O país está desvirilizado e enveredou por comportamentos anómicos (tl;dr)
O bom país, habitado pelo bom povo, é aquele que estende oportunidades de um futuro com mais prosperidade a todos os cidadãos, todos sem exceção, o que suscita o problema de nivelamento democrático: que fazer com aqueles portadores de cheque genético careca, os sem inteligência natural, as pessoas jeitosinhas? Essas safam-se em nome da igualdade na política [1]. Colam cartazes, acenam bandeiras, distribuem propaganda, fazem número, aplaudem, gritam Muito Bem! dançam com cadeiras, trepam aos gabinetes, amigam-se aos certos. E, com esta abertura fácil, saltam do ministério para os cargos bons, com dinheiro bom ao fim do mês, são eles: Director, Fiscal Affairs Department, Director of the Country Studies Branch at the Economics Department of the OECD, United Nations High Commissioner for Refugees, President of the European Commission, Non-executive director, consejero independiente… [2] Contudo, a coisa pública em si não é um deserto de rendimentos, um pantanal de pobreza, apraz uma pessoa frugal, que favoreça um hambúrguer de vegetais com alioli e azeitona preta em prejuízo da mariscada de percebes, amêijoas, ostras, sapateira e camarão cozido servida com as tradicionais tostas e maionese. No global, o cargo político é semi-lucrativo, dá para a vidinha. Para a viver, os titulares, votaram na casa da democracia em 1985 um petit rien para dignificar a classe política, uma subvenção mensal vitalícia [3].
Na política ele foi secretário de
Estado de Portugal das Finanças do IV Governo Constitucional Português
(1978-1979) e do Governo Português VI Constitucional (1980), o deputado /
membro do Parlamento Português (PSD) nas eleições legislativas que tiveram
lugar entre 1980 e 1995, e secretário de Estado do Orçamento de arquivo VII,
VIII e IX Governos Constitucionais portugueses 1981-1985. Alípio Dias recebe o
seu direito adquirido [4]. Alípio Dias justifica:
«Eu desconfiava é de quem abdica. Será que quem abdicou teve sempre um
comportamento exemplar? (…). Quando fiz campanhas eleitorais não me pagaram
a gasolina ou os arranjos do meu carro», conta. Disse ainda que quando foi
secretário de Estado era o pai que lhe pagava a estadia em Lisboa. «Dei muito
de mim à política e não tive direito nem a uma medalha de cortiça», lamenta,
acrescentando que no seu tempo não era preciso um código de ética. «A
ética estava em nós. Não havia isto de andar tudo a comer à conta», afirmou.” Alípio Dias para desviar as atenções de que a
carreira política é lucrativa, e os gastos apenas um investimento no futuro,
faz política, baralha lucros com louros, e lança a lama da desconfiança sobre
Marques Mendes que abdicou.
“São 330 os políticos portugueses
que têm direito à subvenção vitalícia, mas só cerca de 200 é que recebem esta
prestação criada há 31 anos para compensar os titulares de cargos políticos,
como deputados e ex-governantes, pelo tempo que dedicaram à causa pública. No
topo da lista da Caixa Geral de Aposentações (CGA), divulgada pela primeira vez
e reproduzida pela revista Visão, estão os ex-governadores de Macau, Rocha
Vieira e Carlos Melancia. O primeiro tem direito a uma subvenção de 13 607
euros (brutos), mas está com redução parcial, enquanto Carlos Melancia recebe
9727 euros. Os antigos primeiros-ministros António Guterres, José Sócrates e
Santana Lopes constam da lista, mas só um recebe o valor na íntegra: Sócrates
com 2372 euros (tem a subvenção há dois meses). Guterres, candidato à
ONU, tem direito 4138 euros, mas está a receber parte desse
montante, uma situação que se aplica nos casos em que exista exercício de
atividade privada, incluindo atividades liberais. Já o provedor da Santa Casa
da Misericórdia, Santana Lopes, a quem foi atribuído 2199 euros, está com o
pagamento suspenso (redução total, por exercer função pública remuneradas). Aos
ex-chefes de governo juntam-se deputados, ex-deputados, autarcas, líderes
partidários e ex-presidentes da Assembleia da República. Entre estes últimos,
Barbosa Melo é o que tem a reforma vitalícia mais alta: 4296 euros. Segue-se
Assunção Esteves com 3432 euros e Mota Amaral, com 3115 euros. Jerónimo de
Sousa (2282 euros, com redução total), Manuel Alegre (3052), Maria de Belém
(2372, com redução total), Rui Rio (1379, com redução total), Adriano Moreira
(2685 euros, redução parcial), Bagão Félix (2030, com redução total), Leonor
Beleza (2566 euros, suspensos por presidir à Fundação Champalimaud), Carlos
Carvalhas (2819), Duarte Lima (2289 euros), Armando Vara (2014 euros, com
redução parcial) são alguns dos nomes que constam na lista. Segundo a CGA, o
atual conselheiro do Presidente da República Marques Mendes é o único que suspendeu
por iniciativa própria a reforma de 3311 euros a que tinha direito.”
1984. Segunda-feira,
30 de abril. “Na etapa da manhã da Volta do Algarve, [Marco Chagas venceu os 77
quilómetros em 1h 53m e 40s], desenrolada entre Faro e Quarteira, a cerca de
300 metros da meta, aconteceu um tremendo percalço: um cão meteu-se entre os
ciclistas que, em pelotão compacto, sprintavam para o risco branco. Vários
corredores desequilibram-se, alguns chegaram a cair (caso de António Palma, do
Tavira, que foi suturado com 13 pontos no queixo) mas o que iria mas sofrer
seria o chefe dos «leões» que, neste regresso às estradas e ao ciclismo
português, já envergava a camisola amarela: embatendo no chão, sofreu uma
fratura do parietal direito, com hematoma epidural. Porém, ainda que
extremamente abalado, quase inconsciente, Agostinho foi novamente colocado
sobre o selim da sua bicicleta e, apoiado por José Amaro e Benjamim Carvalho,
concluiu a tirada, sem que se tivesse uma perfeita noção da gravidade do seu
estado físico. O médico da turma de Alvalade (Dr. Artur Lopes) providenciou
imediatamente o transporte de Joaquim Agostinho do hospital de Faro, onde foi
detetado forte traumatismo craniano e aconselhado o transporte para o hospital
lisboeta de Santa Maria. (…). Por impossibilidade de qualquer helicóptero ou
avião trazer imediatamente o grande campeão (parece que por dificuldades com o
estado do tempo) a viagem teve de efetuar-se em ambulância dos bombeiros de
Faro que, excecionalmente (e apesar do péssimo estado das nossas estradas)
percorreram 300 quilómetros em pouco mais de três horas. Agostinho chegaria,
afinal ao hospital da CUF, perto das 19 horas: depois de observado deu imediata
entrada na sala de operações, onde se submeteu a difícil e demorada intervenção
cirúrgica, uma vez que o ciclista tinha afundamento do tecido ósseo. Depois da
operação (efetuada pela equipa dirigida pelo professor Lobo Antunes) soube-se
que a intervenção correu bem, mas o prognóstico é extremamente instável,
sujeito a todas as variantes. São precisas 48 horas para se conhecer a reação
do atleta. (…). Pouco depois, mais uma notícia: Agostinho encontrava-se em
estado de coma profundo, não reagindo a qualquer estímulo. Sem respiração
espontânea, respira através de um ventilador e continua com outros problemas, inclusive
de ordem cardíaca.”
Quinta-feira,
10 de maio. “Era um campeão: morreu como um campeão. Esta manhã, pelas 09h37, desapareceu
do mundo dos vivos Joaquim Agostinho, o nosso maior ciclista de todos os
tempos. Vítima de uma queda quando disputava a Volta ao Algarve e estava a 300
metros da meta da Quarteira, o campeão nascido em Brejenjas a 7 de abril de
1943 passou um labiríntico itinerário desde o instante do acidente (10h45) até
dar entrada no hospital lisboeta da CUF, pelas 19h30, já em estado de coma
profundo: situação que se alongou por 230 horas e 7 minutos. Uma paragem
cardíaca terminou a carreira do homem que anos a fio, foi campeão de Portugal,
cinco vezes vencedor da nossa Volta (em duas posteriormente desclassificado por
doping), senhor de um palmarés
invejável, com 14 presenças na Volta a França e dois terceiros lugares (1978 e
1979). Casado com Ana Maria Agostinho, pai de Miguel e Ana Sofia, o atleta
tinha à cabeceira a mulher e o irmão Alfredo quando foi clinicamente
considerado como morto.”
Sexta-feira,
11 de maio. “O funeral de Joaquim Agostinho saiu ao princípio da tarde da
Basílica da Estela, por onde passaram, desde o meio da tarde de ontem, milhares
de pessoas que quiseram manifestar um gesto de despedida ao campeão a quem foi
tão inexoravelmente roubada a vida. [Foi o 6.º desportista de primeiro plano a
morrer tragicamente, a seguir a Francisco Lázaro (maratonista), Ribeiro da
Silva e José Zeferino (ciclistas) e Pepe e Pavão (futebolistas)]. Morto,
Agostinho ainda passou a caminho do cemitério torrejano de Silveiras, diante do
estádio do Sporting, o clube em que jurara terminar a carreira. O presidente da
República e o primeiro-ministro também estiveram, esta manhã, na Basílica da
Estrela. Entretanto, a autópsia, cujo resultado foi divulgado permitiu apurar
que Joaquim Agostinho acabou por sucumbir, ontem de manhã, a uma embolia pulmonar.”
Sábado 12 de maio. “Ficará para a história que, ainda na Basílica da Estela, o
presidente Ramalho Eanes chorou e a sua mulher (a Dra. Manuela Eanes)
comungou. Que também ali estiveram Mário Soares e quase todo o governo,
dezenas de deputados, governadores civis e presidentes de Câmara, dirigentes
desportivos de todos os símbolos. Mas, foi sobretudo a boa gente anónima que
desejou espreitar pela última vez o rosto tisnado do atleta, repousando para
sempre. O cabelo rapado (fora necessário para a operação), um grande lenho no
lado direito do crânio, os resultados da embolia pulmonar visíveis na face a
escurecer. Mas todos queriam tocar, beijar, derramar sobre o caixão uma
lágrima. Amália, Carlos do Carmo, Manuel de Almeida, Paco Bandeira,
Rodrigo, uma torrente de artistas por ali desfilou. Vedetas das pistas ou dos
estádios foram aos punhados: Adília Silvério, Raposo Borges, Fernando Mamede.
Nomes do futebol eram aos montes: desde Fernando Cabrita a Manuel Fernandes, de
Manuel Vasques a Jorge Vieira. (…). Depois, foi o pequeno itinerário até ao
estádio de Alvalade: paragem na porta 10-A, que milhares de vezes Agostinho
ultrapassou com aquele seu ar risonho e traquina que ninguém quer esmaecer na
memória. (…). Em Pinheiro de Loures foi o engrossar da caravana: uma loucura.
