O meu marido
estava na cama, as janelas foram pelos ares e a casa de banho ficou muito
danificada (tl;dr)
A desistência, por desistência ou morte, dos opositores
ao Acordo Ortográfico desfechou duro golpe imisericordioso na língua do Camões
e, pior, muito pior, na língua do Bocage. “Num cappote embrulhado, ao pé de
Armia, / Que tinha perto a mãe o cha fazendo, / Na linda mão lhe foi (oh céus)
mettendo / O meu caralho, que de amor fervia: // Entre o susto, entre o pejo a
moça ardia; / E eu solapado os beijos remordendo, / Pela fisga da saia a mão
crescendo / A chamada sacana lhe fazia: // Entra a vir-se a menina... Ah! que
vergonha! / «Que tens?» – lhe diz a mãe sobresaltada: / Não pode ella encobrir
na mão langonha: // Suffocada ficou, a mãe corada: / Finda a partida, e mais do
que medonha / A noite começou da bofetada.” Agráficos, vanescendo-se letras,
desvanecendo-se fonias, os filhos da nação não tiveram alternativa, senão, chispar-se
para língua de Mr. Richard Whitestone, súbdito da rainha Vitória, com afetuosos
shake-hands festejado na Rua dos
Ingleses, principal centro de transações do alto comércio portuense [1]. O golo-mor veio-se do mais herói de todos, o
Jogador de Futebol, de maiúsculas letras, que, faz um chapéu à orientadora dos
procedimentos intelectuais, rolando-a na relva vocabular como uma mental coach. «Foi um
golo trabalhado desde o primeiro minuto do Europeu. Quero dedicar o golo à
Susana Torres, a minha coach de alta
performance. Deviam conhecê-la», disse Éder no final do jogo que ditou a
vitória da seleção nacional sobre a França e sagrou Portugal Campeão Europeu de
Futebol.
Chama-se
Susana Rodrigues Torres, uma antiga bancária de Viana do Castelo, que se tornou
mentora desportiva de alta performance. A mentora de
Éder. O homem que deu a taça da Europa a Portugal. E que Susana tomou em mãos
como se fosse mais um elemento da «equipa das quinas» e publicou na sua página
de Facebook. A acompanhar a imagem, a «coacher» escreveu: «Meus
amigos, só para dizer que eu cumpro as minhas promessas!!!! Já está aqui o
caneco e agora vou embrulhar com jeitinho para levar isto para PORTUGAL!!!!!
(Que é onde deve estar)».”
Na política
não se almoça sem inglesar, mesmo sendo-se marialva, como o pináculo da
competência, Jorge Moreira da Silva: “Temos de associar as nossas grandes
empresas às startups. E isto deve ser cada vez mais uma
responsabilidade da REN, da Galp, da EDP, da Portucel, só para dar alguns
exemplos. A partir dessas grandes empresas, tem de haver cada vez mais um
mosaico de startups que criem
relações de interdependência e que também estejam ligadas às universidades e
politécnicos, criando clusters de inovação.”
Na economia,
também english spoken. “Como Henrique Gomes lembrou recentemente, só foram
atacadas as rendas excessivas das cogerações em empresas industriais. O lóbi
eólico e os CMEC da EDP foram protegidos. Assim se vê a força dos Donos Disto
Tudo na energia: Catroga, Mexia e Pimenta (o magnata das ventoinhas).
Entretanto, Moreira da Silva, o marialva do CO2, taxou as refinarias da Galp,
as quais produzem produtos transacionáveis. Tal é equivalente a taxar ativos
industriais como os da Autoeuropa! Quanto à taxa sobre o trading do gás natural, nos contratos take or pay, a Galp arriscava-se a ter de pagar o gás sem ter
consumidores em Portugal, conseguindo então vendê-lo no mercado internacional.
Terá tido lucros nominais simpáticos nesse trading
mas, como se ensina em Finanças, o verdadeiro lucro económico da operação é o
lucro nominal descontado do pricing
do risco incorrido se não conseguisse vender o gás! Chamar então rendas
excessivas a esses lucros nominais mostra ignorância crassa.” Mira Amaral na
secção Economia do jornal Expresso n.º 2222.
1984.
