Pratinho de Couratos

A espantosa vida quotidiana no Portugal moderno!

segunda-feira, outubro 06, 2014

Barraca dos tiros

1983. Julho. Por duas vezes este mês, no Restelo, os guardas da PSP confrontaram inimigos. Da primeira, cantam vitória. Da segunda, o Governo cantará por eles. Terça-feira, dia 19, aos arredores do concerto do Rod Stewart [1]. “Pouco passava das 23:30, largas dezenas de jovens que não tinham conseguido entrar no Estádio do Restelo corriam a bom correr pela rua Gonçalo Velho Cabral acima, fugindo à frente de uma carrinha (AG-80-41) da PSP, que os perseguia cheia de guardas altamente excitados. Junto ao prédio n.º 17 a carrinha parou. De imediato cerca de uma dezena de polícias, chanfalhos em riste, saltou para o pavimento correndo atrás do ‘inimigo’ e desatando a bater sem olhar a quem. O primeiro que levou foi um miúdo aí de uns 12-13 anos [2]. Sem ter tempo de fazer como os outros que saltaram para o jardim da vivenda n.º 17, ficou encostado às grades, junto do passeio. Encolhido, braço direito protegendo a cabeça, gritava: «Não me batam, não me batam. O meu pai é da tropa, é coronel». Ao ritmo do chanfalho, o polícia enfurecido repetia: «Quero lá saber se o teu pai é da tropa. Seu filho da puta, vais mas é aprender a não te meteres nesta merda, nunca mais atiras pedras». O miúdo ficou no chão”. Os guardas da PSP viravam o cassetete ao contrário para que a argola de metal, no final do cabo, se entranhasse na carne, marcando, nos corpos criminosos, a assinatura trade mark do seu recém-conquistado poder como força de autoridade (que fora perdido para os militares após o golpe militar de 25 de abril de 1974).
“O polícia saltou para o jardim particular, onde já outros colegas seus batiam, como lhes aprazia, em meia dúzia de jovens que para lá tinham fugido. (…). Apenas um jovem de vinte e poucos anos gritava, indignado para os agressores: «Mas eu moro aqui ao lado, os senhores não têm o direito de me bater». E um polícia a responder: «Essa já é velha. Metes-te em alhadas e depois não queres apanhar». «Porra, já lhe disse. Isto é inadmissível, não podem fazer isto. Moro ali». «Então vai para lá e não saias». Tudo demorou escassos segundos. No jardim ficaram dois ou três jovens contorcendo-se com dores. (…). Os polícias já tinham seguido à procura de mais inimigos. No local apenas ficaram o jornalista e um dos agredidos, o mesmo que gritava que morava ali mesmo. «É verdade, moro aqui, na rua Luís Pedroso Barros, 32, 2.º. Vim à rua ver o que se passava. Veja como me agrediram. Só não sei a quem me devo dirigir e o que devo fazer para processar estes tipos». Chama-se Jerónimo Manuel Montenegro Vieira Cardoso. (…). Um subchefe da PSP fez o ponto da situação: «Essa malta toda, que anda por aí de costas ao alto, quis derrubar os gradeamentos e o arame para entrar à borla» e «o que é pior, viraram um carro, subiram a telhados das casas próximas para ver lá de cima e incomodaram as pessoas que estavam em casa e não tinham nada a ver com isto». (…). «Os tiros foram para o ar, só para assustar e para os gajos não atirarem mais pedras. A gente vê-se à rasca: eles estão no escuro, atiram sem a gente saber donde vêm os calhaus e depois fogem para o meio das outras pessoas que não têm nada a ver com o problema. São uns cobardes. Mas garanto-lhe que se eu visse um atirar pedras disparava para acertar. Prefiro ir para a prisão do que ir para o hospital». (…). Verdade se diga: as pedras voavam contra os polícias, vindas dos locais mais desencontrados. Mesmo no início do Estádio do Restelo nem queria acreditar no que via: um polícia, agachado, escondido atrás de uma barraca de farturas para se abrigar das pedras que nesse momento já não voavam, estava de pistola fora do coldre, à espreita, esperando uma aberta ou uma desatenção do ‘adversário’. De repente disparou tiros à toa, para assustar. No que foi seguido por outros colegas seus quando mais pedras surgiram de novo no ar antes de partirem vidros a numerosos automóveis que por ali estavam parados”.   
Também em julho, em Lisboa, realizou-se um concerto, mais bonançoso, povo serenado, os únicos protestos cingiram-se ao circuito olho-cérebro. Quinta-feira, 21, “um Coliseu dos Recreios a abarrotar pelas costuras recebeu o pianista Chick Corea, que terminou a sua digressão pela Europa. (…). Os mais jovens devem conhecê-lo dos Return to Forever e obras posteriores muito influenciadas pelo rock, enquanto os mais antigos lembrarão o pianista que começou com Herbie Mann e floresceu no quinteto de Miles Davis. Chick Corea mostrou parecer querer voltar aos seus tempos mais jazz, nesta sua magnífica atuação ao lado de dois monstros do jazz, o contrabaixista Miroslav Vitous e o espetacular baterista Roy Haynes, uma glória da bateria jazz. O concerto começou com o trio a rodar com perfeição, com a mão direita de Corea a definir linhas claras de melodia e swing sobre temas da tradição jazz. Ao contrabaixo, Miroslav Vitous, sólido e rítmico, levando a sério o papel de contrabaixo como alicerce rítmico. À bateria, o enorme e sempre bem disposto Roy Haynes, um espetáculo dentro do espetáculo. Deste ritmista, que pela segunda vez nos visita, pode dizer-se que é atualmente o grande acompanhador do jazz, uma espécie de Kenny Clark dos anos 80, que a atividade lúcida da música poucas vezes terá sido tão fielmente reproduzida como na sua alegria e entrega, que o seu sentido e gosto captam qualquer inflexão do solista e o catapultam”. O público, de barba rala, tez branca, muito tricot, saias compridas, apenas “protestou com justiça contra as luzes e as câmaras de televisão que prejudicavam a sua concentração e visão”.
Quarta-feira, 27. A embaixada da Turquia na av. das Descobertas, 22, ao Restelo, sofre uma tentativa de ocupação por um comando arménio, (reivindicando o reconhecimento pelos turcos do genocídio do povo arménio na Grande Guerra), frustrado o intento, refugiam-se no edifício ao lado, a casa da embaixador. “Elementos do GOE ocupavam, a partir do meio-dia, os telhados das casas vizinhas do edifício. Às 12:01 ouviu-se no interior da vivenda uma violenta explosão, provavelmente de granada ou de bazuca, que estilhaçou as janelas dos andares superiores do prédio [de que terá resultado a morte dos quatro arménios e causou ferimentos que levariam à morte da mulher do encarregado de negócios da embaixada]. (…). Ao que parece, um dos assaltantes falava português. O gabinete de crise do Governo português iniciou às 12:15 uma reunião de emergência sob a presidência do primeiro-ministro Mário Soares, para analisar o assalto à embaixada turca em Lisboa. Este gabinete é constituído pelos ministros da Administração Interna, Eduardo Pereira, Defesa, Mota Pinto, Negócios Estrangeiros, Jaime Gama e ministro de Estado Almeida Santos. (…). Cerca das 13 horas, soube-se em Lisboa que o ataque à residência do embaixador turco foi reivindicado, em Paris, para a agência France Presse, pelo Exército Revolucionário Arménio” [3].
Cronologia. 10:30 – a chegada dos assaltantes ter-se-á verificado um pouco depois desta hora, com disparos sobre os dois elementos no exterior da embaixada e ferindo um guarda da PSP; 11:00 – começaram a comparecer no local os primeiros efetivos policiais, que cercam o edifício, começa a troca de tiros entre os assaltantes e os polícias; 12:01 – dá-se uma violenta explosão no interior da embaixada, que terá originado a morte de todos os assaltantes, de um guarda da PSP que conseguira introduzir-se no edifício e que incendeia as instalações; explosão de munições no interior que suscitou resposta das forças que se encontravam no exterior; 12:15 – reunião do gabinete de crise; 12:45 – evacuação da esposa e filho do encarregado de negócios da embaixada; 13:30 – chegada às traseiras da embaixada de três Range Rover dos GOE, contendo cerca de três dezenas de elementos; 13:38 – assalto a partir da entrada principal, para onde entretanto tinham seguido os GOE; 13:40 – início da operação de limpeza no interior do edifício da embaixada, com rajadas e granadas de fumo; 14:05 – os GOE chegam ao terraço mais elevado do edifício; 14:15 – os elementos que cercam as traseiras do edifício continuam convencidos que os assaltantes se teriam refugiado na cave; 14:22 – detetados os corpos de cinco pessoas carbonizadas no primeiro andar da embaixada; 14:25 – instala-se a convicção de que não há mais resistência, por eliminação de todos os elementos do comando; 14:52 – os elementos do GOE iniciam a retirada, com a maior parte do efetivo policial que comparecera no local; 15: 02 – entrada dos comandos policiais no edifício; 15:31 – os bombeiros podem finalmente começar a apagar os focos de incêndio que restam no primeiro andar, de onde eram retirados os corpos carbonizados” [4].
