Pratinho de Couratos

A espantosa vida quotidiana no Portugal moderno!

quarta-feira, janeiro 25, 2012


Pu-Tao-Ya!

Pu-Tao-Ya! Pu-Tao-Ya! São os gritos que reboam por toda a China. E noutras línguas mais alto ainda se vertem: Portugal! Portugal! Portugal! O país que padeiros ao Brasil e empregados de hotel à Suiça deu, deu agora hossanas. Hossana! ao Álvaro ministro da Economia – cantado pelo Luís Filipe Menezes: “para aqueles que colocavam tanto de lado o Álvaro, olhe que este Álvaro não é nada mau. Ainda vão ter que gritar Hossana a este Álvaro” [1]. Hossana! Pelas suas mulheres com cabeça, decepadas pelo surrealismo, “La Femme 100 Têtes” (1968) [2] – coladas pelo cavaquismo.
No final do ano passado, os putaoyaenses anunciaram ao vento dos anúncios classificados a venda da sua (única) empresa produtora de eletricidade trombeteando uma euforia que vibrou o país: “Melros alegres de bico loiro, / Ó melros negros, cantai, cantai!” (Guerra Junqueiro), e do bico do ministro das Finanças, Vítor Gaspar: “é um momento extraordinariamente importante, eu diria que é um momento histórico[3]. Uma embaixada do Governo chinês comprou a pronto, então, num grande salto em frente, do nada, nomearam-se putaoyaenses com currículo e um palminho de cara na China para os melhores cargos na empresa, teorizado por Eduardo Catroga como: “a lógica da cara conhecida” [4]. A carinha laroca de Catroga auferirá 639 mil € / ano, por outras palavras, os lusitanos pagarão todos  os meses uns pentelhos, uns pós de cêntimo, na conta da luz, para este grande putaoyaense de trintanário currículo. Todas as histórias de final feliz têm uma moral e a desta é um “Enigma” (post punk espanhol, Los Monaguillosh). Os mais atontados legisladores putaoyaenses, acarretando o povo mais inflamado, vociferam contra o “enriquecimento ilícito”, planeando introduzir tranquibérnias na lei, para conceder mais poder arbitrário ao Estado, quando o problema do país sempre foi o enriquecimento lícito.
19 de janeiro de 2012! não há nem haverá dia mais importante neste século. Hossana! Lausperene (“laus perene” = “louvor perene”)! O dia ficou talhado na História universal, em calhau e em cútis, como as tábuas de Moisés ou o nome do marido no ombro esquerdo de Ana Malhoa. Epopeizara já Camões putaoyaenses feitos: “Cessem do sábio Grego e do Troiano / As navegações grandes que fizeram; / Cale-se de Alexandre e de Trajano / A fama das vitórias que tiveram; / Que eu canto o peito ilustre Lusitano, / A quem Neptuno e Marte obedeceram” e lhe obedecem agora o carteiro Paulo. Nesse décimo nono dia, os embaixadores portugueses trajaram seus mais ricos fatos, reguingote de Saragoça, tabardo de briche, jaqué de picotilho, e saíram às ruas montados em camelos, elefantes, burros, consoante costume nos países onde acreditados são, para anunciar uma boa nova: em Portugal assinou-se um acordo de Concertação Social [5]. Um estremeção estremeceu o mundo, flashes de notícias, até os pombos vieram fotografar [6]. E pedidos de franchising deste milho laboral entupiram o gabinete do ministro Paulo. Os putaoyaenses, tal como desde 2004 ensinam a organizar Campeonatos Europeus de Futebol, desde 2012 ensinarão a rubricar acordos de Concertação Social. E a fonte desta transacionável riqueza? O hossanado Álvaro ministro da economia! “A new guardian holds the meaning of life” (rock sinfónico venezuelano, Nota Profana): reuniu os patrões e eles concordaram novo significado para as regras laborais, inclinando o prato da balança da luta de classes para o seu lado. Hossana! O Álvaro ministro da Economia historiou esta novidade: “este é de facto um dia histórico para Portugal. Um dia em que Portugal ganhou. Mostramos que somos diferentes e que nos unimos em tempos de dificuldade e que exatamente unidos iremos vencer a crise”.
A razão maior para o não afundamento económico de Pu-Tao-Ya, não é a incontestável excelência da sua classe dominante e dos políticos que lhe aparam as bolas, mas as putaoyaenses [7]. Um lar putaoyaense não é um “Coven of the Virgin Witch” (metal do Texas, Stoner Witch), é um santuário adoçado por fadas ascensoras do moral, como Cheryl Cole entre os militares: “ela é uma brasa, tê-la aqui levantou o moral”, diz um magala, e que não entornam o leite ao comer Oreos. Salazar, epitafista do belo sexo: “para mim, o maior elogio da mulher é ainda o epitáfio romano: ‘era honesta; dirigia a casa; fiava lã” [8]. Quando Cavaco Silva paralelizou as suas reformas com as despesas e a linha destas era superior àquela, os putaoyaenses reagiram como se lhe “subira o flato ao miolo” (Camilo Castelo Branco) [9]. A reforma de sua esposa, Maria Cavaco Silva, não chega a 800 € por mês, “portanto depende de mim”, e a sua economia doméstica depende de que a mulher não é uma estroina. Não desata a esbanjar em Louis Vuitton e Lolita Lempicka. É uma dona de casa poupada e expedita ao pontear meias, poupar nas promoções, e nos gastos do lar, costurar a roupa da família, é higiénica com produtos de marca branca, espulga os tapetes, despiolha os miúdos... Uma putaoyaense é um dique contra a falência económica, e por isso Passos Coelho está orgulhosamente a somar austeridade: “srs. da troika estamos a fazer isto por nós, não por vós”.
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[1] Um dinossáurio autárquico. Os verdadeiros morreram. Os figurados vão concorrer à Câmara ao lado, quando a lei da vida municipal lhes restringir a três o número de mandatos sucessivos. Os portugueses amam-nos tanto que fretarão autocarros para em romagem irem votar onde quer que poisem. Alenta o genial Miguel Relvas: “o espírito do legislador foi sempre que a limitação seria sobre o território e não sobre a função”.
[2] Realizado por Eric Duvivier, sobrinho de Julien Duvivier, replicando algumas colagens de Max Ernest: “em 1929, o artista surrealista Max Ernest publicou o primeiro de uma série de novelas de colagens. Era uma espécie de BD, mas não propriamente um livro de BD, selecionando fragmentos de gravuras de madeira de revistas do século XIX, enciclopédias e romances banais. Algumas colagens parodiam obras de arte famosas”, o cadeira-homem (“chairman”) do surrealismo, André Breton, prefaciou-o como “o livro de imagens ideal desta época”, “as primeiras cem visões de fadas”. Ernest foi ator e colaborador em dois blocos-destruidores (“blockbusters”) do surrealismo: “L’Age D’Or” (1930), de Luis Buñuel, como o líder dos homens no chalé; e em “Dreams That Money Can Buy” (1947), de Hans Richter, como o presidente.
[3] E continuou: “esta operação de privatização constitui um paradigma dum processo caraterizado pela clareza e pela transparência e julgo que contribui duma forma muito importante para a reputação do país na Europa e no mundo”. O Álvaro ministro da Economia também esfuziava na ocasião: “perante ótimas notícias para a economia portuguesa, não só ao nível industrial, mas também do nível da energia, como também ao nível do refinanciamento da economia portuguesa, e portanto só temos que acabamos o ano bem e continuaremos a trabalhar para reforçar o investimento estrangeiro em Portugal”. No dia seguinte, o Diário de Notícias, “primeiropaginava” a euforia: “negócio do ano. O presidente da Three Gorges, Cao Guangjing, brindou com champanhe francês à concretização da compra de 21,34% da elétrica portuguesa ao Estado. E deixou claro que quer comprar mais capital da EDP. Enquanto isso, Pequim já reafirmou o interesse na banca portuguesa”.
[4] O chinês de alma Eduardo Catroga: “eu fiquei muito agradado com a lista. Tinha lógica do ponto de vista dos chineses, além deles, ‘tarem a pôr umas caras que eles já conhecessem e foi esse o critério (…) a lógica da cara conhecida ou ligação a Macau, ligação à terra deles”.
[5] O ministro Paulo Portas expediu a hossana mensagem: “seguirá amanhã de manhã para todos os postos diplomáticos portugueses no exterior o acordo de Concertação Social que hoje foi assinado, que é histórico. O objetivo é que os nossos diplomatas estejam em condições de, nos países e nas instituições em que estão acreditados, explicar e detalhar a importância de Portugal ter conseguido, entre as suas instituições e os seus parceiros sociais, um acordo especialmente importante olhando e tendo em conta os tempos difíceis que o nosso país vive. O nosso objetivo é simples e é consequente, que todas as embaixadas portuguesas junto de outros países, junto de organizações multilaterais, sejam capazes de explicar, valorizar e detalhar o acordo social mobilizador que foi hoje subscrito e que representa para o nosso país uma nota de diferença pela positiva, de contraste pela positiva, relativamente às situações que muitas vezes observamos em países que estão a viver tempos difíceis”.
[6]  Julius Gustav Neubronner (1852-1932) “foi um farmacêutico alemão, inventor, fundador de uma empresa, e pioneiro amador da fotografia e do cinema (filmes no canal YouTube). Ele fazia parte de uma dinastia de farmacêuticos em Kronberg im Taunus. Neubronner era farmacêutico da corte da imperatriz Friedrich, inventou o método fotográfico por pombo para fotografia aérea, foi um dos primeiros amadores do cinema na Alemanha, e fundou uma fábrica de fitas adesivas”, o pai, Wilhelm Georg Neubronner (1813-1894), encetara um serviço de entrega rápida de medicamentos por pombo correio. Julius retomou a ideia do pai em 1903, “quando um dos seus pombos perdeu a orientação num nevoeiro e misteriosamente regressou, bem alimentado, quatro semanas depois, Neubronner foi inspirado pela ideia divertida de equipar os seus pombos com câmaras automáticas para traçar os seus trajetos”.  Os pombos serão mensageiros e espiões nas guerras, a banda canadiana The Tragically Hip, embora o tema seja o incesto, refere-se-lhes em “Pigeon Camera”. Câmaras fotográficas foram instaladas em foguetes, balões e papagaios: o pai deste último método foi Arthur Batut (1846-1918); em 1906, após o terramoto de São Francisco, G. R. Lawrence fotografou a cidade com um conjunto de 17 papagaios.
[7] O especialista do boudoir feminino Pierre Louÿs, no livro “Afrodite”, descreve o seu préstimo no templo de Afrodite-Astarte: “era uma cidade colossal, feita de mil e quatrocentas casas. Igual número de prostitutas habitava esta cidade santa e reunia neste local único setenta povos diferentes. (…). Todas as mulheres haviam trazido do seu país um pequeno ídolo da deusa que, depois de colocado no altar, veneravam na sua língua, sem nunca se compreenderem entre si. Lakchmi, Astorete, Vénus, Astarteia, Freia, Mílita, Crísis eram os nomes da sua Volúpia divinizada. Algumas veneravam-na sob uma forma simbólica: um seixo vermelho, uma pedra cónica, uma grande concha rugosa. (…). Mais adiante, as ibéricas de seios morenos reuniam-se durante o dia. Possuíam densas cabeleiras que penteavam com esmero, e ventres nervosos que nunca depilavam. A sua pele firme e as ancas largas eram apreciadas pelos alexandrinos. Eram escolhidas, ora como bailarinas, ora como amantes”.
[8] Salazar em “Duas economias”: “pensa-se muitas vezes que o nível de vida operária depende apenas da taxa do salário; mas sabe-se que um operário norte-americano nem sempre consegue viver como um operário francês que recebia antes da guerra – e hoje muito menos – apenas metade do salário daquele. E isso, descontada a diferença do custo de vida, deve-se às qualidades de economia da mulher francesa”.
[9] Cavaco Silva: “eu neste momento já sei quanto irei receber da Caixa Geral de Aposentações. Eu descontei quase 40 anos uma parte do meu salário, para a Caixa Geral de Aposentações como professor universitário, e também descontei alguns anos como investigador da fundação Calouste Gulbenkian, irei receber 1 300 € por mês, eu não sei se ouviu bem, 1 300 € por mês! quanto ao fundo de pensões do Banco de Portugal, para o qual eu descontei durante quase 30 anos parte do meu salário, eu ainda não sei quanto é que irei receber, mas os senhores não terão dificuldade. Eu fui um funcionário de nível 18 que exerceu funções de direção, tudo somado, o que irei receber do fundo de pensões do Banco de Portugal e da Caixa Geral de Aposentações, quase de certeza que não vai chegar para pagar as minhas despesas. (…). Felizmente, durante os meus 48 anos de casado, eu e a minha mulher fomos sempre muito poupados. Fazíamos questão de todos, todos os meses, colocar alguma coisa de lado. E portanto agora posso gastar uma parte das minhas poupanças”. Cavaco Silva lecionou duas aulas. Uma sobre o paradoxo do tempo nos estóicos: com 72 anos de idade trabalhou 70 antes de ser presidente; outra sobre a possibilidade transcendental das “reformas estruturais”: como economista aprendeu que não pode gastar acima do seu income durante muito tempo.