Outubro. Segunda-feira, 1, “em três mil páginas de declarações ao juiz de
Palermo, Giovanni Falcone [2], Tommaso Buscetta – aliás Dom
Masino, aliás Roberto – pós a nu os últimos quinze anos da Máfia siciliana,
permitindo a emissão de 366 mandados de captura contra os níveis mais altos do
crime organizado. O «golpe histórico ao santuário do grande crime» como se
definiu a operação de sábado, noite de S. Miguel – revelou as ligações da Máfia
a 121 assassínios, desde o do jornalista Mauro de Mauro, em 1960, até ao do
general Dalla Chiesa, em 1982, passando pelos dos magistrados Costa, Terranova
e Scaglione. Vicenzo Pajno, jurista de Palermo, classificou de histórica a
«noite de São Miguel» e considerou que com ela se passou uma página na luta
contra o crime, que, nos últimos tempos, só teve equivalente nas revelações dos
dirigentes arrependidos (pentitos) das
Brigadas
Vermelhas. Tommaso Buscetta, superchefe da Máfia na Europa e
nos Estados Unidos, figura de proa do mais alto tráfico de droga, é o protótipo
do líder de clã que utiliza às mil maravilhas a cobertura política e as
ligações internacionais, as emboscadas e a pólvora [3].
A sua história começou nos anos 50, na Palermo do pós-guerra, e terminou no
Brasil no dia 25 de outubro de 1983, quando foi preso num dos bairros mais
luxuosos de São Paulo, junto com a terceira mulher, Maria
Catarina de Almeida. Os polícias que o foram prender encontraram-no com a
máscara impassível que sempre o caracterizou: «Ok, sou Tommaso Buscetta.
Digam-me quanto pago, a minha liberdade não tem preço».
Mas, como
por vezes acontece nestas histórias, a tentativa de suborno não resultou e os
polícias conduziram para a esquadra Dom Masino, na ocasião, sob suspeita de
autor ou cúmplice na morte de duas raparigas brasileiras numa «droga-party»
efetuado num apartamento de Copacabana. Pouco depois, chegava ao Brasil o
pedido de extradição para Itália. O «chefe dos dois mundos» desceu no dia 17 de
julho no aeroporto de Roma, já depois de ter feito uma tentativa de suicídio na
prisão de São Paulo. A história que imediatamente a seguir Buscetta relata ao
juiz Giovanni Falcone é a história da evolução da Máfia, da rede dos grandes
tráficos de heroína e cocaína, da estreita união entre a Máfia siciliana a as
suas ramificações na Europa e a Máfia norte-americana, da circulação
incalculável de biliões de dólares que transformaram a criminalidade mafiosa numa
multinacional potente, desapiedada e quase invencível. A subida pessoal de Buscetta
neste universo foi irresistível [4]. A
princípio, trata-se apenas «de um tipo que tinha uma arma e sabia o que fazer
com ela» - como ele próprio disse ao juiz de Palermo. Depois, graças à sua
habilidade e capacidade para estabelecer e controlar todo o tipo de relações, nomeadamente
políticas, suprimir chefes mais pequenos mas concorrentes, aparece no final da
década de 50 lado a lado de Pietro Torretta, o chefe do distrito de Uditore, em
Palermo. (…). Buscetta instala-se no Brasil - «a minha segunda pátria» - nas
montanhas do Itatiaia, munido de um passaporte especial passado pelo chefe
superior da polícia de Palermo, Jacovacci, por interferência do deputado
democrata-cristão Francesco Barbacaccia, e, a partir do seu quartel-general,
começa a controlar grandes carregamentos de droga pesada proveniente da Bolívia
e do Peru. A pouco e pouco, adquire uma esquadrilha de duzentos aviões de
turismo preparados para transportarem, a par de passageiros em férias, centenas
de toneladas de heroína e cocaína. Os processos de refinação terminavam em
laboratórios dos Estados Unidos e da Europa e o produto era depois vendido em
supermercados e pizzarias de vários continentes. O sonho americano de Dom
Masino começou a encontrar os primeiros obstáculos sérios em 1972, quando foi
preso pela primeira vez no Brasil, não obstante uma primeira operação plástica
à cara [5]. Extraditado para Itália e preso em
Palermo, Buscetta não permaneceu muito tempo atrás das grades, apesar de ter
falhado um assalto feito ao cárcere por amigos e colegas, que entre outro
material empregaram um helicóptero pilotado por um especialista em acrobacias.
Com efeito, o próprio juiz que o mandara prender considerou «exemplar» o
comportamento de Dom Masino enquanto esteve detido e concedeu-lhe a liberdade
provisoria. Após portar-se bem durante quatro dias, apresentando-se diariamente
à polícia, Buscetta desapareceu da Sicília e voltou para as montanhas do
Brasil. Neste país voltou a fazer uma operação de cirurgia plástica ao rosto e
submeteu-se mesmo a uma intervenção médica às cordas vocais para disfarçar a
voz. Um ano depois da prisão de Buscetta, começou a guerra entre fações rivais
da Máfia em Palermo, e um irmão do superchefe e dois dos seus filhos foram
assassinados. Dom Masino tentou ficar à margem da batalha e cuidar dos seus
negócios, procurando estreitar relações com o poderoso Gaetano Badalamenti, mas
em vão. A fúria das fações vencedoras acabou com o prestígio de Buscetta. Era o
começo do declínio, que nunca mais pararia até que foi preso no Brasil.” Sábado, 27
de outubro, “o aparecimento de «arrependidos» entre os grandes chefes mafiosos
já propiciou à polícia italiana a emissão de 493 mandados de captura, 114 dos
quais já executados e 200 contra indivíduos que se encontravam já na prisão.