Na portaria do Diário de Notícias foi deixada uma carta de instruções intitulada “À polícia”. “A. Não aceitaremos qualquer forma de intervenção da polícia. Exigimos que nas próximas 48 horas a polícia se coíba do seguinte: 1. Desdobramento de forças da polícia ou do exército visando entrar na área de operações. 2. Utilização de escadas de salvação, acessos por telhados ou caves para penetrar na zona de operações. 3. Estacionamento de atiradores especiais nos telhados dos edifícios circundantes. 4. Organização de grupos de assalto. Uma ação deste tipo redundará sem dúvida em baixas entre a polícia e os reféns. 5. Utilização de munições de expulsão de poeiras, tendo em vista obscurecer a visão. 6. Uso de técnicas de desorientação, como sejam, holofotes, projetores, ruídos. 7. Utilização de helicópteros. B. Se em qualquer circunstância as condições acima não forem respeitadas, temos explosivos suficientes para fazer saltar todo o edifício, morrendo com os reféns. C. Lançaremos para o exterior uma amostra do explosivo que temos em nosso poder. D. Lembramos de novo, que o menor gesto de interferência não só porá em perigo a vida dos reféns como também a segurança de toda a vizinhança. E. Recusamo-nos a comunicar com a polícia, porque não somos criminosos. Somos revolucionários. O nosso objetivo é a defesa dos legítimos direitos do povo arménio. F. No que respeita a posteriores desenvolvimentos e explicações sobre as causas que nos impeliram a ocupar o edifício, a opinião pública mundial será mantida informada pelos nossos camaradas presentes fora do perímetro da embaixada ou através de comunicados emitidos no estrangeiro”.
Estes “acontecimentos acabariam por representar um desafio à capacidade de resposta da polícia portuguesa, com a estreia, no terreno, do Grupo de Operações Especiais. Uma atuação que afinal se concretizaria quando a embaixada da Turquia já não passava de uma casa de mortos”.
Balanço. 7 mortos e 3 feridos. Manuel Francisco Pacheco, guarda da PSP, que compareceu no local após o alarme, bom conhecedor do edifício por ali fazer frequentes serviços gratificados [baleado antes da explosão. O Governo emitiu um louvor póstumo pela “coragem e abnegação com que assumiu o cumprimento do seu dever”]; Cahide Mihcioglu, de 38 anos, mulher do encarregado de negócios, que faleceu a caminho do hospital; Vatchi Navar Tagihlian, de 19 anos, elemento do comando, morto no início do assalto, à entrada. Alugou um carro com uma carta de condução internacional passada no Líbano; Simon Khacher Yahnniyon, de 21 anos, também do comando, que entrou com passaporte n.º 273624 emitido em Beirute e carta de condução internacional também de Beirute, com o n.º 67178: Sarkis Abrahamion, de 21 anos, solteiro, passaporte libanês n.º 307153; Strak Onnik Ajamian, de 19 anos; Abra Hovsel Karvikian, de 20 anos. Os feridos. Yutsev Mihcioglu, encarregado de negócios da embaixada, que teve alta e compareceu no local por volta das 16:30; o filho de 17 anos do encarregado de negócios que terá ficado internado; Abílio Ferreira Pereira, guarda da PSP, de 23 anos, atingido com três tiros no princípio do ataque, na sequência de uma rajada disparada por um dos comandos. Também ficou internado. As três viaturas alugadas. EU-21-60, Ford Escort, creme, abandonada em Algés; NE-74-63, Ford Escort, vermelho, alugado na Inter-Rent do Estoril, que o comando estacionou sobre o passeio em frente da embaixada; CM-01-21, Ford Escort, branco, alugado na agência Netil, em Lisboa, que foi estacionado no interior da embaixada.
A explosão dos comunicados. A Juventude Centrista de Viana do Castelo reclamava “autoridade e firmeza”. O atentado “constitui mais um alerta a quem de direito para que se tomem as medidas necessárias e eficientes para pôr cobro aos assassínios cometidos por mercenários que escolhem para seu campo de luta um Portugal irreconhecível em que os próprios governantes ousam pôr em discussão a integridade e a independência nacional”. O Conselho de Ministros, na sua função politizadora, maquilha um fiasco numa vitória: “Os terroristas não terem logrado o seu objetivo de ocupação do edifício da embaixada turca e sequestro de grande número de reféns, com os consequentes reflexos na opinião pública universal. Esse facto obrigou-os a alterar o seu plano inicial e a refugiarem-se na residência do encarregado de negócios da embaixada da Turquia. Esta conclusão é retirável do facto de os terroristas serem portadores de alimentos para vários dias”. E elogia “a rapidez e a eficácia da reação das forças policiais, designadamente do Grupo de Operações Especiais (GOE), bem como a perfeita coordenação entre estas forças e o centro de crise criado precisamente para enfrentar situações de emergência”. “O Exército Revolucionário Arménio afirmou em comunicado que os seus elementos se ‘sacrificaram no altar da liberdade’. Num comunicado do ministério turco dos Negócios Estrangeiros entende que ‘os terroristas arménios serão queimados pelos fogos que eles próprios ateiam, como no caso de Lisboa’” [5].
Sexta-feira, 29. David Niven “faleceu na sua casa de Château d’Oex, na Suiça, para onde se mudara há poucos dias, da sua habitual residência de Saint-Jean-Cap-Ferrat, na Côte d’Azur. Niven, de 73 anos, sujeitara-se, na primavera passada, a tratamento numa clínica de Londres, devido a uma doença nervosa pouco comum que atrofia os músculos [esclerose lateral amiotrófica], tendo regressado a casa em 14 de março. (…). Niven fez honra nos seus últimos momentos à imagem do homem simpático e brincalhão, típica do humor inglês. ‘O seu último gesto foi levantar o dedo polegar em sinal de que tudo ia bem’ – disse um familiar”. Órfão de guerra, o seu pai morreu durante a Primeira Guerra Mundial, em Gallipolli, Niven “andou de escola em escola e até roubava nas lojas, mas foi aceite no colégio militar Sandhurst, onde desenvolveu o charme e as maneiras corteses que iriam servi-lo bem. Numa comissão de serviço, em 1930, é colocado em Malta, mas rapidamente enfastia-se com a vida militar. A gota de água ocorreu durante uma aborrecida palestra dada por um general que o impedia de se encontrar com uma mulher para jantar. No fim da palestra o general perguntou se havia alguma pergunta. ‘Poderia dizer-me as horas, sir?’ perguntou Niven. ‘Tenho de apanhar um comboio’. Colocado sob prisão por insubordinação, Niven partilhou uma garrafa de whisky com o oficial de guarda e, em seguida, fugiu por uma janela e foi para a América, renunciando à sua comissão por telegrama durante a travessia do Atlântico. Durante o ano seguinte, meteu mão em numerosas ocupações, incluindo vendedor de whisky, promotor de rodeios e limpador de espingardas, antes de decidir tentar Hollywood. (…). Niven saboreou Hollywood e o acesso a belas mulheres que lhe proporcionava. Rapidamente tornou-se amigo íntimo de Errol Flynn, dois mulherengos crónicos, até partilhando uma casa que chamavam ‘Cirrose-à-beira-mar’. A amizade terminou somente depois de Flynn, que admitiu ter dormido com ‘qualquer coisa que se mova’, se atirou a Niven”.
