhofeiros Rhett & Link, no vídeo, “são uma dupla de comediantes da Carolina do Norte, composta pelos melhores amigos Rhett McLaughlin e Link Neal. Eles são mais conhecidos pelos seus vídeos na Internet e são autoproclamados ‘Internetainers’. (…). Rhett & Link sustentam-se criando e distribuindo a sua marca de entretenimento”, nos produtos que requerem a sua presença: “Mormon Haircuts”, “We Got Scooters!”, “Fast Food Folk Song”, “Facebook Song”. {canal YouTube}. ● As desnudas raparigas da PETA: preferem a sua pele: a bailarina profissional de salão ucraniana Karina Smirnoff (ucraniano: Карiна Смiрнова; russo: Кapинa Cмиpнoвa); a católica, pela cruz santificada, Joanna Krupa; as moçoilas do Rick’s Cabaret, Nova Iorque; ou Dominique Swain, a vigente “Lolita” (1997), de “marilynesco” volutear de saia em “Tart” (2001). ● Pintura corporal no pessoal da Air New Zeland. No país de pumas e dos Stubbies. ● Hambúrgueres Mini Sirloin. ● Mercedes Benz E-Class Coupé: “o tema do webspecial é uma sessão de fotografia. Os fotógrafos: 30 modelos de moda. A cena é captada pelas lentes das modelos a partir de uma variedade de ângulos. O usuário pode até mesmo assumir o controlo da câmara virtual e fotografar a ação de cada uma das perspetivas das modelos: fazer zoom e deslocar, tal como uma câmara digital real”. ● Ninja Gaiden Sigma 2, Kunoichi: é um termo para um ninja do sexo feminino. Uma possível etimologia: “ku” = nove, “no” = e, “ichi” = um, ou seja, “nove e um”, referindo-se ao número de orifícios no corpo feminino. O homem tem nove (incluindo o umbigo), a mulher, mais um. ● Gazprom Song: “composta e executada por Vladimir Tumayev, diretor da Spetsgazavtotrans, subsidiária da Gazprom, e fundador do clube de futebol da empresa, SOYUZ-Gazprom”; similar: o Hino Nacional do Kazaquistão, pelo Borat: “Kazakhstan greatest country in the world. / All other countries are run by little girls. / Kazakhstan number one exporter of potassium. / Other countries have inferior potassium.”. ● Ginásios de Nova Iorque: “felizes para sempre” do Equinox Fitness Club; a fumegante sessão fotográfica de Terry Richardson. ● Terra Santa: Skechers; Skechers; McDonald’s; Israeli Tourism; koolanoo.com, a primeira rede social judia do mundo; companhia de seguros; verificação do passaporte; “All I Want for Christmas is… Jews”; judias; o supermercado Mahsaney Kimat Hinam: “o anúncio televisivo foi filmado num subúrbio, no centro de Israel, e visa promover ‘o abate de preços’ no supermercado e cadeia de venda a retalho Mahsaney Kimat Hinam (‘Armazéns Quase Grátis’). Atores vestidos como membros de um esquadrão de execução percorrem o supermercado (…), enquanto câmaras CCTV registam cada um dos seus movimentos, evocando imagens de cenas divulgadas pela polícia do Dubai, após o assassinato do comandante do Hamas Mahmoud al-Mabhoud em Janeiro”.
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[1]
Efésios 5:22-25: “mulheres, sujeitai-vos aos vossos próprios maridos como o fazeis ao Senhor. Porque o marido é a cabeça da mulher, como Cristo é a cabeça da igreja, o seu corpo, do qual ele é o Salvador. Ora, como a igreja se submete a Cristo, assim também as mulheres se devem submeter aos seus maridos em tudo”.
[2]
Titus 2:3-5: “do mesmo modo, ensina as mulheres mais velhas a serem reverentes na sua maneira de viver, a não serem maldizentes ou viciadas em muito vinho, mas a ensinarem o que é benéfico. Então, elas podem incitar as mulheres mais novas a amarem os seus maridos e filhos, a serem prudentes e puras, a estarem ocupadas em casa, a serem gentis e a submeterem-se aos seus maridos, para que ninguém difame a palavra de Deus”.
[3] Homens que QUEREM
ser mobília. Móveis em forma de corpos femininos.

música:


Michael Gondry – nascido dia 8 de maio de 1963 em Versalhes. Neto de Constant Martin, o inventor do clavioline, um dos primeiros sintetizadores, o pai programava computadores e a mãe era pianista. “É um cineasta vencedor de um Oscar, cuja obra inclui realização de anúncios publicitários, vídeos de música e escrita de argumentos. Ele é conhecido pelo seu estilo visual criativo e manipulação da mise en scène”. Sobre “Le Voyage en Ballon” (1960), realizado por Albert Lamorisse: “é o primeiro filme de que me lembro. É o filme que eu mais gosto de rever. Quando se é novo, somos muito recetivos a todas as coisas que vemos, às emoções. E então tentamos o tempo todo igualar-se a essas sensações. Portanto, neste sentido, pode ter mudado a minha vida, porque estou sempre a tentar recrear esse sentimento de ver esse filme”. “Gondry estreou-se no cinema em 2001 com ‘Human Nature’, recebendo críticas mistas. O seu segundo filme, ‘Eternal Sunshine of the Spotless Mind’ (também a sua segunda colaboração com o argumentista Charlie Kaufman), foi lançado em 2004 e recebeu críticas bastante favoráveis. (…). ‘Eternal Sunshine’ utiliza muitas das técnicas de manipulação da imagem que Gondry tinha experimentado nos seus vídeos de música”, por ele Gondry, Kaufman e Pierre Bismuth venceram o Oscar para melhor argumento. Filmografia: “The Science of Sleep” (2006); “Be Kind Rewind” (2008); “The Green Hornet” (2011); “The We & the I” (2012).