cinema:

Vampyr” (1932), o primeiro filme falado de Carl Theodor Dreyer: “para alcançar a estranha fotografia, como um sonho, uma fina gaze foi colocada em frente das lentes conforme um filtro. (…). Ele preferia trabalhar com atores não profissionais, e a maioria dos que aparecem neste filme são amadores que encontrou nas ruas de Paris, os únicos atores profissionais foram Sybille Schmitz (Léone) e Maurice Schutz (o senhor do castelo). (…). Henriette Gérard que interpretou a vampira era uma viúva francesa, Jan Hieronimko, o médico da aldeia, era um jornalista polaco, Rena Mandel, a Gisèle, era uma modelo. Até ‘Julian West’ (nome verdadeiro: barão Nicolas de Gunzburg), que interpretou Allan Grey, era um francês membro da nobreza russa, que aceitou financiar o filme em troca do papel principal. Mais tarde, emigrou para a América onde se tornou num poderoso jornalista de moda e mentor de estilistas como Calvin Klein”. Steven Severin, baixista e co-fundador dos Banshee, no prosseguimento da sua “Music for Silents”, compôs uma nova banda sonora para o filme. {Filmes com vampiros divertidos}. – “The Rocky Horror Picture Show” (1975), versão cinematográfica de uma peça de teatro musical de 1973, livro, música e letras de Richard O’ Brien. “Recém comprometidos, o casal Brad e Janet têm um problema quando o seu carro para na chuva. Ambos procuram ajuda quando encontram o castelo do dr. Frank-N-Furter, um travesti. (…). Enquanto Brad e Janet conduzem na chuva, antes de chegar ao castelo, o rádio transmite o discurso de resignação de Richard Nixon, proferido a 8 de Agosto, 1974”. A canção de abertura do filme é “Science Fiction / Double Feature” (versão p/ Amanda Palmer, Moby, Stephin Merritt, e Neil Gaiman); o original da peça londrina. Tim Curry (Dr. Frank-N-Furter) em “Sweet Transvestite”; versão de Anthony Head, no Rocky Horror Tribute Show 2006. Amber Benson e Anthony Stewart Head. Over at the Frankenstein Place”. Em 2008 a MTV, um ex-canal de música vocacionado para o aborrecimento, teve a ideia de um remake, com direito a petição on-line de boicote e argumentos contra válidos: “simplesmente, não há nenhuma maneira que o conto sexy dos anos 70 de um ‘sweet transvestite from Transsexual, Transylvania’, possa alguma vez ser contado ou recontado numa era de sexo seguro e casamento gay. Nos nossos dias, Frank-N-Furter casaria com o Rocky, assentava, e ia viver para os subúrbios. As personagens que amamos em ‘Rocky Horror’, (…), não podem ser updated”. O autor Richard O' Brien descarta-se: “não vou co-produzir e não estarei envolvido de forma alguma”. E os atores da versão original “onde estão eles agora?”. – Bunjaku Han, num poster do filme “Lill, My Darling Witch” (1971). Atriz e cantora japonesa, nascida Fan Wenshiao a 15 de Abril de 1948, “apareceu em cerca de 25 filmes, incluindo na clássica série pinku ‘Stray Cat Rock’, e atuou imensas vezes na televisão, antes de morrer prematuramente em 2002, com a idade de 54 anos”. A série “Stray Cat Rock” compõe-se de cinco filmes. No primeiro, “Nora-neko rokku: Onna banchô / Stray Cat Rock – Delinquent Girl Boss” (1970): Akiko Wada, (cantora soul japonesa), como “uma motociclista fanchona é achincalhada por um gang masculino de motards conhecido como os ‘Black Shirt Corps’. Logo depois ela encontra a líder de um gang feminino chamada May (Meiko Kaji, atriz e cantora de música enka) e as duas rapidamente se tornam amigas”; 2º filme “Nora-neko rokku: Wairudo janbo / Stray Cat Rock – Wild Jumbo” (1970); 3º filme “Nora-neko rokku: Sekkusu hanta / Stray Cat Rock – Sex Hunter ” (1970); 4º filme “Nora-neko rokku: Mashin animaru / Stray Cat Rock – Machine Animal”; 5º filme “Nora-neko rokku: Bôsô shudan '71 / Stray Cat Rock – Beat ‘71”. – Ashley Graham, modelo de Lincoln, Nebraska, 1,75 m, 91-86-119, trabalha para a agência Ford Model; a ABC, no “Dancing with the Stars” e a FOX, no “American Idol”, baniram-lhe o anúncio da lingerie Lane Bryant, por mostrar demasiada carne: “o decote de uma modelo tamanho grande, segundo eles, era excessivo”, disse um representante da marca. Ashley quanto aos morfes: “não é que coma um hambúrguer ou pizza todas as noites. Mas também não estou a comer verduras o dia todo. Como bife. E vou juntar-lhe uma batata também”. Outra plus-size, Lizzie Miller, 81,65 kg, “ávida jogadora de softball / dançarina do ventre, que se mudou para Nova Iorque de San Jose para se tornar modelo”, esperançou as mulheres, quando se olham no espelho, numa sessão fotográfica para a revista Glamour: “a foto não é de uma celebridade. Não é de uma supermodelo. Era uma mulher normal sentada em cuecas com um sorriso na cara e uma barriga que parece… esperem… normal”. Cindi Leive, editora da revista “‘confiem em mim, Glamour está a prestar atenção, e isto apenas fortalece o nosso compromisso de celebrar todos os tipos de beleza’. Espero que ela fale a sério, porque é óbvio a partir da resposta a uma foto três por três polegadas que as mulheres estão interessadas em ver fotos bonitas de mulheres de todas as formas e tamanhos que se parecem com elas”. Um pouco antes “uma controvérsia irrompeu sobre o emagrecimento da estrela pop Kelly Clarkson através de meios artificiais (photoshopada, por assim dizer), e o editor da Self justificou-o, dizendo que era um padrão da indústria. O que fez a capa da revista particularmente desagradável para muitas foi que, Kelly Clarkson, na entrevista publicada no interior da capa ‘adulterada’, dizia que estava feliz com o seu corpo, que era um pouco maior que a média das modelos de fatos de banho”. Lizzie, na frescura dos 20 anos, as pregas do seu estômago, eram barriguinha sexy, se lhe somar outros 20 anos, a visão social apercebê-la-á como… pança, uma repelente pança, tal como os 41 anos de Cindy Crawford. Filippa Hamilton, 1,74 m, 54,5 kg, 83-60-90, primeiro, a Ralph Lauren alterou-a digitalmente para uma foto, publicada apenas no Japão, e processou o Photoshop Disasters e o Boing Boing por violação do copyright, quando estes sites a divulgaram, depois, despediu-a por ser gorda: “estamos a terminar os seus serviços, porque você não cabe nas amostras de roupa que precisa de usar”. A vitória na guerra idade versus beleza está no… sabão Dove: “o filme abre com uma ‘rapariga bonita mas normal’, (a cartoonista e produtora de TV Stephanie Betts), a entrar e a sentar-se num estúdio. (…). Dois focos intensos são ligados e os primeiros acordes de ‘Passage D’, de Flashbulb, uma peça drum and bass com acompanhamento de piano, é ouvida. (…). A câmara então muda para uma sequência em time lapse, mostrando a maquilhadora Diana Carreiro a retocar Betts e a ajustar o seu cabelo, transformando-a numa ‘modelo de outdoor belíssima”. Outros tempos, outras estéticas corporais, nos meados do século XX, o provimento de carnes na Marilyn Monroe aprazeu a família Kennedy, que comeu, e o cinéfilo, que se roeu.

música:

Flat Duo Jets – “nascido 7º filho da filha de um mineiro de carvão em 1966, Dexter Romweber cresceu para se tornar em nada menos do que um ícone da música americana underground. Ex-líder do mundialmente famoso grupo de psycho surf rockabilly garage punk Flat Duo Jets, Dexter editou o seu primeiro, de quinze álbuns, em 1990, despoletando críticas em todo o mundo. Ele participou ao lado dos R.E.M. e dos B-52s no filme clássico de culto de 1987 ‘Athens, Ga. Inside Out’. A sua primeira tournée nacional foi como primeira parte dos Cramps”. “John Michael Dexter Romweber nasceu em Batesville, Indiana, o mais novo de sete filhos. O seu irmão mais velho, Joe Romweber, era vocalista nos UV Prom, enquanto a sua irmã, Sara Romweber, foi membro dos Let’s Active e membro fundador dos Snatches of Pink. (…). Dexter começou a tocar com Chris ‘Crow’ Smith, com material selecionado principalmente da coleção de discos da sua família. Eles chamavam-se The Flat Duo Jets, depois de ouvirem Gene Vincent mencionar a sua guitarra Gretsch Duo Jet”. Sobre como se conheceram, Dexter: “nós estávamos no sexto ano e encontramo-nos por estar na música. Tínhamos uma banda na escola secundária (junior high school) chamada The Remains e que durou apenas um ano”. Sobre o Elvis: “bem, há umas semanas tive uma experiência muito estranha relativamente ao Elvis. Acordei em Chapel Hill e era noite alta. Tinha dormido e desci as escadas. Liguei a TV e ali estava um filme dele que nunca tinha visto antes chamado ‘Girls! Girls! Girls!’. No início, ele canta num nightclub – o filme foi feito em 1961 – apenas me sentei em estupefacção pelos seus movimentos, a sua voz, as suas roupas, o seu cabelo e a música. Estava completamente siderado. E o estranho é que ele tocou uma canção rockabilly apesar de ser 1961, quando o rockabilly tinha praticamente morrido. Mas todavia ele estava a tocar isso”.  
Muito antes de os White Stripes avassalarem as tabelas de rock com o sua estridente investida de guitarra-bateria, Dexter Romweber liderava a semelhantemente feroz dupla Flat Duo Jets, formada em 1983. ‘Dexter Romweber foi e é uma grande influência na minha música’, disse White no documentário de 2006 ‘Two Headed Cow’. ‘Em adolescente eu tinha todos os seus discos … (ele) é um dos segredos mais bem guardados do rock ‘n’ roll underground’” ▬ no Cutting Edge da MTV ♣ “Crazy Hazy Kisses” ♣ “Dreams Don’t Cost a Thing” ♣ Please, Please Baby” ♣ “Stalkin’”.
“A banda atual de Dexter, The Dex Romweber Duo, iniciou-se com Dexter e o baterista Crash LaResh, que tocou com ele de 1995 a 2007. O Duo original fez imensas tournées e gravou vários 7 polegadas e dois álbuns (‘Chased By Martians’ e ‘Blues That Defy My Soul’). Crash LaResh abandonou a banda em 2007 e foi substituído pela irmã de Dexter, Sara Romweber. Em 2009, a dupla editou o seu álbum de estreia intitulado ‘Ruins of Berlin’, na Bloodshot Records. O álbum contou com participações especiais de Exene Cervenka dos X, Cat Power, Neko Case, e o amigo de longa data Rick Miller dos Southern Culture on the Skids. A banda fez duas tournées nos Estados Unidos para promover o disco, tocando como grupo de suporte dos Detroit Cobras, na segunda. Nos dias 29 e 30 de Abril de 2009, Dex e Sara foram convidados para gravar na Third Man Records de Jack White em Nashville, Tennessee” ▬ “Death of Me” ♣ “People Places and Things” ♣ “Jungle Drums”.
“Dexter também toca nos Dexter Romweber and The New Romans, um conjunto de 7 músicos e 3 vocalistas femininas que começou em 2006. Editaram um CD em edição limitada chamado ‘Night Tide’, e principalmente tocam em concertos no seu estado natal da Carolina do Norte, mais especificamente na área de Research Triangle de Chapel Hill, Raleigh, e Durham. A sua música é diversa, tirando influências do jazz, surf, antigos instrumentais, Bill Haley, Ella Fitzgerald, e até Chopin. A banda continua a ensaiar e experimentar todas as quintas-feiras na garagem de Romweber”.