Nesse mesmo dia, Luis Buñuel morria na cidade do México. “Buñuel, considerado pelos especialistas um dos dez melhores realizadores da história do cinema, morreu às 14:15 locais (23:15 em Lisboa) no Hospital Inglês da cidade do México. O cineasta dera entrada no hospital no dia 21 do corrente mês, com uma insuficiência hepática, renal e cardíaca. O seu médico pessoal, Teodoro Casarmal, declarou que a sua morte se deveu a uma paragem cardíaca. Mas até ao último momento e apesar dos seus muitos males, Luís Buñuel ‘permaneceu lúcido e de muito bom humor’ o que é francamente extraordinário. Luís Buñuel, cineasta e crítico cinematográfico, nasceu em Calanda (Aragão), em 22 de fevereiro de 1900. Filho de uma família burguesa, efetuaria os seus primeiros estudos num colégio religioso e depois nos jesuítas de Saragoça. Posteriormente, entra na Universidade de Madrid onde estuda engenharia, curso que suspenderia para se virar para a filosofia, em 1924”. Emigra para o México em 1946. “Três anos mais tarde adquire a nacionalidade mexicana. Dirige, então, aqueles que ficariam como os seus piores filmes de sempre, casos de “Los olvidados” (1950), “La hija del engaño” (1951) e “Ensayo de un crimen” (1955). Mas ‘Los olvidados’ alcança, em 1951, o prémio de realização do Festival de Cannes, a sua grande consagração mundial”.
No mês de julho, o que é nacional é do mesmo, ou seja, contas para pagar. “A dívida externa portuguesa ronda neste momento os 14 milhões de dólares o que equivale, ao câmbio de 120 escudos / dólar, a mil e 638 milhões de contos. Dividida por todos os cidadãos portugueses temos que em meados de 1983 cada português deve ao estrangeiro 164 contos. E como apenas parte da população está integrada no circuito produtivo, pode avançar-se, também que cada trabalhador ativo tem sobre os ombros o fardo de 364 contos de dívida externa”.
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[1] Rod Stewart, vindo de Madrid, desembarca no aeroporto da Portela por volta das 16:30, para um concerto no estádio do Belenenses, num palco que demorou cerca de 9 dias a ser montado, 99 mil watts de som e 264 mil watts de luz. Preço dos bilhetes: venda antecipada 1000$00, no dia 1100$00, com os Táxi na primeira parte. “Recorde-se, entretanto, para os mais esquecidos, que Rod Stewart esteve já uma vez no nosso país em novembro de 78, para aqui assistir ao jogo entre as seleções de futebol da Escócia e de Portugal” (Portugal derrotou por 1-0 a poderosa seleção escocesa).
[2] Os jovens do século XX, danavam-se na ociosidade, não usufruíam ainda de um líder visionário, Cavaco Silva: “Precisamos de convencer mais jovens (...) que esta pode ser uma atividade rentável e que em lugar de irem para o estrangeiro para tentarem encontrar um emprego, podem, eventualmente, beneficiando dos apoios que agora serão reforçados (...), fazer uma experiência na agricultura” (março 2014). “Ai, ai, ai, o canto da serra / Ai, ó linda até quando será / Ai, ai, ai, o canto da terra / Ai, ó linda o tempo dirá”, Roberto Leal: “Canto da terra”. (Cavaco Silva, pelo seu horário oportunístico, pipia de meias altas Economia, de botas altas mia Presidência, cala (fundo) fala (profundo) ao coração de melão do povo que se derrete num excesso de gratidão. Cavaco Silva, o mais sexy presidente no verbo, na memória de seu povo imprimirá como o de boa imagem, aquele que vale um pixel no seu retrato oficial, para alcantilar garbo no museu da presidência, com retouching de “Body Evolution – Model Before and After”, ou das pinturas famosas photoshopadas para parecerem top models).
[3] “Nome adotado pelos Comandos de Justiça do Genocídio Arménio a partir de julho de 1983, na sequência de dissenções internas que quase paralisaram as suas atividades. É possível que o ERA tenha aceitado nos seus quadros alguns elementos do ASALA-Revolutionary Mouvement, a ala radical do ASALA”, em “Ação direta”, John Andrade.
[4] Top 10 das situações com reféns na História moderna. A crise dos reféns do Irão. Patty Hearst. A crise dos reféns do teatro de Moscovo. Roy Hallums. O Air France 8969. A crise dos reféns da escola de Beslan. O resort de Dos Palmas. A crise dos reféns da embaixada japonesa. O tiroteio na escola amish. Íngrid Betancourt.
[5] O governo turco apenas admite “lamentáveis abusos” na morte de dois milhões de arménios durante a deportação para Alep, na Síria, entre maio e agosto de 1915.
[6] Em Portugal sempre se cavalgou dívida, na Holanda, país rico, cavalga-se um Sybian. No vídeo “Go To Go” (2014) da girl band holandesa ADAM, composta pelas ex-alunas de teatro musical Loulou Hameleers, Suzanne Kipping e Sanne Den Besten, e pelas cantoras Anna Speller e Eva Cleven. “A música é descrita como pop, funky, dança e macho. No que respeita ao som e carisma, ADAM é um cruzamento entre as Pussy Riot e as Spice Girls. Em suma, bem vestidas com uma mensagem”. Entrevista sobre a filmagem desta excitação clitoridiana, Suzanne: “Pensámos que ia ser muito dificil, porque conversámos muito sobre isso antes de fazermos o vídeo. Não houve nenhum ensaio prévio de todo, nós somente pensámos: vamos viver o momento e ver o que acontece. Estávamos realmente nervosas quando começámos. Mas quando fomos para frente da câmara, uma de cada vez, e fizemo-lo, não foi nada dificil, foi muito divertido. Pode nos ver a rir porque foi apenas um momento engraçado. No final, eu não estava nervosa fazendo-o”. Anna: “Requer muita concentração, a sua voz espalha-se, assim, você tem de se focar na voz, bem como nas outras coisas que estão a acontecer no seu corpo”. Sanne: “Perto do fim, eu não tinha mais a concentração para cantar, havia também pessoas a assistir, o que foi muito estranho”. Suzanne: “Foi inspirado pela série viral de vídeos de arte Hysterical Literature. Houve um vídeo recente onde tinham mulheres a ler a sua obra literária favorita enquanto tinham um orgasmo. Essa foi a nossa principal fonte de inspiração” ▬ “Hit me Again” versão trash metal ♪ “Weten dat je het waard bent”, versão de “7 Seconds”, p/ Youssou N'Dour ft. Neneh Cherry.