Já então se sabia que o futebol português guardará esta semana um minuto de
silêncio em todos os campos. Que o espanhol Juan Antonio Samaranch (presidente
do COI) enviará telegrama de pêsames do Comité Olímpico Internacional. Que, em
três enormes carros e no interior de um autocarro, seguiam 226 ramos ou coroas
de flores: só a do Benfica custou 40 contos. (…). São 16h14: estamos
junto da casa de Agostinho. Uma paragem, a última do campeão. Os pais dele
dão gritos lancinantes. (…). O pároco Francisco Pitinha daria a comunhão a
centenas de pessoas e faria o elogio fúnebre de Agostinho, «esse grande e leal
amigo que, com o seu dinheiro, contribuiu para tantas boas obras como foi o
erguer desta igreja». (…). Agostinho entrou às 17h28 na igreja. O antigo atleta
olímpico António Faria inclina a bandeira do Benfica. Bombeiros fazem guarda de
honra. Ana Maria continua a chorar: a família é o eco. João Roque, Emiliano
Dionísio, Vítor Rocha, Leonel Miranda, António Marçalo: o adeus ao amigo
companheiro de profissão. Os sinos dobram. Orlando Alexandre, mais
homens da bicicleta: toda a gente da Volta. O corpo de Agostinho entra no
cemitério entre toques de sirenes: são 18h48, o desfile junto à urna é
interminável. Finalmente (eram 19h50) o coveiro deita a primeira pá de terra na
cova da sepultura 150 do cemitério de Silveira, ali para os lados de Torres
Vedras.”
Sábado 12 de
maio. “Mas, o incrível sempre acontece: aproveitando toda a família de
Agostinho estar fora de casa (a velar o cadáver) a vivenda do campeão foi
assaltada. Roubaram a mobília de quarto, televisões, máquina de lavar roupa:
tudo o que foi possível carregar numa camioneta. Só que ao partirem um vidro,
houve alguém que se feriu: e foi porque um rapaz apareceu no hospital de Torres
a fazer tratamento a um golpe numa mão que a polícia em menos de um fósforo,
deitou a mão aos dois jovens casais que tinham devassado a casa de Ana Maria.” [5]
Quinta-feira,
3 de maio. “No pacato lugar de Chaves, freguesia de Novelas, no concelho de
Penafiel, aconteceu o insólito: o ajudante de motorista António Marques Pinto,
de 33 anos, casado e pai de um rapaz de 8 anos, meteu-se numa casa que anda a
construir no referido lugar e extraiu a si próprio um testículo, ao
que dizem, «para reprimir o desejo sexual». Ao tomar conhecimento do
sucedido – António Pinho já vinha anunciando esse propósito há algum tempo -, a
mulher ficou aflita e pediu auxílio a vizinhos e familiares, visto que, após a
«intervenção», o ajudante de motorista ficou a sangrar abundantemente.
Compareceram, então, os bombeiros e a GNR de Penafiel, mas António Pinho
negou-se a sair de casa, alegando que ninguém tinha o direito de o forçar a ir
ao hospital. «Eu resolvo o problema sozinho», teria dito o ajudante
de motorista, e a verdade é que já hoje o viram a trabalhar num campo que fica
contíguo à sua residência. Os vizinhos de António Pinho não falam de outra
coisa e recordam que, já em tempos, o ajudante de motorista ficou com os dedos
de uma mão «meio esfacelados e ele coseu-os sem ir ao hospital» e, além disso,
não raras vezes «extraiu quistos a si próprio». Resta acrescentar que António
Pinho guardou «religiosamente» o testículo extraído, metendo-o num frasco
com álcool que a mulher exibiu aos bombeiros e à GNR para dar mais força aos
seus apelos de auxílio.”
“Na Polónia
como em muitos outros países. Foi no sábado, 5 de maio, no Pavilhão dos Congressos, em Varsóvia, que Magdalena Jaworska, 22 anos, estudante universitária, foi eleita Miss
Polónia 84. Magdalena preparar-se-á, a partir de agora, para o concurso de Miss
Mundo, a realizar em finais deste ano, em Londres (venceu Miss Venezuela Astrid Carolina Herrera
Irrazábal).” Eleição Miss
Polónia 84, resultados:
primeira dama de honor – Joanna Karska; segunda dama de honor – Elżbieta Mielczarek; Miss
público – Magdalena Jaworska; Miss cénica – Elżbieta Mielczarek; Miss fotogenia
– Magdalena
Szczepańska; Miss
simpatia – Magdalena Jaworska. Ignorando-o, Magdalena
Jaworska integrará a lista das rainhas de beleza que morreram tragicamente. Magdalena Jaworska-Przychoda, nascida a 3 de junho
de 1961, em Varsóvia, falecida a 26 de julho de 1994. Miss Polónia 1984, miss
Público, miss Simpatia, estudante de Filosofia. Após um ano de reinado e a
transferência da coroa era casada e tinha um filho. Em seguida, escreveu uma
tese sobre o conceito de liberdade em Sartre, e formou-se. Trabalhou como
jornalista, editora, designer de moda. Foi presidente da empresa de moda Miss
Top. Por um curto período de tempo conduziu o programa de notícias Turbo. Em
1990 lançou a sua autobiografia «Para
ser ou não ser Miss». Morreu
tragicamente eletrocutada consequência de um secador de cabelo que caiu durante
o banho. Foi enterrada em 29 de julho de 1984 no cemitério Powązki em Varsóvia.”
Quarta-feira,
9 de maio. “Ângelo Correia parte de um princípio: «o sistema está a
deteriorar-se progressivamente, a democracia está em perigo!». Baseia o seu
diagnóstico no facto da atual coligação não ter, ou não parecer ter, «nenhum
modelo nem ideia de poder». «Mais precisamente, não definiu e aplicou com rigor
um modelo e uma ideia de poder». Para o ex-ministro da Administração Interna, a
democracia também está em perigo porque «o vazio de ideias» é de tal modo
acentuado que «quem comanda é a inércia da burocracia». O vazio de ideias e a
burocracia tentacular fazem com que «a orientação venha de baixo em vez de
cima», declara perentório um Ângelo Correia «pouco interessado» em participar
numa «política de beco sem saída». O homem que ainda há dias afirmava que «em
certos domínios, o executivo manifesta uma certa quebra na esperança que os
portugueses tiveram», vai agora um pouco mais longe: «há falta de decisão
política e de coragem por parte do governo» e «em vez de avançar, está parado o
barco do Bloco Central num mar encapelado e repleto de tubarões». (…).
«Portugal está, a nível de valores e de ideias numa encruzilhada perante si
próprio. Para tentar sair dessa situação necessita, para já, de um debate
nacional que ponha o país a refletir». (…). O PSD terá também, segundo a ótica
de Ângelo Correia, «de pensar o porquê da sua presença no poder». Obrigação
tanto maior quanto é certo, que «perante o vazio de ideias e aviltamento generalizado,
o país está desvirilizado e enveredou por comportamentos anómicos». Neste
quadro, Ângelo Correia não encara com bons olhos que o PSD fique de braços
cruzados. «Estar no poder para não mudar, não vale a pena». (…). Ângelo Correia
diz que o Bloco Central não foi capaz de «explicar o porquê da austeridade,
não apontou o caminho da cura». «Também não foi capaz de corrigir o
Estado tentacular, o Estado tutor que desestimula e mata o cidadão (…) nem de
tomar medidas que permitam o retrocesso da crise social que o país está a
viver». (…). Para ele, que se diz mais interessado nos problemas do país do que
no regresso ao executivo «não há nenhum aliciante em participar na política de
beco sem saída que está a ser seguida pela fórmula governativa em vigor».”
____________________
[1] Tange a guitarra Luís Marques Mendes. “Além disso,
continuou, é preciso pensar o regime remuneratório dos políticos, porque «o
barato sai caro». Ou seja, ao pagar-se «pouquinho a um governante», podem
conseguir-se atrair pessoas «jeitozinhas», «mas já não são os melhores». Contudo,
ressalvou o antigo líder do PSD, também não se trata de «passar do oito para o
80» e introduzir «salários milionários», porque «a política não é um sítio para
enriquecer».”
[2] “A filial que nomeou [Paulo Portas] conselheiro tem a
sua sede em Madrid e foi criada em junho de 2014, quando a mexicana sai do
capital da Repsol, e mudou para Espanha duas holdings, até então sedeadas no paraíso fiscal das ilhas Caimão,
que concentram boa parte da sua atividade de venda e comercialização de gás a
nível internacional. Naquela época, a 6 de junho de 2014, numa visita a Lisboa
do presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, a Pemex subscreveu um memorando de
entendimento com a portuguesa Galp «relacionado com a troca de informação e/ou
desenvolvimento de projetos», segundo a Pemex. O conteúdo desse acordo foi
declarado «confidencial» pela Pemex há um ano. Não estará aberto ao público até
outubro de 2026.”
[3] “Em outubro de 1984, o Governo de Soares e Machete
avançaria com a proposta de lei 88/III que, após várias alterações, acabaria
por ser aprovada no Parlamento com os votos favoráveis do PS e do PSD, dando
origem ao primeiro «Estatuto remuneratório dos titulares de cargos políticos»
(Lei n.º 4/85, de 9 de Abril). (…). É no artigo 24º do diploma que aparece o
direito à Subvenção mensal vitalícia. Quem pode receber? «Os membros do
Governo, os deputados à Assembleia da República e os juízes do Tribunal
Constitucional que não sejam magistrados de carreira têm direito a uma
subvenção mensal vitalícia desde que tenham exercido os cargos ou desempenhado
as respetivas funções após 25 de abril de 1974 durante 8 ou mais anos,
consecutivos ou interpolados». Em 1995, estes 8 anos passaram a 12 por
iniciativa do Governo de Cavaco Silva. No entanto, este acrescentaria ao rol de
beneficiários «Governador e secretários adjuntos de Macau». Foi António Almeida
Santos (PS), (…), que defendeu a proposta do Governo na Assembleia da República
(AR). Na altura era ministro de Estado. O seu argumento central a favor do
estatuto dos políticos foi: «O que eu entendo é que se estamos à procura de uma
oportunidade para dignificar a classe política, para também fazer justiça à
classe política, para termos uma classe política ao nível das outras
democracias, às quais queremos pertencer e emparelhar no âmbito da CEE, se
assim é, se queremos ultrapassar a fase do amadorismo, a fase do
biscate, a fase de estarmos aqui um bocadinho e irmos fazer uma minuta ou
acabarmos de assinar um projeto, se é essa a nossa conceção de classe política
nunca mais teremos democracia em Portugal», reza o diário do Parlamento, que
relata a sessão de 7 de dezembro de 1984. Perante os ataques de vários
deputados do PCP (José Magalhães, Carlos Brito) e de Raul de Castro (MDP/CDE),
que questionaram por que razão o Governo não iria ser tão generoso com os
restantes trabalhadores portugueses, Almeida Santos ripostava: «Quanto a saber
se vamos aumentar todas as camadas da população ao nível dos europeus, já
referi que mesmo depois desta correção ainda ficamos abaixo dos níveis
europeus. Também já disse que a classe política é a classe política e o
resto do País é o resto do País».”
[4] Biografia de um vulto nacional. “Houve três sinais
que alertaram Alípio Dias, se não para a revolução, para que qualquer coisa aí
vinha. O primeiro episódio passou-se quando tinha apenas 12 ou 13 anos e foi
encontrar-se em Lisboa com o pai, chegado de uma estada em Angola e Moçambique.