Depois de Tommaso Buscetta foi a vez de Salvatore Contorno, outro patrão da Máfia
a quebrar a ometá (lei do silêncio) dos
mafiosos (…). A ofensiva de quinta-feira constituiu igualmente mais um golpe
nos apoiantes da Máfia (pessoas «acima de toda a suspeita» que integram o
aparelho legal da Máfia) e revelou-se fatal para três dos atuais donos da Máfia
siciliana: o «padrinho» Michele, fugido à justiça e condenado a prisão
perpétua, Salvatore Riina, também a monte e Luciano Liggio, já na prisão. Tal
como Buscetta, Salvatore Contorno («Totuccio») perdeu a segunda guerra da Máfia
(de 1980 a 1983), mas sempre conseguiu furtar-se à polícia, que o procurava
pelo rapto de várias pessoas. Condenado à revelia a 26 anos de cadeia pelo
sequestro do empresário Emiliano Arnaldi, «Totuccio» conseguiu escapar a uma
emboscada dos seus adversários, em junho de 1981. Durante a emboscada, um dos
mais temíveis assassinos a soldo da Máfia, Giuseppe
«Pino» Greco, conseguiu sair ileso graças a um colete antibalas
quando alvejado. Salvatore Contorno foi ferido por uma rajada de Kalashnikov e
obrigou posteriormente um cirurgião do Hospital Civil de Palermo a operá-lo.
Quando os rivais tiveram conhecimento do facto, mataram o médico e começaram a
assassinar familiares de Salvatore Contorno no intuito de o obrigarem a sair do
seu esconderijo. Contorno refugiou-se numa vivenda – um bunker nos arredores de
Roma, deixando a mulher, grávida na altura, em casa de um amigo seu que também
acabou por ser assassinado. Quando a polícia o prendeu, em maio de 1982, o
antigo boss era um homem acabado que
já só esperava morrer às mãos dos seus inimigos. Mas, mesmo depois da sua
detenção, prosseguiu a matança dos seus familiares e amigos, dizimados a par
dos clãs de Gaetano Badalamenti (preso em Madrid em março passado e extraditado
para os Estados Unidos) e do seu fiel aliado Buscetta, o primeiro grande
arrependido mafioso.”
Sexta-feira,
12 de outubro, “uma forte explosão no hotel onde estava alojada a primeira-ministra
britânica provocou hoje de madrugada a morte de duas pessoas e ferimentos em
24, anunciaram fontes hospitalares [6]. Margaret Thatcher e vários
membros do seu gabinete, que se encontravam no Grand Hotel de Brighton, cem
quilómetros a sul de Londres, não foram atingidos pelo rebentamento. O ministro
britânico do Comércio e Indústria, Norman Tebbit, tem uma perna partida, e
escoriações na região do pescoço, em consequência da explosão no hotel - o
atentado deu-se às 3h00 e envolveu oito a dez quilogramas de explosivos. Tebbit
esteve soterrado pelos destroços durante quatro horas [7].
O interior do hotel ficou quase completamente destruído, e, foram destruídas a
casa de banho da suite de Thatcher e a sala da suite de Geoffrey Howe, ministro
dos Negócios Estrangeiros. Ambos estavam hospedados no primeiro andar do
edifício. No atentado morreram duas pessoas (ainda não identificadas, mas
presume-se que sejam polícias) e ficaram feridas 24 [8].