na sala de cinema

Lifeforce” (1985), real. Tobe Hooper, estreia sexta-feira, 29 de agosto de 1986 nos cinemas Éden, Gemini e Alfa 3. Enredo manifesto: “uma raça de vampiros espaciais chega a Londres e infeta a populaça”. C/ Steve Railsback, Peter Firth, Frank Finlay, Mathilda May, 1,78 m, 91-63-88, sapatos 41, olhos e cabelos castanhos, nascida a 8 de fevereiro de 1965 em Paris, e Christopher Jagger, irmão de Mick “Brenda” Jagger, interpreta o papel do primeiro vampiro. Disse o técnico de efeitos especiais de maquilhagem Nick Maley: “‘Lifeforce’, indubitavelmente, tem os efeitos de criaturas mais complexos de qualquer filme que eu fiz. Em muitos casos planeei as sequências e noutros dirigi a Segunda Unidade de animatrónica. Na época, estávamos a fazer tecnologia de ponta. Grandes multidões com maquilhagem protética zombie, transformações, bonecos animatrónicos, este filme tinha de tudo. Infelizmente, alguns dos meus bonecos fizeram melhores representações que alguns dos atores”. Enredo latente: “‘Lifeforce’ pode vir a ser considerado um filme de ficção científica notável, precisamente porque é tão implacavelmente nada sentimental e mordaz. Este filme mostra uma sensibilidade tão ímpar, tão pouco familiar, que pode revelar-se um dos mais subtilmente originais filmes da década de 80… O filme tem algo para ofender quase toda a gente mas oferece muito para uma análise séria”, em Brooks Landon, “The New Encyclopedia of Science Fiction, 1988”. “Invaders from Mars” (1986), real. Tobe Hooper, estreia sexta-feira, 28 de abril de 1989 no Quarteto sala 4, c/ Karen Black (falecida em 2013), Hunter Carson, Timothy Bottoms, Larraine Newman. “Na noite de uma chuva de meteoritos, o jovem David Gardner vê uma nave espacial alienígena numa área de extração de areia nas traseiras da sua casa. Este é o início de uma invasão extraterrestre que vê os pais de David (George e Ellen Gardner), os seus professores e os habitantes da cidade serem, lentamente, absorvidos pelas formas de vida alienígena, e regressando depois com menos emoções. A única que acredita em David é a enfermeira da escola, Linda Magnuson”. Remake do filme de William Cameron Menzies, “Invaders from Mars” (1953); Jimmy Hunt, o original jovem David Gardner, interpretará o papel de chefe da polícia, ou a escola chamar-se-á Menzies Elementary School, na versão de Hooper. “The Hidden” (1987), real. Jack Sholder – vencedor do prémio para melhor realizador no Fantasporto de 1988 – estreou sexta-feira, 25 de novembro de 1988 no Nimas e no Amoreiras sala 6. Enredo: “criaturas de outro mundo, capazes de entrar livremente num corpo humano ou animal, usam-no como recipiente enquanto precisam”: cena do stripclub, (canção, “Bad Girl”, p/ Mendy Lee). C/ Kyle MacLachlan, Michael Nouri, Claudia Christian (vestiu-se para a Playboy americana de outubro 1999). “Claudia Christian (Brenda, a stripper) gosta de contar duas histórias sobre a sua experiência neste filme. Primeiro, é o design do seu vestuário: os produtores acharam os seus seios visualmente inadequados e então desenharam os seus trajes para enfatizar as nádegas em seu lugar. Segundo, a sua lesão no olho: o material explosivo de uma arma de adereço arranhou-lhe dolorosamente a córnea. Por causa disso, sempre que tinha de disparar uma arma de adereço na série de TV ‘Babylon 5’ (1994-1998), ela, instintivamente, virava a cara sempre que carregava no gatilho, mesmo que isso fosse desnecessário, porque as armas de adereço de ‘Babylon 5’ não disparavam realmente fogo, visto que todos os efeitos especiais eram adicionados mais tarde”. “Gotcha” (1985), real. Jeff Kanew, estreia sexta-feira, 16 de maio de 1986 no Alfa 2 e no S. Jorge 2. “Jonathan Moore, estudante universitário da UCLA, está a jogar um jogo chamado ‘gotcha’ (popular nos campus universitários em meados dos anos 80 como ‘assassin’ ou ‘tag’), em que aos jogadores é atribuído um alvo simulado noutro jogador para uso de uma inofensiva pistola de paintball. Moore e o seu colega de quarto Manolo vão de férias para Paris. Após visitaram parte da cidade, num café, Moore encontra Sasha Banicek, uma cachopa checoslovaca. Eventualmente, Jonathan tem relações sexuais com Sasha, perdendo ele a virgindade[1]. C/ Anthony Edwards, Linda Fiorentino, 1,71 m, 67 kg, 70-62-77, sapatos 38 ½, olhos castanhos, cabelo preto. Nascida a 9 de março de 1960 na Filadélfia para pródiga filmografia: “Beyond the Law” (1992), “The Last Seduction” (1995), Jade” (1995).
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[1] A tecnologia de ponta no século XXI reconfigurou o sexo exilando o homem nas funções de motorista do jaguar, pagante do leopardo no guarda-roupa, e o leão é o Hitachi. Sally Charles, 1,74 m, 50 kg, 86-58-86, olhos cor de avelã, cabelos castanhos, nascida em Sydney, Austrália, a 9 de junho de 1993. Entrevista: primeiro emprego? “Comecei como assistente de farmácia quando tinha 13 anos”. Partes favoritas do teu corpo? “Os meus lábios e a crica”. Sex toy favorito? “O Hitachi”. Tens animais de estimação? “Um adorável gato chamado Snowball”. Atriz com provas dadas em: “XXX at Work” (2011), “The Initiation of Anissa Kate” (2012), “Soft Touch” (2012), “Two Lovers” (2012), “Freshening up” (2013). – Giselle Leon t.c.c. Lexi Brooks, 1,60 m, 52 kg, 83-60-91, sapatos 38, olhos azuis, cabelo castanho, nascida a 9 de dezembro de 1991 em Los Angeles. Sex toy favorito? “Hitachi”. Bebida favorita? “Vodka”. Posição favorita? “Todas”. Excitadores? “Pichotas grandes, rostos atraentes”. Engolir ou cuspir? “Engolir, claro”. O seu currículo impõe-se por si próprio: “Sorry Daddy, Whitezilla Broke My Little Pussy!!! 7”, “A Wet Dream on Elm Street” (2011), “Farm Girls Gone Bad” (2011), “Gym Rats Orgy” (2011), “Guilty Pleasures” (2012), “It’s So Big” (2013). Lexi Brooks entrevistada e em seguida de joelhos para chupar galo”.
Só o desvio sexual é vaga esperança de o homem regressar ao papel de leão, (um dos animais que a mulher gostaria de ter. Efetivamente, tem um panda na garagem, um coelho no guarda-roupa e uma lontra na cama). “Nymph()maniac” (2013), real. Lars von Trier. Onze cenas do trailer: “1. O caos reina em cuecas. Uma jovem (que parece a Joe interpretada pela Stacy Martin a) masturba-se prostrada numa mesa com as cuecas à volta dos joelhos. Claro, há uma raposa (embalsamada?) numa ponta da mesa a tocar a perna dela com uma pata. (…). 2. O colo do papá. Uma jovem Joe totalmente nua senta-se no colo de um senhor mais velho. 3. Lesbianismo. Bom, é claro. Realmente não se pode fazer um peça sexual sem ele nos dias que correm, certo? 4. Palmadas. Uma Joe mais velha (Charlotte Gainsbourg) grita antes de ser espancada sado-masoquistamente por Jamie Bell. ‘Não é assim que funciona’, diz ele parecendo irritado. ‘A maioria das pessoas não grita até eu lhes bater’. (…). 5. Cuspir ou engolir? Portanto, a jovem Joe vai numa demanda de… identidade e despertar sexual, experimentando tudo o que está no manual como um meio para ser… aventureira? Isto é onde Lars é bastante brilhante. E então, e se ela for? É um direito seu, não? Joe entra num comboio e faz uma mamada no que parece ser um desconhecido e tenta engolir, seguido de um sorriso orgulhoso (…). 6. Rapariga por cima. Oh, pensando melhor, isto é muito brando. Pelo menos, segundo os padrões de Lars. 7. Mais lesbianismo. Joe ainda tem um gostinho pelo safismo quando é mais velha. O mais provável é ela ser simplesmente uma viciada sexual dando igualdade de oportunidades a ambos os sexos. (…). 8. Forçado a ver. Uma cena do trailer indica claramente uma imagem perturbadora: Joe a ser fodida, com a cara de um outro homem-mistério a ser segurada e forçado a assistir b). (…). 9. ‘A cama da fornicação’. Está bem, não é uma cena per se, mas a melhor fala no trailer é facilmente Uma Thurman a perguntar a Stacy Martin ‘Estaria certo se eu mostrasse às crianças a cama da fornicação?’. (…). 10. Completo no fellatio. Von Tier disse antes que todos os atores representariam as… suas próprias cenas de ação. Isso já foi desmascarado. Evidentemente, atores porno irão dobrar os atores em todas as cenas de sexo explícito no filme (que, sim, provavelmente, mostrará penetração). Mas, se Charlotte Gainsbourg está a abocanhar algo falso aqui, é mesmo muito credível (…). 11. Convalescença porno? Sim, há toneladas de Não Seguro Para o Trabalho e cenas pornográficas no trailer, todavia, a menos explicita – mas talvez a mais provocante e retorcida – é uma cena a preto e branco de Joe. Ela está no hospital e… a ficar húmida. A sua paixão visivelmente escorre pela perna abaixo, enquanto a câmara foca para revelar o rosto enfaixado do personagem de Christian Slater inconsciente numa cama de hospital. Bónus extra. A pachacha. Uma foto do filme aqui seria demasiado, mas não é difícil detetar um grande plano completo de uma vagina na montagem super rápida da abertura”.   