As histórias encadeiam-se umas nas outras e o economista acabou por ser o único
homem do Norte a participar no almoço de 27 de abril, na Cova da Moura, onde o general
Spínola traçou o futuro do país. Entre 1974 e 1984 foi responsável pelo fecho
das contas do Estado e em 83 negociou com o FMI um empréstimo de 650 milhões de
dólares a Portugal. Garante que houve concessões que não foram feitas e não
percebe porque é que hoje há de ser diferente, a não ser pela mediocridade dos
negociadores.” “No 25 de Abril era diretor do jornal Comércio do
Porto. Tinha alguma ideia do que estava para acontecer? Deixe-me ir um pouco
atrás para explicar uma série de sinais que fui juntando e que me levaram a
perceber que alguma coisa estava para acontecer, embora não soubesse o quê. O
primeiro foi quando o meu pai, que tinha uma casa comercial, regressou de uma
ida a Angola e a Moçambique. Eu teria 12 ou 13 anos, já não o via há dois meses,
e pedi para ir encontrá-lo a Lisboa. E ele disse--me: «A viagem correu muito
bem, venho muito feliz. De facto, Angola e Moçambique são países muito ricos.
Agora, digo-te uma coisa, são grandes e ricos demais para serem governados do
Terreiro do Paço». Esta foi a primeira coisa que me abriu os olhos e ficou a
fervilhar, porque um puto também fica a fervilhar. Qual foi a segunda? Teria aí
uns 15 ou 16 anos. Li o «Império Ultramarino Português», de Henrique Galvão
[capitão do exército e inspetor da administração colonial] e Carlos Selvagem
[militar e jornalista], mas fiquei particularmente fascinado com o volume sobre
Angola. O terceiro episódio foi um artigo do L’Express, de Edouard Bailby,
correspondente em Lisboa, já em fevereiro de 74, «L’Armée au Portugal commence
à bouger».”
[5] Os bons métodos perduram. “Liam jornais locais para
saber dos funerais, casamentos e festas. Era assim que, durante um ano e meio,
escolhiam os alvos a assaltar nos distritos de Braga, Viana do Castelo e
Porto. Ontem, no julgamento em Braga, um dos 16 arguidos, acusados de 43
furtos, confirmou o esquema. «Víamos os jornais para saber os funerais e íamos
fazer as casas», disse Joaquim Moreira, de 25 anos, conhecido pela alcunha de «Puto».
Participou em mais de 20 assaltos em casas, escolas, juntas de freguesia e
também estabelecimentos comerciais. Os 16 arguidos – entre os quais três
mulheres que recolhiam informações sobre os donos das casas – têm idades entre
os 55 e os 25 anos. Cinco estão presos, por crimes entre fevereiro de 2013 e
outubro de 2014. No assalto a uma moradia em Braga, foram apanhados a tentar
furtar 220 mil euros de um cofre”, em Correio da Manhã, 03-09-2015.
na sala de cinema
“Sgt. Pepper's Lonely
Hearts Club Band” (1978), real. Michael Schultz, c/ Peter Frampton,
Barry Gibb, Robin Gibb, Maurice Gibb … estreado quinta-feira, 10 de abril de 1980
no Império. “O filme foi produzido por Robert Stigwood, fundador da RSO
Records, que tinha anteriormente produzido «Saturday
Night Fever». A RSO
Records também lançou a banda sonora do filme «Grease» em 1978, que tinha produção de Barry Gibb e Peter
Frampton tocava guitarra solo na faixa-título. Em 1976, os Bee Gees gravaram
três canções dos Beatles, «Golden Slumbers / Carry That Weight», «She Came In Through the Bathroom
Window» e «Sun
King» para o documentário musical «All This and World War II».” Enredo: “Mr. Kite (George Burns), o presidente da Câmara
da sadia cidadezinha de Heartland, narra a história da célebre filarmónica
local, a Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, que trouxe felicidade através
da sua música, causando até que as tropas da Grande Guerra interrompessem o
combate. Quando o líder da banda morreu em 1958, deixou os instrumentos mágicos
à cidade e, desde que eles permaneçam em Heartland, as pessoas viverão felizes
para sempre. A Câmara guarda os instrumentos e é encimada por um Catavento Meteorológico
Mágico em forma de trompetista que prevê bons e aziagos acontecimentos. O líder
da banda deixou o seu legado musical ao neto, o formoso e bondoso Billy Shears
(Peter Frampton), que formou a sucessora da Sgt. Pepper com os seus melhores
amigos, os Henderson (The Bee Gees). O ciumento e pesetero [1] meio-irmão de Billy,
Dougie (Paul Nicholas), trabalha como empresário da banda.” Contexto: “Em 1978, tanto os Bee Gees como Peter
Frampton tinham alcançado o estatuto de megaestrelas, vendendo milhões de
discos, com as caras estampadas nas capas das revistas por todo o lado, e
tocando concertos esgotados nas salas de espetáculo em todo o mundo. O céu era
o limite, e eles alcançaram-no. Infelizmente, não havia lugar para ir, exceto
para baixo. O agente dos Bee Gees, Robert Stigwood, congeminou um plano para um
filme baseado (ainda que muito vagamente) no lendário álbum dos Beatles, «Sgt.
Pepper's Lonely Hearts Club Band». Escolhendo os seus clientes e Frampton como
vedetas do filme parecia um tiro certeiro na frente financeira. Em vez disso,
deu para o torto. Alguns anos antes, Stigwood produzira uma adaptação do Sgt.
Pepper’s para a Broadway. O filme tomou a produção teatral como ponto de
partida e expandiu-a. O enredo, o pouco que existe, é contado via canções dos
Beatles – não apenas faixas do Sgt. Pepper’s, mas também uma seleção de êxitos
da parte final da sua carreira. O produtor original dos Beatles, George Martin,
até trabalhou como diretor musical do filme, e dirigiu, arranjou e produziu a
banda sonora. Mas isso não salvou o projeto, tampouco.” “Insiang” (1976), real. Lino Brocka, c/ Hilda
Koronel, Mona Lisa,
Ruel Vernal, Rez Cortez … com o título local “O lírio de Manila” estreado
sexta-feira, 28 de setembro de 1984 no Quarteto sala 3. “No lancinante melodrama de 1976 de
Lino Brocka (pode-se usar o mesmo adjetivo para descrever todos os seus
melodramas), a homónima heroína, interpretada por Hilda Koronel, é violada pelo
namorado da mãe, em seguida, acusada de ter provocado o ato e forçada a sair de
casa. «Insiang é, antes de mais, um estudo de personagem», escreveu o
realizador. «Eu preciso desta personagem para recriar a ‘violência’ procedente
da superpopulação urbana, para mostrar o aniquilamento de um ser humano, a
perda da dignidade humana causada pelo ambiente geográfico e social…» As
pessoas nos filmes de Brocka vivem em circunstâncias terríveis, compensadas
pela sua extrema vitalidade e pelas suas relações eletricamente carregadas.
«Insiang», um fracasso na sua terra, foi o primeiro filme das Filipinas a ser
convidado para Cannes, é um dos melhores do seu realizador.” “1990: I guerrieri del
Bronx” (1982), real. Enzo G. Castellari,
c/ Mark Gregory, Fred Williamson, Vic Morrow, Enzo G. Castellari (vice presidente),
Stefania
Girolami (filha de
Enzo G. Castellari) [2] … com o título local “Os
guerreiros do Bronx” estreado quinta-feira, 5 de maio de 1983 no Politeama. Primeira
pelicula da trilogia do Bronx de
Enzo G. Castellari. “Bronx, no
futuro ano de 1990. O bairro dominado por gangues de jovens vândalos é
declarado «terra de ninguém» pelo governo. Ann, a filha de um político
influente, assim como futura líder de uma poderosa multinacional no ramo das
armas, a Manhattan Corporation, foge de casa e refugia-se no Bronx, onde, no
entanto, é molestada por alguns mal-intencionados. É libertada pelos homens do
gangue Riders, o bando mais importante do Bronx. O seu líder chama-se Trash, um
jovem guedelhudo de bela presença física, dotado de uma ética e de um código de
honra, ao contrário dos outros líderes. A rapariga fica fascinada por esta
estranha personagem e decide, por conseguinte, segui-lo e permanecer ao seu
lado; mas o seu pai, para trazê-la de volta a casa, encarrega Hammer, um cínico
agente da polícia. Hammer pretende pôr os gangues do Bronx uns contra os
outros, de modo a desencadear uma guerra, na qual todos serão derrotados, e ele
possa assim tornar-se o dono absoluto do bairro. Para isso corrompe Ice, braço
direito de Trash, e Hot Dog, um coxo que circula por todo o Bronx com um grande
camião. Mas Ann, Trash e Ogre (o patrão dos patrões do Bronx) revelam-se mais
ladinos que o previsto.” [3] “Fuga
dal Bronx”
(1983), real. Enzo G. Castellari, c/ Mark Gregory, Henry Silva, Valeria D'Obici,
Enio Girolami (irmão de Enzo G. Castellari), Enzo G. Castellari (operador de
rádio com bigode) … com o título local “A batalha de Bronx” estreado quinta-feira, 29 de novembro de 1984 no Politeama e no
Império. “Vários anos após os acontecimentos de «1990: I guerrieri del Bronx»,
Trash (Mark Gregory), ex-líder do gangue Riders é agora um cínico solitário,
permanecendo na empobrecida, desordeira, terra queimada do Bronx, e comerciando
munição roubada. A General Construction Corporation, liderada pelo presidente Henry
Clark (Enio Girolami), quer aplanar o Bronx para transformá-lo na «cidade do
futuro». Para o conseguir, precisam de limpar a população atual da área, e
contratam o exonerado diretor da prisão, Floyd Wangler (Henry Silva), e um
esquadrão privado de Desinfestação Aniquilação para queimar, balear e gasear
aqueles que não saíssem voluntariamente para o Novo México. Enquanto os
vagabundos, os mendigos e os velhos são presa fácil, os gangues guerreiros do
Bronx não irão sem luta, e um exército rebelde de todos os gangues sobreviventes
do Bronx, chefiado por Doblón (Antonio Sabàto), está escondido no subsolo. Quando
os pais de Trash são incinerados vivos pelos «Desinfestadores», ele enceta uma
vingança conduzindo implacáveis ataques de guerrilha contra os esquadrões de
limpeza, que por sua vez leva a CD Corporation e Floyd Wangler a tentarem meios
cada vez mais sórdidos de subverter a rebelião (tais como equipar os reféns com
bombas). Trash, Doblón e uma pelejante repórter chamada Moon Gray (Valeria D’Obici), juntam-se então ao mercenário psicótico Strike (Timothy
Brent / Giancarlo Prete) e ao seu igualmente marado filho (Alessandro Prete) para
raptar o presidente Clark e devolver o Bronx aos gangues.” “O número total de mortos na versão sem cortes é
174. Há 110 mortos em tiroteios, 40 em explosões, 9 por lança-chamas, 1 por
esfaqueamento, 1 morto fora de cena, 4 desconhecidos, 6 electrocuções, 2 cara
esmagada por um capacete e 1 cara transformada em polpa de tomate depois de ser
atingida pela coronha de uma espingarda.” “I nuovi barbari” (1983), real.