sábado, janeiro 14, 2012


De cassetete em pau-preto sem lubrificação 

Parte VI

O disco rígido multimédia dos caudilhos mundiais, de fatos de macaco enfiados, para estucar o capitalismo, suporta uma única saída áudio: “It's goin' to be a long time gone” (Tom Jones & Crosby, Stills, Nash and Young) [1]. Esvaeceu-se a prosperidade, mas não está perdida, mergulhem nos nossos braços, como Courtney Love após “Doll Parts / Softer, Softest[2], que, através da austeridade, serão, em breve, talvez antes de morrerem, novamente belos e ricos como a Tamara Ecclestone [3]. A solução é simplicíssima, e os líderes escalfaram o ovo de Colombo: têm que confiar o vosso dinheiro aos Bancos, em depósitos ou coercivamente pelos impostos, para que eles depois... vo-lo emprestem [4].
O povo, amantilhado, reza à Virgen de la Encarnación de Gerena, em Sevilha – Paz Vega, 1,67 m, 86-58-83, a desvestida atriz sevilhana de “Lucía y el sexo” (2001) ou “Carmen” (2003), fotografou-se coberta apenas de uma mantilla, na capela da Hermandad de Nuestra Señora de la Encarnación, para o calendário 2012 da empresa alemã de chocolates Lambertz. Rezado o povo expira de alívio. Esta solução de resgatar o Banco / deixar falir a Padaria prova bom valimento e útil préstimo das governantas elites. Os eleitos e os elegidos valem a despesa: Eduardo Catroga reflete-se 639 mil euros / ano na conta da luz: “sou economista, estou profissional, tenho um valor de mercado, como o Cristiano Ronaldo tem um valor de mercado, como o Di Maria tem um valor de mercado”. E se não valessem? apesar de o proletariado ter uma nova forma de luta: o suicídio em massa, as antigas armas ainda não envelheceram: se o economista não presta, mata-se o economista; se o dirigente político não presta, mata-se o dirigente político; se o pianista não presta, mata-se o pianista… [5].
No oriente, as elites também lourejam. Kim Jong-un foi louvado por seu pai como: “o génio dos génios em conhecimento militar” e a TV norte-coreana comunica: “o respeitado camarada Kim Jong-un é perfeitamente versado em todas as estratégias militares e… exibe excelente liderança militar”, pudera! aos 3 anos ele já dominava a arte da condução automobilística. No ocidente, o otimismo engodilha de certezas das elites. Willem F. Duisenberg, presidente do BCE, em 2001, no dia um da circulação do euro: “durará para sempre”. Sempre é um “long time gone”, alguns dizem que não completará os 30 anos como Kate Middleton, e diz o aforismo “quem sobe às figueiras acaba a comer tremoços”, mas a moeda tem um poderoso alicerce: a cimeira. Problem? Pas de probléme! Convoca-se uma cimeira. Outro acertador europeu, Jorge Sampaio acerta: “não há alternativa ao capitalismo”, o capital vence por um verdade latina: pecuniate obediunt omnia (= “todas as coisas obedecem ao dinheiro”). Inevitabilidade do capitalismo. Inevitabilidade da felicidade. Que está no cúmulo entre a base de dados das coelhinhas da Playboy e as duas vaginas de Hazel Jones.
David Graeber, antropologista e anarquista americano, em “Debt: The first five thousand years” escrevia: “ao estudar a história económica, nós tendemos a ignorar sistematicamente o papel da violência, o papel absolutamente central da guerra e da escravidão na criação e modelagem das instituições básicas do que hoje chamamos ‘a economia’”. No caso da escravatura, consequência da guerra, “se você se render na guerra, o que está a entregar é a sua vida; o seu conquistador tem o direito de matá-lo, e muitas vezes mata. Se ele escolher não fazê-lo, você literalmente deve-lhe a vida; uma dívida concebida como absoluta, infinita, irremediável” [6]. A dívida é a base das relações sociais, mesmo nos tempos de paz, ela é sociabilidade: alguém recebe uns robalos, ao aceitá-los, fica em dívida, que pagará com uma “palavrinha” em abono do dono dos robalos, que agora está em dívida e pagará com um presente de valor superior ao pescado, devolvendo o estado de dívida para a outra parte. O objetivo final não é o pagamento total da dívida, se isso ocorrer cessa o trato entre estas duas pessoas – é fortalecer as relações humanas através de um sistema de crédito (dívida e obrigação) convencionado na confiança. Quebrada esta confiança, o dinheiro, que é uma obrigação de dívida entre pessoas ou Estados, está ameaçado. E a violência do Estado recrudesce sobre as pessoas, seja para cobrar impostos, pôr os velhos a pagar hemodiálise como propõe a testiculosa idosa Manuela Ferreira Leite, ou impor o pensamento único económico da inevitabilidade [7]
Cícero: “um excelente protetor das ovelhas, o lobo”, nos tempos conturbados de pilhagem dos cidadãos pelo Estado, um “Chant in horizon brings hope” (Níobeth), o cântico das polícias [8]. Eles são os novos heróis. Betumados pelo Estado em novas / velhas verdades absolutas: agem sempre para o nosso bem [9]; os hematomas no cidadão têm sempre uma explicação racional [10]; a atividade policial será sempre secreta para o cidadão [11]; ir para a cama com o polícia será sempre um mosto social [12]. E o lado negro do cassetete será esbranquiçado para sempre, soterrando as interrogações de lorde Kelvin: “para quê contratar um polícia corrupto se nem abusa corretamente da lei?”, em “A volta ao mundo em 80 dias” (2004). O neo-polícia fará tudo bem.
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[1] Tom Jones noutras aeróbicas, com: Janis Joplin (“Raise Your Hand”) ◊ Raquel Welch (“Rip It Up / Slippin' and Slidin' / Lucille”) ◊ Ella Fitzgerald (“Sunny”) ◊ Sérgio Mendes & Brasil '66 (“Mas Que Nada”) ◊ Joss Stone (“Ain’t That a lot of Love”) ◊ Chuck Berry (“School Days / Memphis / “Roll Over Beethoven”) ◊ Raphael (“Ghost Riders in the Sky”) ◊ The Cardigans (“Burning Down The House”).
[2] Rumoreja-se, sem provas, que a canção dos Primus “Coattails of a Dead Man” é sobre o rebolar do cadáver de Kurt Cobain por Courtney.  
[3] Tamara Ecclestone: “sou apenas uma rapariga normal que acontece valer 3 mil milhões de libras”; “sou apenas uma rapariga normal de 27 anos que gosta de fazer compras de ir de férias”; “insiste que a sua coleção de malas de 200 000 libras e 200 pares de sapatos de marca são apenas investimentos terrivelmente sagazes”; “gosto de botas confortáveis como as Uggs – elas são tão confortáveis”; despiu-se em 2008 pelos ideais da PETA: “ acho terrível causar dano aos animais vivos tudo em nome da vaidade”, e em 2009: “fois gras é tortura numa lata”; posou nua com uns saltos Christian Louboutin numa cama rodeada de um milhão de libras para o fotógrafo Tyler Shields. Dona de umas mamas de família, com a irmã, Petra Ecclestone: “eles vêem-me como uma menina do papá, que é loira e bem na vida. Mas eu trabalho duro. Vou para o ginásio às 07:00 e não saio do escritório até às 19:00”. Petra comprou, por 150 milhões de dólares, a mansão de Aaron Spelling, em Los Angeles, nela, o papá Bernie Ecclestone, patrão da Fórmula 1 “organizou-lhe uma festa de noivado em Maio de 2011, onde lhe deu um Bugatti personalizado no valor de 1.3 milhões de dólares e voou a Rihanna para cantar”.
[4] Na falência do Banco Dexia, Yves Leterme, primeiro-ministro belga, saracoteia o bem comum: “com a aquisição de 100% das ações do Dexia Bélgica seguramos o Banco, a um nível maior do que já estava, e todos os concidadãos, as entidades, as empresas, as pessoas, físicas e morais, podem ter a certeza absoluta de que o seu dinheiro está em plena segurança”. Apareceu uma linha de crédito de 90 mil milhões de euros divididas pelos contribuintes de três países: 54 mil milhões da Bélgica, 33 mil milhões da França e 3 mil milhões do Luxemburgo.
[5] O prémio Nobel da Paz 2009, a luz do mundo, não se ilude com mariquices, e requenta a velha política americana: “se não os convences, mata-os”. E os judeus têm um amigo em Washington na detonação de cientistas nucleares iranianos antes do ataque final. Em janeiro de 2010, o cientista nuclear Masoud Ali Mohammadi foi morto à bomba. Em novembro desse ano o prof. Majid Shahriari também explode, enquanto Fereydoon Abbasi Davani livra-se de um atentado semelhante nesse mesmo dia. Em julho de 2011, o físico Dariush Rezaei foi assassinado à porta de casa. Em janeiro 2012, o Peugeot 405 do prof. Mostafa Ahmadi Roshan transporta-o ao paraíso.
[6]Debt: The first five thousand years”: “o que se segue é um fragmento de um projeto mais vasto de pesquisa sobre a dívida e o dinheiro da dívida na história humana. A primeira e avassaladora conclusão deste projeto é que, ao estudar a história económica, nós tendemos a ignorar sistematicamente o papel da violência, o papel absolutamente central da guerra e da escravidão na criação e modelagem das instituições básicas do que hoje chamamos ‘a economia’. Além do mais, as origens importam. A violência pode ser invisível, mas continua inscrita na própria lógica do nosso senso comum económico, na aparentemente auto-evidente natureza das instituições que simplesmente não existiriam e não poderiam existir fora do monopólio da violência – mas também, a sistemática ameaça de violência – mantida pelo Estado contemporâneo. (…). O dinheiro, originalmente, não apareceu nesta forma impessoal, fria, metálica. Ele originalmente aparece na forma de uma medida, uma abstração, mas também como uma relação (de dívida e obrigação) entre seres humanos. (…). Os sistemas de crédito parecem surgir, e tornarem-se dominantes, em períodos de paz social relativa, através de redes de confiança, seja criadas pelos Estados ou, na maioria dos períodos, instituições transnacionais, enquanto os metais preciosos substituem-nas em períodos caraterizados por pilhagem generalizada”.
[7] “O neoliberalismo atua melhor quando existe uma democracia eleitoral formal, mas desde que a população seja desviada das fontes de informação e dos debates públicos que habilitam à formação participativa de uma tomada de decisão. Como já foi salientado pelo guru do neoliberalismo, Milton Friedman, na sua obra ‘Capitalism and Freedom’, e dado que a obtenção de lucro é a essência da democracia, qualquer Governo que conduza políticas contra o mercado está a comportar-se de forma antidemocrática, sendo irrelevante o apoio que goze por parte de uma população esclarecida. Logo, é mais conveniente restringir a ação dos Governos à tarefa de proteger a propriedade privada e fazer cumprir contratos, e limitar o debate político a questões menores. As questões importantes como sejam a produção e distribuição dos recursos e a organização social devem ser determinadas pelas forças do mercado”, Robert W. McChesney.
[8] Focadas no importante. Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD, membro da loja maçónica Mozart, “irmão” de Jorge Silva Carvalho, quadro da Ongoing e ex-diretor do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa: “os serviços secretos não têm nada que ver com organizações da sociedade, não têm nada que ver com proteção de interesses particulares e mais, e também não servem para saber quem é que é da maçonaria ou quem é que não é da maçonaria. Servem para proteger aquilo que é o nosso interesse comum, a nossa segurança e a nossa liberdade”.
[9] Howard Jordan, porta-voz da polícia de Oakland: “a decisão de avançar baseou-se na segurança e bem-estar públicos, devido à presença de fezes, risco de incêndio, agressão sexual, comportamento violento e a negação de acesso a auxílio médico”.
[10] Em Março 2008, o inspetor da Polícia Judiciária Machial Pinto nega em tribunal que um empreiteiro de Mancelos, suspeito de matar a mulher, tenha sido agredido para confessor “é absolutamente falso a acusação de agressão ao arguido” declarou Machial. Embora confirme que levou Jaime Pinto Babo ao hospital de S. João, com vários hematomas e um traumatismo craniano. Justificados porque o arguido teve de ser “dominado” nas instalações da PJ depois de se ter “atirado a um colega”.
[11] “Elisha Strom, (…), foi presa nos arredores de Charlottesville a 6 de julho 2009, quando a polícia invadiu a sua casa, confiscando notebooks, computadores e equipamento de filmar. Embora o chefe da polícia de Charlottesville, Timothy J. Longo, já tivesse escrito à sra. Strom avisando-a que os posts no seu blog estavam a interferir com o trabalho da task force antidrogas local, ela não foi acusada de obstrução à justiça ou outra ofensa similar. Em vez disso, foi indiciada numa acusação de identificar um polícia com intenção de molestar”, uma felonia no estado da Virgínia. “Esteve duas semanas na prisão regional Albemarle-Charlottesville. O seu alegado crime? Publicar a morada de um polícia da task force Jefferson Area Drug Enforcement (JADE). ‘é uma razão estúpida para estar na prisão’, diz a bloguista de 34 anos, que mantém que ela estava apenas a relatar as atividades da JADE como um hobby no seu blog”, I hate JADE, onde classifica os bófias como “nada mais que um bando de bandidos arrogantes”. O facto de o seu marido, Kevin Strom, ser fundador de um grupo neonazi dedicado a proteger os direitos e pureza racial dos brancos, não avalizará em sua inocência. (Um site que monitoriza as aventuras da bófia na terra da bordoada: Injustice Everywhere: The National Police Misconduct Statistic and Reporting Project - infelizmente foi pirateado pela bófia).
[12] Cindy March, atrasada para o emprego, na trancada matinal com o ajudante do xerife Wayne Beeler, no Highway Motel, em Comstock. Wayne (Jeff Yagher): “fiz exatamente o que me mandaram. Se há coisa que sei fazer é seguir ordens”; Cindy (Charlene Tilton, a meia-leca Lucy Ewing, da série “Dallas”): “até um cãozinho amestrado consegue fazer isso”; Wayne: “não sou cãozinho de ninguém! E, quando for eleito xerife serei eu a dar as ordens. Este município vai dançar ao som da minha música, vais ver”, na série de TV “Murder, She Wrote” (1984-1996).

cinema:

Ingmar Bergman: “em 1951, houve um conflito na indústria cinematográfica sueca. As empresas de produção declararam uma proibição de filmagens em protesto contra a alta taxa do imposto sobre o entretenimento. Casado recentemente pela segunda vez, Ingmar Bergman, viu-se com três famílias para sustentar, e o seu contrato com o teatro da cidade de Gotemburgo havia expirado. A fim de ganhar qualquer receita naquele ano, ele concordou em dirigir nove anúncios para o sabão Bris, a favor da Unilever sueca. (…). Apesar de feitos por encomenda, os filmes são inteligentes e interessantes. ‘Operação’ e ‘3-D’, por exemplo, são ambos introspetivamente modernistas num estilo reminiscente de ‘Prisão’ (1949) e ‘Persona’ (1966). (…). Talvez o mais interessante dos nove seja ‘Rebusen’, porque mostra como um filme é montado a partir de uma série de takes diferentes, só adquirindo sentido quando estão juntas”. Bergman justifica-se: “originalmente, aceitei os anúncios Bris a fim de salvar a minha vida e a das minhas famílias. Mas isso foi realmente secundário. A razão principal que eu queria para fazer os anúncios, era que me fosse dado rédea livre com o dinheiro, e eu pudesse fazer exatamente o que quisesse com a mensagem do produto. De qualquer modo, eu sempre tive dificuldade em sentir ressentimento quando a indústria corre em direção da cultura, cheque na mão. Toda a minha carreira cinematográfica foi financiada pelo capital privado. Eu nunca fui capaz de viver pelos meus belos olhos apenas! Como um empregador, o capitalismo é brutalmente honesto e bastante generoso – quando considera isso benéfico”; os outros anúncios: “Tvålen Bris” ◊ “Tennisflickan” “Gustavianskt” ◊ “Trolleriet” ◊ “Uppfinnaren” ◊ “Prinsessan och svinaherden” c/ Bibi Andersson. – As torres gémeas nos filmes, saudosista montagem do cartoonista e realizador nova-iorquino Dan Meth; a lista completa. – Junie Hoang, nascida em Saigão, a 16 de julho, 1971, processou a Amazon.com e a sua base de dados IMDb num milhão de dólares, por esta ter revelado a sua idade: “na queixa original, Hoang alega que as suas expetativas de representação diminuíram agora que as pessoas sabem a sua idade verdadeira”. As estatísticas dão-lhe razão: “as mulheres acima dos 40 anos compõem 24,3% da população dos Estados Unidos, mas uma análise dos castings pela Screen Actors Guild mostra que as atrizes acima dos 40 apenas obtêm 12,5% dos papéis para televisão e cinema”. – Anna Konchakovskaya, (música “Journeyman”, um chillout do músico e produtor Polished Chrome), bailarina russa, “quando moçoila, Anna tinha o sonho de ser uma ginasta artística. Treinou duro para ser membro da equipa olímpica russa. Contudo, o seu sonho foi interrompido, porque os seus pais queriam que a sua educação fosse a primeira prioridade. Após 9 anos de intenso treino, ela desistiu do seu sonho e frequentou a faculdade de Economia Plekhanov. Licenciou-se em Economia”, e não economiza o body nos vídeos de moda ou música: Hess Is More → “Yes Boss” ◊ T-Killah → “Задай вопрос” ◊ Pedro Cazanova → “Selfish Love”. {Site}. {Fotos}.
Grande loja publicitária: origem do donut: “embora as origens do donut se perderam na história, o fabrico do moderno donut pode ser seguido até à Primeira Guerra Mundial e ao Exército de Salvação. Com as tropas cansadas e famintas depois de 36 dias consecutivos de chuva em França, as moças do Exército de Salvação misturaram restos e fritaram-nos em capacetes”; os restaurantes topless de donuts não engordam de dólares seus donos nos Estados Unidos: em fevereiro de 2009, perto de 200 mulheres concorreram a um emprego no Grand View Topless Coffee Shop em Vassalboro, Maine, é que com esta economia alguns americanos só querem jobs, os vizinhos reclamam por uma empregada fumar um cigarro no exterior com a roupa de trabalho. Em junho foi incendiado e abriu numa tenda (vídeo Vimeo), até que fechou em 2011 porque o dono afixou cartazes “boobies wanted” e a reação das autoridades encheu-lhe a marmita, coffee só no aborrecido Starbucks. ◙ Anúncios do futuro. ◙ Piadas feitas por robots para robots. ◙ Tetas gigantes na Eslovénia: não anuncia sabão, nem a importância de mamar, publicita, através de um vergonhoso órgão sexual, a 28ª Bienal de Artes Gráficas em Liubliana. Muitíssimo vergonhoso nos Estados Unidos que ainda não chucham as campanhas mamilo amigável da American Apparel: “uma estimativa grosseira é que a América está 100 anos atrás da Europa quando se trata de maturidade sexual”. ◙ Antz Pantz, a atrevida etiqueta de roupa australiana, cuja embaixadora é a “ex-campeã júnior de mountain bike, snowboarder e deusa Mambo”, e miss Austrália 2006, Erin McNaught, 1,75 m, 81-61-86, contracenando com Rex, o papa-formigas, desde a coleção outono/inverno de 2010: “um dia, quando por volta dos 15 ou 16 anos, tentei vestir umas jeans e elas não me serviam. Foi exatamente nesse momento que me bateu que não se pode comer o que se quiser e esperar que tudo fique na mesma”; “Antz Pantz é uma marca icónica, com uma história longa e colorida. Nicky Hilton e Kimberly Stewart [1] foram ambas embaixadoras da marca, e a infame campanha ‘Sic ‘em Rex’ de Tonya Bird é uma das mais conhecidas na Austrália”.
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[1] Nicky Hilton, 1.70 m, 75-60-77, é irmã da party girl Paris Hilton e Kimberly Stewart, ex-party girl, 1,78 m, 81-63-89, é filha de Rod Stewart e mãe de Delilah Del Toro, filha de Benicio Del Toro.  

música:

The Ventures – “grupo de rock instrumental formado em 1958, em Tacoma, Washington, por Don Wilson e Bob Bogle. (…). Wilson e Bogle conheceram-se em 1958, quando Bogle queria comprar um carro usado de um stand propriedade do pai de Wilson. Descobrindo um interesse comum por guitarras, os dois decidiram tocar juntos, enquanto Wilson se juntou a Bogle para trabalhos de pedreiro. Inicialmente, chamavam-se The Versatones, o duo tocou em pequenos clubes, cervejarias e festas privadas por todo o noroeste do Pacífico. Wilson tocava guitarra ritmo, Bogle guitarra principal. Depois de verem Nokie Edwards tocar num clube noturno, recrutaram-no como baixista. Bogle possuía um LP de Chet Atkins, ‘Hi Fi in Focus’, no qual ouviu a canção ‘Walk Don’t Run’ (original de 1955 do guitarrista de jazz Johnny Smith). Em breve, o grupo estava num estúdio a tocar a nova canção com Bogle no solo, Wilson na rítmica, Edwards no baixo e Skip Moore na bateria. (…). Mais tarde Skip Moore optou por sair do grupo para trabalhar na bomba de gasolina da sua família. Quando ‘Walk Don’t Run’ foi gravado, ele prescindiu também dos royalties da gravação, recebendo 25 dólares por sessão, em seu lugar. Mais tarde, processou para receber royalties mas perdeu por causa da sua anterior opção”. (…). Bob Bogle morreu em 14 de junho, 2009, após longa batalha contra o linfoma não-Hodgkin (LNH), tinha 75 anos” → “Wipe Out” ♫ “Hawaii Five-O” ♫ “Pipeline”.
Eles publicaram entre 280 a 300 álbuns e venderam 105 milhões de discos, 40 milhões deles no Japão. Quando aterraram no aeroporto de Tóquio, recorda Wilson: “nós éramos um grupo de guitarras, sem a barreira da língua. (…). No Japão éramos como os Beatles. Superávamo-los nas vendas dois para um”. Os japoneses até criaram uma palavra para o som dos Ventures: “‘teke-teke’, aquela rápida sucessão de notas descendentes na guitarra de uma altura para outra, como no clássico do surf ‘Pipeline’”. Receberam do imperador a Ordem do Sol Nascente. Há 600 bandas de tributo aos Ventures no Japão. O documentário “Beloved Invaders: The Ventures”, de 1966, regista a sua tournée do ano anterior, foi reproduzido nas roupas, ângulos de câmara e montagem pela banda tributo The M-Ventures → “Pink Panther Theme” ♫ “Surf Rider” ♫ “Yellow Jacket”.
“No início dos anos 60, a corrente principal da música pop japonesa consistia principalmente de ‘kayokyoku’, que pode ser livremente traduzido por música pop tradicional japonesa. Personificada na briosa mega estrela Hibari Misora, ‘kayokyoku’ exibia um tom melódico distintamente japonês, aumentado muitas vezes por chorosa música de suporte na escala pentatónica menor baseada na música enka. (…). Isso tudo mudou quando os Ventures desceram na cidade em 1962, na primeira do que se transformaria em muitas tournées no Japão”, inspirando um movimento chamado a cena eleki, abreviatura de “eleki boom”, ou “electric boom”. Um dos músicos dessa cena foi o guitarrista Takeshi Terauchi → “Ochi Tchornya (= Dark Eyes)” ♫ “Rashōmon” ♫ “The Rising Guitar”. Outra esperança do surf rock que toca versões dos Ventures: Chicchi → “Diamond Head” ♫ “Penetration” ♫ “Pipeline” ♫ “Walk Don’t Run” c/ Nokie Edwards ♫ “The Cruel Sea”, dos Dakotas ♫ com as Hot Style. O surf rock internacional ainda sobre a prancha: Aqua Velvets → “Spanish Blue” ♫ The Red Elvises → “Love Pipe”.
Os Ventures, na década de 60, desfrutaram de grande popularidade no Japão, eram “big in Japan”: “era, originalmente, uma frase depreciativa aplicada a grupos de rock ocidentais que falhavam a venda de muitos discos nos Estados Unidos e/ou no Reino Unido. Durante os anos 60 e 70, a cultura pop japonesa não era ainda considerada muito cool no mundo dos países de língua inglesa. Assim, embora uma banda tivesse dezenas de milhares de fãs japoneses, não era considerada como verdadeiramente bem-sucedida: a banda era apenas grande no Japão. (…). A frase foi usada como nome de uma banda punk inglesa em 1977-82 (cujo nome inspirou o título do êxito de 1984 do grupo pop Alphaville / versão dos Guano Apes), e foi o nome da faixa principal do álbum ‘Mule Variations’ de Tom Waits, vencedor de um Grammy em 1999”. E uma canção do DJ parisiense Martin Solveig & Dragonette. “A frase derivada ‘small in Japan’, originalmente usada para os AC/DC, tem sido habitual desde o início dos anos 80. Em geral, um artista pequeno no Japão tem grande popularidade no ocidente (na maioria dos casos nos Estados Unidos), e visita o Japão muitas vezes para se promover, todavia é quase desconhecido ou mal-sucedido no Japão, apesar de ser fortemente apoiado pelos média japoneses de música. Pequenos no Japão no ano 2000 incluíam-se: Beyoncé, Britney Spears, Eminem, Lady Gaga, Linkin Park, Miley Cyrus, Rihanna… e Justin Bieber”.
Por exemplo, grandes no Japão são: Vivian Hsu (pinyin: Xú Ruòxuān; Wade-Giles: Hsu Jo-hsüan; Pe̍h-ōe-jī: Chhî Jio̍k-soan; japonês: Bibian Sū); nasceu a 19 de março, 1975, em Taichung, Taiwan, cantora, atriz e modelo: 1,61 m, 45 kg, 85-58-85, que ganhou popularidade na Ásia oriental, principalmente em Taiwan e Japão. (…). Ela também foi vocalista no grupo de dança japonês Black Biscuits”. Fluente em mandarim, cantonês e japonês, “Hsu lançou o seu primeiro single a solo em 1995. Editou o seu primeiro álbum ‘Tianshi Xiang’ (= ‘anjo a sonhar’; 1ª faixa: ‘Mito dos lábios’) em 1996. Pouco depois, ela fez um curso rápido de coreano, e editou uma versão coreana do álbum intitulado ‘Cheonsa Misonyeo’”. Em 2006 edita “Vivi And…” (1ª faixa: “SOSO”) ♫ dia de estreia de Vivian no Japão ♫ “Why Do I Fall in Love”. {Anúncios do champô Essential}. Em 2010, numa conferência de imprensa, anuncia o seu regresso ao Japão para atuar, e o seu novo singleBeautiful Day”.
“A partir de 2011, Tynisha Keli é amplamente considerada uma pessoa grande no Japão. Esta jovem cantora americana estabeleceu popularidade entre as jovens japonesas especialmente aquelas no inicio da adolescência, desde 2008, quando ela editou o seu primeiro singleI Wish You Loved Me”. Ela tem uma larga popularidade, para uma artista estrangeira no Japão, porém, é relativamente desconhecida no seu país natal. (…). Tynisha nasceu em New Bedford, Massachusetts, uma filha de Timothy Soares e Elisa Soares. Ela é de descendência portuguesa. Keli veio de um lar atingido pela pobreza e lutou com dificuldades financeiras a maior parte da sua vida. (…). O seu pai foi morto quando ela mal tinha um ano. Ela tinha grandes responsabilidades em criança. Aos 8 anos, aceitou a música na sua vida, de uma forma maior, porque era a sua única saída, a sua maneira de deitar para fora as frustrações que sentia. Começou a cantar profissionalmente por volta dos 14 anos. Então mudou-se para Los Angeles, onde viveu sete anos, antes de se mudar para Atlanta. O seu irmão mais novo, Tazmyn Soares foi morto em New Bedford em 2007”. {Canal YouTube}. → “Love Hurts” ♫ “The Right Way” ♫ “Shatter'd” ♫ “The Boy Is Mine”.

