Pratinho de Couratos

A espantosa vida quotidiana no Portugal moderno!

sexta-feira, abril 19, 2013


Um ano na ópera

1982. Os dias do loureiro são corridos a perfumar as frontes dos heróis. Dias de loureiro metamorfose da ninfa Dafne. Seu pai, o rio-deus Peneu, seu corpo endurou em casca e galhos, pés sepultados na terra, num arbusto, o loureiro, sua virtude resguardando da paixão de Apolo que perdido, enfeitiçado, pelas diabruras de Cupido, abraça o tronco: “já que não podes ser a minha esposa serás a minha árvore” [1]. Desde esse dia as folhas de louro enfeitam as cabeças dos homens, – e da lenda de Apolo e Dafne desenterrou-se na casa de Jacopo Corsi no Carnaval de 1598 o tema para a primeira ópera [2]. As coroas de louro nas cabeças dos homens cativam viris iscas os amores femininos; outro assim através dos tempos: “a história de galantear os homens” - o emcee Akinyele ft. Kia Jefferies: “Put it in my mouth / She said put it in her mouth / I said my motherfuckin mouth / I mean her motherfuckin mouth” (1996) - homens-heróis [3], expulsam do Olimpo os deuses, e eles deuses e meio serão enredos para óperas; outro assado da brumosa anciã Álbion: “seis mitos sobre os pobres: que eles são preguiçosos, são viciados em álcool e drogas, não são realmente pobres, burlam o sistema, têm uma vida fácil e que causaram o défice” [4].
Portugal teve casa de ópera [5], desmoronou-se em sete meses, as operísticas personagens endógenas, essas, não ruíram, são mais que as cantoras carecas e do fragueiro bufam cosmopolitismo. Numa ópera lusa the important é o papelão e o vioxene dos cenários. Segunda-feira, 11 de outubro de 1982, o programa da RTP 2, “Clube de Imprensa”, transmite pelas 22:00 horas uma peça dramática desempenhada em canto de pardaloca, um debate entre Mário Soares e Álvaro Cunhal. “A pontualidade de Mário Soares, e que o próprio considerou de britânica, ficou demonstrada com a chegada do líder socialista aos estúdios do Lumiar às 21:11 horas. A acompanhá-lo, Isabel Soares, sua filha, José Manuel Santos, dos serviços de imprensa do PS e Jorge Lacão, chefe do seu gabinete. Primeira preocupação: as regras do jogo. Ainda Soares não tinha dado mais de dois passos e já falava a José Eduardo Moniz, que iria moderar o debate, da necessidade de se definirem as ditas regras. (…). Este tranquilizava-o, dizendo-lhe: ‘não se preocupe. Está tudo previsto, doutor’. (…). Álvaro Cunhal, sem pressa mas a horas, chegaria aos estúdios do Lumiar cerca de quinze minutos depois de Soares. Com ele, Victor Dias e Pina Moura, da CP do PCP”. “Terminado o debate, os humores de cada um deferiam dos iniciais. O líder socialista mostrava-se algo enervado, enquanto o líder comunista exibia uma beatitude serena”. Das palavras ditas, Soares: “Cunhal mete medo às pessoas. Fez mais pelo anticomunismo que Salazar e Caetano”; Cunhal: “apoiar a candidatura de Mário Soares a Belém? Não sei que bicharoco teríamos de engolir vivo para dar esse apoio” (era um sapo, engoliu-o, na 2ª volta da eleições presidenciais de 1986). Soares, intriguista como um Iago de Verdi, é essencialmente uma opereta, Natália Correia apelidava-o de “le roi soleil”, e Herman José bosquejava-o: “adora ver o povo bem tratado, mas adora ver os amigos com dinheiro” [6].
Quarta-feira, 1 de dezembro, Jorge Jardim “morre em Libreville, no Gabão, onde residia. Contava 64 anos e foi vítima de um ataque cardíaco quando participava numa reunião do Interbanque, de que era administrador”. Jardim era uma cortesã de Salazar que não se assoava nas camélias. Empossado em 16 de outubro de 1948 como subsecretário de Estado do Comércio e Indústria; num dia chuvoso, foi com António Castro Fernandes, ministro da Economia, a uma audiência com Salazar, no final, o presidente do Conselho inquire o jovem Jardim pela sua falta de sobretudo e chapéu. Responde-lhe que não usava, Salazar diz-lhe: “então passa a usar. Vá, tenha juízo, compre um”. E comprou. Uma remodelação ministerial trava-lhe a carreira política, discute com o novo ministro da Economia Ulisses Cortez e demite-se em 1952. Raspou-se para Moçambique, de Lourenço Marques escreveu a Salazar: “posta de parte a hipótese de aceitar uma ‘arrumação’, generosamente amiga, nos quadros oficiais ou de inspiração oficial, só me restava o caminho do ultramar”. No verão de 1952 administrava na Beira a filial da fábrica de fibrocimentos Lusalite, de Raul Abecassis. Para divulgar Moçambique criou o concurso local de misses: c/ Íris Maria de Jesus, miss Moçambique e miss Portugal 1972. Trocou centenas de cartas com Salazar contendo informações sobre África “que obtinha dos seus amigos poderosos (como Hastings Banda, líder do Malawi) e da rede de espionagem que criou naquele continente. Nas suas respostas, Salazar fazia sugestões e enviava roupa para os seus filhos recém-nascidos”, na revista Sábado n.º 448. Jardim teve 12 filhos, nove fêmeas: Patucha, Kanicha, Xenica, Carmo, Mituxa, Cinha, Luísa, Xandinha e Rosarinho, que se suicidou aos 33 anos. Em 1954 Jardim está infiltrado entre os canecos “para passar despercebido, pediu ao alfaiate do primeiro-ministro Nehru para lhe fazer um fato de cerimónias igual ao dele. Usou-o em jantares com indianos que defendiam a autonomia de Goa”. Reportou a Salazar: “tive de dominar muito os nervos para ouvir as coisas mais desagradáveis a nosso respeito (…) quando tinha vontade de os desancar a cavalo-marinho” [7].
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[1] “Metamorfoses” do poeta latino Ovídio: “Diz-lhe o deus: já que não podes ser a minha esposa, / serás a minha árvore, sempre a terei / nos cabelos, na cítara e aljava, ó loureiro; / entre os chefes do Lácio ouvirás os alegres / cantos e as triunfais pompas no Capitólio. / Serás fiel guardiã do palácio de Augusto, / e às portas estarás protegendo o carvalho; / como jamais corto os cachos juvenis, / com perpétua folhagem, serás sempre honrada. / Peã calou-se, e, inclinando a copa, feito / fronte, o loureiro, com seus ramos, anuiu”.
[2] O primeiro é sempre uma paragem arqueológica. Sobre a primeira ópera: “a resposta dos manuais é fácil. A primeira ópera foi ‘Dafne’, tocada pela primeira vez em 1598 durante o Carnaval na casa de Jacopo Corsi (m. 1604) em Florença, música de Corsi e Jacopo Peri (1561-1633), libreto de Ottavio Rinuccini (1562-1621). (…). A partitura não sobreviveu”. Antepassados da ópera foram os intermezzi. “No espírito da Renascença, peças romanas eram representadas nas ocasiões festivas nas cortes dos príncipes italianos. Talvez demasiado pesadas para alguns dos convidados. Era costume ter entretenimentos mais luxuosos (intermezzi ou peças intermediárias) entre os actos, com efeitos cénicos espetaculares, bonitos figurinos e muito cantar e dançar. (…). Os primeiros intermezzi preservados para a prosperidade foram tocados para celebrar um casamento na corte dos Medici em Florença”, na História da Ópera. Intermezzi de Girolamo Bargagli “La Pellegrina” para o casamento entre Ferdinando I de Medici e Cristina de Lorena, dia 2 de maio de 1589.