A primeira-ministra britânica disse hoje de manhã que a conferência do Partido
Conservador se prolongará sem alteração, e adiantou que estava ainda a
trabalhar no seu discurso de encerramento da conferência, para hoje, tal como
acontecia na altura da explosão. O líder parlamentar do Partido Conservador
britânico foi retirado esta manhã vivo dos escombros do hotel, várias horas
após a explosão. John Wakeham, de 52 anos, foi retirado pelas autoridades que
escavaram durante várias horas até o encontrar. (…). O ministro britânico do
Interior, Leon Brittan [9], responsável pela
polícia e ordem pública, revelou que a explosão no hotel de Margaret Thatcher
foi causada por uma bomba pesando entre 7 a 9 quilogramas colocada dentro do
edifício. «Não temos a certeza, mas parece que a bomba foi colocada no hall de
entrada do hotel», disse Brittan. «Trata-se obviamente de um gesto terrível do
género que temos assistido demasiado», disse o ministro. «É terrivelmente
chocante em termos de vítimas». «Não se trata dos indivíduos. É uma questão da
nação não estar sujeita a chantagens ou ser obrigada a parar devido a atos de
violência deste tipo», acrescentou. O ministro do Gabinete, John Biffen, disse
à imprensa que o alvo do atentado «foi sem sombra de dúvida a primeira-ministra». Este é o
segundo atentado que Margaret Thatcher sofreu. O primeiro ocorreu em novembro
de 1982 quando uma carta-armadilhada explodiu na sua residência oficial em
Londres, no número 10 da Downing Street. Logo após a explosão, o ministro dos
Negócios Estrangeiros, sir Geoffrey
Howe, e o ministro do Interior, Leon Brittan, correram para o quarto de
Thatcher, no sexto andar, e desceram com ela. «A bomba rebentou entre as 2h45 e
as 3h00», disse a senhora Thatcher. «Sei isso por que olhei para o relógio às
2h45 quando acabei um trabalho». «Tinha acabado de iniciar um último documento
quando explodiu. O meu marido (Dennis) estava na cama, as janelas foram pelos
ares e a casa de banho ficou muito danificada», disse a primeira-ministra,
antes de abandonar o local. (…). A conferência anual do Partido Conservador
britânico recomeçou hoje de manhã, apenas seis horas depois da explosão. (…).
Viram-se no entanto muitas cadeiras vazias no auditório. A primeira-ministra
usava o mesmo vestido e joias que tinha quando saiu do Grand Hotel de Brighton,
após a explosão que destruiu os três últimos andares do edifício. Toda a zona
está cheia de destroços e há um buraco na frontaria do hotel.”
Quarta-feira, 17 de outubro, “o agravamento do défice do Orçamento de Estado para este ano em cerca de 73 milhões de contos «reveste-se de evidente benefício para a economia nacional», afirmou esta manhã o ministro das Finanças na Assembleia da República. Ernâni Lopes concluía assim a explicação que veio dar aos deputados sobre a diferença entre o défice previsto aquando da apresentação do Orçamento para este ano (176 milhões de contos) e aquele que constava da proposta de revisão deste mesmo Orçamento (204 milhões de contos), cuja discussão hoje se iniciou em S. Bento. A tese do ministro abrangia igualmente a justificação sobre o aparecimento de um buraco adicional de 45 milhões de contos cuja existência só foi comunicado aos deputados, na segunda-feira, pelo secretário de Estado do Orçamento. Ernâni Lopes teve de explicar este enorme agravamento do défice registado em apenas alguns dias, dizendo que só depois da proposta do Orçamento suplementar ter sido enviada à Assembleia da República é que o governo teve conhecimento de que o Banco de Portugal não tinha realizado vendas de ouro no valor 45 milhões de contos, conforme previsto. Para o ministro, este facto ficou a dever-se à evolução favorável da situação cambial portuguesa que evitou a venda daquele ouro e, portanto, a arrecadação das receitas correspondentes. A oposição reagiu em bloco à argumentação governamental acusando o ministro das Finanças de falta de rigor orçamental.”
Quarta-feira, 17 de outubro, “o agravamento do défice do Orçamento de Estado para este ano em cerca de 73 milhões de contos «reveste-se de evidente benefício para a economia nacional», afirmou esta manhã o ministro das Finanças na Assembleia da República. Ernâni Lopes concluía assim a explicação que veio dar aos deputados sobre a diferença entre o défice previsto aquando da apresentação do Orçamento para este ano (176 milhões de contos) e aquele que constava da proposta de revisão deste mesmo Orçamento (204 milhões de contos), cuja discussão hoje se iniciou em S. Bento. A tese do ministro abrangia igualmente a justificação sobre o aparecimento de um buraco adicional de 45 milhões de contos cuja existência só foi comunicado aos deputados, na segunda-feira, pelo secretário de Estado do Orçamento. Ernâni Lopes teve de explicar este enorme agravamento do défice registado em apenas alguns dias, dizendo que só depois da proposta do Orçamento suplementar ter sido enviada à Assembleia da República é que o governo teve conhecimento de que o Banco de Portugal não tinha realizado vendas de ouro no valor 45 milhões de contos, conforme previsto. Para o ministro, este facto ficou a dever-se à evolução favorável da situação cambial portuguesa que evitou a venda daquele ouro e, portanto, a arrecadação das receitas correspondentes. A oposição reagiu em bloco à argumentação governamental acusando o ministro das Finanças de falta de rigor orçamental.”
__________________
[1] Cena de
“Uma família inglesa” de Júlio Dinis.