Enzo G. Castellari, c/ Giancarlo Prete,
Fred Williamson, George Eastman, Anna Kanakis, Enio Girolami … com o título local “Os implacáveis
exterminadores” estreado sexta-feira, 25 de maio de 1984 no Império e no Impala
de Cascais. “No ano 2019. Um impiedoso grupo conhecido como Templários viaja
através do devastado deserto. O seu objetivo é aniquilar os restos da
humanidade que ainda existe. Um pequeno grupo conduzido pelo padre Moisés
(Venantino Venantini) são os sobreviventes mais importantes na zona. São o alvo
do líder dos Templários, One (George Eastman). A sua esperança jaz num
mercenário, Skorpion (Giancarlo Prete), que é ex-membro dos Templários. Juntamente
com um bando de ralé, incluindo o arqueiro Nadir (Fred Williamson) e um jovem
mecânico, Timmy, (Giovanni Frezza), lutam para travar os Templários e salvar o
povo do padre Moisés. Será que vão conseguir?” “Les morfalous” (1984), real.
Henri Verneuil, c/ Jean-Paul
Belmondo, Jacques Villeret, Michel Constantin, Marie
Laforêt … com o
título local “Os destemidos” estreado sexta-feira, 5 de abril de 1985 no Vox e
Castil. “5 de abril de 1943: um batalhão da Legião Estrangeira chega a El
Ksour, Tunísia, para escoltar uma fortuna em barras de ouro, seis milhões de
francos, para a cidade portuária de Sfax. Uma emboscada alemã espera-os e
todos, exceto quatro morrem
e, mais tarde, encontram o
artilheiro Béral (Jacques Villeret) sentado na sanita. Devido à ratice do sargento
Pierre Augagneur (Jean-Paul Belmondo), os legionários contra-atacam com
sucesso. O gerente da agência do Union de Banques de L’Afrique du Nord e a sua
sedutora esposa chegam. O sargento Augagneur acompanha-a a casa para buscar
comida para uns soldados esfomeados: cassoulet, carne enlatada e um pouco de
vinho. Enquanto se conheciam melhor no chão da sala, visita-a o seu amante
alemão, o tenente Karl Brenner, da 21.ª Divisão Blindada, num tanque aos tiros
e duas garrafas de champanhe, Augagneur prende-o. Augagneur quer roubar o ouro,
o subtenente Édouard Mahuzard (Michel Constantin) quer cumprir o seu dever. Uma
rede de alianças forma-se e desfaz-se, o grupo diminui de número, restam Augagneur,
Hélène Laroche-Fréon, viúva do banqueiro, e Karl Brenner (Pierre Semmler).
Estes abandonam Hélène com a sua parte, 300 kg, «Não era fácil de aturar mas
tinha um belo rabo», e seguem para sul na direção de Betahoua com 10 000
kg. Brenner atraiçoa Augagneur. Augagneur recupera o tanque e o ouro, e
encontra-se com Alcide Kalouandé (Junior John David) para trocá-lo por
68 000 dólares, um termo de chá e três croissants. Na manhã seguinte, para
sua surpresa, acorda rodeado pelas tropas francesas, que lhe dedicam uns «Hip,
hip, hip - hurrah!» e honras militares por ter cumprido a missão. Conclui o
filme: «Eu era o homem mais rico do mundo, o ouro arruinou-me», Blaise
Cendrars, «L’or».” “Nostalghia” (1983), real.
Andrei Tarkovsky, c/ Domiziana
Giordano, Oleg
Jankovskij, Delia Boccardo, Erland Josephson … estreado sexta-feira, 8 de março
de 1985 no Quarteto sala 3. “O poeta russo Andrei Gorchakov (Oleg Jankovskij)
viaja para Itália para pesquisar a vida do compositor do século XVIII, Pavel
Sosnovsky, que viveu lá, e suicidou-se após o retorno à Rússia. Ele e a sua
graciosa intérprete Eugenia (Domiziana Giordano) deslocam-se até um convento na
Toscânia para ver o fresco Madonna del Parto, de Piero della Francesca. Andrei
decide no último momento que não quer entrar. De volta ao hotel de Bagno
Vignoni, Andrei sente-se deslocado e anseia por regressar à Rússia, mas circunstâncias
não identificadas parecem atravessar-se no caminho. Eugenia está enrabichada
por Andrei, e fica ofendida por ele não dormir com ela, desculpando-se que ela
tem um namorado melhor à espera.” “Este foi o primeiro filme que Andrei Tarkovsky
realizou fora da Rússia. Era suposto ter sido filmado com o apoio da Mosfilm, com a maior parte do diálogo em italiano. Quando o
financiamento da Mosfilm foi inexplicavelmente retirado, Tarkovsky usou parte
do orçamento previsto pela televisão estatal italiana e da produtora francesa
Gaumont, para completar o filme em Itália, cortando algumas cenas russas do
argumento, e recriando em Itália cenários russos para outras.” [4]
____________________
[1] Risco zero de espanholização do português. A palavra
“pesetero” foi aplicada a um nosso maior, Luís Figo, quando trocou o Barcelona
pelo Real Madrid, e nestes casos é incluída sem espiga no Dicionário de
Português. As palavras estrangeiras quando afloram um nosso vulto fazem, o que
corresponde no Direito a jurisprudência, fazem linguisprudência. Como special one de José Mourinho, agenda-setting de Marques Mendes, fairness de Durão Barroso ou public intellectual de João Pereira
Coutinho.
[2] Stefania
Girolami Goodwin também
participou em “Il grande racket” (1976), real. Enzo G. Castellari, c/ Fabio Testi,
Vincent Gardenia, Renzo Palmer … Na dramática cena da violação, Marcy (Marcella Michelangeli) imobiliza
o marido (Orso Maria Guerrini) com um garrote, enquanto três intumescidos desalmados
descarregam a sua lubricidade na esposa, Anna Rossetti (Anna Zinnemann). Luigino
(Roberto Dell’Acqua): “Mantenham-na quieta, caraças, ou nunca vou entrar.” Marcy: ”Epá,
aposto que este é o melhor gozo que
a tua mulher tem há anos, ela nunca mais voltará a querer-te.” Anna defende-se com
a única arma que tem livre, a boca, cuspido na cara de Ox (Giovanni Cianfriglia). Ox: “Vadia!” e apaga-a com
um murro. Revela-se um golpe misericordioso pois Anna já não sente o ardor (cerca
de 35º) da urina com que Vanni (Massimo Vanni) rega o seu desamparado rabo.
Stefania também entrou no “L'ultimo squalo” (1981), real. Enzo G. Castellari, c/ James
Franciscus, Vic Morrow, Micaela Pignatelli … com o título local “O último
tubarão” estreado quinta-feira, 4 de fevereiro de 1982 no Politeama.
[3] “Um de vários filmes larapiados do «Mad Max 2» (1981), real. George Miller, c/ Mel Gibson, Joanne
Samuel, Hugh Keays-Byrne … com o título local «Mad Max 2: O guerreiro da estrada»
estreado sexta-feira, 28 de janeiro de 1983 no Politeama. Os filmes mad maxianos, muitos italianos,
incluíam: «Endgame - Bronx lotta finale» (1983), real. Joe D’Amato, c/ Al Cliver, Laura
Gemser, George Eastman … com o título local «Confronto final» estreado quinta-feira,
27 de novembro de 1986 no Politeama. “Stryker” (1983), real. Cirio H. Santiago, c/ Steve Sandor,
Andrea Savio, William Ostrander.
«Warlords of the 21st Century» (1982), real. Harley Cokeliss, c/ Michael Beck,
Annie McEnroe, James Wainwright … com o título local «O carro de combate»
estreado sexta-feira, 9 de maio de 1986 no Éden. «Fuga
dal Bronx» (1983),
real. Enzo G. Castellari. «I
nuovi barbari» (1983),
real. Enzo G. Castellari. «Anno 2020 - I gladiatori del futuro» (1982), real. Joe D'Amato, c/ Al Cliver, Harrison
Muller Jr., Daniel Stephen, Sabrina Siani. «Steel Dawn» (1987), real.
Lance Hool, c/ Patrick Swayze, Lisa
Niemi, Anthony Zerbe … com
o título local «Duelo mortal» estreado quinta-feira,
13 de outubro de 1988 no Xénon.
«Il giustiziere della strada» (1983), real. Giuliano Carnimeo, c/ Robert Iannucci,
Alicia Moro, Luciano Pigozzi.
[4]
Segunda-feira, 9 de julho de 1984 “o
realizador soviético Andrei Tarkovsky, autor de «Stalker», «Andrei Rublev»,
«Solaris» e «Nostalgia», decidiu pedir asilo político aos Estados Unidos por
intermédio da embaixada em Roma, segundo informou a organização católica
italiana Movimento Popular. (…). Segundo um porta-voz do Movimento Popular,
Marco Barbieri, Tarkovsky decidiu desistir da cidadania soviética depois de
«inúteis esforços para obter uma autorização regular para trabalhar no
estrangeiro». O realizador soviético e a sua mulher, Larissa, encontram-se em
Itália há 3 anos. Na conferência de amanhã participarão dois exilados
soviéticos, o encenador Yuri Lyubimov e o violoncelista Mstislav Rostropovich, disse Marco Barbieri. (…). Tarkovsky tem 51 anos e,
nos últimos 20, fez cerca de seis filmes, tendo obtido o Grande Prémio do
Festival de Cannes para cinema criativo com «Nostalgia». Entre os seus filmes
mais conhecidos conta-se «Andrei Rublev», produzido em 1966 e que foi exibido o ano passado
em Portugal. [Estreado sexta-feira, 21 de janeiro de 1983 no Quarteto sala 3].
As autoridades soviéticas proibiram, inicialmente, a distribuição desse filme
no estrangeiro. No entanto, acabaram por a permitir depois de uma cópia ter
chegado, não oficialmente a Cannes, onde foi amplamente aplaudida.”
Sexta-feira, 23 de novembro de 1984 “o realizador soviético Andrei Tarkovsky,
que decidiu em julho passado não regressar ao seu país, anunciou que pediu
autorização para fixar residência permanente em Itália. «Quero viver em Itália
porque gosto do país porque os artistas soviéticos sempre encontram aqui uma
atmosfera privilegiada para um trabalho criativo».”
no aparelho de televisão
“Arsène Lupin joue et perd” (1980), c/
Jean-Claude Brialy, Christiane
Krüger, Maurice Biraud … “minissérie francesa de 6 episódios de 52 minutos,
adaptada por Alexandre Astruc e Roland Laudenbach do romance «813» de Maurice Leblanc”, transmitida
às sextas-feiras, pelas 22h20, na
RTP 1, de 23 de janeiro / 27 de fevereiro de 1981. “Três assassinatos são cometidos num
hotel de Paris. O cartão ensanguentado de Arsène Lupin é encontrado num dos
cadáveres, o do milionário Kesselbach. A opinião pública, a imprensa e o
governo pedem a prisão do criminoso. O Sr. Lenormand, chefe da polícia, homem hábil
e avisado, afirma, discordante e contra todos, mas sem o poder provar, que
«Lupin está no golpe, mas ele não matou». Um número «813», cinco letras «APOON»
e duas iniciais «LM» gravados na cigarreira do assassino, são os únicos
indícios de que dispõe Lenormand. É preciso também encontrar um certo Pierre
Leduc e saber por que o Sr. Kesselbach lhe atribuía tanta importância.”