[3] Nem Péricles, nem Cícero, nem Napoleão, os heróis do Iluminismo mesmo iluminado são economistas. “A questão social não pode ser iludida, e eu julgo também que, embora não possa ser, não deva ser iludida, não nos deve obscurecer, digamos, a nossa clarividência. Ou seja, não podemos pelos nossos sentimentos cristãos e pela nossa pela nossa compaixão pelos mais pobres e pelas pessoas que mais sofrem, e isso eu julgo que não podemos estar a medir-nos desse ponto de vista, isso não nos deve obscurecer, digamos, a clareza do raciocínio. Ou seja, eu julgo que há um lugar para discutir a forma de distribuição da austeridade, ou seja, é necessário fazer cortes, é necessário reduzir o consumo, isso para mim é evidente, porque o nosso consumo é exagerado face à nossa produtividade, face ao nosso PIB, o consumo tem que ser reduzido. Tem vindo a ser reduzido mas tem que ser reduzido ainda ain ainda mais. Agora, outra coisa é nós discutirmos entre nós quais são as classes sociais, quais são as esferas da sociedade que devem ser mais afetadas e provavelmente haverá lugar à discussão e eu poderia entrar nisso nou noutra ocasião, sobre a justiça e sobre a forma como isso está-se a fazer. Uma coisa é, como redistribuir como distribuir a austeridade, outra coisa é a necessidade de a fazer. Ou seja, são duas coisas diferentes. O consumo face às nossas necessidades de desenvolvimento tem que ser reduzido, claramente. Nós temos que ter mais exportações, temos que ter mais capital acumulado (…) se nós consumimos demasiado, acumulamos pouco capital”, Avelino de Jesus, no programa da tvi24 “Olhos nos olhos” (2013). 
[4] Épica ópera moderna “Anna Nicole”. “A vida de Anna Nicole Smith, a ex-coelhinha da Playboy, morta em 2007 por um cocktail letal de drogas, advém uma ópera. O espetáculo, que será encenado na Royal Opera House de Londres em Fevereiro de 2011, é esperado como um dos ‘maiores do calendário artístico do Reino Unido’, é assinado pelo compositor Mark Anthony Turnage e pelo escritor Richard Thomas. Na estreia será protagonista a soprano Eva Maria Westbroek”. – Anna Nicole Smith, 1,80 m, 64 kg, 97(realidade aumentada c/ silicone)-66-97, sapato 42, olhos cor de avelã, sovacos barbeados, pêlos púbicos aparados, morto, seu corpo, valorizou-se: “Larry Birkhead pagou quase 3000 dólares num leilão (2008) por lingerie usada pela sua falecida ex, Anna Nicole Smith, numa produção da Playboy. Birkhead explicou que pagou 1800 dólares por um corpete cor-de-rosa e 1000 por uma combinação branca, porque ele queria dar à sua filha de um ano de idade, Dannielynn, uma lembrança da mãe”. Anna Nicole sofreu agruras de heróis trágicos: “Daniel, 20 anos, morreu de overdose acidental nas Bahamas em setembro de 2006, apenas três dias depois de a sua mãe, Anna Nicole, dar à luz a sua filha Dannielynn”. E o cadáver de Anna dinamizou a indústria advocatória: “Stern, 40 anos, parceiro de longa data de Smith e o advogado, compareceram diante do juiz (2009) sob acusação de conspirar com dois médicos para fornecer drogas a Smith antes da sua overdose fatal em 2007”. A “acusação apresentou uma gravação como prova de que Howard K. Stern e dois médicos [Khristine Eroshevich, 61 anos, Sandeep Kapoor, 40 anos] conspiraram para manter Anna Nicole Smith num torpor narcótico dois anos antes da sua morte. (…). Stern gravou o vídeo de 45 minutos na casa de Smith nas Bahamas a 12 de agosto de 2006, na festa de aniversário dos nove anos de Riley Shelley, a filha de um amigo”. – Corpo de Anna no cinema: “The Hudsucker Proxy” (1994); “Naked Gun 33 1/3: The Final Insult” (1994); “To the Limit” (1995); “Skyscraper” (1996); “Anna Nicole Smith: Exposed” (1996); “Wasabi Tuna” (2003); “Be Cool” (2005) e o póstumo “Illegal Alliens” (2007). Corpo de Anna nos videoclipes: Brian FerryWill You Love Me Tomorrow” (1993); SupertrampYou Win, I Lose” (1997); e cantou, letra e música de Cole Porter, vídeo filmado em França por Nicolai Lo Russo, “My Heart Belongs To Daddy” (1997).
[5] A Real Ópera do Tejo, capacidade: 600 pessoas, entre plateia e 48 camarotes. Ou Teatro Real do Paço da Ribeira, obra do arquiteto italiano Giovanni Carlo Galli da Bibbiena, paga pelos cofres de D. José. Situado entre a praça do Comércio e o cais do Sodré, foi inaugurado dia 31 de março de 1755, com uma superprodução que teve 25 cavalos em palco, “Alessandro nell’Indie”, composta por David Perez, Mestre de Capela e professor de princesas reais, a viver em Lisboa desde 1752, com libreto de Pietro Metastasio. A programação do teatro ainda propiciou aos cultos nobres de Portugal mais duas óperas: a 6 de junho “La clemenza di Tito” e “Antigono” a 16 de outubro, compostas durante a sua permanência em Lisboa, por Antonio Mazzoni, libretos de Pietro Metastasio. No dia 1 de novembro de 1755 pelas 09:45 Lisboa treme, o terramoto estremeceu o coração de Voltaire em Paris e na devastação o fausto foi-se por esse rio abaixo, sobejaram apenas as pedras derribadas da Real Ópera do Tejo.
[6] Antes dos amigos está a própria pele. Em fevereiro de 1975, Álvaro Cunhal precipitava uma política de esquerda: “se formos ver as conclusões das comissões, quase todas elas concluíram pela necessidade de nacionalizações”. “Na ordem de trabalhos, está inscrito ainda outro assunto mais, e esse assunto adquire, no momento em que vivemos, um profundo significado para os trabalhadores rurais: é a reforma agrária. A liquidação dos latifúndios tornou-se um objetivo profundamente sentido pelas mais amplas massas trabalhadoras”. Em 19 de maio, Raul Rêgo, acusado de transformar o jornal República, no órgão oficioso do Partido Socialista, é expulso da direção pelos trabalhadores. Mário Soares lucra: “a ocupação do República jogou, nessa mutação psicológica, um papel decisivo: a história do assalto ocupou as primeiras páginas dos principais jornais internacionais, foi a primeira grande ‘campanha de alarme’ tocada no exterior, anunciando que a democracia portuguesa estava em perigo”. Com o país na rota da esquerda, a direita amotina-se, incendiando sedes do PCP sob a sotaina do cónego Melo, um padreca bombista, que lutava contra “os inimigos da Pátria”, os comunistas, coadjuvado pelo MDLP (Movimento Democrático de Libertação de Portugal), cujos operacionais escondera num seminário de Braga. Era o Verão Quente de 1975.