[2] “Giovanni
Brusca foi encarregado de matar Falcone. Riina queria o assassinato executado
na Sicília, numa demonstração do poder da Máfia, ordenou que o ataque deveria
ser na estrada A29, que Falcone tinha de usar para chegar a casa nas suas
visitas semanais. Quatrocentos quilos de explosivos foram colocados numa
conduta debaixo da autoestrada, entre o Aeroporto Internacional de Palermo e a
cidade de Palermo, perto da cidade de Capaci. Os homens de Brusca realizaram
testes usando lâmpadas para simular a detonação da explosão num carro em alta
velocidade e uma estrutura de betão foi especialmente criada e destruída numa
explosão experimental para ver se a bomba seria suficientemente poderosa. Leoluca Bagarella esteve
presente durante os preparativos. Brusca detonou o dispositivo por controlo
remoto de um pequeno anexo numa colina à direita da autoestrada a 23 de maio de
1992. Giovanni Falcone, a mulher, Francesca Morvillo, e os polícias Rocco
Dicillo, Antonio Montinaro e Vito Schifani foram mortos na explosão. A explosão
foi tão potente que registou nos sismógrafos locais. Segundo o arrependido (pentito) Salvatore Cancemi (que em 1993 confessou ter
estrangulado dois filhos de Buscetta), Riina teria dado uma festa, brindando a
morte de Falcone com champanhe.”
[3] “Giulio
Andreotti foi condenado, com base em acusações do mafioso arrependido Tommaso
Buscetta, de ter sido o «mandante» do assassínio do jornalista Pecorelli que teria
ameaçado fazer revelações relativas ao caso Aldo Moro (1978), dirigente da
Democracia Cristã, raptado e, depois, assassinado, pelas Brigadas Vermelhas,
organização terrorista de extrema-esquerda. As principais forças políticas
italianas - à exceção do PSI, de Craxi, e da extrema-esquerda legal -
opuseram-se às negociações com as Brigadas com vista a libertar Aldo Moro,
antigo primeiro-ministro e provável candidato a presidente da República,
através da troca de prisioneiros. Os apelos de Aldo Moro com vista a uma
solução negociada foram ignorados pelos seus antigos companheiros, com destaque
para Andreotti, que não hesitaram em considerar meras falsificações as cartas
do prisioneiro das Brigadas, divulgadas na imprensa da época, apesar de, na
opinião de diversos peritos, a caligrafia, o estilo e a argumentação apontarem
no sentido da sua autenticidade.”
[4] Buscetta
afirmou numa entrevista que perdeu a virgindade aos oito anos, com uma
prostituta, que lhe cobrou apenas uma garrafa de azeite.
[5] “Entre 1979
e 1980, os mafiosos mataram Michele Reina, secretário provincial dos
democratas-cristãos; Boris Giuliano, subcomissário de polícia de Palermo; juiz
Cesare Terranova, presidente do Tribunal de Apelação; Pier Santi Mattarella,
presidente democrata-cristão do governo regional; e Emanuele Base, capitão dos carabinieri. Riina estava fora de
controlo, ou sob seu único e exclusivo controlo. O ex-primeiro-ministro
democrata-cristão Giulio Andreotti, chamado de «Tio Giulio» pelos mafiosos,
chamou Bontate às falas. No início de 1980, um grupo de mafiosos reuniu-se em
Roma, no Hotel Flora, para discutir a liquidação da famiglia Corleonese. Tommaso Buscetta, que estava fora do país, foi
convocado por Bontate e Inzerillo para assumir o comando da guerra. O mafioso
mulherengo escapou para o Brasil, em 1971, onde se casou com a estudante de
psicologia Maria Cristina de Almeida Guimarães, de 19 anos, «filha de um rico
advogado em cujo círculo de amigos constava um ex-presidente, João Goulart».
Era um dos chefões do tráfico de heroína e cocaína «nas rotas que se estendiam
dos Estados Unidos ao México e do Canadá ao Brasil», por isso era conhecido
como «chefão de dois mundos». Ao ser preso no Brasil, em 1972, durante o regime
militar, Buscetta foi torturado. «Deram-lhe choques elétricos nos genitais,
nas nádegas, dentes e orelhas e arrancaram-lhe as unhas dos pés. Mas
ele disse somente: ‘Meu nome é Tommaso Buscetta’. A polícia
colocou-o, e à terceira esposa, Cristina, a bordo de um avião de paraquedismo.