1.º episódio: A imprensa francesa parecia ter esquecido o seu nome… Até que um
dos seus cartões-de-visita é encontrado, junto de três cadáveres num hotel de
Paris. 4.º episódio: Lupin, que se encontra na prisão da Santé, consegue graças
a um grupo de amigos, dominar o caso Kesselbach. 6.º episódio: Arsène Lupin com
toda a sua inteligência consegue encontrar o assassino e libertar a bela
Dolores Kesselbach. Léon Massier, aliás Louis de Malreich, o homem de negro,
irmão do abominável Raoul, também não escapa à vingança de Lupin que o entrega
à polícia. Mas aí é que tudo se embrulha e complica… “A rodagem durou quatro
meses e decorreu em Biarritz e nos arredores de Paris. «Foi cansativo, confessa
Brialy. Alexandre é um grande cineasta, um magnífico técnico. É um homem da
dimensão de Orson Welles. Mas ele é terrivelmente exigente. No início, parecia
um pouco enfastiado, mas, à medida que o tempo passava e nós nos cansávamos,
ele renasceu das suas cinzas» e mantinha, no final, uma forma incrível.
Evocação cuidadosa e fiel da França em 1910, esta série necessitou de numerosos
cenários e vestuário e o orçamento não era elástico: «Não me disfarço muito,
conta Brialy, mas mesmo assim…! Então, para fazer economias, utilizei roupas
usadas anteriormente. Por isso, o meu guarda-roupa é uma mistura daquela de
Helmut Berger em «Luís II da Baviera» e a de Dirk Bogard em «Morte em Veneza».” “Little Women”
(1978), c/ Meredith Baxter, Susan Dey, Ann
Dusenberry, William Shatner … minissérie americana transmitida aos sábados,
pelas 17h35, na RTP 1, de 31 de janeiro / 18 de abril de 1981. “Com o marido a lutar na Guerra Civil,
Marmee March (Dorothy McGuire) tem os dias preenchidos criando quatro
raparigas. A impetuosa Jo (Susan Dey) sonha ser escritora, crescendo próxima do
intelectual germânio professor Bhaer (William Shatner). A sua mais comedida
irmã, Meg (Meredith Baxter-Birney), defende a irmã mais nova Amy (Ann
Dusenberry), dos acessos de raiva de Jo, enquanto a tímida Beth (Eve Plumb)
dá-se bem com todas. As irmãs crescem e casam-se, expandindo a sua firmemente
unida família.”
“Esta bela produção apresenta figurinos da lendária Edith Head, música de Elmer
Bernstein e uma preocupação com o pormenor autêntico do período da Guerra Civil
americana – ganhou um Emmy para Melhor Direção de Arte numa série – mas não
consegue evitar a sensação demasiado anos 70, com o seu elenco extraído
diretamente do horário nobre da década. Meredith Baxter-Birney, Susan Dey e Eve
Plumb interpretam três das quatro irmãs March, e William Shatner dá uma volta
como o professor queridinho de Jo, envergando o pior sotaque alemão que a TV
alguma vez viu, mas repleto com os seus olhinhos azuis de cachorrinho de colo. Mas
o cenário pastilha elástica não pode desvalorizar o encanto do conto de Alcott,
e a força interior e a atração inevitável das suas personagens.”
“Die Buddenbrooks” (1979),
c/ Ruth Leuwerik, Carl Raddatz, Katharina
Brauren, Martin Benrath, Reinhild Solf, Volkert Kraeft, Gerd Böckmann, Ursula
Dirichs … série alemã transmitida às quintas-feiras na RTP 1, pelas 21h10, de 5
de fevereiro / 23 de abril de 1981. “Saga familiar situada no século XIX na
Alemanha, narrando a vida de três gerações da família Buddenbrook, donos de uma
empresa familiar na cidade de Lubeca, no norte da Alemanha. Baseada no romance
de Thomas Mann.” Mário Castrim: “O grande acontecimento do serão foi
o primeiro episódio de «Os Buddenbrooks» de Thomas Mann. Produção estrangeira,
como não podia deixar de ser. Alemã, como igualmente não podia ser doutro modo.
Uma certa atmosfera, aquela salada de refeição frugal, mas sólida, de
puritanismo luterano comprometido com altos negócios, aquele tudo terminar em
música para uma boa digestão da alma social – tudo isso creio que os alemães
somente poderiam captar na máxima plenitude. Adivinha-se, pela amostra, os
cuidados extremos postos na tradução da obra para a televisão. Mas não creio
que a tradução seja digna do livro, raras o conseguem ser; e centro dúvidas
sobre o êxito do folhetim entre nós. Porque: trata-se de um trabalho sério e a
erosão simplista é grande; o ritmo vertiginoso dos americanos e o arrastamento
brasileiro deixam pouco espaço de manobra para a aceitação de um movimento
normal; a língua bárbara cria uma espécie de teledislexia que afeta a
capacidade de resposta do espetador comum.” “Filmada em grande parte em Lubeca
e arredores, esta «Buddenbrooks» é uma adaptação extremamente fiel do livro.
Personagens menores foram suprimidas e certos incidentes ignorados, mas o espirito
da obra nunca é violado. A televisão germânica sofreu para ficar bem perante um
dos clássicos da literatura alemã do século XX. Franz Peter Wirth, o realizador
e coargumentista, abordou o romance nos seus próprios termos. O ritmo é lento e
profundo. A história pode saltar vários anos num momento com a ajuda de uma
única linha explicativa da narração, mas as cenas individuais são submetidas a
um escrutínio quase microscópico que envolve uma riqueza de repercussões
sociais e psicológicas. E, constantemente, há um extraordinário sentimento de
tempo a passar, muitas vezes no mero som de algum relógio invisível fazendo
tiquetaque ao fundo. Isto não é, deve ser sublinhado, uma experiência
televisiva para viciados do divertimento e do brilho. Lubeca não é «Dallas».” [1] “The Danedyke Mystery” (1979), c/
Michael Craig, Kenneth Colley, Tessa Peake-Jones … minissérie inglesa transmitida
aos sábados na RTP 1, pelas 18h30,
de 16 de maio / 27 de junho de 1981. “O mistério de
Danedyke é uma minissérie inglesa de 1979 sobre um pároco de província
investigando a igreja assombrada da aldeia. Baseada no livro infantil de
Stephen Chance, a história segue o reverendo Septimus Treloar (Michael Craig),
um inspetor-chefe reformado, enquanto tenta convencer os paroquianos de St. Mary’s
Danedyke que os estranhos acontecimentos não são um fantasma, mas mais
provavelmente um ladrão. O reverendo terá de confiar nas suas capacidades de
detetive apuradas ao longo de 30 anos de serviço para investigar o mistério do
desaparecimento da taça Danedyke.” “The Newcomers” (1977-1979), c/ Tom Stoppard, Judy Geeson, Susan Roman, Jenny Agutter, Alysoun Austin …
minissérie canadiana transmitida, com o título local “Os novos canadianos”, às
terças-feiras na RTP 1, pelas 21h10, de
5 de maio / 23 de junho de 1981. “The
Newcomers foi um conjunto de histórias que descreviam o Canadá como um pais de
origem emigrante. Sete histórias transmitidas num período de dois anos e meio.
Richard Nielson e Pat Ferns foram contratados pela Imperial Oil (que estava
prestes a celebrar o seu centenário em 1980) para produzirem estas histórias.
«The Newcomers» era o título inglês e foi transmitido na CBC. O título francês
chama-se «Les arrivants» e foi transmitido na Société Radio-Canada.” 1.º episódio: “A história do Canadá é também a
história dos imigrantes que se instalaram naquelas terras e de tudo o que
aconteceu a essa gente e às suas famílias. Os costumes e os rituais dos índios
Tsimshian são a base deste episódio que nos mostra a eleição dum novo chefe e
dos sacrifícios pessoais que ele deve fazer para ser eleito.”
____________________
[1] Mais a norte. “Alpens Ros” (1961), p/
The Violents – no vídeo, cenas do
filme “Don’t Make Waves” (1967), real. Alexander Mackendrick, c/ Tony Curtis,
Claudia Cardinale, Robert Webber, Joanna Barnes, Sharon Tate … com o título
local “Não faças ondas” estreia sexta-feira, 15 de março de 1968 nos cinemas
Avis e Condes. “Os Violents eram um grupo pop
de guitarras, principalmente instrumental, formado em Estocolmo, em 1959. O seu
primeiro disco foi uma versão instrumental da canção tradicional, «Alpens Ros», que lhes deu um sucesso em 1961 nas tabelas suecas.
As primeiras músicas gravadas foram recomendações da sua editora mas eles
rapidamente começaram a escrever as suas próprias canções mais em linha com o
seu gosto musical. Os Violents começaram algum tempo depois a procurar um
vocalista para terem mais variedade nos seus concertos, que podiam durar horas.
Encontraram em 1961 um jovem cantor de rock
talentoso chamado Jerry Williams,
(nascido Sven Erik Fernström a 15 de abril de
1942, em Solna), com uma boa reputação nas atuações ao vivo, e que concordou ser membro do grupo. Dessa forma
começou uma cooperação que durou até ao ano da separação do grupo, 1966. [Depois,
Jerry apresentará os programas de televisão «Jerry
Williams Show» (1978) e «Rockrullen» (1981 e 1983)]. A primeira gravação com Jerry
Williams foi «Liebestwist» em 1962, (banida da rádio como ofensa ao «Liebestraum» de Franz Liszt). No início, os Violents eram a
atração principal, mas logo as atenções viraram-se para Jerry, e a banda tornou-se um grupo de suporte com um
percurso independente da carreira a solo do Jerry. O último álbum dos Violents
com Jerry foi «Action» (1966). Entre os pontos altos da sua carreira
internacional está terem tocado no Star Club em Hamburgo, em 1962, com os
Beatles e Little Richard. Na época os Beatles eram apenas uma banda secundária
em relação aos Violents, e correu o rumor que George Harrison fez audições para
os Violents, porque estava farto dos Beatles, mas os Violents não o quiseram.”
na
aparelhagem stereo
Um homem de meia-idade mergulhar no seu tanque cultural, esparrinhando filmes
que já ninguém conhece, é comum. Incomum, é desdizer o diagnóstico geriátrico de
taralhouquice sináptica, e ainda descobrir algo integralmente novo, um
passarinho cultural: “o país dos outros é melhor que o meu”, numa revoada
jornaleira sob o adjetivo de verão mais português de todos, o muito nobre adjetivo,
yesterday relacional, today qualificativo, dantesco. João Miguel Tavares: “Não admira que um filme como O Clube dos Poetas
Mortos continue a ser o favorito de tanta gente. José Sócrates, por exemplo,
adorava-o. Carpe diem! Seize the day! Aproveita o dia! Como se
precisássemos de Robin Williams armado em professor de Literatura para nos
dizer isso. Nos Estados Unidos, o filme será um estímulo para mudar de vida e
quebrar o statu quo. Em Portugal é
apenas uma confirmação da maneira como vivemos há séculos – é esse o nosso statu quo: um dia de cada vez. Com uma
diferença significativa: os nossos olhos não estão poeticamente postos no céu,
mas brutamente enfiados na biqueira dos sapatos. Porque é que
somos assim? É consequência de uma pobreza antiga, com certeza, e de uma
população com profundíssimos défices de educação, atrasos ancestrais que estão
mais enfiados nos nossos genes do que gostaríamos. Temos expetativas de ser um
país europeu desenvolvido e rico, como os alemães, mas não temos qualquer
tradição de planeamento, e a maior parte de nós ainda vem de famílias que
contavam tostões e faziam filas nas bombas quando a gasolina subia dois
escudos. Não havia o que planear. Para mais, somos dados ao fatalismo, e a
nossa indignação desaparece à velocidade de um fósforo – as coisas são
rapidamente assimiladas como inevitáveis. Foi o destino.” [1]
Viver a sua
vida planeada à roda do cheque de um jornal desforma a realidade, toma-se a biqueira
do sapato pela nuvem, o grosso pelo modo, o cão de loiça pela relva do jardim.