Mário Soares declarava, politicamente: “o PS não tem armas e não tem a vocação de formar milícias armadas”. Verdadeiramente: “no dia 25 de novembro de 1975, o então tenente-coronel Ramalho Eanes mandou entregar aos elementos de ligação no PS um lote de 150 espingardas automáticas G3, para o que desse e viesse. Edmundo Pedro, um dos dirigentes socialistas ligado ao setor da ‘segurança’, recebeu nesse dia, ‘de Manuel Alegre, a indicação para ir ao Centro de Instrução de Artilharia Antiaérea e de Costa, a Cascais, receber as 150 G3’. A entrega foi discretamente feita pelos militares pouco depois da meia-noite e Edmundo recebeu instruções de um dos oficiais que lhe entregaram as G3 para não revelar ‘a quem quer que fosse a origem das armas’ e para ‘apagar o número identificador gravado nas espingardas metralhadoras’”, no jornal O Diabo, nº 1880. Edmundo transporta-as para a sede nacional do PS em Lisboa: “tinha muita gente à minha espera. A maioria dos que ali se encontravam tinha sido avisada pela rede partidária do setor de segurança que eu estava a chegar com a encomenda que lhes era destinada”. Mário Soares antes mexera cordelinhos: “pouco antes do 25 de novembro entrevistei-me, na Grã-Bretanha, com [James] Callaghan, a quem disse que ia produzir-se um golpe comunista e que era preciso contra-atacar. Os Nove e os que organizavam a resistência tinham medo de que não houvesse suficiente gasolina no país, nem bastantes armas. Callaghan enviou-me um oficial do serviço de espionagem britânico, que pus em contacto com os Nove [Melo Antunes, Vasco Lourenço, Sousa e Castro, Vítor Alves, Pezarat Correia, Franco Charais, Canto e Castro, Costa Neves e Vítor Crespo]. A sua missão era estudar a maneira como nos poderia ajudar a Inglaterra nas primeiras horas, no caso de o país ficar dividido ao meio. No estudo da situação, chegou-se à conclusão de que eles nos fariam chegar armas ao norte, no caso de ser necessário”.
“Em 1975, durante um jantar na embaixada alemã em Washington, Willy Brandt procurou convencer Kissinger de que Portugal não era uma causa perdida. Um dos convivas presentes nesse jantar descreveu esta troca de informações. Kissinger começou por traçar o seu cenário pessimista, afirmando que a única forma de travar a maré comunista seria com o envio de marines. Segundo nos confidenciaram, Brandt teria retorquido: ‘Henry, por favor, deixa serem os europeus a tratar do assunto, nós saberemos lidar com ele e sairemos vitoriosos’. Irritado, Kissinger replicou que Brandt não percebia a realidade portuguesa. Portugal está perdido. Foi-nos dito que Brandt o contrariou, afirmando: ‘que mesmo que seja a última coisa que os sociais-democratas façam na Europa, fá-lo-ão: salvaremos Portugal’”, Juliet Antunes Sablosky, em “O PS e a transição para a democracia em Portugal”.
O Regimento de Comandos da Amadora de Jaime Neves, coronel promovido a antifascista, arrefeceu o verão quente. E as fuscas do PS não deram um tiro. Foram arrecadas num armazém da empresa de eletrodomésticos de Edmundo. No dia 11 de janeiro de 1978, a Guarda Fiscal intercepta na zona de Almada uma carrinha com 36 armas, Edmundo supervisionava a sua devolução aos militares, atrás, no seu carro, intrépido, responsabiliza-se pelo carregamento e é preso. “O dirigente socialista e presidente do conselho de administração da RTP Edmundo Pedro foi detido no decurso de uma operação desencadeada pela Guarda Fiscal. Fonte próxima de Edmundo Pedro disse que a prisão teve lugar às 13 horas. Sabe-se, igualmente, que a Guarda Fiscal estava há cerca de uma semana para desencadear esta operação, esperando que a Polícia Judiciária a dirigisse”. Seria um caso de contrabando de eletrodomésticos, junto com as G3 estavam alguns gira-discos, que depois se provou estarem legalizados, outra detenção fora a sobrinha, Adelaide Pedro, gerente da Tecno-Bazar, na rua Oliveira Martins, 41-C, Lisboa. No dia 12, de manhã, o Secretariado Nacional do PS conjurar-se na casa de Mário Soares no Campo Grande para o comunicado de ratos a abandonar o navio: G3? “decerto relacionadas” com tarefa “antifascista” e “antitotalitária” de Edmundo, “o Secretariado Nacional do PS, independentemente da solidariedade que, no plano pessoal, deve a Edmundo Pedro, não pode deixar de reprovar, no plano político, um comportamento de que não tinha conhecimento e a que é absolutamente alheio”. Caía Edmundo como contrabandista para não manchar outras reputações. Ramalho Eanes era presidente da República e Mário Soares primeiro-ministro.
Edmundo Pedro cumpriu “seis meses de vexatória prisão condicional” de bico calado. Manuel Alegre e Tito de Morais visitam-no. “Não tinham vindo visitar-me para me apoiarem moralmente e para me comunicarem que iriam assumir, perante o juiz, as suas próprias responsabilidades. Tinham vindo para se eximirem a elas, deixando-me mais afundado do que estava. O principal objetivo da visita era, afinal, convencer-me a não referir o nome de Manuel Alegre no processo que me estava a ser instaurado”. O seu amigo Manuel Alegre temia o cárcere: “Edmundo, espero que não fales de mim (…). Não queres que eu seja preso, pois não?”. O PS pagou advogados caros Francisco Sousa Tavares e Proença de Carvalho. “Sousa Tavares tinha acompanhado de perto a entrega das armas aos socialistas e era membro do PS”. Aconselharam-no a contar toda a história ao juiz, Edmundo não se chibou. Escreveu nas suas “Memórias, um combate pela liberdade, III volume”: “se tivessem reivindicado a legitimidade da posse das armas, esclarecendo que, tendo deixado de ser necessárias, estavam a ser por mim recolhidas para serem devolvidas às Forças Armadas, todo o desenvolvimento do processo teria sido outro”. Muitos anos depois, almoça com Ramalho Eanes no hotel Altis, descreve-lhe o seu currículo, dez anos no Tarrafal, participação no 25 de novembro, porque raio o então presidente da República lhe negara a condecoração da Ordem da Liberdade? Eanes faz-se desentendido: “peço-lhe desculpa pela decisão que então tomei. Estava mal informado. Ninguém nem no seu partido, nem no Governo, desmentiu essas versões altamente caluniosas”.