terça-feira, janeiro 03, 2012


De cassetete conoidal e lubrificado 

Parte V

Jactou-se, num pasmo turbo, a indústria jornalística, sobre a sagacidade de seus colegas na redação da revista Time ao sortearem “o manifestante” como “personalidade do ano” [1]. Que perspicácia! Digitaram outra vez na tecla certa dos tempos! Que jornalistas tão atentos! exclamou-se sem um ponto de interrogação. Se se interrogassem, afinal, há uma outra figura coletiva muito mais merecedora de triunfantes trompas: “os líderes mundiais” [2]. Alguns são a riqueza andante [3]. Outros tais, como Paulo Portas ou o presidente Báráque, seu caminhar luz: “You are my sun in the darkness of the night” (Unsun) [4]. E… Durão Barroso, e lida, e foça, e sua, e bola, o faroleiro da Europa, por direito próprio da sua bagageira histórica “once guided sailors in the past” (Tears of Magdalena) [5]. Nesta multidão de estupendos líderes, vota e prospera, na sua preferida postura, o eleitor: “BückDich” (= “curva-te”: “Um bípede de quatro / Eu levo-o a passear”, Rammstein). Todos eles, mesmo o povo de quatro, têm um amigo comum: o bófia [6].
A crowded world / Hopeless and greedy” (Factory of Dreams), superlotado de populaça “sem esperança e gananciosa”, que aferrará mal-agradecida os que por seu bem estão nos palácios do Governo. Por isso, as forças de segurança são intocáveis, dão-se-lhe privilégios, não se tira [7]. O presidente do Equador, Rafael Correa, ignorou esta verdade em 2010, e nas ruas de Quito incendiaram-se pneus, “os polícias e também alguns militares do Equador contestavam uma nova lei que reduz incentivos e bonificações profissionais”. Correa dirige-se ao Regimento de Quito para dialogar com os amotinados, fanfarrão: “se querem matar o presidente, aqui está ele! Matem-me, se têm valor”. Atiram-lhe gás lacrimogéneo e ele refugiou-se no hospital. Os seus apoiantes descem as ruas com paus, bandeiras e palavras de ordem: “une-te povo! O povo unido jamais será vencido! Aqui está o povo!”. “A ministra das Obras Públicas, María de los Ángeles Duarte, uma das manifestantes, descreveu: ‘Estamos aqui em luta pela democracia, defendendo o presidente de todos os equatorianos, resgatando-o, viemos de Quito e dos arredores, e estão a lançar-nos gás lacrimogéneo, aos ministros, às senhoras, às crianças’”. Uma algazarra escusável.
Num país europeu, no único cujo povo “torce os quadris / bombeia o punho[8] e cujo acto eleitoral transcende a melhor escolha, é uma cerimonia litúrgica de consagração dos líderes, segundo as regras de Frank Martin (em “Tranporter 1” (2002): “um acordo é um acordo, primeira regra”; “segunda regra: sem nomes”; “terceira regra nunca abras o pacote”), nesse país de sobreiro e pessegueiro, o eleitor venera o acordo cego que carimbou na urna com o candidato de seus amores, calmo, acardumando: “I'm just a pawn to lose, disposable” (ReVamp). Este sentimento de peão é louvado pelos líderes e, ao resguardo de cenas equatorianas [9], dulcificam as polícias, afofam-lhes uma imagem de gato ioga. Décadas de propaganda amigável e alterações no fardamento, para um toque sexy, com um erótico cinto, fantasiando-se alcaiotismo de sex shop, avassalou a população feminina e masculina, e o polícia é mais amado que um bispo. E some-se o facto de todo o espaço estar policiado, as últimas zonas livres foram os concertos de música [10], nem um ilícito se perpetraria numa festa da véspera de ano novo 2012, sob jurisdição da polícia portuguesa (não nesta, no Havai, no Mala Restaurant, Wailea, Maui, Steven Tyler, Alice Cooper, Weird Al).
O primeiro-ministro desentroixou uma ideia para o país, chamou-lhe democratização da economia: “colocar as pessoas, as pessoas comuns com as suas atividades, com os seus projetos, com os seus sonhos, no centro da transformação do país”. Como se cavalga este salvador Pégaso? quando o Estado esvurma a população da maior fatia dos seus rendimentos e o ministro das Finanças destrambelha umas frases sem sentido, que ao ouvido dos sábios zune como… sabedoria [11]. Só há uma solução para um Estado em vias de minguamento: maior controlo, melhor policiamento, que o ministro Miguel Macedo acorçoa no “enlencanço” de ideias entre os seus homens [12]. Em Braga, “partiram o vidro do lado do ‘pendura’ mas não roubaram rigorosamente nada”, são as primeiras bananas amadurecidas deste cacho do ministro para “modernaçar” o país como o castelo do Pai Natal em “Santa Claus vs. The Devil[13].
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[1] A indústria jornalística é um veículo de transmissão de ciência e estudos como o da Deloitte: “portugueses pensam gastar mais que os alemães no Natal”.
[2] Na 14ª cimeira decisiva dos europeus, Nicolas Sarkozy temia o regresso das velhas humilhações francesas no campo de batalha: “a esses 70 anos de guerra seguiram-se 70 anos de paz, em grande parte graças à Europa. A questão para a chanceler Merkel, tal como para mim, é querermos que os próximos 70 anos sejam de paz. Para a paz é preciso que a França e a Alemanha entrem em convergência, que se entendam, trabalhem juntas, assumam compromissos juntas, se adicionem. A primeira economia da Europa e a segunda economia da Europa. Não temos alternativa”. David Cameron, na mesma cimeira, enobrecia-se para os seus amigos na City: “os interesses da Grã-Bretanha na União Europeia, a manutenção da abertura dos mercados, o comércio livre, a venda dos nossos bens e serviços, com regras em que temos algo importante a dizer, todo isso está protegido e não muda. Mas esta nova ronda de integração, poderes especiais e entrega de soberania para os países europeus e outros que se queiram juntar ao euro, serão levados a cabo fora do Tratado da União Europeia”.
[3] No top, com 30 mil milhões de dólares, está Bhumibol Adulyadej, o rei da Tailândia, um semideus para o seu povo, legalmente “inviolável”. Qualquer um, nacional ou estrangeiro, que lhe teça palavras menos elogiosas, apodrece na cadeia. Suspeita-se que Putin lhe ultrapassa com 40 mil milhões.
[4] O Presidente Báráque não desilude: aumentou a deportação dos emigrantes ilegais “para pôr as nossas leis nacionais efetivamente a funcionar”. Quando a UNESCO pregou a partida do Estado palestiniano, cancela os 70 milhões da contribuição dos Estados Unidos para a organização. Portugal, país falido, absteve-se, com uma justificação racional de Paulo Portas, o ministro dos Negócios Estrangeiros que roubou o recorde a Phileas Fogg, deu duas voltas ao mundo e visitou 14 países em 152 dias: “Portugal demarca-se completamente dos países que votaram contra, pela simples razão de que Portugal sempre disse, que a Palestina tem direito ao seu Estado. Ainda não estão reunidas todas as condições para votar a favor, porque também dissemos, em homenagem à verdade, e ao realismo, que esse reconhecimento do Estado da Palestina deve estar ligado a negociações de paz no Médio Oriente para que a Palestina e Israel possam viver lado a lado como dois Estados soberanos em liberdade. Mas ainda não houve um sinal forte em matéria de negociações de paz”. Resposta dos judeus ao novo "Estado" da Palestina: mais colonatos.
[5] Durão Barroso é tão europeu que resvala para o americano: “e queria terminar citando alguém que nos deixou há muito poucos dias, Vaclav Havel. E que fez precisamente uma referência semelhante. Dizia ele precisamente antes da entrada do seu país na Comunidade Europeia, ele que lutou muito para essa entrada, dizia ele: ‘o mundo entra no novo milénio enfrentando ameaças e desafios sem precedentes, a ideia da Europa como uma comunidade de paz, estabilidade e prosperidade, significa, não apenas uma oportunidade histórica para os europeus, mas também uma razão de esperança para muitos por todo o mundo. Precisamos de Europa na Europa, mas o mundo também precisa de uma Europa mais forte’, e estou convencido que consideremos fazê-lo, assim honrando a memória dos nossos grandes pais fundadores”.
[6] Miguel Macedo ministro da Administração Interna: “determinamos o aprofundamento imediato dessa cooperação através da criação de mais equipas mistas no terreno, que já estão no terreno, a monitorizar e cooperar para fazer face às situações de criminalidade que temos verificado. Quero nesta circunstância dar um sinal de tranquilidade e de confiança absoluta nas forças de segurança, na Polícia Judiciária, no trabalho que tem desenvolvido. Estes factos criminosos, os factos criminosos, não ficarão sem resposta, e uma resposta competente de todos aqueles que todos os dias trabalham para assegurar a tranquilidade pública e é essa a mensagem que nós queremos transmitir”; (o jornalista: o governo está alarmado?) “não, não estamos, não estamos alarmados, estamos a rever no fim dum ano o conjunto de mecanismos legais e operacionais que existem de cooperação entre forças de segurança, a Polícia Judiciária, todas as entidades envolvidas, o sr. secretário-geral do Sistema de Segurança Interna  também esteve presente nesta reunião a fazer um ponto da situação e a enlencar um conjunto de medidas que podem resultar em futuras, proximamente, em futuras alterações legislativas”.
[7] O maior génio português em todos os assuntos, e policiais também, Ângelo Correia: “há uma polícia que é de ordem pública. Há uma polícia que é de investigação. Há outra que se ocupa do território. Há outra que se ocupa de estrangeiros. Isso é inquestionável e mantém-se. Mas tem que ter maior osmose, aquilo que uma sabe transmite à outra, de modo que, num organismo central, e o organismo central é o CIC, eu defendo é o CIC, ou seja, o Centro de Investigação da Judiciária, onde deve ir tudo parar de informação de todas as polícias. A informação é trabalhada, é burilada, a análise é feita, há um outcome que depois é transmitido, de acordo com princípios de proporcionalidade de hierarquia e de interesse, a todas as polícias”.
[8] Na série “Shake it Up”: “I twist my hips (watch me) / I pump my fist (watch me) / I move like this (watch me) / Whirl (watch me) / I pout my lips (watch me) / I swerve and dip (watch me) / I slide and switch (watch me)”. Cecilia “Cece” Jones (Bella Thorne) e Raquel “Rocky” Blue (Zendaya) são duas pré-adolescentes de Chicago que querem ser bailarinas profissionais, após uma audição são selecionadas para o elenco de um concurso de dança chamado Shake it Up Chicago. Cece: “Rocky não é assim tão mau. É por isso que a nossa amizade resulta. Eu sou o oceano, selvagem, livre, imprevisível. E tu és a areia, parada, sempre lá”, Rocky: “uau, sou uma coisa que entra para os ténis e que tens de sacudir”; Cece: "10 mil dólares?! Bate-me com um frasco de picles”; Cece: “vá lá Rocky, não estás sempre a insistir para trabalhar com crianças carenciadas?”, Rocky: “achas que as minibonecas são carenciadas?”, Cece: “aposto que algumas nem sequer têm dinheiro para unhas falsas. Isso parte-me o coração”; Cece: “adoro o cheiro a purpurinas. O som do tafetá. O ar empestado de pó de talco e o chão inundado com as lágrimas das perdedoras”. No vídeo “Watch Me”. Bella Thorne: anúncio Target. Zendaya: “Dig Down Deeper”.
[9] Passos Coelho: “que fique claro, em Portugal há direito de manifestação. Há direito à greve. São direitos que estão consagrados na Constituição e que têm merecido o consenso alargado em Portugal. Nós não confundiremos o exercício dessas liberdades com aqueles que pensam que podem incendiar as ruas e ajudar a queimar Portugal”.
[10] Após o 25 de Abril deparou-se um novo problema à bófia portuguesa, uma nova realidade para a qual ela não estava preparada: a juventude. A corporação saída do fascismo era velha e barriguda, não passaria despercebida entre os jovens, e pior ainda, não falava a mesma linguagem. Durante uns anos os concertos de música eram lugares livres de bófias, até que contrataram guardas jovens para se infiltrarem, e os primeiros lugares policiados foram as casas de banho, prendendo o pessoal do chuto. Exemplo de um festival: Ultra Music Festival 2011, em Miami; um gajo a ser preso; uma gaja a ser presa.
[11] Vítor Gaspar, no português técnico, que embasbaca os sábios da praça: “a eficácia do sistema fiscal, a estabilidade do sistema fiscal, são de facto princípios fundamentais na condução da política tributária do Governo e constituem efetivamente condições estruturais que facilitam o crescimento económico”.
[12] Miguel Macedo: “nós tivemos um conjunto de mecanismos excecionais que passaram também pela possibilidade de colocação, em espaços públicos, de câmaras de videovigilância, o país e a democracia não caíram por causa disso”, refere-se ao Euro 2004, os direitos não foram atropelados e os estranjas muito louvaram a organização.
[13] A maioria das imagens é do filme “Santa Claus vs. The Devil” (1959): “o Pai Natal, bem acima do pólo norte, no seu castelo suportado pelas nuvens, equipado com mais dispositivos de vigilância que a Força Missão Impossível, prepara-se para entregar os presentes na noite de Natal. Ele está especialmente interessado em ajudar Lupita, a filha de uma família pobre, que apenas quer uma boneca; e um rapaz cujos pais são tão ricos que nunca passam tempo com ele (corrige isso alimentando-os com Pan-Galactic Gargle Blasters). Contudo, o Diabo não quer nada disto e manda o seu escravo Pitch para frustrar os planos do Pai Natal”.