Um colunista tem apenas de ser janota, de janotar frases para comilões que
comem tudo tudo tudo tudo enquanto soltam sebastiões. O grande público
português é bom garfo, de um osso faz uma polémica, de uma orelha um debate, de
1 kg de costeletas um simpósio.
“Life sucks” p/ PuntzkaPuntz “é a mais honesta mistura de influências dos seus
membros, sejam elas quais forem. Há uma procura constante de novas paisagens
sonoras de modo a tornar música o mais divertida e interessante possível.” Catarina
Palma (voz): “Não, não é impossível. Felizmente hoje em dia não é impossível, o
estilo hoje em dia que mais se adequa ao nosso estilo é o crossover, é o criss que
é um estilo recente, talvez, ou então pá, rock
progressivo, eu creio, mas como nós exploramos sons urbanos bastante
diferentes, não é só rock, talvez o rock seja mais.” – Os PuntzkaPuntz
estarão na Festa do Avante 2016.
Festivos anos 80:
█ “Mickey” (1982), p/ Toni Basil.
“Originalmente, esta canção foi gravada como «Kitty», por um grupo inglês chamado Racey. Na letra
original Kitty era uma rapariga. Toni Basil mudou-a de Kitty para Mickey e o
género de feminino para masculino [2]. Ela
decidiu-se por Mickey porque enrabichava pelo ex-Monkee, Micky Dolenz,
(aldrabice do Sr. Redes Sociais [3]), que ela
coreografou no filme dos Monkees, «Head», de 1968 [4]. Toni
Basil pode ser vista em «Head» na sequência surrealista, «Daddy’s Song», onde Davey Jones canta e dança num quarto
alternadamente branco e preto vestindo uma combinação de roupas pretas e
brancas, em contrate com a cor do quatro, e Toni, com a mesma escolha de vestuário,
entra para uns passos de dança. A canção foi escrita pela equipa de
compositores Mike Chapman e Nicky Chinn, que escreveu vários êxitos pop, incluindo «Love Is A Battlefield» e «Ballroom Blitz». Basil teve a ideia para o videoclip antes de
encontrar a canção para acompanhá-lo. O vídeo foi produzido, dirigido e
coreografado por Basil – ela foi a primeira a fazer tudo isto no seu próprio
vídeo. Ela tinha feito algumas curtas-metragens no passado, e tinha um acordo
com uma empresa europeia para realizar uma coleção de vídeos. Para um dos
vídeos, ela decidiu fazer algo com o tema cheerleader,
uma vez que tinha sido chefe de claque na Las Vegas High School (atualmente
conhecida como Las Vegas Academy – é por isso que na camisola que ela usa se
lê: LVHS). Ela fez o vídeo antes da MTV iniciar as emissões, e ganhou fama na
Inglaterra, onde vários programas de TV o emitiram lançando a canção nas
tabelas, alcançado o segundo lugar em fevereiro de 1982. Basil é uma coreógrafa
reputada. Trabalhou em números de dança para muitos programas de TV e filmes, e
muitas vezes aparecia ela própria diante das câmaras. Ela trabalhou no programa
dos anos 60 «Shindig!», e foi atriz convidada em «Laverne & Shirley». Ela também realizou vídeos, incluindo «Once In A Lifetime», dos Talking Heads, em que ensinou os passos de
dança malucos a David Byrne. Ela fez coreografias para os filmes «That Thing You Do!» e «My Best Friend’s Wedding», e trabalhou nos anúncios da Gap que exibiam dança swing
[5]. Basil apareceu o filme «Easy Rider» – interpretou Mary, a rapariga de cabelos compridos
pretos na cena das drogas no cemitério, passada em Nova Orleãs. Ela é filha de
Louis Basil, que dirigiu o que era a banda da casa no Sahara Hotel em Las Vegas,
durante os anos 60. A banda era conhecida pelos seus descomprometidos e
energéticos espetáculos.” █ “Hello” (1989), p/ Twinkle. Duo de Amersfoort,
Utrecht, Holanda, composto pelas gémeas Claudia e Petra van Essen. A canção foi
escrita por Hans Van Hemert e Jan Rayder, único single das manas produzido por Hans Van Hemert tinha no lado B, “Self
Control”, escrito por Hans Van Hemert. Delas sabe-se que participaram na série
juvenil “Laat de vissen maar TV kijken” (1985). [6]
___________________
[1] Nem sempre o destino é fatal. Nos anos 2000, o
destino dos géneros bifurcou-se, no género feminino acamou-se o melhor da
espécie humana, sinceridade, afetividade, confiança, perfeição, no homem, a
insidia, a satisfação, a avidez. Nunca antes a dicotomia foi tão clara, a fêmea,
mercê, o macho, violentador. Esta liquidez simplifica a faculdade de julgar,
nos tribunais, nas associações de mulheres ressentidas ou no grande público.
Era uma vez na Rússia… Alice, 1,75 m,
81-61-84, cabelo loiro, olhos verdes, nascida Jana Bazhenova a 16 de abril de
1985 em Vologodskaya, Rússia. Sites: {The Nude} {Galitsin’s Angels} {EGAFD} {hqcollect}. Obra fotográfica: {fotos1} {fotos2} {fotos3} {fotos4} {fotos5} {fotos6} {fotos7} {fotos8} {fotos9} {fotos10}. Obra cinematográfica: {“Defloration 1” + Katia. – Katia: “Olá, caros senhores, hoje vou
colocar à Alice algumas questões sobre a sua vida, porque ela está a tornar-se
uma modelo muito popular no nosso site,
mas não tem uma entrevista dela. Assim, hoje, vou fazer-lhe algumas perguntas
para que possam conhecê-la melhor. Ela é uma das raparigas virgens mais
populares no nosso site. Mas alguns
homens não acreditam que algumas raparigas ainda sejam virgens, assim, não é
simpático, porque nós somos. Há bastantes virgens no nosso site, como a Alice, eu, a Krista, a Arina e mais algumas. Assim, nós não subscrevemos essas
opiniões, e queremos dizer-vos que ser virgem não é assim tão mau. Há algumas
de nós que estão felizes com isso, que estão orgulhosas, estamos contentes por
sermos ainda esse género de rapariga. Assim, hoje, vamos mostrar algumas
criações engraçadas sobre virgens. Como podem ver ser virgem não é assim tão
mau, e Alice é um dos brilhantes exemplos desse tipo de rapariga. Ela é
maravilhosa, ela é bonita, e está a tornar-se cada vez mais popular atualmente
no nosso site, e é uma coisa boa que
ela ainda seja virgem, mas alguns amigos dela, quero dizer
amigas, já têm namorados, assim, estão sempre a dizer-lhe quão maravilhoso é
ter um namorado, e o sexo é tão excitante e tão maravilhoso, é tão fixe, tão
fixe e etc. E a Alice acredita que ser virgem é muito bom, ela não tenta
apressar-se em ter um namorado, não quero dizer que ela não quer um namorado de
todo, não o quer ter agora. Senta-te, por favor (Alice senta-se no colo de
Katia). Assim, algumas amigas dela não compreendem, tentam convencê-la que ser
virgem não é nada bom, assim, há pessoas más, tão malvadas. E hoje quando ela veio
aqui, ao estúdio do Grig, ele estava bastante irritado, ele estava muito
cansado, porque ontem teve muito trabalho, e conheceu uma nova modelo, assim
ele está muito cansado e agora vamos ajudá-lo a limpar o estúdio, sim? Vamos
ajudá-lo apenas a limpar, e depois vamos fazer um vídeo, fazer um filme, no
qual poderão ver histórias engraçadas sobre virgens. A Alice acabou de tomar um
duche, e ela lavou o cabelo, quer estar limpa e bonita para que possam gostar
dela. Ela quer muito que gostem bastante dela. E agora ela vai limpar o estúdio
do Grig e eu vou procurar informação sobre virgens. (…). Encontrei alguma
informação, na Internet, sobre virgindade, sobre defloração, não sei, eu sei o
significado, não sei em inglês. É quando uma rapariga se torna mulher, é sobre
isso, é bastante giro. Dentro de pouco vou contar-vos algumas historias e
mostrá-las na Alice. (…). Esta rapariga é extremamente bem-educada, ela é tão
distinta, sabe bebe chá. (Alice sorve ruidosamente da colher). (…). Como vos
prometi agora vamos contar algumas histórias giras sobre defloração, contar-vos
mais factos sobre isso, numa maneira engraçada. (…). Algumas palavras sobre
defloração. A defloração normalmente ocorre durante a primeira penetração
sexual, já sabemos isto. (…). Alguns membros, quero dizer, os nossos amigos do site, duvidam que a Alice e outras
raparigas, como eu, somos ainda virgens. E agora quero provar-vos, fazer-vos
acreditar, que ela ainda é virgem. Vou usar alguns instrumentos para isso, para
saber, para descobrir, qual é o tamanho da sua rata, e outras coisas, acho que
são interessantes. Primeiro, vamos conferir o tamanho. Sabem, o tamanho da rata
depende da rapariga. Ela não é muito alta, tem uma rata normal, penso eu, de
acordo com a sua altura. Tem cerca de 9 cm, acho eu, está fixe. E agora vamos
ver a rata dela, quero mostra-vos que ela ainda é virgem. Não sei como fazer
isto, mas… acho que assim. Podem ver a rata da Alice, em toda a sua beleza, sim
ela ainda é virgem e está orgulhosa disso. Uma ótima rata. A doce rata da
Alice, têm o maravilhoso privilégio de vê-la.”} ѽ {“Defloration
2” + Katia. – Katia: “A Alice está
muito excitada acerca disto (Katia perfurava uma romã com um berbequim em
frente da theobroma denarii de Alice). Podem ver como ela
está excitada. Hum, rata húmida, a sua rata está húmida depois disto, é tão sexy.”} ѽ {“Defloration
3” + Katia. – Katia: “Agora algumas
perguntas tradicionais sobre a biografia da modelo, da Alice. Em primeiro lugar
quero contar alguns factos sobre a sua vida precedente, a Alice costumava
trabalhar como empregada numa loja, agora trabalha com Galitsin e trabalha como
promotora, sabem, ela distribui papéis, publicidade, nas ruas da nossa cidade,
assim, ela é uma rapariga bastante atarefada, penso eu. Agora vou pedir-lhe
para contar alguns factos interessantes sobre o seu sonho. A Alice acabou de
contar-nos o seu sonho. Ela estava a dormir ontem e sonhou sobre a forma como
se tornou mulher, sabem, sobre ela já não ser mais virgem, assim, ela fez sexo
com um tipo – no seu sonho – fez sexo com um tipo, com um desconhecido, um tipo
completamente desconhecido, e ele tinha uma piça como este charuto, podem ver,
uma piça muito estranha, pobre imaginação da Alice. Ela não gostou nada deste
sonho, de manhã ela estava muito nervosa porque ela não quer que este sonho se
realize, ela não quer apenas ter sexo, sexo tão horrível, no sonho ela não
sentiu nada, uma experiência dolorosa, um sonho muito invulgar, penso eu, não
acham? Agora, vou fazer-lhe mais algumas perguntas, sobre a sua biografia,
sobre a sua curiosidade sexual, acho que será interessante para vocês. Ela diz
que às vezes sonha com uma bonita rapariga terna com a qual deseja ter sexo.