[7] “Quando vivia em Lisboa, era habitual ir no dia 13 de cada mês a Fátima com o amigo Baltazar Rebelo de Sousa, pai de Marcelo. Partiam depois do jantar e à meia-noite estavam na capela das Aparições a rezar”. Depois do 25 de abril, foi emitido um mandado de captura contra ele, refugiou-se na embaixada do Malawi, na rua dos Navegantes, na Lapa. Vinte e três dias depois, às 05:32 do dia 13 de junho de 1974, retirou a cavilha de uma granada ofensiva, “disposto aos últimos extremos”, e fugiu para Espanha. João Braga, um berrador de fado, também escapulido de Portugal e a conspirar em Espanha, recebeu um telefonema de Jardim: “yo soy el comandante Pereira y quería hablar com usted”. Marcaram no estacionamento do prédio no centro de Madrid onde vivia Braga: “parecia um mexicano. Tinha um bigodinho, o cabelo muito empastado e usava botas de tacão alto”. Seriam dois parceiros na maquinação para retroceder a rota de Portugal. “Com medo de estar a ser vigiado, Jardim entrava no rés-do-chão de João Braga em Madrid pela varanda”. “Numa noite, sentados numa das mesas de gamão de uma discoteca, Jardim contou-lhe o seu plano: pegar fogo às 318 sedes de partidos do que chamava ‘esquerda radical’, da Lourinhã até São Pedro da Torre, durante o verão quente de 1975. João Braga tornou-se operacional desse plano, mas Jardim não chegou a entrar em Portugal”, na revista Sábado, n.º 448.
“Jardim passaria os seus últimos anos no Gabão como banqueiro associado do presidente Omar Bongo. (…). O banco tinha alguns problemas de capitalização e, talvez por isso, o seu médico e amigo Carlos Graça [foi primeiro ministro de São Tomé] sentia-o angustiado. (…). Jardim estava numa reunião com o seu filho Carlos Frederico e caiu com a cabeça sobre a mesa”. Morreu. Com descendência certificada. Filha de Cinha, a sua neta Pimpinha Jardim: “quando estou grávida fico com o olfato superapurado, pareço um cão de fila lá em casa”.

na sala de cinema

Roba da ricchi” (1987), realização Sergio Corbucci, filme com três pares de hipertrofiadas glândulas mamárias all’italiana [1]: Serena Grandi, 1,70 m, 100-60-100, sapato 35, olhos cor de avelã, cabelo castanho, corpo laureado “em virtude do seu compromisso com a implementação dos ideais mais nobres e valores da vida, confere-se a nomeação de académico honoris causa a Serena Grandi[2]; Laura Antonelli 1,72 m, 58 kg, 91-58-88, sapato 38, olhos cor de avelã, cabelo castanho, corpo subestimado: “sou baixa, um pouco magra e tenho as pernas bastante curtas, quem sabe porque agrado?”. [3]; Francesca Dellera, 90-58-90, olhos castanhos, cabelos castanhos, corpo esfaimado: “às vezes acho que gostaria de dois homens, um não é suficiente” [4]. Dédalo: “sob o pano de fundo de Monte Carlo desenvolvem-se três histórias diferentes. 1ª história: Attilio Carbone (Paolo Villaggio) é um empregado trapalhão de uma seguradora, que foi despedido por ter aceitado o seguro de um cão, contra os danos causados pelo animal. Encontra Dora (Serena Grandi), que o vai convencer a vender ao marido (Maurizio Micheli) um seguro de vida e depois matá-lo, dividindo ambos o dinheiro. 2ª história: o ‘commendator’ Aldo Petruzzelli (Lino Banfi) é um rico empresário que não hesita em trair a mulher Mapi (Laura Antonelli), com diferentes mulheres. Ao reunir-se com a família em Monte Carlo, descobre que a esposa perdeu a cabeça por Napoleon (Maurizio Fabbri), um músico de rua; a conselho médico (Milena Vukotic) e para vencer a depressão, aceita reunir-se com a mulher e o amante desta. 3ª história: ‘Don’ Vittorino (Renato Pozzetto) é um sacerdote que, de volta de uma viagem a Lourdes com alguns paroquianos, é retido em Monte Carlo por ser a cópia exata do homem que perturba os sonhos da princesa Topazia (Francesca Dellera). Sobre pressão do futuro marido desta, de um monsenhor (Vittorio Caprioli) e do próprio Papa João Paulo II, é obrigado a concordar em fazer-se passar pelo tal homem que aparece nos sonhos da princesa”.
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[1] E uma ainda adolescente Claudia Gerini, 1,68 m, 86-55-86, olhos verdes, cabelo castanho. Em 1985, aos 13 anos, vence o concurso de beleza Miss Teenager. Esse corpo insuflará para filmes como: “Padre e figlio” (1994); “Sono pazzo di Iris Blond” (1996); “Il gioco” (1999) c/ Susan Lynch; “Desafinado” (2001) c/ Ariadna Gil; “Non ti muovere” (2004); “Viaggio segreto” (2006); “La sconosciuta” (2006); “Una famiglia perfetta” (2012). Claudia também é cantora “Maniac” ♫ “Teorema”; e dança no varão embalada por “El tango de Roxanne” da banda sonora do filme “Moulin Rouge”, no programa de variedades da RAI 1, “Riusciranno i nostri eroi” (2013).
[2] Serena Grandi “é o nome artístico de Serena Faggioli nascida em Bolonha a 23 de março de 1958. Formada em programação de computadores, ela foi inicialmente empregada num laboratório de análise científica. Começou a sua carreira na representação em 1980 interpretando um papel secundário na comédia ‘La compagna di viaggio’ de Ferdinando Baldi. Antes tivera uma breve aparição no filme ‘Ring’ (1978) de Luigi Petrini. No mesmo ano de 80, sob nome de Vanessa Steiger, fez o papel de Maggie no controverso filme ‘Antropophagus’, realizado por Joe D’Amato. (…). Depois de vários papéis menores ganhou o papel principal em ‘Miranda’ (1985), de Tinto Brass, que lhe deu estatuto de sex symbol na sua nativa Itália e lançou-a no caminho do estrelato”. Serena noutros filmes: “Desiderando Giulia” (1985), inspirado no romance Selinità de Italo Svevo, que Mauro Bolognini traduziu numa versão mais literal no filme “Selinità” (1962) c/ Tony Franciosa e Claudia Cardinale; “La signora della notte” (1985), “Simona, uma jovem professora de aeróbica, descobre os prazeres do sexo extraconjugal, mas acaba por regressar para o marido para um final, católico, reprodutivo, para em nome do amor verdadeiro terem um filho. O único objetivo do filme é mostrar a abundante Serena Grandi a lidar com variados e fogosos amantes. Assinala-se uma masturbação com o cano de uma arma”; “The Adventures of Hercules” (1985) c/ Lou Ferrigno, o Hulk na série de TV “The Incredible Hulk” (1977-1982); “Rimini Rimini” (1987), realizado por Sergio Corbucci, várias histórias de engano e sedução entrelaçam-se em Rimini. “Ermenegildo Morelli (Paolo Villaggio) é um juiz em férias, severo defensor dos bons costumes e absolutamente contra a pornografia, é seduzido por Lola (Serena Grandi), e por ela começa a fazer loucuras. O objetivo de Lola é vingar-se dele porque no passado ele tinha-a fechado num local rígido”. Diálogo no filme - médico: “você viu um gato sem olhos, negro, encaracolado, peludo… não compreendo!”, Gildo: “doutor, o gaaato era um… um ‘acessório’… de uma mulher nua”; “L’iniziazione” (1986), da novela “Les exploits d'un jeune Don Juan” (1911) de Guillaume Apollinaire, com a estreia cinematográfica de Virginie Ledoyen aos 10 anos de idade; “L'insegnante di violoncello” (1990), “chega o verão e, para escapar ao tédio, um jovem de boas famílias decide ter aulas de violoncelo”; “Monella” (1998), realização Tinto Brass, c/ Anna Ammirati, Edith Rozanyai, Serena Grandi, Francesca Nunzi… “O filme passa-se na Itália dos anos 50, mais precisamente numa pequena cidade na fronteira com a província de Emilia Romagna e perto de Véneto, para ser exato estamos em Pomponesco, e narra a história de Lola, uma rapariga muito sexy, que está preste a casar com Masetto, padeiro ciumento, que decidiu ‘respeitá-la’, sendo a moça ainda virgem”. “Brass encontrou a sua protagonista, Anna Ammirati, quando acidentalmente chocou nela com o carro enquanto ela andava de bicicleta. Embora saísse ilesa, Anna disse na brincadeira a Tinto que a menos que ele a contratasse para seu último filme, ela denunciá-lo-ia à polícia”. Anna cantou para a banda sonora “Monella”, música Pino Donaggio, letra Tinto Brass. – O título do filme repetiu no grupo italiano de rockabilly Go-Go Monellas.