Polícias seguraram Cristina, que estava grávida, pelos cabelos e a suspenderam
no ar enquanto sobrevoavam São Paulo. Ela desmaiou. Novamente Buscetta recusou
falar. Ele passou oito anos na prisão», relata Follain. Era, portanto, o homem
certo para enfrentar os inimigos de Corleone que assolavam Palermo. Na reunião
do hotel da Via Veneto, Nino Salvo disse ao mafioso quase-brasileiro: «Os
corleoneses tomaram o comando de tudo. Os assuntos internos da máfia e suas
relações com os políticos, os negócios ‘limpos’ e ‘sujos’ da organização. Eles
controlam todo o mundo». Buscetta, então com 53 anos, não gostou do que ouviu e
ponderou: «A Cosa Nostra degenerou-se. Todos só pensam em dinheiro e poucos
estão prontos para lutar por uma causa justa. Duvido que me deem ouvidos. Não
posso ajudá-lo». A Bontate, Buscetta disse: «Vocês falam e falam. Enquanto
isso, são os corleoneses que agem. Eles estão nos derrubando um a um. Acho que
você já é um homem morto».”
[6] Outras
bombas são divertidas. “La Bomba” (1999), p/
King Africa. “Y las mujeres lo bailan así, así, así, así / Todo el mundo / una
mano en la cabeza / una mano en la cabeza / un movimiento sexy / un movimiento
sexy / una mano en la cintura / una mano en la cintura / un movimiento sexy /
un movimiento sexy.”
[7] “Um antigo
ministro britânico, Norman Tebbit, admitiu que a rede de pedofilia que existia
na década de 1980 em Westminster, a sede do governo britânico, poderá ter sido
encoberta para «proteger o sistema». Tebbit, que foi ministro de Margaret
Thatcher (chefe do governo entre 1979 e 1990), esteve na BBC1 para comentar a
mais recente notícia sobre os escândalos sexuais no Reino Unido - o
desaparecimento, dos arquivos oficiais, de pastas relativas aos casos. Ontem, [5
de julho de 2014], soube-se que outro ficheiro com 114 pastas também
desapareceu do arquivo do ministério do Interior. Foi o próprio ministério do
Interior (Home Office) quem anunciou que está a investigar o que aconteceu aos
ficheiros relativos à rede de pedofilia em Westminster naquela década. Os
documentos foram entregues na década de 1980 ao ministro do Interior de então,
Leon Brittan, pelo deputado conservador Geoffrey Dickens, que os compilou. Não
se sabe o que aconteceu aos documentos, apenas que seriam bastante detalhados e
que Dickens foi aconselhado por Brittan, através de uma carta, a entregá-los à
Scotland Yard. A polícia britânica, porém, já fez saber que não tem registo de
entrada desse material. Segundo o jornal The Guardian, Dickens, que morreu em
1995, disse à sua família que entre 1983 e 1984 passou o material que recolhera
ao ministro do Interior e que a informação contida nos ficheiros iria fazer
«rebentar» um caso que afetaria gente muito poderosa - pelo menos oito
personagens públicas. (…). Investigações travadas para proteger o sistema, como
disse Tebbit. «Penso que na altura todos pensaram que apesar de as coisas terem
descarrilado em alguns aspetos, era mais importante proteger o sistema e não
investigar mais», disse o antigo ministro de Thatcher. «Na minha opinião, essa
opção foi errada, pois que os abusos aumentaram». «Se houve encobrimento? É bem
possível. Era o que se fazia na época», disse Norman Tebbit.”
[8] Felizmente
não. “Cinco pessoas foram mortas, nenhuma das quais ministros do governo.
Porém, um deputado conservador, sir Anthony Berry, foi morto,
juntamente com Eric Taylor (presidente do Partido Conservador da zona noroeste),
lady Jeanne Shattock (mulher de sir Gordon Shattock, presidente do Partido
Conservador da zona oeste), lady
Muriel Maclean (mulher de sir Donald
Maclean, presidente dos conservadores escoceses) e Roberta Wakeham (mulher do
secretário parlamentar do Tesouro, John Wakeham). Donald e Muriel Maclean
estavam na sala onde a bomba explodiu, mas Maclean sobreviveu. Vários,
incluindo Walter Clegg, cujo quarto ficava diretamente por cima da explosão e Margaret
Tebbit (mulher de Norman Tebbit, ministro do Comércio e Indústria) ficaram
permanentemente incapacitados. Trinta e quatro pessoas foram levadas para o
hospital e recuperaram dos ferimentos. Quando o pessoal do hospital perguntou a
Norman Tebbit, que estava menos gravemente ferido que a esposa, se ele era
alérgico a algo, ele teria respondido «bombas».”