Ela diz gostaria de ter uma rapariga fixa que me daria todo o seu amor. A Alice
é uma rapariga bastante invulgar. Depois, descreve as tuas fantasias sexuais
preferidas. Ela diz que quer ter sexo inesquecível com a sua namorada numa bela
ilha tropical onde ninguém as perturbasse durante muito tempo. Assim a Alice é
uma pessoa bastante romântica, não é?” Alice: “Yes, yes”, Katia: “Sim, ela é,
claro. E mais algumas. Às vezes a Alice gosta de confusão. Sim, Alice?” Alice:
“Yes, yes”, Katia: “Sim, sim. Ela prefere beber vodka, Martini, Pepsi, sim, ela
gosta de beber algum álcool, vodka não? Vodka não, mas talvez outro álcool,
tipo cocktails, sabes?” Alice: “Yes”, Katia: “Sim, além disso a Alice gosta de
dançar muito, gostas de dançar?” Alice: “Yes! Yes! Yes!”, Katia: “Sim, sim,
sim, sim, é seu preferido, ela diz que gosta de dançar muito, muito.
Especialmente com raparigas com blusas bonitas, raparigas, sim?” Alice: “Yes”
(…). Katia: “Sabem, a Alice fica normalmente confusa quando alguém lhe faz
perguntas porque ela não tem resposta para algumas perguntas, sabem, ela é uma
rapariga estranha, mas a Alice é muito divertida, muito bem-disposta, se pensam
que ela é triste, estão bastante enganados. Podem ver como ela é alegre. (…).
As minhas mamas”, Alice: “Boas mamas, boas mamas. (…). Rata boa. Boas mamas.
(…). Eu gosto de rata, vem rata, boa rata, boas mamas, boa rata.”} ѽ {“Cleaning” + Alina + Valentina + Vika} ѽ {“Sea
Hooligans” + Liza} ѽ {“Picking
Up Alice” + Katia +
Valentina} ѽ {“Lick” + Liza} ѽ {“The Green Stones” + Liza} ѽ {“Gentle
Bathing” + Aksinya}
ѽ {“Girlish
Dreams”} ѽ {“Deceived
Petter” + Lina + Maya} ѽ {“Awakening” + Valentina + Liza + Katia} ѽ {“Hardcore”} ѽ {“Explicit
Macro” + Valentina} ѽ {“Good
Morning” + Liza} ѽ {“Spank
& Enema” +
Valentina} ѽ {“Experienced
Dressmaker 1” + Alina} ѽ
{“Experienced Dressmaker
2” + Alina} ѽ {“Naughty
Kitten 1” + Alina +
Valentina} ѽ {“Naughty
Kitten 2” + Alina +
Valentina} ѽ {“A
Model Agency” + Natcha +
Valentina + Valya} ѽ {“Crazy
Undressing” + Alina +
Valentina} ѽ {“Golden
Stream”} ѽ {“Examining
the Housewife” +
Valentina} ѽ {“Wild
Beach” + Liza + Valentina} ѽ {“Call
Girs 1 Begining” +
Valentina + Gera} ѽ {“Call
Girs 2 Wet Course” +
Valentina + Gera} ѽ {“Call
Girs 3 Lesbian Games” +
Valentina + Gera. As heroínas desta arrebatadora saga veem na TV o filme
“Contes Immoraux” (1974), de Walerian Borowczyk, estreado no cinema Império
quarta-feira, 30 de julho de 1975 no XII Ciclo da Casa de Imprensa, e para o
grande público no dia seguinte, quinta-feira, 31 de julho, nos cinemas Castil e
Estúdio 444} ѽ {“Call
Girs 4 Bed Battle” +
Valentina + Gera} ѽ {“Bath Russian Traditions” + Katia + Valentina} ѽ {“Fruit Desert” + Katia + Valentina} ѽ {“Healing from Masurbaton ” + Valentina + Natia} ѽ {“No Name” + Liza + Sandra + Valentina} ѽ {“Watermelon
Battle” + Krista} ѽ {“Drink and Piss” + Alexa} ѽ {“Tender
Touches” + Krista}
ѽ {“Tantric
Flower” + Arina} ѽ {“Bath
Icy Test” +
Valentina + Katia} ѽ {“Japanese
Supper” + Valentina + Katia} ѽ {“Tender
Katia Washing” +
Valentina + Katia} ѽ {“Naked
Only” + Valentina + Katia} ѽ {“Teaching
Water Games” + Gera} ѽ {“True
Love” + Gera} ѽ {“Hot
Friend Classes” + Gera} ѽ {“Paradise
Rain” + Liza} ѽ {“BeachGym” + Liza + Polina} ѽ {"Nude Beach" + Valentina + Lina + Maya}.
Justificou o processo judicial
contra ele, o fotógrafo Galitsin: “Gostaria também de esclarecer que o
depoimento original, a base para o início do procedimento criminal, pertence a
uma paciente mentalmente instável, menor na época, sexualmente ansiosa, de
ciúme, como explica ela própria. Esta é uma pessoa conflituosa com uma mente
frágil e em sofrimento, que tem estado constantemente em choque com a sua
família e escola. Por exemplo, ela tem uma disputa com a mãe porque dirigiu-se
nua para o padrasto na sua ausência. Ela saiu de casa e abandonou a escola
várias vezes. Desde os 16 anos vivia com um parceiro mais velho. O ciúme
repentinamente irrompeu, após eu deixar de comunicar com a queixosa durante
nove meses. Este é um sentimento forte, mas não é uma razão para assinar uma
declaração e prender pessoas. Numa tentativa de reconciliação com a queixosa, a
qual foi tomada sem a minha participação, ela explicou que estava arrependida
pelo seu depoimento, pelo facto de eu ser mencionado, mas agora tinha medo dos
seus amigos, rufias e o investigador Chernyshev S.V. O exame psiquiátrico
forense que é requerido neste caso, de acordo com o Código de Processo Penal
st. 196 R.F p. 4, não foi feito. Penso que seria muito melhor clarificar
as motivações da queixosa. Contudo, a base reside claramente em razões
pecuniárias: o pedido de um milhão e meio de rublos requeridos por Bazhenova,
este é o verdadeiro motivo das declarações escritas e chantagem. Sobre a
queixosa Bazhenova foi exercida coação psicológica por parte dos seus amigos
adultos a fim de lucrar com esta situação. Antes, os mesmos amigos
chantagearam-me, ameaçando-me com o facto de Bazhenova não ter 18 anos na
altura. Mais tarde, a chantagem continuou com a aquiescência da investigação e,
por fim, formou uma ação cível no valor de um milhão de rublos por míticos
danos morais. Agora mesmo tornou-se claro que a ação cível foi um pretexto para
arrestar o meu carro de luxo, dinheiro, proibir qualquer transação, tais como
direito à herança, rescisão da transação de venda. Com o auxílio do títere o Ministério
Público canalizou o dinheiro em favor deles, entretanto eu estava completamente
destituído de quaisquer meios de reconciliação com a queixosa, caução,
encomendar produtos da cantina de SIZO, próteses dentárias, comprar medicamentos.”
Katia Petrova (Катя
Петрова). Sites: {Babepedia} {imdb} {Galitsin’s
Angels} {hqcollect}. Obra fotográfica: {fotos2} {fotos3} {fotos4} {fotos6} {fotos7}. Obra cinematográfica: {“Naughty
Cooks 1” +
Valentina + Aksinya + Katrin} ѽ {“Naughty Cooks
2” + Valentina + Aksinya + Katrin} ѽ {“Naughty Cooks
3” + Valentina + Aksinya + Katrin} ѽ {“Hands Up” + Liza + Valentina} ѽ {“Krista Interview” + Krista} ѽ {“After Interview” + Krista} ѽ {“Twins Interview 1” + Twins + Valentina} ѽ {“Twins
Interview 2” + Twins +
Valentina} ѽ {“Alexa
Spicy Interview” + Alexa + Liza} ѽ {“Nature
Romp” + Krista + Valentina} ѽ {“During
the Snowfall”} ѽ {“Picnic” + Valentina} ѽ {“Ferry” + Valentina + Liza} ѽ {“Gera
First Shooting 2” + Gera +
Valentina}.
Descreveu esta commédienne, Galitsin: “Ela é a rapariga mais chegada até à
detenção. Ela é simultaneamente intérprete e modelo. Mas também é uma boa
fotógrafa. Porque é que lhe chamamos Reynard, a raposa? É uma personagem do
conto de fadas para crianças, a astuta Reynard, a raposa. Às vezes,
brincávamos: «Katia, se algo correr mal, chibas-te de nós?» E naquele momento
estávamos a dar a resposta por ela. «Ela chibar-se-ia de nós sem a menor
dúvida!» Ela fez tudo de forma a Katia não ser incriminada no nosso caso. Ela
chorava em dezenas de gabinetes do Ministério Público. Ela fez as piores
declarações em tribunal. No Ministério Público foi interrogada por toda a
gente. A minha esposa Irina foi encarcerada segundo o seu depoimento. Mas, para
dizer a verdade, não está zangada com ela, apenas ignora-a… Tanto ela como a
«vítima» choravam, diziam que tinham medo de nós, também pediram para não me
deixar sair da cadeia. Apenas há uns dias, a nossa «vítima» lamentava-se no
tribunal mais uma vez, ela recebeu 500 000 rublos por danos morais.
Acredito que hoje já gastou o dinheiro todo. Mas o caso de Katia é diferente, a
soma equivale 500 000 rublos, porquanto Katia roubou o nosso dinheiro
poucos dias antes da detenção. Acho que ambos, ela e Vasya Lvov, sabiam da
prisão com antecedência. Após um contacto privado com o investigador Chernyshev
S. V. uma elevada soma de dinheiro foi retirada dos cartões de crédito, tanto
meu como da Irina. Nessa altura o investigador tinha os nossos cartões de
crédito e Katia conhecia as palavras-chave.”
[2] “Hey Mickey” (2015),
p/ Sweet
California.