[3] “A trajetória de Laura Antonelli declina bruscamente na noite de 27 de abril de 1991, quando são encontrados na sua vivenda em Cerveteri 36 gramas de cocaína depois de uma rusga motivada por uma denúncia anónima. A atriz é presa alguns dias e colocada sob prisão domiciliária. É condenada em primeira instância a 3 anos e 6 meses de cadeia por tráfico de droga. Em 2000, após nove anos de recursos, o tribunal da relação de Roma retém a acusação de posse para uso pessoal mas não a de tráfico de droga. Laura Antonelli é absolvida de todas as acusações contra ela. (…). Durante a preparação de ‘Malizia 2000’ (1991), Laura Antonelli submeteu-se aos cuidados de um cirurgião plástico que lhe injeta colagénio na cara para esconder algumas rugas, mas o efeito, inesperado e dramático, provoca-lhe uma alergia grave que deixa sequelas mais ou menos irreversíveis. Uma ação cível opõe a atriz e o cirurgião. Depois de treze anos de litígio, o tribunal de Roma rejeita o seu pedido de danos e prejuízos e acorda que os distúrbios dermatológicos sofridos por Laura Antonelli não são devidos à injeção de substâncias, mas a uma reação alérgica chamada edema de Quincke. Por conseguinte, as acusações contra o cirurgião são arquivadas, assim como sobre o produtor e realizador processados eles também por a terem forçado a seguir o tratamento. A lentidão excessiva da justiça provocou um estado de sofrimento mental profundo em Laura Antonelli que é admitida no manicómio de Civitavecchia, o que leva os seus advogados a acusar o ministério da Justiça e a exigir uma justa reparação do Estado italiano pelo prejuízo sofrido. O desgastante processo judicial termina finalmente. O tribunal da relação de Perugia, por despacho de 23 de maio de 2006, reconhece uma compensação de 108 000 euros, correspondentes aos prejuízos sobre a sua saúde e a sua imagem”. Luchino Visconti catalogou-a “a mais bela mulher do universo”, entre 1972 e 1980 Jean-Paul Belmondo circum-navegou-a, em 1980 a Playboy italiana paginava-a. O implacável tempo retalhou-a: “hoje eu não preciso de dinheiro, vivo com pouco, leio, rezo e faço o bem”, vive com 510 euros de pensão. Laura gravou alguns anúncios da Coca-Cola para o programa de TV “Carosello” (1957-77), fotografou-se para as difundidíssimas fotonovelas, e estreia-se no cinema em pequenos papéis como em “Il magnifico cornuto” (1964) ou “Le sedicenni” (1965). Outros filmes: “Le spie vengono dal semifreddo” (1966), Franco Franchi e Ciccio Ingrassia contra ameaças ao Ocidente e aos generais da NATO; “Venere in pellicia” ou “Le malizie di Venere” (1969), o filme, uma transcrição demasiado literal da novela “A Vénus das peles” (1870) de Leopold Sacher-Masoch, foi “lançado na Alemanha em 1969 sob o título ‘Venus im Peltz’, na Itália, o filme não passou na censura por causa das cenas de sexo consideradas demasiado escabrosas. A película, despojada das cenas mais fortes, foi reintroduzida em 1973 sob o título ‘Venere nuda’, mas esta versão cortada foi proibida e a obra não foi distribuída nas salas de cinema. O filme poderá sair nos cinemas italianos, em formato altamente censurado e alterado, apenas em 1975 sob o título ‘Le malizie di Venere’ (título concebido propositadamente para aproveitar a onda de popularidade que colheu Antonelli depois do sucesso de ‘Malizia’ dois anos antes)”; “A Man Called Sledge” (1970), um western spaghetti c/ James Garner; “Incontro d’amore a Bali” (1970), “realizado por Ugo Liberatore em 1970, com o título emblemático de ‘Bali’, por insucesso comercial, foi relançado nos cinemas em 1972 com o título de ‘Incontro d’amore’ e ainda mais tarde como ‘Incontro d’amore a Bali’. O projeto inicial de 1970 manteve a estrutura geral, mas adicionou-se a sequência de abertura do filme dirigida por Paolo Heusch que, em teoria, devia ser usada para completar o enredo, mas realmente acrescentando pouco ao filme, exceto o elemento dúbio representado pela presença de algumas cenas de nudez rodadas por Ilona Staller, com o pseudónimo de Elena Mercury”; “Il merlo maschio” (1971), “situado na cidade de Verona, em particular no ambiente da Orquestra Filarmónica da Arena, conta a história do frustrado violoncelista Niccolò Vivaldi (Lando Buzzanca), bloqueado na sua carreira e negligenciado pelo seu maestro, que começou a fotografar a sua amantíssima esposa, a cantora Costanza (Laura Antonelli), em poses cada vez mais ousadas, para depois mostrar as imagens, primeiro, ao melhor amigo Cavalmoretti (Lino Toffolo), e depois aos colegas, num crescendo de exibicionismo que a levará ao nu integral (aparentemente casual) diante de toda a plateia da Arena durante a representação da Aida”; “Trappola per un lupo” (1972), de Claude Chabrol, “o dr. Paul Simay (Jean-Paul Belmondo), médico de província, sedutor inescrupuloso de mulheres feias, porque são as mais fáceis, diz ele, trai a sua feia mulher Christine Dupont (Mia Farrow), com quem casou para impulsionar a sua carreira, com a bela irmã dela, Martine (Laura Antonelli). Acabou com as pernas partidas no hospital devido a um acidente de viação, quando um médico amigo, o dr. Berthier (Daniel Ivernel), lhe diz que perdeu a virilidade, tenta o suicídio. Ajuda-o a mulher que confessa ser amante do seu amigo”; “Malizia” (1973), de Salvatore Samperi, “Acireale, final dos anos 50. O industrial têxtil Ignazio La Brocca, viúvo com três filhos para criar, encontra na empregada doméstica Angela La Barbera, contratada pela defunta esposa e que chegou no dia do funeral, a mulher ideal para casar, um perfeito anjo do lar, de maneiras modestas e mamalhuda”. Samperi falhou o mesmo sucesso comercial com uma replicação de argumento e atores em “Peccato veniale” (1974); “Sessomatto” (1973), filme de Dino Risi em vários episódios sobre sexo e perversões sexuais; “Mio Dio, come sono caduta inbasso!” (1975), “na Sicília, no início do século, Eugenia di Maqueda (Laura Antonelli) e Raimondo Corrao, marquês de Maqueda (Alberto Lionello), depois de se casarem descobrem na noite de núpcias que são irmãos, o que impossibilita a consumação do matrimónio. Por questões de herança e decoro da casa, os dois decidem não revelar a ninguém a verdade. Perante todos representam o papel de marido e mulher, mas na sua intimidade vivem em absoluta castidade como irmão e irmã. Mas as necessidades carnais da bela Eugenia, ainda virgem, são cada vez mais prementes”; “Divina creatura” (1975), “na alta