O filme “Nymphomaniac” foi lançado em dois volumes. Brian Viner: “Graças a Deus que não há um volume três. Esse foi o meu primeiro pensamento, depois de ter assistido numa única cansativa sessão, aos volumes um e dois da intransigentemente explícita, implacavelmente não erótica, representação da dependência de sexo, do argumentista e realizador dinamarquês Lars von Tier”. Na Roménia, “Nymphomaniac II” foi declarado “impróprio para exibição pública, uma decisão que o distribuidor diz ser única na Europa”. O filme foi classificado IM-18XXX, proibido a menores de 18 anos, para não projeção pública.
a) Stacy Martin, 1,70 m, 54 kg, 79-58-84, sapatos 38 ½, olhos verdes, cabelos castanhos, atriz franco-inglesa, nascida a 1 de janeiro de 1991, em Paris: “O Lars deu-me muita liberdade. Ele realmente não disse ‘Faz isto, faz aquilo’. A única verdadeira indicação que me deu foi ‘Tens que me dar um mau broche, Stacy’”. Num pénis protésico. “O único componente do filme de que Martin tinha queixas era sobre a estranheza dos pénis protésicos nas cenas de broche: ‘Era tão duro como isto’, diz, batendo na mesa em frente dela. E eles diziam tipo: Que gloss queres? É ótimo’, diz ela sarcasticamente”.
b) Em Portugal, na margem sul e Lisboa, assistir custa 50 € e participar 100 €, c/ a Diana (cu de melancia) e o Pedro - Olá, somos um casal jovem heterossexual, ambos bonitos e fisicamente elegantes. Ele 30 anos e ela 20. Adoramos sexo, aventuras, novas experiências e estamos disponíveis a realizar as tuas fantasias. Temos ao teu dispor as seguintes fantasias: Fazemos sexo durante 1 hora, só contigo a assistir ou casais. Aqui não envolve participação de outros, apenas ficam a ver e podem dizer o que querem que façamos na altura. Ela oferece um strip e masturbação com objetos incluído nessa hora. Nesta fantasia vale tudo, anal, oral, engolir, bater, rasgar roupa. A outra fantasia é sexo a 3, com a participação de outro homem ou mais homens sempre com o meu namorado a ver ou participar. Vale tudo, anal, dupla penetração anal, vaginal e ambas, oral, podem bater, puxar cabelos, chamar nomes, tratar-me mal, sou a tua puta na cama. Fazemos deslocações a motéis ou a tua casa e poderemos ver na nossa =) Só Margem sul e Lisboa. Contudo, cada fantasia tem um preço: Assistir 50e Participar 100e Duração 1 hora ambos. Pretendemos sigilo, higiene e preservativo =).
Este casal, serial entrepreneur (anal, dupla penetração anal, vaginal e ambas, etc.), abandonou o investimento não produtivo (órgãos genitais para fazer xixi) pelo money for value. “No sofá”. “Ninfomaníaca Portugal”: “aah”, “aah”, “aah, fogo, não, por favor, para seu cabrão”. “Hotel anal”: “para, cabrão, aah, aah, para, cabrão de merda”, “para, cabrão, porra, qu’abrasa, aaaah, aaaaah”, “sai, cabrão, aaah”. “Vício anal: “aah”, “aah”, “aah, hum”, “aah, não posso”, “eu não quero”. Pedro: “não queres não”. Diana: “Para!”, “fogo! ‘tas-me a magoar, aaa-mor”, “sai, sai, sai, sai, aaaaah, meu Deus!”.

no aparelho de televisão

China Beach” (1988-1991), série americana transmitida aos sábados, cerca das 22:40 na RTP 1, de 13 de maio / 1 de julho de 1989. “A série retratava questões familiares de comédias negras de guerra como ‘M*A*S*H’ e alegorias revisionistas como ‘Apocalypse Now’. O enredo explorou a corrupção ou inépcia das autoridades militares; a incapacidade dos soldados para funcionar em interação ‘normal’; a necessária postura da equipa médica de ironia corrosiva; ou a súbita restrição da guerra na amizade ou romance”. A sua promoção em Portugal: “três jovens mulheres: uma enfermeira do exército, uma voluntária da Cruz Vermelha e uma cantora. Todas elas vieram até China Beach por motivos vários. Porém China Beach não é uma colónia de férias; trata-se de China Beach, em Da Nag, no Vietname, em 1967. A guerra do Vietname estava no seu auge e as três mulheres estava no epicentro dessa guerra”. Encontro no chuveiro. C/ Dana Delany, 1,70 m, 62 kg, 94-64-89, sapatos 38 ½, olhos castanhos, cabelos castanho escuro. Ela foi Lisa Emerson no filme “Exit to Eden” (1994), c/ a clássica cena onde senta o seu desnudo rabiosque nas costas de Paul Mercurio: “Agora vou deixar-te sentir o que gostarias muito de ver”; e Marg Helgenberger, 1,67 m, 54 kg, 81-63-83, sapatos 37, olhos azuis, cabelo ruivo. Ela foi a detetive Rose Ekberg no telefilme “Frame by Frame / Conundrum” (1996), c/ a clássica cena de sexo em peúgas brancas findando com rugas na testa. “Châteauvallon” (1985), o Dallas à la française, série franco-helvética-britânico-ítalo-luxemburguesa transmitida às sextas-feiras, cerca das 13:30 na RTP 1 de 16 de dezembro de 1988 / 9 junho de 1989. “Nas margens do Loire, em Châteauvallon, vive a rica e poderosa família Berg. Na Commanderie, a sua propriedade, celebra-se o duplo aniversário do patriarca, Antonin e do seu jornal La Dépéche républicaine. A festa marca também o regresso de Florence, a filha pródiga, que o pai gostaria de ver tomar o leme. No dia seguinte, encontram o cadáver do jornalista Paul Bossis. Este último investigava a duvidosa transação imobiliária de Sablons. André Travers, igualmente jornalista e amigo de Paul, decide realizar a sua própria investigação. Segredos, mentiras e traições não tardam em surgir. Paralelamente, o clã dos Kovalic, imigrantes jugoslavos liderados por Gregor e Albertas, tenta impor-se na cidade e aspira destronar os Berg, com quem têm um penoso litígio”. C/ Chantal Nobel, Raymond Pellegrin, Luc Merenda, Georges Marchal, Jean Davy, Barbara Cupisti, Denis Savignat, Pierre Hatet, Philippe Rouleau, Claude Olivier Rudolph, Ugo Pagliai, Muriel Montossé… “Highway to Heaven” (1984-1989), em português, o popularíssimo “Um anjo na terra”, transmitida às quintas-feiras, cerca das 13:30 na RTP 1 de 13 de abril de 1989 / 1 de março de 1990. “Jonathan Smith é um anjo em período probatório enviado de volta à Terra para ajudar as pessoas. No primeiro episódio, ele conhece o amargurado ex-polícia Mark Gordon, o irmão de Leslie (Mary McCusker), assistente no lar de terceira idade Heavencrest. Jonathan, na sua primeira missão, ajuda, tanto os velhos a comprarem o terreno do lar, assim como a Leslie a desinibir-se, curtir a vida e a alindar-se para o amor. Mark toma consciência da sua solidão e diz a Jonathan que ‘quer ajudá-lo a ajudar pessoas’. Os dois começam a viajar pelo país como trabalhadores itinerantes, recebendo tarefas do Chefe (uma entidade invisível com a qual apenas Jonathan consegue comunicar mormente olhando para cima), sendo a missão trazer amor, compreensão e humildade às pessoas que encontram. Os episódios típicos ressaltavam a moral, temas cristãos, embora muitos lidassem com fraquezas humanas comuns, como egoísmo, rancor e cobiça, outros abordaram tópicos como o racismo e o cancro. Alguns episódios, contudo, foram gravados principalmente para galhofa (tal como Landon a recriar o seu famoso papel principal no seu filme de 1957 ‘I Was a Teenage Werewolf’”. – O ator Paul Walker, que foi para os anjinhos num acidente de viação a 30 de novembro de 2013, participou em vários episódios: “Birds of a Feather” (1985) e “A Special Love” (1986).