“É uma girlband espanhola formada em
Madrid a 23 de janeiro de 2013, cujos membros são Alba Reig Gilabert, Sonia Gómez Gónzalez e Rocío
Cabrera Torregrosa [substituída por
Tamara Nsue]. O seu estilo musical é
fundamentalmente pop, com pinceladas
de dance e R&B. Nos anos 2012 /
2013, as raparigas, ainda sem se conhecerem, criaram os seus canais no YouTube
(cada uma por seu lado), cantando versões de canções de outros artistas. Uma
editora queria formar uma girlband,
mas pedia que os membros tivessem um pouco de experiência. Assim, chamou-as e
juntou-as numa sala para cantarem uma canção. Todos os presentes adoraram a
canção, e decidiram formar uma banda. O seu nome surge porque elas tinham claro
que o grupo ia ser «cena americana» pelo estilo de música e roupa. E «Sweet»
surge porque costumavam dizer que eram umas raparigas muito doces, então
pensaram em estados americanos, «California» era o que mais pica lhes dava. E
formou-se as Sweet California.” “Somos Monster High” (2015) ♫ “Vuelvo a ser la rara” (2014).
[3] Toni Basil: “Um tipo decidiu que seria engraçado colocar
isso na minha entrada na Wikipédia. Ele foi taxativo, que Mickey era sobre
Micky Dolenz. Eu coreografei o filme «Head», mas realmente não conhecia Micky
de lado nenhum. Conhecia melhor Davey Jones.” “Um rumor persistente perseguiu a
canção durante décadas. Os versos: «So come on and give it to me / Any way you
can / Any way you want to do it / I'll take it like a man» conduziram à
especulação que Basil queria que lhe carimbassem como «um homem». Por outras
palavras, abastecida ao estilo Cláudio Ramos. Numa crítica da época, Robert
Christgau alimentou o mexerico, dizendo que Basil foi «a única mulher de sempre
a oferecer-se para apanhar no rabo no Top 40». O ativista gay nova-iorquino, Jim Fouratt, que cofundou a lendária discoteca
dos anos 80, Danceteria, ouviu a mesma interpretação na altura: «O boato
espalhou-se como fogo em palha seca entre os meus amigos escritores».” Toni
Basil: “Não! Isso é ridículo. Toda a gente vê trampa em tudo. Não é sobre nada
porco. Altera-se o nome de rapariga para rapaz – isto é, de Kitty para Mickey –
e veem o que querem nisso. Quando é um gajo a cantar sobre uma rapariga, é um
verso doce. Mas quando uma rapariga o canta, deve querer dizer levar no rabo. É
assim que o pé errado é cortado quando o médico nos empurra para as urgências.
Então é sobre Micky Dolenz e levar no rabo.”
[4] “[Bob] Rafelson apresentou a banda ao seu amigo, um
esforçado ator de filmes série B e argumentista chamado Jack Nicholson. «Jack
era fabuloso», diz [Peter] Tork. «Nós adoramo-lo, todos nós. O Michael [Nesmith]
praticamente apaixonou-se por ele, de uma forma máscula». [Micky] Dolenz
concorda: «Ele era um tipo tão maravilhoso, carismático e divertido. Jack
passou muito tempo connosco. Ele aparecia no set [da série de TV ‘The Monkees’] e acompanhou-nos em tournée, apenas para apanhar a
onda». Num fim-de-semana no final de 1967, escapuliram-se todos para uma suite
do Ojai Valley na Califórnia para uma sessão de brainstorming. No meio de nuvens de fumo de erva, falaram o
fim-de-semana todo com o gravador ligado. Nicholson levou as cassetes e
transformou as conversas num argumento, segundo Rafelson, estruturou-o sob
efeito de LSD. Originalmente chamado «Changes», o filme foi rebatizado «Head»,
em parte como referência às drogas e em parte para que a próxima produção da [produtora]
Raybert, «Easy Rider», pudesse ser comercializada com o slogan: «Dos tipos que
vos fizeram Broche» - um plano
torpedeado pelo afundanço de «Head» nas receitas de bilheteira. Dolenz
lembra-se da Raybert Productions trabalhar em «Easy Rider», ao mesmo tempo,
Nicholson, Dennis Hopper e Peter Fonda fazem aparições especiais em «Head»,
assim como Frank Zappa e o ex-campeão mundial de pesos pesados Sonny Liston. «O
filme estava a usar os Monkees para desconstruir o studio system», avalia
Dolenz. «Há uma cena comigo e a Teri Garr no faroeste e eu sou atingido por
flechas e digo. ‘Bob, não posso fazer mais esta porcaria da tanga’. Bem, aquilo
era uma metáfora das pessoas a ficarem fartas do studio system».”
[5] Galgada a fase superior do capitalismo, o
imperialismo, vivemos agora a sua fase premium,
o idiotismo. “A marca de roupas Gap retirou um anúncio que alguns críticos dizem
transmite uma mensagem «racista». No anúncio, uma miúda branca de 12 anos, de
um grupo juvenil de dança, apoia o braço na cabeça de uma colega preta de 8
anos, que por acaso é também sua irmã adotiva. Os críticos dizem que o anúncio
dá uma mensagem de «racismo passivo».” É inaceitável representar uma preta como apoio de
braço de uma branca, uma observação bastante perspicaz, que passaria
desapercebida aos olhos desatentos, aos olhos desligados do cérebro. Nós, os
lúcidos, temos o dever moral de denunciar o racismo entranhado na cultura, tão
natural, tão quotidiano, que invisível. Um casal de apaixonados, ele preto, ela
branca, passeia amorosamente nas ruas, se ela acompanha respeitosamente cinco
passos atrás ou se o preto a sobraça com o seu amplexo é normal, rapidamente
esta cena idílica descamba no racismo quando é ela que tem o braço sobre os
ombros do preto, amesquinhando-o com um gesto paternalista, numa altivez de
mamã Ku Klux Klan. Estas situações secundarizam o preto e têm de ser
imediatamente denunciadas à polícia. Os meios de entretenimento são os grandes
divulgadores de imagens negativas repugnantes nos produtos de consumo popular.
Nos filmes e séries de TV com sexo inter-racial, retratar a mulher branca por
cima é uma execrável reedição da supremacia branca e do esclavagismo,
transmitindo às jovens a ideia errada que o preto é inferior, que it’s ok inferiorizá-lo, violentá-lo, golpeando
com o seu ventre.
[6] As gémeas Claudia
e Petra van Essen desapareceram, algo impossível se
fossem portuguesas. A mulher portuguesa é um joia, uma preciosidade, das mais massacradas
no mundo pela sua noologia, formosura e gaieté.
Os homens, quando se lhes achegam, nunca se fartam delas, e, no trauma do
divórcio, desaparafusam, endoidam, matam-nas, suicidam-se, enlutados por
perderem tamanha fortuna. Não há nenhuma explicação científica unanime para
esta fusão indissolúvel, para uns será o seu odor, as moléculas odoríferas libertadas
pelo corpo de uma portuguesa, os pés, os sovacos, o rego do cu, intrigam o
recetor cerebral que identifica o cheiro encaixando-o num piropo: Oh morcona,
comia-te o sufixo, uma oitava maravilha, fora dos sete odores básicos: cânfora,
almíscar, floral, menta, éter, penetrante e putrefato, de John E. Amoore, “Stereochemical
theory of olfaction”, Nature, (1963). Em termos leigos, o recetor cerebral canta
com Pedro Abrunhosa, é impossível resistir a tanto cheiro, encontrei-te então
na baixa, (sem nada que o justifique), ali ficamos toda a tarde, nos sofás do
Magestic. Uma outra teoria explicativa da ascendência da mulher portuguesa, que
impossibilita a separação, seria os homens serem manipulados por bactérias. “Há
um caso extremo que ilustra a ideia do microrganismo que manipula o hospedeiro.
Os ratos que têm o cérebro infetados com o parasita Toxoplasma gondii (neste
caso não é uma bactéria) perdem o medo do cheiro dos gatos. Mais facilmente são
comidos, mas isso é do interesse do parasita, que passa a ter um novo
hospedeiro felino, do qual depende para se reproduzir sexualmente (sim, estes
parasitas matam para ter sexo).
É possível criar em laboratório
ratos estéreis, ou seja, que não estão colonizados por nenhum microrganismo. Se
esses ratos comerem as fezes (que contêm muitas bactérias) de outros passam a
ter comportamentos dos seus dadores fecais. Podem tornar-se mais tímidos ou
mais exploradores (mas é capaz de não ser uma boa ideia ingerir as fezes da
pessoa que tem sua personalidade favorita). Serão as bactérias capazes de fazer
algo semelhante connosco, a partir dos intestinos? São conhecidas várias formas
de as bactérias manipularem os hospedeiros, algumas delas compiladas numa
revisão de 2014 publicada na revista Bioessays”, em jornal Público, n.º 9630. Ou simplesmente é o
espírito de liderança da mulher portuguesa que submete o homem que não
deslarga.
“Em 2007, o país era governado por
José Sócrates com maioria absoluta e Paulo Portas regressava à liderança do
CDS, depois de dois anos fora da política ativa e de uma dura guerra interna
entre Ribeiro e Castro e os órfãos do «portismo». Foi neste contexto que
Assunção Cristas entrou para o CDS. Hélder Amaral estava no Largo do Caldas a
trabalhar nas eleições autárquicas desse ano quando Assunção Cristas foi
inscrever-se como militante. «O Paulo disse-me: ‘Vais ouvir falar muito dela’»,
recorda o dirigente centrista. (…). Ainda foi aconselhada por um amigo
social-democrata a ir para o PSD, onde o poder está mais à mão, mas achou
que faltava ideologia no partido então liderado por Marques Mendes. O que a
atraiu foi a democracia cristã. «Do ponto de vista ideológico, é uma
democrata-cristã. Não é liberal nem conservadora, mas é uma democrata-cristã.
Vai beber à doutrina social da Igreja», diz ao i Duarte Bué Alves, ex-chefe de gabinete de Assunção Cristas no
Ministério da Agricultura. (…). Com quatro irmãos, Assunção foi batizada pela
irmã mais velha como Becas e ainda hoje é tratada assim em casa. Na escola
sempre foi tratada por Assunção. Estudou no Colégio do Bom Sucesso, uma
instituição privada de inspiração católica onde estudam hoje os filhos e, mais
tarde, largou o rígido uniforme do colégio privado para estudar no Liceu Rainha
D. Amélia. Cresceu numa família numerosa e recorda a infância como «um tempo
muito feliz». Da família herdou a fé. Todos os dias reza. «Não
peço muitas coisas, agradeço mais, agradeço a família, a vida que tenho, peço
ajuda para fazer melhor as coisas.» À missa vai uma vez por semana e os filhos
sabem que «a coisa mais importante» ao domingo é ir à igreja. «É uma católica
convicta, praticante. Não faz disso uma bandeira, mas também não o esconde. Mas
não transporta a questão religiosa para o discurso político», diz Duarte Bué
Alves. (…). Antes de entrar na política, Cristas foi professora universitária e
advogada. Trabalhou com Celeste Cardona no governo liderado por Durão Barroso,
no ministério da Justiça, e foi diretora do Gabinete de Política Legislativa e
Planeamento do ministério da Justiça. (…). Antes de ser a primeira mulher a
chegar à liderança do CDS, Assunção Cristas já tinha sido a primeira mulher à
frente do ministério da Agricultura. Uma das primeiras medidas foi dispensar os
funcionários do ministério de usar gravata para «minimizar o impacto ambiental
associado ao consumo de energia elétrica na administração pública». A ideia era
contagiar os outros ministérios, mas não resultou”, no jornal i n.º 2102.