sociedade de Roma nos anos 20, o duque Daniele di Bagnasco (Terence Stamp) é um dos homens mais proeminentes, brilhante e charmoso conquistador de corações femininos. Quando se arrebata pela burguesa Manuela Roderighi (Laura Antonelli), compartilhando-a e depois roubando-a ao seu ingénuo namorado Martino Ghiondelli (Michele Placido), aquela que deveria ser apenas a sua enésima aventura de curta duração, transforma-se numa paixão ardente, submetida a dura prova quando ele descobre que esta senhora frequenta habitualmente o bordel da infame sra. Fonés (Doris Duranti), e sente-se atormentado, perguntando-se se ela corresponde verdadeiramente aos seus sentimentos”; “L’innocente” (1976) de Luchino Visconti, “na Roma de Umberto I, em 1891, o aristocrata Tullio Hermil (Giancarlo Giannini) não tem escrúpulos em expor publicamente a sua relação extraconjugal com a condessa Teresa Raffo (Jennifer O’Neill). A dócil esposa Giuliana (Laura Antonelli) parece resignada a uma convivência limitada à ‘estima e respeito’ recíproco”; “Mogliamante” (1977), “no início do século XX, Luigi De Angelis (Marcello Mastroianni), rico comerciante de vinhos da província de Véneto, tem uma esgotada relação conjugal com a mulher Antonia (Laura Antonelli), que sofre de distúrbios histéricos e está acamada com calmantes e soníferos. Num período de acesa disputa política, ninguém suspeita dele como anarquista e autor (sob o pseudónimo de Ulisse) de opúsculos clandestinos incitando à revolta. Testemunha involuntária de um homicídio, Luigi acredita ser procurado e é forçado a esconder-se no sótão da casa de seu primo Vincenzo (Gastone Moschin). O desaparecimento do marido obriga Antonia a vencer a sua doença imaginária e a cuidar dos negócios da família: na charrete, começa por dar uma volta pelos clientes e, no decorrer destas visitas, não só descobre as simpatias anarco-libertárias de Luigi, mas também as suas relações extraconjugais”; “Casta e pura” (1981), “Antonio (Fernando Rey) é o marido de uma rica herdeira que, pouco antes da morte da mulher, compreendendo os riscos de ser expulso do património, convence a moribunda a pedir um voto de castidade à jovem filha Rosa, de modo a que esta não pudesse casar até à morte do pai”; Porca vacca” (1982), “Primo Baffo (Renato Pozzetto) é uma espécie de cantor de cabaré que entretém o povo com canções e sátiras durante a guerra. Faz de tudo para evitar ser recrutado para a guerra. Todavia, no final do último espetáculo, é levado à força diante do coronel para o alistamento. Primeiro finge ser homossexual para esquivar a incorporação, mas o coronel mete-o na ordem pedindo-lhe para inserir um dispositivo no reto para provar a sua homossexualidade. No dia seguinte, Primo Baffo parte para a frente, mas depois de alguns quilómetros de patrulha numa aldeia cruza-se com uma rapariga indigente chamada Marianna (Laura Antonelli) que, seduzindo-o, despe-o, e ajudada pelo cúmplice Tomo Secondo (Aldo Maccione) rouba-lhe toda a roupa e objetos pessoais”; “La venexiana” (1986), de Mauro Bolognini, “no século XVI, em Veneza, decorrem as festas. Angela (Laura Antonelli), uma bela viúva, está mal de amores. Durante um passeio de gôndola apercebe-se de um belo jovem, Jules (Jason Connery, filho de Sean Connery e da falecida atriz australiana Diane Cilento), que erra nas estreitas ruas. Ela cai no seu feitiço. Nessa noite, durante uma procissão, este belo estranho apaixona-se perdidamente por Valeria (Monica Guerritore), uma outra mulher soberba”. – Laura Antonelli tem uma sósia, Kristen Pyles i. é. Hailee Rain, 1,70 m, 52 kg, 88-60-88, sapato 37,5, olhos azuis, cabelo castanho, nascida dia 18 de março de 1991, modelo de Nova Iorque, foi Cyber Girl em março de 2011. Kristen diz: “estou apenas a divertir-me e a viajar por aí. Estou a conseguir papéis em filmes em Atlanta, eles são pequenos, mas quem sabe onde eles levarão!”. “Gosto de namoriscar, sou muito sociável e divertida. É difícil não me notar!”.
[4] Francesca Dellera nascida na província de Latina, Lazio, dia 2 de outubro de 1965, “concluído o liceu muda-se para Roma onde começa a trabalhar como modelo. A sua beleza física, nesta fase da sua carreira, aterrou-lhe a imagem nas capas de publicações nacionais e internacionais. Foi fotografada pelos maiores nomes da fotografia, incluindo Helmut Newton, Dominique Isserman, Greg Gorman, Michel Comte, André Rau, Annie Leibovitz e muitos outros”. Alguns filmes: “Grandi magazzini” (1986) ainda como Francesca Cervellera, c/ Laura Antonelli, Simonetta Stefanelli, Ornella Muti, Eva Grimaldi e a Sabrina Salerno como larápia de roupas; “Capriccio” (1987) de Tinto Brass. Francesca: “eu não tinha 20 anos ainda. ‘La Chiave’ (1983) tinha acabado de sair, um grande sucesso, e toda a gente queria o papel principal no novo filme. Eu fui escolhida numa discoteca e convocada para um teste. Sendo anarquista, não levei o assunto muito a sério e continuei a dormir. Eles ligaram-me outra vez. Eu fui sem grande entusiasmo”; “La romana” (1988), mini-série televisiva do romance de Alberto Moravia realizada por Giuseppe Patroni Griffi. Na “La romana” cinematográfica (1954) de Luigi Zampa, uma macia Gina Lollobrigida interpretava o papel de Adriana, na TV, engelhada pela velhice, contrataram-na para mãe. Francesca: “a sua hostilidade causou-me muito sofrimento. Eu era muito jovem e ingénua. Junto de mim encontrei uma pessoa altamente competitiva, nada humana ou generosa. Ainda me pergunto hoje por que concordou ela em desempenhar o papel da mãe quando era claro que ainda queria ser a filha”. “Houve uma cena em que ela, como mãe, tinha de me bater. As bofetadas que ela me deu eram reais, magoaram-me realmente. Justificou-se dizendo ‘eu uso o método da verdade’. Noutra cena ela devia atirar-me uma tesoura. Patroni Griffi deteve-a. Ele compreendeu tudo”; “La carne” (1991) de Marco Ferreri que lhe chamou “a mais bela pele do cinema italiano”. Francesca sobre Ferreri: “a nossa foi uma imediata compreensão entre dois anarquistas. Ferreri era um homem livre, um cosmopolita como eu. Acho que o defeito de certos realizadores italianos é ficarem fechados dentro dos seus limites. Não procurarem novos desafios”. “Marco Ferreri baseou esse filme em mim, ele vinha a minha casa com a argumentista para inspiração. ‘Só tu podes fazer este papel’, costumava ele dizer”; “L’orso di peluche” (1994) c/ Alain Delon e Francesca como a roliça Dj Holly.