na aparelhagem stereo

Ed, acho que não nos devemos ver mais”, após engolir – responde Cathy (Nicole MacKay), apanhada na cama com Jack (Alejandro Rae), à pergunta do namorado, (na mente, dele), Ed Waxman (Brendan Fehr): “Cathy, diz alguma coisa?”, no filme “The Long Weekend” (2005), em português “Sempre a bombar” [1]. Este quadro, banal, doméstico, quotidiano, enfeita a questão fulcral das sociedades com canais televisivos noticiosos 24 horas / dia: que fazer com a boca quando o cérebro funciona sobre input de informação e tempo para a processar? No segmento televisivo “Single Best Chart” a locutora americana da Bloomberg, Scarlet Fu, expõe um tema: As bandas de heavy metal como um indicador global de riqueza e diz: discutam. Não diz: ide informar-vos, ide para a universidade e aprendei, ide estudar. Não. Ela diz: discutam [2]. E, ato reflexo, as bocas desbragam-se em vazias sandices, trabalho não produtivo de um órgão escravizado pela premência de dizer, algo, seja o que for, não acrescentando valor algum ao produto final, quando, numa sociedade prudente, o ato de sucção executado por Cathy no Jack, otimizar-lhe-ia a rentabilidade.  
Uma História. “O heavy metal nasceu oficialmente uma sexta-feira 13. O 13 de fevereiro de 1970, mais exatamente. Nesse dia, a Vertigo, etiqueta experimental da casa Philips, edita um álbum de um grupo inglês de Birmingham, cujo cantor teve uma estadia na prisão antes de trabalhar num matadouro, e cujo guitarrista amputou duas falanges da mão direita quando tirava um estágio em metalurgia. O seu nome, Black Sabbath, é o título da virtuosíssima canção que encerra os seus concertos, mas igualmente o título de um filme de terror italiano de 1963 onde o diabólico Boris Karloff introduz a angélica Michèle Mercier. (…). Para medir o impacto que teve este primeiro Sabbath no seu tempo, recordemos que a aura satânica do grupo foi suficientemente credível por certas ligas puritanas para conduzir à anulação da sua primeira tournée nos Estados Unidos, o país tentando, na altura, esquecer os assassinatos rituais cometidos pela família Manson. Assim nascerá um género musical diferente dos outros, que alguns entendem fazer hoje uma corrente criada a partir do nada, o fruto letal de uma geração espontânea de músicos vindos de algures. Tal como Ian Christe que, no seu manifesto ‘Sound of the Beast’, escreve: ‘Black Sabbath surgiu no mundo musical como o monólito de ‘2001: odisseia no espaço’. Na verdade, o pavio dos cânones do género foi acendido muito antes que Osbourne & companhia completassem a puberdade. Há algum tempo que músicos ingleses e americanos se desafiavam no decibel… Quando, em setembro de 1966, Jimi Hendrix desembarca em Londres, ele tem na sua bagagem o equivalente a uma arma atómica: a sua guitarra. Sob a sua influência, a sintaxe dos blues, que a maior parte dos guitarristas ingleses reverentemente utiliza, transforma-se numa linguagem, ao mesmo tempo virtuosa e explosiva, refletindo uma ambição mais virada para uma estética sonora mais radical. A fórmula triangular que Hendrix desenvolve com The Experience, geralmente designada como power trio, simultaneamente, um outro guitarrista, herdeiro da tradição dos blues eletrificados, refina-a pelo seu lado: Eric Clapton. Cream, o grupo que acabara de fundar com o baixista Jack Bruce e o baterista Ginger Baker, também assume como missão redefinir o espaço dos blues, permanecendo fiel ao seu espírito”, na revista “InRockKuptibles Heavy Metal” (2012).
A primeira revista. “No final de 1979, quando a revista ‘Sounds’ edita um fascículo de doze páginas a preto e branco chamado ‘Kerrang!’ sobre a renovação do metal na Inglaterra, a edição esgota-se em poucos dias. Embora a ideia inicial fosse não fazer mais que um número, terá um, dois depois três especiais, antes que ‘Kerrang!’ se torne na primeira revista de heavy metal do mundo a 6 de junho de 1981”, ibidem.
Uma divisão: o speed metal. “Aparecido no final dos anos 70 através de grupos como Motörhead e Judas Priest, o speed é um termo presentemente pouco usado, englobado no vocábulo mais genérico que é o trash. Como o heavy empurrado para os seus últimos redutos, mas menos pesado nos seus climas que o trash, e menos centrado no baixo também, o speed permite a eclosão do duplo bombo, como na introdução de ‘Overkill’ dos Motörhead. (…). O título emblemático do speed metal é certamente ‘Fast as a Shark’ dos Accept, saído em 1982. O seu início fez ranger muitos dentes. A falsa pista da sua introdução folclórica, (o polémico ‘Heidi, heide, heida’, também chamado ‘Ein Heller und ein Batzen’, canção cantada frequentemente pelas tropas alemães que ocupavam a Europa na Segunda Guerra Mundial), cede lugar aos gritos de Udo Dirkschneider e ao bombo duplo a 140 bpm de Stefan Kaufmann que leva tudo à sua passagem. A famosa introdução, de 1830, uma canção de copos, do outro lado do Reno, é entendida como um canto nazi em França e na Polónia, porque ela ilustra documentários sobre a Segunda Guerra Mundial”, ibidem.
Outra divisão: o trash metal. O (um) álbum que solta o refugo: “Pleasure To Kill” (1986), dos alemães Kreator. O vocalista e guitarrista Mille Petrozza: “Quando fizemos o nosso primeiro álbum, (‘Endless Pain’, 1985), não pensámos que faríamos um segundo, ou um terceiro ou até um quarto. Era tudo uma grande aventura, naquele tempo. Tivemos uma porrada de estúpidas experiências com drogas. No auge dos anos 80, você tem que imaginar, nós estávamos nesta banda e em 89 tínhamos todos tipo 21 anos, muito novos, e tudo à nossa volta era só álcool e drogas. Lembro-me que fizemos uma tournée pelos Estados Unidos e gastámos tanto dinheiro em cocaína que, quando regressámos a casa, não tínhamos ganhado nada. A única coisa que me fez pensar foi, se você quer fazer dinheiro disto para viver, mas gasta-o todo em drogas, você não vai fazer dinheiro nenhum. (…). Eu estava a usar (drogas) quando era realmente muito novo. Parei quando tinha apenas 25 anos, porque pessoas que eram muito talentosas, não tiveram o poder para subsistir, e então, simplesmente desapareceram, ou começaram a feder ou mesmo morreram”, na revista Terrorizer n.º 224 (2012).
No outro canto do ringue está o guitarrista mais lento do mundo: dos Earth. “É um conjunto musical sedeado em Seattle, Washington, formado em 1989 e liderado pelo guitarrista Dylan Carlson. A música dos Earth é quase toda instrumental, e pode ser dividida em duas etapas diferentes. O seu trabalho inicial é caraterizado pela distorção, droning, minimalismo e morosas e repetitivas estruturas musicais. A produção posterior da banda reduz a distorção, incorporando elementos do country, jazz rock e folk. Os Earth são reconhecidos como pioneiros do drone doom, com o álbum ‘Earth 2: Special Low Frequency Version’ (1993), considerado como um marco no género. Dylan Carlson fundou a banda em 1989, juntamente com Slim Moon e Greg Babior, tirando o nome Earth, da designação original dos Black Sabbath. Carlson manteve-se o núcleo da banda ao longo das suas mudanças. Fora do círculo da música underground, Carlson é talvez mais conhecido por ter sido amigo chegado do ícone do grunge Kurt Cobain, assim como a pessoa que comprou a arma que, mais tarde, Cobain usou para se suicidar” ▬ “Extra-Capsular Extraction” (1996), c/ voz de Cobain em “A Bureaucratic Desire for Revenge, Part 2” ♪ “Hex; Or Printing in the Infernal Method” (2005).
E outra divisão: o doom metal. O álbum que solta a condenação: “Epicus Doomicus Metallicus” (1986), dos suecos Candlemass. O baixista Leif Edling: “‘Estudei economia e, ou você continua para se tornar um banqueiro ou trabalhar para uma companhia de seguros – eu não estava interessado em nada nisso’, ele ri, recordando que a falta de orientação vocacional na altura, significou que ele tropeçou em economia, enquanto fazia figas para que a sua banda Nemesis fosse notada. ‘Nemesis era praticamente tudo o que eu queria fazer, mas era inédito para uma banda de metal obter um contrato discográfico, naquele tempo era impossível. Eu, certamente, não queria trabalhar num banco, então continuamos com a banda. Inconscientemente, era perseguir aquele sonho sem realmente saber que sonho era – éramos uns teimosos do caralho e nada mais era tão importante! Graças a Deus a banda arrancou’. Formando os Candlemass após o fim dos Nemesis, a pretensão de Leif, no princípio, era lançar um álbum. Agora, rebobinando os anos desde a sua primeira obra, ‘Epicus Doomicus Metallicus’ de 1986, ele sente-se afortunado pelas hipóteses que tiveram. ‘A banda estava quase no fim depois desse primeiro álbum’, recorda ele. ‘Epicus… não vendeu tão bem quanto isso e fomos dispensados pela editora. Mas tivemos sorte de conseguir um novo contrato. Nós simplesmente trabalhámos e trabalhámos nos anos 80’. (…). Quando somos novos podemos acordar de manhã um pouco ressacados. Tomamos o pequeno-almoço e desaparece. Agora, quando você acorda depois de uma noitada, não consegue aguentar-se das canetas o dia todo! É como se precisasses de uma ambulância! Nós tocamos os concertos, sentamo-nos, tomamos um copo de vinho e conversamos, e então vamos para a cama, assim, é um pouco diferente’” [5], na revista Terrorizer n.º 224 (2012).