[9] Francisco
Seixas da Costa: “Posso correr o risco de estar a ser injusto, mas
tenho a sensação de que Leon Brittan, o antigo comissário europeu que agora
faleceu, não tinha um especial apreço por Portugal. Digo-o com a convicção de
quem com ele lidou diretamente durante alguns anos, em especial no tempo em que
dirigiu a Política Comercial da União Europeia. Nunca o vi demonstrar simpatia
pelos interesses específicos do nosso país, num tempo em que o desmantelamento pautal
da UE, quer no quadro da Organização Mundial de Comércio quer nos acordos bi-regionais
ou com países terceiros, se fez muito à custa dos Estados membros cuja produção
tinha um grau de sofisticação tecnológica que ficava aquém da média europeia.
Visitei-o uma primeira vez, logo em fins de 1995, acompanhando Jaime Gama. A
corrente claramente não passou entre o então ministro português dos Negócios
Estrangeiros e Brittan, que era um poderoso vice-presidente da Comissão, ao
tempo sob a frágil liderança de Jacques Santer. Gama expôs-lhe as dificuldades
de Portugal, com um tecido industrial em curso de reconversão, em poder praticar
cedências no tocante à «oferta» comunitária nas negociações comerciais. Brittan
não deu sinais de ter ficado minimamente sensibilizado. Era essa, aliás, a
impressão dominante na direção-geral dos Assuntos Europeus onde eu, até então,
fora subdiretor-geral. Brittan tinha um estilo snobe, um sorriso que era um
meio esgar e que facilmente podia ser lido como cínico. Sabia-se que fazia o
que muito bem lhe apetecia no âmbito da Comissão, e isso mesmo tinha ficado
claro para nós durante um anterior encontro com Santer, que manifestamente o
não controlava e deixava disso nota. Liberal até à medula, achava que a
salvação da indústria e dos serviços da Europa se faria pelos ganhos de mercado
exterior dos seus setores mais avançados, com os restantes a terem de suportar
o facto de estarem condenados a desaparecer. Quando lhe falávamos das falências
que entretanto se sucediam em Portugal, em setores produtivos ainda com uma
dimensão apreciável de mão-de-obra e sem esperanças de reconversão por
qualificação, percebia-se que isso lhe era praticamente indiferente. Sir Leon Brittan, que havia sido
«knighted» pela soberana britânica antes de ingressar na Comissão Europeia, foi
uma figura com certo destaque na política interna britânica, onde havia sido
ministro do Interior e teve um importante cargo no «Treasury». Era uma
personalidade brilhante, de uma inteligência rápida, embora com uns modos arrogantes
e «untuosos» que não éramos os únicos a considerar supinamente irritantes.”
na sala de cinema
“Natale in casa d’appuntamento” (1976), real. Armando Nannuzzi,
mús. Riz Ortolani, c/ Ernest Borgnine, Silvia
Dionisio, Françoise
Fabian, Corinne Cléry, Norma Jordan
…. Sob o título local “Flores que vivem no lodo” estreado sexta-feira, 24 de outubro de 1980 no Castil. “Mira Capri (Françoise Fabian), uma ex-prostituta
e, há alguns anos, madame de um bordel, está finalmente prestes a deixar a profissão,
e retirar-se para um novo apartamento com o homem que ela ama, o engenheiro Alberto
Giusti (Mimmo Palmara), que deve divorciar-se da sua esposa. Enquanto espera até o Natal, o dia marcado
para o encerramento da «casa», Mira organiza as últimas atividades das suas
«meninas»: manda Rossana (Silvia Dionisio), para fazer companhia durante três
dias a um empresário maduro, Max (Ernest Borgnine), que se apaixona pela jovem
e quer desposá-la; arranja à esposa preta de um homem impotente um encontro com
um negociante de carros, encontro que não se repetirá, uma vez que a mulher não
se oferece nunca, por respeito ao marido, duas vezes ao mesmo homem; substitui
Rossana, que decidiu abandonar a profissão, por uma recém-casada, Silvia (Corinne Cléry), que precisa de
dinheiro para pagar o carro e a criada e, na véspera de Natal, cede-a a outra
madame. Na noite do último dia que Mira passa com Max, um telefonema informa-a
que Alberto morreu num acidente de viação. Só na sua casa nova, a mulher chora.” [1]
“Le petit soldat” (1963), real. Jean-Luc Godard, c/
Anna Karina, Michel Subor, Henri-Jacques Huet … sob o título local “O soldado
das sombras” estreado quinta-feira, 28 de julho de 1983 no Quarteto sala 4.