no aparelho de televisão

Passerelle” (terça-feira 4 de outubro de 1988 / sexta-feira 17 de março 1989) na RTP1, original de Ana Zanatti e Rosa Lobato Faria, 120 episódios, segundo elas, para “mostrar as coisas bonitas de Portugal, não só na moda como também na culinária e no turismo”, c/ Carmen Dolores, Manuela Maria, Maria David, Filipe Ferrer, Armando Cortez, Alexandre de Sousa, Carlos Daniel, Guida Maria, Lídia Franco, Manuela Carlos, Helena Isabel, Margarida Carpinteiro, Virgílio Castelo, Vítor de Sousa, Luísa Barbosa, Natalina José, Rosa do Canto, Fernando Mendes, participação especial Florbela Queiroz, Júlio César, Ana Padrão, Isabel Gaivão, Julie Sergeant, Filomena Gonçalves, Paula Cruz, Paulo Trindade, Ana Bola, Cláudia Cadima, Dulce Guimarães, Inês Vaquinhas, João de Carvalho. Telenovela “descrita pelas autoras como ‘a história de duas irmãs que seguem caminhos diferentes’, Passerelle mostra-nos o agregado familiar de Luís Cardoso (Filipe Ferrer), casado com Maria do Carmo (Carmen Dolores), uma mulher submissa e acomodada que vive para as lides domésticas. O casal tem dois filhos: Gil (Paulo Trindade), estudante de Arquitectura, e Catarina (Ana Padrão), cujo sonho é ser modelo. (…). Outra família central é a de André Guimarães (Alexandre de Sousa), dono de uma fábrica de confeções. André enviuvou muito cedo e a sua filha Rosarinho (Julie Sergeant) foi criada com a ajuda da governanta Amélia (Manuela Maria). Esta não resiste aos galanteios do contabilista da fábrica, o senhor Teixeira (Armando Cortez), a quem considera ‘um homem muito fino’. Rosarinho namora com Gil, mas o romance fica atribulado com a chegada da prima Céu (Helena Isabel), cujo principal passatempo é semear intrigas no seio da família”. Curiosidades Passerelle: “na trama, Célia e Lurdes eram rececionistas do consultório do professor Senna Rocha, médico de Maria do Carmo. O jornal Se7e publicou um artigo sobre estas personagens, entrevistando duas rececionistas reais, que as classificaram de ‘ridículas’, por lerem fotonovelas e bisbilhotarem a vida particular dos clientes. (…). A menina Ritinha foi vivida por Inês Vaquinhas, sobrinha de Guida Maria (sua mãe na novela). A pequena intérprete confessou à revista Maria não gostar de Nuno Teixeira, o realizador. Porquê? ‘Porque é um chato. Obriga-me a decorar muita coisa e não me deixa tossir’. (…). Também a criada Luzia despertou algum sentimento de antipatia do público. Embora não fosse uma vilã, Luzia desejava tudo o que Rosarinho tinha, desde as roupas ao namorado, Gil. Isabel Gaivão, a sua intérprete, chegou mesmo a ser ameaçada na rua!”. Mário Castrim desfilou-se: “a imagem do primeiro capítulo pareceu-me de muita qualidade, de grande transparência, utilizando em força cores básicas da TV: verde, azul e vermelho. Pessoalmente prefiro os suaves tons intermédios de que a televisão inglesa tem o segredo”. “Arroz Doce” (segundas-feiras à noite de 8 de abril / 5 de agosto de 1985), “que era para se chamar ‘Amigo público’. O estúdio era uma sala de estar e a porteira do prédio era a dona Rosa (Eunice Muñoz). Era designado pelo seu autor como ‘Talk e Humour Show’”. O programa editava um jornal, o Pau de canela: “o órgão oficial do Arroz Doce, o único semanário que o não faz chorar ao fim de semana, à sexta-feira nas bancas”. Teve o passatempo Hula-Lois, uma ressuscitação do hula hoop pela marca de jeans Lois; apontamentos humorísticos com Rufina e Baltazar, Ana Bola e Maria Vieira, os gatos que vivem no apartamento do Júlio; e números musicais como, na estreia, os Odisseia Latina com Isabel-Victoria da Motta. Ou Márcio Ivens e as Tetéias – um cantor brasileiro de estrondoso êxito nos anos 70 com “Bilú tetéia”, e cronista de duas páginas na Crónica Feminina, a revista da mulher portuguesa, publicada pela Agência Portuguesa de Revistas às quintas-feiras, custo 1$50; as Tetéias, as bailarinas, que foram dezenas, regeneravam-se consoante envelheciam ou casavam-se. “Bogi” Beatriz agora tem 80 anos, casou com o maestro Vasconcelos, Wanda Kritiscaya casou com o pianista Mário Simões…

na aparelhagem stereo

Anthony Bourdain, no seu programa enfarta-brutos de javardice culinária mundial, “No Reservations” (2012), confabulava com um aborígene: “Tozé Brito é um lendário produtor de música, compositor, músico e contador de histórias. Ainda se lembra da altura em que a expressão artística era censurada pela polícia política de Salazar”; Tozé Brito amostarda o seu profile: “pertencia a um dos grupos mais famosos daquele tempo, por causa disso, tínhamos um historial político, muitos discos foram proibidos pela polícia política, tirados das lojas… Decidi que não iam pôr-me no exército a lutar uma guerra que não era minha”; Bourdain: “o que fez?”; Tozé: “desertei. Fui-me embora. Fui para a Inglaterra e depois da revolução voltei”. Não é congénita esta versúcia para desentranhar espírito de gola alta na linha rasa da vida de cada um, arrosta de muita educação com vara e pau que bussola a barcaça de ossos pelos alísios dos altos valores adquiridos. O alcaide (Costinha): “é o que tem uma pessoa casar-se na tua idade. Na tua idade deve-se estar viúvo, pelo menos, de uma. Olha, eu estou de quatro: Rosa, Manuela, Visitação e Henriqueta Gomes, que foi a última. Todas boas raparigas. Gostavam muito de dançar e de água fresca. Todas, sem exceção, provaram muitas vezes esta vara. Na minha casa… na minha casa, coser e cantar”, na peça “A sapateira prodigiosa” (1968), de Frederico García Lorca, tradução Carlos Wallenstein, encenação Varela Silva, música García Lorca, c/ Amália Rodrigues; um DVD que a berradeira de Lisboa via incontáveis vezes, recorda o guitarrista Mário Pacheco: “ela achava aquilo muito ternurento”.