“O mundo do metal, não estando impermeável às mudanças e evoluções sociais, Rob Halford, dos Judas Priest, acabou por sair do armário na MTV em 1998, quando cantava o já muito trashEat Me Alive’, enquanto que Keith Caputo, vocalista dos Life of Agony, tornou-se Mina Caputo, o primeiro metaleiro transexual”, na revista “InRockKuptibles Heavy Metal” (2012).
Lusas vocações pátria máscula:
GNR, “o Grupo Novo Rock constitui-se oficialmente em setembro de 1980. Os elementos do grupo eram Toli César Machado (bateria), Alexandre Soares (guitarra) e Vítor Rua (guitarra). Pouco tempo depois entra para a banda o baixista Mano Zé que já tinha tocado com Rui Veloso. O primeiro single, com os temas ‘Portugal na CEE’ e ‘Espelho meu’, é editado em março de 1981. O single é um grande sucesso vendendo mais de 15 000 exemplares. Mano Zé abandona, Miguel Megre entra para o seu lugar e mais tarde iria também ocupar-se das teclas. Ainda em 1981, o grupo lança o single ‘Sê um GNR’ que acaba por vender mais do que o primeiro. Em setembro entra para a banda o vocalista Rui Reininho. O primeiro LP, ‘Independança’, é editado em 1982. O disco foi um êxito em termos de crítica, mas é um fracasso em termos de vendas. O disco inclui outro grande sucesso, ‘Hardcore (1º Escalão)’” [3] ▬ no Brasil, em 1989, no programa de Fausto Silva, “Perdidos na Noite”: “Dá fundo / Nova gente”. Heróis do Mar, “em março de 1981, os Heróis do Mar nascem das cinzas dos Corpo Diplomático, com Rui Pregal da Cunha (voz), Paulo Pedro Gonçalves (gui­tarra), Pedro Ayres Magalhães (baixo), Carlos Maria Trindade (teclas) e António José de Almeida (bateria). Más-línguas criticam a atitude estética (organizada) do grupo, bradando que haveria cabeças pensantes de extrema-direita por detrás da banda. O tempo provou que não passavam, de facto, de más-línguas... Em agosto dá-se a edição do single de estreia dos Heróis do Mar, ‘Saudade / Brava dança dos heróis’. Em 18 de novembro é editado pela Polygram o álbum homónimo, produzido por António Pinho. É um disco revolucionário que levanta desconforto nalguma crítica pelas referências nacionalistas, expostas gráfica e tematicamente. As fardas e as bandeiras que o grupo afirma ser um modo de sacudir ‘poltronas instituídas pelo poder’, pretendendo encontrar novas formas de contestar, geram amores e ódios. Há quem os rotule como fascistas ou neonazis. A presença de Pedro Ayres Magalhães no movimento de extrema-direita AXO conduz a alguns equívocos” [4] ▬ em 1987, “A noiva” no Voxmania, na av. frei Miguel Contreiras, n.º 52 A, (que depois chamar-se-á cinema King Triplex). Manifesto, “grupo de Ança, Coimbra, que participou no Festival Só Rock. Os Manifesto eram formados por José Tovim, Chico Parreiral, Jotta e Aurélio Malva. Foram uma das apostas da editora Rotação. O primeiro single incluía os temas ‘Aos domingos vou à bola’ e ‘Você é um homem livre’. Lançaram depois o singleNuclear (à beira mar)’. (…). Tovim e Malva fazem parte da Brigada Vítor Jara”. Lucretia Divina, “nascidos em 1990 em Viseu, os Lucretia Divina foram um projeto de Fernando Alagoa, Rini Luyks (posteriormente Boris Ex-Machina) e do já falecido José Valor (ex-Bastardos do Cardeal, ex-Centro de Pesquisas Ruído Branco, ex-Major Alvega). Tiveram bastante exposição mediática no ano de 1991 por força das suas prestações nos Concursos de Música Moderna da Câmara Municipal de Lisboa e Aqui d’El Rock da RTP (que venceram). O seu mais emblemático tema foi ‘Maria’, mas ‘Romagem de Traineiras’ e ‘Cartel de Sevilha’ também se foram destacando”. Guarda Branca, “grupo de Santarém que lançou o single ‘Boneca’ (1983). No início foram conotados com a onda futurista. O projeto era formado por quatro amigos de infância, com idades entre 21 e 23 anos, Luís Martins, voz e guitarra, Fernando da Silva, bateria, Rui Mendonça, baixo, e Petit Fernand, teclas. Pedro Vasconcelos foi o produtor do único trabalho discográfico do grupo e a capa do disco, bem bonita por sinal, tinha uma fotografia da autoria de Manuela Paraíso, conhecida jornalista de revistas como a Música & Som e mais tarde directora do jornal LP e que hoje está mais ligada à divulgação da música erudita em Portugal”. Manifesta-se, numa entrevista ao Diário de Lisboa, esta nova banda funky: “‘Boneca’ é uma música atual identificada com os tempos que correm. Com a juventude que encara o mundo de forma otimista, sem pretensões intelectualóides”. “A vida, hoje em dia, é cheia de ritmo e as pessoas não podem ficar paradas. Precisam de se enquadrar nas situações”. “‘Boneca’ funciona como prospeção para que o público sinta a nossa existência. Aliás, neste mesmo disco, do lado B existe a versão instrumental de ‘Boneca’ para que as pessoas possam apreciar devidamente os músicos que somos e o conteúdo técnico”. “Muitas bandas portuguesas têm tendência para universalizar a música. Imitar o que se faz noutros países. Por exemplo, nós pensamos que o nosso folclore é muito rico e, quando fazemos rap, não estamos a imitar os estrangeiros. O rap é uma forma de expressão que ainda se utiliza no folclore algarvio”. “Queremos uma música dançável conjugada, com expressões musicais bastante arrojadas que, já havíamos utilizado em ‘Dança’, [“há um ano resolveram gravar uma maqueta com este tema. Vieram até Lisboa e procuraram uma editora. Gravado um máxi-single, houve dificuldades de lançamento. Entretanto, resolveram abdicar de ‘Dança’ e construir outro tema, a ‘Boneca’”], como percussões esquisitas, que vão desde bater no chão, a adufes ou caminhos. Só que para fazermos este tipo de trabalho precisamos primeiro da aceitação deste single pelo público”. O funky a onda seguinte ao rock português? “O rock português não morreu, foi esquecido. Continuam a haver bandas a tocarem rock. Acontece que houve uma altura em que tudo foi editado. As pessoas cansaram-se. As editoras deixaram de gravar essas músicas”. Existe preocupação no visual? “Não, ele é habitual. Se as pessoas pensarem que temos algo de bizarro, é assim que vamos para a escola. É assim que nos vestimos habitualmente. Não é um esforço promocional”. Bit, “são cinco músicos instrumentistas. Na arte dos sons, dizem estar a sua forte inclinação, entre o funky e o rock. Talvez, música de fusão. Com idades compreendidas entre os 25 e 28 anos, quatro deles pertencem a bandas com nome já conhecido do nosso panorâmico musical. Naná Sousa Dias, nos saxofones e teclas, Paleka na bateria e Manuel Paulo, nas teclas pertencem ao grupo de apoio de Rui Veloso. Francisco Neves, no baixo, integra a formação de Lena D’Água, e Luís Stoffel, o guitarrista, trabalha na TAP. Os Bit nasceram no verão de 83, Naná, Manuel Paulo e Stoffel compõem os temas, os arranjos ‘são limados por todo o pessoal’. Todos eles tocam habitualmente jazz, mas não têm a ‘preocupação de tocar um estilo. O que interessa é o tratamento dos temas originais utilizando os sintetizadores. Preocupamo-nos com um som moderno. Aquele que hoje se usa no baixo, no sintetizador, na guitarra, diferente dos sons de uma banda de jazz’. (…). Têm um projeto instrumental. As vozes femininas de Guta Moura Guedes e Teresa Vilela, que os acompanham ao vivo, ‘são utilizadas mais como um instrumento’. O álbum é composto por nove temas. ‘Fun’, ‘Keep Cool’, ‘Pagliacci’, ‘Bolina’, ‘Golden Lips’, ‘Take Off’, ‘Nimbus’, ‘Rua do Paraíso’ e ‘Morgana’. Os músicos explicam a razão dos temas estarem intitulados em inglês. ‘O disco vai ser editado no estrangeiro. Ainda não sabemos em que países, nem quando. Já se mostra a pessoas da EMI, mas apenas àquelas do capital, ainda tem de ser ouvido pelos editores’. Dizem ser este álbum composto de ‘música para o verão. Dançável. Com balanço. Não sabemos o que nos leva a fazer esta música. Sabemos que a gostamos de fazer. Não podemos dizer qual o conteúdo, pois não tem letra’. (…). Quanto às influências que os orientam, os Bit expressam que ‘todos tocamos jazz. Há sempre uma nota de improviso nos nossos temas. Todos atravessámos a fase do jazz / rock. Dos Weather Report, Chick Corea. Todos somos tesos. Todos gostamos do bom rock. Somos da geração do rock, crescemos com ele’. (…). Sobre a origem do nome do grupo explicam: ‘Às cinco da manhã, algures em Benfica, passou um gajo do Porto que disse: foste, tu, eu bit’. De si próprios dão a imagem de um ‘anúncio da Tuborg, sem o sapato, sem o copo e sem a garrafa. Quanto ao disco funciona como os elevadores do anúncio da Martini’”.