cinema:

Pulgasari”, (1985), produtor executivo Kim Jong-il, realização Shin Sang-ok: “ele e a sua esposa, a bem conhecida atriz Choi Eun-hee, estavam entre as celebridades do jet-set de Seul. Mas, em 1978, caiu em desgraça do frequentemente repressivo Governo do general Park Chung Hee, que lhe fechou o seu estúdio Shin Films. Depois de realizar, pelo menos, 60 filmes em 20 anos, a carreira de Shin parecia ter findado. O que se seguiu, de acordo com o ‘Reino de Kim’, o livro de memórias de Shin, foi uma experiência que reavivou a sua carreira de uma forma inacreditável. Shin e a sua mulher foram raptados pelo déspota em formação norte-coreano Kim Jong-il, que procurou criar uma indústria cinematográfica, que lhe permitisse balançar uma audiência mundial para a retidão do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte. Shin seria o seu propagandista, Choi a sua estrela”.
Nos anos 70, Kim Jong-il labutava no ministério da Arte e Cultura, apesar da sua genial irradiação, o cinema norte-coreano não resplandecia. Publica em 1973 uma obra-prima, o livro “Sobre a arte do cinema”, com claras ideias sobre fitas e representação: “a tarefa colocada ao cinema hoje é a de contribuir para o crescimento do povo em verdadeiros comunistas… Esta tarefa histórica requer, acima de tudo, uma transformação revolucionária da prática de realizar”. “Os atores devem ser ideologicamente preparados antes de adquirirem competências de alto nível … Nenhum ator revolucionário jamais foi realmente um polícia japonês ou um capitalista … Para efetivamente incorporar o odioso inimigo, o ator requer um ardente amor pela sua classe e uma hostilidade abrasadora contra o inimigo”. Na década de 60, o Grande Líder Kim Il-sung, seu pai, raiara o firmamento da Coreia com dois filmes encenados de óperas revolucionárias: “The Flower Girl” e “Sea of Blood”: que exagerava o papel do Presidente Eterno nas vitórias sobre o Japão nos anos 30, e gerara uma canção de grande sucesso: “My Heart Will Remain Faithful”. Kim Jong-il louva-a como exemplo: “os filmes devem conter obras-primas musicais como estas … a fusão de ideias nobres e paixão ardente”. “As canções dos filmes devem ser suficientemente boas para chumbar nas fibras do coração do povo, para que possam ser cantadas por muitas pessoas e servir para ligar estreitamente o filme com as massas”.
Desiludido com a produção do seu estúdio, Mount Paektu Creative Group, Kim Jong-il força a perícia de 11 “consultores culturais” japoneses, raptando-os, no final dos anos 70. Vários inconvenientemente morreram de exaustão ou suicídio e os filmes não saíam da cabeça de Kim Jong-il para as massas. Em 1978, o “Orson Welles sul-coreano”, o respeitado realizador Shin Sang-ok, está desempregado e revoltado contra a ditadura militar do seu país que lhe censurava os filmes. No norte esta é a oportunidade para cinema revolucionário de qualidade. Kim Jong-il aliciou Choi Eun-hee, recém-divorciada de Shin, para “discutir um potencial papel”, em Repulse Bay, Hong Kong, onde ela desaparece. Na busca da sua ex e melhor amiga Shin tropeça num pano com clorofórmio e acorda na Coreia do Norte. Ela vive num dos palácios de Kim Jong-il. Ele, capturado a tentar escapar, pouco depois da chegada a Pyongyang, habitará durante 4 anos um campo prisional masculino, a Prisão nº 6, comendo uma dieta de erva, sal, arroz e doutrinação partidária. Em 1983 trazem-no, juntamente com Choi Eun-hee, à presença de Kim Jong-il, que “culpou malentendidos de funcionários irrefletidos pelos seus quatro anos de hostis boas-vindas norte-coreanas. Também pediu desculpa por ter demorado tanto tempo em recebê-los pessoalmente, dizendo que estava muito ocupado nas suas obrigações públicas”. Sugere a Shin que casasse novamente com Choi e aceitasse a missão de renovar o cinema norte-coreano. Assim se fez. Shin realizou 7 filmes antes de escapar com a mulher em 1986, em Viena. As autoridades norte-coreanas negaram toda a aventurosa descrição das memórias de Shin com a explicação mais simples e mais plausível de que ele foi atraído para o norte apenas por um salário de milhões, e o seu estilo de vida luxuoso na Coreia do Norte confirma-o.
O filme: “é a história de um boneco feito de arroz por um prisioneiro que ganha vida após contacto com sangue humano, e se banqueteia de metal em bruto”. “Por um lado, Pulgasari é um conto de advertência sobre o que acontece quando o povo deixa o seu destino nas mãos de um monstro, um capitalista, por força do seu insaciável consumo de ferro. Mas também é tentador ver o filme como uma metáfora para Kim Il-sung, sequestrando a ‘revolução do povo’ para servir, em última instância, os seus propósitos”.
Coreia do Norte, o país mais louco do mundo, Kim Jong-il não defecava nem urinava como as outras pessoas, planeava resolver o problema da fome criando coelhos gigantes, cada grão de arroz nas suas refeições era inspecionado por funcionários para ter a cor e tamanho certos, injetava-se com sangue de virgens para ficar jovem, mas também o mais lúcido na apreciação da Secretária de Estado americana: o ministério dos Negócios Estrangeiros norte-coreano descrevia Hillary Clinton como uma “senhora engraçada”, algumas vezes “parece-se com uma aluna da primária e outras como uma aposentada indo às compras”, e deduz: “ela não é de forma alguma inteligente”.
Coisas que o mundo mais odeia sobre Kim Jong-il”, “mundo” é uma hipérbole de “Estados Unidos”: a) a sua inquestionável, absoluta, autoridade; b) o seu hábito de ruidosamente antagonizar a Coreia do Sul; c) a sua complacência para ignorar a fome e pobreza; d) a sua obsessão nuclear; e) a sua personalidade narcisista. Kim era um cinéfilo ferino dono de 20 000 cassetes vídeo, fã de “Rambo” e “Friday the 13th” e de tudo com Elizabeth Taylor e Sean Connery. E bebia 700 000 dólares/ano de fino Cognac. Falecido, velado, chorado, a TV norte-coreana conforta as massas que o país está agora ao “cuidado quente” de Kim Jong-un, seu filho mais novo, “declarado como ‘o Grande Sucessor’ enfrenta uma ameaça dentro da família, possivelmente de os seus poderosos – e acreditam alguns, homicidas – tia e tio?”. A titia Kim Kyong Hui e o titio Jang Song-taek, ambos 65 anos, são altas patentes no exército, “e diplomatas dizem que eles parecem ter mostrado pouca hesitação, no passado, na purgação, e mesmo assassinato, de rivais internos. No ano passado, a sra. Kim recebeu a patente de general de quatro estrelas no exército, apesar de notícias persistentes de que ela é uma bêbeda furiosa, que foi hospitalizada por intoxicação alcoólica mais de uma vez”.
Cortejo musical: segundo a tradição Kim Jong-il fundou os Wangjaesan Light Music Band e os Pochonbo Electronic Ensemble ► “Socialism is Good” ♣ a ideologia juche, ou kimilsonguismo [1], surdiu em 1955 de Kim Il-sung sobre duas rochas proferidas no discurso “Sobre a eliminação do dogmatismo e formalismo e estabelecendo juche no trabalho ideológico”: “a revolução proletária pertence às massas e o homem é o guia da revolução”; o sucessor Kim Jong-il em 1996 esculpiu no juche a política Songun = “o exército primeiro” ► coro do exército ♣ Li Kyung-suk ► “Don’t Ask My Name” ♣ Dallae, extraíram o nome de uma planta de baga doce que os coreanos do norte e do sul colhem na primavera, são desertoras do norte e tocam pop moderna com Trot, a música pop coreana mais antiga ► “Mot Jaengi” (= “dândi”) ♪ ao vivo.
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[1] Ou marxismo-leninismo-kimilsonguismo, cinzelado por Kim Il-sung, no seu discurso “Sobre a construção do socialismo e a revolução sul-coreana na República Democrática Popular da Coreia”, de 14 de Abril de 1965, com três doces talhas: independência política (“chaju”), sustentabilidade económica (“charip”) e auto-suficiência em defesa (“chawi”); enquanto o Oeste declinava: “The Decline of WesternCivilization” (1981): documentário sobre a cena punk de Los Angeles, no filme os X ► “Nausea”: “today you're gonna be so sick so sick / you'll prop your forehead on the sink / say oh christ oh jesus christ / my head's gonna crack like a bank”.
Intervalo para publicidade:Niilismo pop: a publicidade come-se a si mesma”: “George Orwell disse uma vez, ‘a publicidade é o chocalho de um pau dentro de um balde de lavagem’. Mas devido ao trabalho de agências como a Wieden + Kennedy ou a Crispin Porter + Bogusky (CP+B), tais declarações simplesmente não apelam aos criativos jovens adultos de hoje, que vêem a publicidade como um lugar puro para a sua competência. Mas a criatividade não é uma força que se pode usar para impingir objetos supérfluos a consumidores desinteressados – que requer repetição, persuasão e o poder dos média. A criatividade autêntica é inerentemente destrutiva, e os indivíduos verdadeiramente criativos, sempre, sem exceção, procuram destruir os meios (“mediums”) no interior dos quais trabalham. Com o afluxo de criativos na indústria, as agências abriram as suas portas a uma insurreição intelectual, cada inovação empurrando o meio (“medium”) para o limite. Esta é a essência da ‘destruição criativa’ de Joseph Schumpeter, exceto numa diferença fundamental: em vez de suplantar empresas ultrapassadas, os criativos ‘destrucionistas’ da publicidade irão forçar o seu meio no esquecimento. Este é o nascimento da era Dada da publicidade. (…). Eles são niilistas não apenas porque procuram destruir o significado da publicidade, mas também porque acreditam que a boa publicidade não precisa de ser uma força de repetição, que ela pode alcançar popularidade através da qualidade de conteúdo unicamente. Estes ‘niilistas-pop’ não querem vender merda aborrecida a uma classe emaciada de plebeus mortos cerebrais – querem criar um conteúdo envolvente que inspire diálogo entre as pessoas e as marcas com que elas se relacionam…”. ♦ iPhone, paródia aos apps para tudo de Adam Sacks: “escrevo coisas e faço vídeos que são (espero) engraçados” ♦ na batalha dos sexos, o cantor de Nashville Tracy Bird, pleiteia por um dos lados “The Truth About Men”: “Manslator” – o tradutor da linguagem das mulheres ♦ Sarah Haskins target mulheres: maridos aselhasAndrea Rosen anúncio Yoplait ♦ “That Mitchell and Webb Look” (série de TV inglesa) mulheres componham-se ♦  Cheerios, mulher: “que mais diz a caixa?”, homem: “cala-te Steve” ♦ Dodge Charger ♦ “Healthy Choice”, a atriz de “Seinfeld”, Julia Louis-Dreyfus, come como uma javarda ♦ Puro efeito Wonderbra Adão e Eva Barco NITRO Z-8 versus namorada. Danone Light & Fit Evian, a água que hidrata; bebés Evian de patins, o making ofVolvic filtrada por seis camadas de rocha vulcânica ♦ K-tel mood ringK-tel mood shirtBaby Laugh A-lotSegurança no trabalhoTema cereais ♦ “Anúncios sensacionais da imprensa” ♦ “Anúncios racistas vintage” ♦“Anúncios vintage mais assustadores” ♦ “Anúncios que são exercício em WTF” ♦ “Anúncios perturbadores vintage” ♦ “Top 10 dos mais sexy de todos os tempos”.