O declínio instrutivo advertiu-o Camilo Castelo Branco: “já não há pais que saibam criar as filhas com pão e pau…”, e mesmo já não havendo pais, as filhas, floridíssimas, água benta e alecrim, propugnam. Os Funkylicious: “Rigth To Be Wrong” E “Superwoman” (2010) c/ Catarina Feio, segunda filha de António Feio, a primeira, Bárbara, desenha moda. Alimentada pelo pai a montante Powered by Seat a jusante a cantora de alma Áurea: “porque eu quando era pequenina não, não gostava nada do nome, porque não havia ninguém com, com, com o nome de Áurea, e portanto nós quando somos pequeninos gostamos de ter mais alguém, gostamos de ser acompanhados em tudo o que fazemos e não conhecia nenhuma Áurea em Silves. Então queria mudar o nome pró da minha melhor amiga, pronto. Que era Sónia”. Planos de vida: “eu queria fazer nascer bebés, que era o que eu dizia, queria ser parteira. O meu pai gostava que eu fosse advogada, na altura, e eu queria seguir Psicologia. Acabei por entrar em Linguística, em Lisboa, e não gostei, não me identifiquei com o curso, de todo, e alterei pra teatro”. A vida acontece: “foi um, um amigo, um grande amigo meu, o Rui Ribeiro, que estudava música na mesma universidade e então ouviu-me cantar… ele ouviu-me cantar na brincadeira e então aquilo chamou-lhe à atenção e ele pensou: ‘fogo! tenho que que ouvir isto melhor’. Foi-me ouvindo mais vezes…”.
As filhas já não se educam com pão. A neo-fadista Carminho: “o meu primeiro cachê foi uma piscina da Barbie” – vídeo “A Bia da Mouraria”, realização João Botelho. E o pau amoleceu-se em alegorias, Ana Free: “foi simplesmente um projeto que achei, que achei interessante que, eu normalmente, não, não me enfio em coisa que não, da qual não gosto, não é? é uma regra minha, mas eu gostei mesmo do projeto”. Projeto: “Summer Love” com a dupla brasileira Claus e Vanessa. “Claus Fetter e Vanessa Marques conheceram-se há doze anos nos bares de Porto Alegre. Influenciados por ídolos da infância e adolescência que vão de Elis Regina a John Mayer, resolveram apostar na música em 2001. ‘Conheci a Nessa dando uma palhinha em um bar de Poa. Quando a ouvi cantando falei, ela tem que cantar comigo’, afirmou Claus. ‘Fazíamos vários formatos de shows no circuito de bares e baladas, que chegavam a ser até nove por semana. Numa casa noturna de praia eram cinco mil pessoas vindo abaixo. Alguns leigos achavam que havia uma banda por trás da gente tamanha a animação do público’, lembra Vanessa”.
No ocaso da educação paterna irroga-se o poente da língua materna. O cómodo degrau da escrita carunchou na guerra dos trinta anos, numa batalha de letras, uma zargunchada brigada por peritos da lusitana glote, perdida! amaro Acordo Ortográfico, com os doídos cortes nas letras, caladas, mudas, mortas, da vivedoura língua de Portugal. Os sabidos, e uma moura encantada em Belém também, alcantilaram-se, aprumados de razão, confundidos entre signo e significado, sarapatel, onde não há uniformização ortográfica praticável quando, a boca de um português, mesmo nos coros, pronuncia: “moça eu não tenho pressa p’ra te conquistar / o braço da viola vai-me consolar até você abrir de vez o seu coração”, “Amor de violeiro”, da dupla luso-brasileira Marcelo e Alex.
Aldemenos, a linguagem do amor ilibou-se deste desentendimento. Camilo one more time: “e as mulheres mais bonitas de Portugal. Se o senhor visse as camponesas da Maia, as padeiras de Valongo e Avintes, as lavadeiras de S. Cosme e Fânzeres, as varinas de Espinho e Ovar! Não leu em Virey que as mulheres mais lindas que ele vira nas suas viagens foram as de Guimarães?”. Ó filhas da nação! Ó mães de Portugal! medi-vos, pesai-vos, fotografai-vos, empreendei vós mulheres de espavento, no site Apartado X ponde-vos na posição missionária de faular amor honesto e imaculado nos homens. Que, legitimadas diante de Deus e do civil, os seios aflantes, o averdugado ventre, as frescuras íntimas, serão açacalados em núpcias no Motel Dunas: Dj Mia Ferrero ft. Canuco Zumby: “esta noite eu quero sexooooo / eu quero muito sexooooo”, Mia: “qual é a tua? hummm, fica, fica, ai tão bom (risos)”.
E dia e noite nos anos 80:
Teresa Maiuko nasceu em Lourenço Marques, Moçambique, “em 1985 estreou-se como cantora nos Trópico, conjunto de baile que não deixou rasto. Depois prosseguiu como cantora de bares. No Xafarix conhece Luís Filipe, o autor e produtor do seu primeiro single, ‘Under Cover Lover’. O seu segundo single, editado em Novembro de 1986, é ‘Do You Wanna Spend The Night’. Enceta uma digressão por Portugal e pelo estrangeiro. Participa no Festival da OTI de 1987 com ‘Não me tirem este mar’, música de Carlos Mendes, letra de José Jorge Letria, arranjos do maestro José Calvário. Em 1988 grava para a MBP o seu primeiro álbum que foi um fiasco comercial”. Em 1991 troca Lisboa por Londres: “fui estudar arte moda mas também tinha a ver com música”; e ainda canta “Break Down the Walls” ♫ Diva, 1985, “três elementos dos Odisseia Latina decidem formar uma nova banda com o objetivo de participar no II Concurso de Música Moderna do Rock Rendez Vous. Para vocalista escolheram Tucha que era presença assídua nos ensaios do grupo. Acabam por não participar no concurso do RRV mas conseguem arranjar contrato com a Metro-Som, editora mais ligada ao folclore e à música popular mas que tinha sido a responsável pelas primeiras edições de nomes como UHF, Jafumega e Aqui d'El Rock. O grupo estreia o estúdio ‘Metrópolis’ de Manuel Cardoso onde estiveram duas semanas e meia. Em Novembro de 1985 é editado o primeiro single com os temas ‘Chuva’ (lado A) e ‘Saudade e Raiva’ (lado B). Devido a um erro gráfico lamentável os temas aparecem indicados como ‘Saudade’ e ‘Raiva’. O grupo era constituído por Natália ‘Tucha’ Casanova (voz), Pedro Solaris (guitarra), João Vitorino (bateria), Diamante (baixo) e João Marques (teclas)”. Conheceram Ricardo Camacho num espetáculo das Manobras de Maio, que lhes produzirá o álbum “Ecos de Outono” (1990). No programa de Marco Paulo, “Eu tenho dois amores” (1994-95), os Diva apresentaram “Mariana”. – Marco Paulo não avelhenta, em abril de 2010 esgueira-se de surpresa no programa Curto Circuito da SIC Radical: “querem saber uma coisa? uma novidade, é eu ser espetador e assistente em minha casa deste programa, do Curto Circuito”. Ele é um galã, um ladies killer, o mais macho português, despe-o com o intelecto Lili Caneças: “é uma pessoa que transmite uma imagem de alegria, de bem estar e boa disposição”, e é um beijoqueiro experiente do corpo feminino, quando afinfou a cantora brasileira Joana no seu programa, murmurava: “hum que doçura, hum que coisa tão boa”. Na entrevista a Natália Casanova, a rebelde alça do vestido preto cai, Marco repõe-a no sensual ombro, enquanto ela desfiava a biografia da banda: “eu lembro-me que o primeiro espectáculo que eu dei era num bar do Bairro Alto que já não existe, que era o Ocarina, foi antes de nós gravarmos o nosso primeiro single e que foi num espaço tão pequeno quase como este ou então mais pequeno… que eu via as pessoas mesmo à minha frente, eu ‘tava tão nervosa, tão nervosa que não me conseguia sair a voz, eu só dizia meu Deus, eu não vou conseguir cantar”. C/ Adolfo Luxúria Canibal “E o verbo criou a mulher” (1996).