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[1] Em português, outros exemplos de títulos a seus pés. “21 Jump Street” (2012) = “Agentes secundários”. “This Is 40” (2012) = “Aguenta-te aos 40!”. “Just Go with it” (2011) = “Engana-me que eu gosto”. “Bridesmaids” (2011) = “A melhor despedida de solteira”. Attack the Block” (2011) = “Ets in da bairro”. “Get Him to the Greek” (2010) = “É muito rock, meu!”. Up” (2009) = “Altamente”. “Forgetting Sarah Marshall” (2008) = “Um belo par… de patins”. “Knocked Up” (2007) = “Um azar do caraças”. “Superbad” (2007) = “Super baldas”. “Shaun of the Dead” (2004) = “Zombies party – uma noite… de morte”. “White Chicks” (2004) = “Loiras à força”. “La chinoise” (1967) = “O maoísta”. “Breakfast at Tiffany’s” (1961) = “Boneca de luxo”.  
[2] “A escuridão emocional do metal, disseram alguns, refletiu os longas noites frias de inverno do norte da Europa. A fúria da música e a violência de algumas das suas letras ressoavam com o passado pagão da Escandinávia, tanto quanto esses invasores vikings e berserkers. Um comentador sugeriu que a música se relacionava, mundialmente, com altos níveis de alcoolismo. De facto, um artigo de há dez anos de Mark Ames, ‘Nação do metal: o que os javardolas noruegueses e Richard Perle têm em comum?’, sugere que o metal possa ser o id adolescente que ferve sob a fachada externamente complacente da Europa do norte. ‘A Noruega’, escreveu ele, ‘não é apenas uma sociedade absolutamente sem sentido de humor algum… mas… uma sociedade profundamente opressiva, num reconhecível, brando, solidário, piedoso, estilo social-democrata. Os metaleiros sentem o seu tédio, especulava ele, como ‘sofrimento real’. De acordo com esta lógica, o metal pode ser um produto de sociedades ricas, uma reação contracultural para os privilegiados”.
[3] “Os GNR sentiram a influência da cidade onde se movimentavam de formas díspares: uns pela vida que faziam (Alexandre Soares achava a cidade ‘vivíssima’), outros pela ausência de uma vida de entusiasmo e algum tédio: ‘Costumo dizer que ensaiávamos imenso porque não se passava nada no Porto’, afirma Toli César Machado. ‘O Porto pouca coisa tinha em termos de discotecas’, continua. ‘Tinha a que nós íamos mais, o Griffon’s. Era a discoteca da altura, a que passava música mais moderna. Encontrávamo-nos todos nos concertos, a maior parte no Pavilhão Infante Sagres e no Pavilhão Académico. Pouca coisa mais havia’. ‘Havia três ou quatro espaços para nos encontrarmos à noite para dançar’, relembra Vítor Rua. ‘Lembro-me que o Batô passava boa música: punk, new-wave. De resto trabalhávamos muito: muitos ensaios (quase diários). Não era uma cidade alegre e aberta. Eu não entrava nas discotecas porque usava o cabelo azul e vermelho’, conclui. (…). A forma como surge a hipótese de gravar e editar o primeiro single também não terá sido menos peculiar. Vítor Rua: ‘Tinha saído uma notícia no Tal & Qual, do jornalista Luís Vitta, a dizer ‘vejam bem: existe um grupo no Porto chamado de GNR’. Dias depois, vou a um concerto dos Gang of Four, vestido com uma t-shirt que dizia GNR escrito com sangue. Fui abordado por uma pessoa que me perguntou se eu era dos GNR. Disse – estranhado por alguém nos conhecer – que sim. Foi então que o Chico Vasconcelos [Francisco Vasconcelos, A&R da Valentim de Carvalho] se apresentou, dizendo que era da Valentim e queria que fôssemos a Lisboa para gravar. Foi fácil’”, na revista Blitz.
[4] Não havia equívocos. Paulo Borges, Pedro Ayres Magalhães e António Albuquerque Emiliano rebocavam proselitismo do AXO, na Faculdade de Letras, em 1981, para barbear a decadência democrática com lâminas imperiais. O primeiro comunicado dos Arautos do Quinto Império chamado, “O Mito Renasce – A raça está Viva!”, terça por nós: “1. O sistema democrático-populista e o preconceito do valor das multidões esgotam as possibilidades de aproveitamento total das capacidades superiores da Raça Humana. A luta Axista devastará o reino das trevas! 2. O predomínio ditatorial dos valores decadentes e niveladores duma moral de rebanhos arrasta o indivíduo para o infindável abismo da doença. 3. A asfixia dos impulsos apaixonados, a calúnia do vigor e da energia, o culto do meio-termo e da inércia, a falta de ousadia, são as infames amarras que estrangulam as formas mais elevadas da Criação. A nossa juventude não pode tolerar semelhante podridão e atrofia cultural. - O SANGUE JOVEM É CHAMADO ÀS LINHAS DA FRENTE. - Os nossos avós conciliaram, os nossos pais demitiram-se, - NÓS ATUAMOS”. Outros axistas além dos citados: António José Maia, Edgar Pêra, José Alexandre Conefrey, Pedro Bidarra e Vasco Soares. Sede do grupo: rua Ernesto da Silva, 30, em Benfica.
[5] Os velhos, essas algálias, negativa spillover, são trapaceados pelos políticos, pelos ladrões e pela miúda gira na discoteca, porque sucumbem à fisiologia. “Dois estudos recentes publicados na revista Proceedings of the National Academy of Sciences – desenvolvidos pela psicóloga Shelley E. Taylor e pela sua equipa da Universidade da Califórnia – descobriram a causa que faz com que as pessoas mais idosas sejam mais propensas a ser alvo de burlas e fraudes do que as outras. Os resultados demonstram que o cérebro dos adultos mais velhos não percebe tão bem os sinais suspeitos de desonestidade como o dos mais novos. Um primeiro estudo mostrou que o cérebro dos idosos não identifica sinais de falsidade no rosto das pessoas e o segundo estudo – que recorreu à ressonância magnética funcional – descobriu que uma região cerebral chamada ínsula anterior (associada às reações de repulsa, mais concretamente à capacidade de distinguir as pessoas sinceras daquelas que são desonestas) não se ativava nas pessoas mais velhas”, em Domingo, revista do Correio da Manhã 11 / 05 / 2014.