Gondry realizou inúmeros anúncios publicitários. Foi pioneiro na técnica “bullet time” no
Smarienberg, para a Smirnoff, que em 1999 os irmãos Wachowski abusaram no filme “The Matrix”. Alguns outros anúncios: Levi's – Drugstore ▲ Air France – Le Nuage ▲ Air France – Le Passage ▲ AMD – Flatzone ▲ BMW – Pure Drive ▲ Coca-Cola – Snowboarder ▲ Earthlink – Privacy ▲ Fiat – Lancia Y10 ▲ GAP – Holiday Campaign ▲ Levi's – Bellybutton ▲ Levi's – Mermaids ▲ Levi's – Swap ▲ Motorola – Razr2.
Escreveu os livros, “You'll Like This Film Because You're In It”, sobre a realização do filme “Be Kind, Rewind” e a BD “We Lost the War but Not the Battle”; postou no YouTube o
vídeo “Michel Gondry Solves a Rubik's Cube With His Feet”, logo desmascarado pelo “How Michel Gondry Faked His Rubik's Cube Stunt”; também resolveu o cubo com o nariz em menos de um minuto. {Canal YouTube}.
Gondry “iniciou a sua carreira cinematográfica com a criação de vídeos para a banda pop francesa Oui Oui, na qual era baterista”. (No menu do DVD “Work of Director” toca uma bateria preparada com…
gaiatos). A Björk viu um dos seus vídeos na MTV e convidou-o para realizar seu primeiro vídeo a solo “Human Behaviour” em 1993. Videoclips:
1988: – Oui Oui “
Junior Et Sa Voix D'Or”; “Bolide” // 1989: – l'Affaire Louis Trio “Il y a ceux”♫ Oui Oui “Les Cailloux “ // 1990: – Oui Oui “Ma Maison” // 1991: – Les Objects “Sarah” ♫ Les Objects “La normalité” ♫ Peter & the Electro Kitsch Band “Dad, laisse-moi conduire la Cad” // 1992: – Mark Curry “Blow Me Down” ♫ Etienne Daho “Les Voyages Immobiles” ♫ Oui Oui “La Ville” ♫ Laurent Voulzy “Paradoxal Système” ♫ Thomas Dolby “Close But No Cigar” ♫ Inspiral Carpets – “Two Worlds Collide” ♫ RoBERT “Les Jupes” // 1993: – Les Négresses Vertes “Hou! Mamma Mia” ♫ Jean François Coen “La Tour de Pise” ♫ IAM “Je Danse Le Mia” ♫ Malcolm McLaren feat. Amina “La main parisienne” (no colo de Amina Annabi está Paul, o filho de Gondry, também artista) ♫ Sananda Maitreya aka Terence Trent D’Arby “She Kissed Me” ♫ Lenny Kravitz “Believe” ♫ Belinda Carlisle “Big Scary Animal” ♫ Hothouse Flower “This is It (Your Soul)” // 1994: – Stina Nordenstam “Little Star” ♫ Sinéad O'Connor “Fire On Babylon” // 1995: – Björk “Army of Me” ♫ The Black Crowes “High Head Blues” ♫ Massive Attack “Protection” ♫ Björk “Isobel” ♫ Rolling Stones “Like a Rolling Stone” // 1996: – Björk “Hyper-Ballad” ♫ Cibo Matto “Sugar Water” // 1997: – Neneh Cherry “Feel It” ♫ Daft Punk “Around the World” ♫ Sheryl Crow “A Change Would Do You Good” ♫ Foo Fighters “Everlong” ♫ Björk “Jóga” ♫ Beck “Deadweight” ♫ Björk “Bachelorette” // 1998: – Stardust “Music Sounds Better With You”♫ Wyclef Jean “Another One Bites the Dust” ♫ Rolling Stones “Gimme Shelter” // 1999: – Chemical Brothers “Let Forever Be” // 2001: – Radiohead “Knives Out” ♫ Chemical Brothers “Star Guitar” (making of) // 2002: – The White Stripes “Fell in Love With a Girl” ♫ The White Stripes “Dead Leaves And The Dirty Ground” ♫ Noir Desir “A l'envers a l'endroit” ♫ Kylie Minogue “Come into My World” // 2003: – The Whites Stripes “The Hardest Button to Button” // 2004: – Steriogram “Walkie Talkie Man” ♫ The Vines “Ride” ♫ Michael Andrews e Gary Jules “Mad World” ♫ The Polyphonic Spree “Light & Day” // 2005: – The White Stripes “The Denial Twist” ♫ Kanye West “Heard 'Em Say” // 2006: – Cody ChesnuTT “King of the Game” ♫ Beck “Cellphone's Dead” // 2007: – Paul McCartney “Dance Tonight” ♫ Björk “Declare Independence” // 2008: – Dick Annegarn “Soleil du soir” // 2009: – Flight of the Conchords “Carol Brown” // 2010: – Mia Doi Todd “Open Your Heart” // 2011: – The Living Sisters “How Are You Doing?” ♫ Björk “Crystalline”.