música:

S. E. Rogie – Sooliman Ernest “Rogie” Rogers (1926-1994) “era um guitarrista de palm wine (género musical inicialmente popularizado por Ebenezer Calendar & His Maringar Band, que se desenvolveu entre o povo Kru da Serra Leoa e da Libéria, que usava guitarras trazidas pelos marinheiros portugueses, combinando melodias e ritmos locais com calipso da Trinidad e música soca) e de highlife (género musical originado no Gana, no início do século XX, caraterizado por instrumentos de sopro jazísticos e múltiplas guitarras que lideram a banda) e cantor da Serra Leoa. Nasceu em 1926 e começou a atuar cedo, sustentando-se como alfaiate. Na década de 60, tornou-se músico profissional, cantando em quatro idiomas. Formou uma banda chamada The Morningstars em 1965”. “Entreteve milhões de pessoas nos continentes asiático, africano, norteamericano e europeu, com a sua bela e sedosa ‘dourada’ voz barítono e excelente toque de guitarra highlife antes do seu falecimento em 4 de Julho de 1994”, na Inglaterra, com 68 anos, pouco depois de o seu último álbum, “Dead Men Don’t Smoke Marijuana”, ser editado ► “Nor weigh me lek dat (woman to woman)” ♪ “I Wish I Was a Cowboy” ♪ “President Tubman’s Birthday Melody” ♪ “Easy Baby” ♪ “My Lovely Elizabeth” ♪ “Muyei Sierra Leone” ♪ “Do Me Justice”.
Salia Koroma “nasceu em Segbwema embora os seus pais tivessem vindo da região Kpa-Mende. Em jovem, o pai deixou-o ao cuidado da mãe, enquanto foi procurar fortuna noutros lugares. Salia estava ansioso para ir para a escola mas os seus tios, que eram responsáveis por ele, na ausência de seu pai, não estavam dispostos a mandá-lo para a escola. Em vez disso, mandaram os seus próprios filhos. O jovem Salia, portanto, partiu em busca do seu pai, que finalmente encontrou em Boajibu, na Chefia Sembaru. Ele expressou o seu desejo de educação e o seu pai prometeu que ele, de facto, ‘enviá-lo-ia para a escola’. Então, prosseguiu, dando-lhe um acordeão e disse, ‘esta é a tua escola’. No início, Salia ficou amargamente dececionado, mas perante a insistência do pai ele acalmou, para tocar o acordeão ‘para os guerreiros e não para os europeus’. A partir de então, Salia levou a sua ‘educação’ a sério. Através de trabalho duro, determinação e um talento poético inato, ele aprendeu sozinho a tocar acordeão. (…). Sempre em busca de conhecimento e fiel ao espírito dos menestréis, Salia estava constantemente em movimento. Terminou em Freetown onde ingressou na polícia da Serra Leoa até à eclosão da Segunda Guerra Mundial. Até hoje, Salia lembra-se claramente que o seu número na polícia, era o 377. Os seus deveres de polícia não o impediram de tocar o acordeão” ► “Bondo Gbakpa” ♪ “Salia Bondesia” ♪ “Fishing for Our Father V” ♪ “Yohmie”.
Heyden Adama Bangura “faz música pop da Serra Leoa, que ela descreve como música de salão com alguma anca. Ela canta em krio e inglês. Numa palavra, ela chama à sua música de festa”. Heyden resume-se: “nascida e criada no distrito de Kono, Serra Leoa. Primeira criança de três, vim para os Estados Unidos quando tinha 13 anos, através da adoção. Tenho estado a fazer música durante todo o secundário. Quando me formei comecei a escrever letras e escrevi a minha primeira canção ‘Apart from You’. Regressei a África pela primeira vez e gravei-a, e na segunda vez saí no início de 2010, gravei ‘Fit in Gebt’”. “Adoro moda. Passo modelos também, e as roupas e os sapatos são os meus melhores amigos! Gosto de vestidos maxi também mas o clima de Seattle não me permite vesti-los. Visto muito roupas desportivas. Eu nunca exagero, um par de jeans, sapatos sexy, uma blusa bonita, é suficiente. Adoro lenços também. Saias de cintura alta são tão bonitas”. {Modelo: 1,60 m, 50 kg, 86-71-81, sapato 39}. Intensificou o seu interesse pela música após a morte do irmão no ano passado: “quando o seu irmão morreu, ela converteu o que era apenas um hobby para ela, mas uma paixão real para o seu irmão, numa forma de o manter vivo”. {As suas canções favoritas}. {Site}. {Blog}. {Facebook}. {Vimeo} ► “Love Is Blind” ♪ “Nobody” ♪ sobre a modéstia há um provérbio krio: “se os teus inhames são brancos (isto é, de alta qualidade), deves cobri-los”, não aplicável aos inhames de Heyden, “Fit in Gbet”.