“Segundo filme realizado por Godard, após «À bout de souffle», [sob o título local «O acossado»
estreado quarta-feira, 30 de setembro de 1970 no cinema Imperio], foi também o
seu primeiro drama sociopolítico. «Le petit soldat» é a história de Bruno (Michel Subor), um revolucionário
francês que se esconde na Suíça para evitar o recrutamento para a guerra da
Argélia. A sua aliança com os serviços secretos franceses rapidamente
embrenha-o numa situação complicada na qual tem de matar um simpatizante
argelino para provar que não é traidor. Não querendo completar a missão, Bruno
é forçado a enfrentar as suas opiniões pessoais sobre a guerra e o orgulho. No
meio disto, ele apaixona-se por Véronica Dreyer (Anna Karina), uma imigrante
russa que esconde a sua verdadeira identidade.” “Genebra 1958. A França tem que
enfrentar a guerra da Argélia. Bruno Forestier, desertor, trabalha na Suíça por
conta de um partido de direita que combate a FLN. Este compromisso não é o
resultado de uma escolha lúcida. Bruno, personagem ingénua, é vítima das mais
desconcertantes contradições intelectuais [2].
Ele conhece Véronica Dreyer, por quem se enamora. Os seus amigos, suspeitando
que faz jogo duplo, querem testá-lo. Ordenam-lhe que assassine Palidova, o
comentador político de Radio Suisse. Bruno tenta ganhar tempo.” “Rodado em abril e maio de 1960,
«Le petit soldat» é aparentemente um registo de acontecimentos ocorridos dois
anos antes, no tempo da insurreição em Argel que levou, possivelmente, De
Gaulle a regressar ao poder e ao estabelecimento da Quinta República. É um dos
poucos filmes de Godard formalmente localizados num tempo anterior. Em 1960,
ele rejeitou de forma categórica a ideia de fazer filmes sobre o passado: «Por
que não fazer algo atual, por que devemos considerar os acontecimentos
presentes como algo tabu? Um filme está desatualizado quando não dá um retrato
verdadeiro da época em que é feito. (…). Eu consideraria indecente fazer hoje um
filme sobre a resistência. (…). Fazê-lo agora é desonesto, impuro e fabricado».
(Godard, 1972).” [3] “The Jericho Mile” (1979), real. Michael Mann, c/
Peter Strauss, Richard Lawson, Roger E. Mosley … sob o título “Fúria de vencer”
estreado
sexta-feira, 29 de outubro de 1982 no Quarteto sala 2 e no Xénon. “Larry Murphy (Peter Strauss) foi
condenado por homicídio qualificado e cumpre pena de prisão perpétua, em Folsom,
por disparar sobre o pai, o que ele considera justificado porque o pai estava a
violar a sua meia-irmã. Na prisão é alcunhado pelos outros presos o «Muito Rápido», mas permanece um
solitário, que tem apenas uma pessoa a quem chama amigo: um companheiro preto
chamado R. C. Stiles (Richard Lawson). O filme centra-se na sua obsessão por
correr à volta do pátio da prisão. Larry não faz ideia de quão rápido é até o
psicólogo, Dr. Bill Janowski (Geoffrey Lewis), pôr o jornalista de desporto da
cadeia a cronometrá-lo. Quando o diretor Earl Gulliver (Billy Green Bush)
descobre a velocidade de Murphy, faz o treinador estadual de atletismo, Jerry
Beloit (Ed Lauter), trazer um par dos seus atletas para correr contra Murphy.
Murphy vence-os e, por fim, permite que o treinador o prepare para as próximas
qualificações para os Jogos Olímpicos [4]. Antes
de isso acontecer, uma nova pista com especificações adequadas tem de ser
construída no pátio para Murphy correr e registar um tempo oficial para ser
elegível para competir nas provas de qualificação olímpica. O diretor pede aos
presos que se voluntariem para construir a nova pista.” Factos: “filmado na prisão de
Folsom, na Califórnia, muitos prisioneiros reais aparecem no filme. Um deles foi
guarda-costas de Peter Strauss.” “Durante a rodagem em Folsom, houve treze
esfaqueamentos e um assassinato entre os presos, nenhum membro da equipa foi
ferido ou ameaçado ao longo da produção, e nenhum testemunhou violência alguma.” “Seed of Innocence” (1980), real. Boaz Davidson, c/ Timothy Wead, Mary Cannon, T.K.
Carter … sob o título “A semente da inocência” estreado sexta-feira, 6 de agosto de 1982 no
Nimas. “Uma história de amor sobre dois adolescentes que se apaixonam, têm um
filho, e fogem das suas famílias numa tentativa de singrar por si mesmos em
Nova Iorque.” [5]
“Venon” (1981), real. Piers Haggard, c/ Klaus
Kinski, Oliver Reed, Susan George, Sarah Miles … sob o título local “Perigo na
sombra” estreado quinta-feira, 28 de outubro de 1982 no Condes e no Cine Estúdio
ACS. “Um criminoso internacional chamado Jacmel (Kinski) alicia Louise (George)
e Dave (Reed), a empregada e o motorista de Ruth Hopkins, num esquema para raptar-lhe
o filho asmático de 10 anos, Philip (Lance Holcomb), e exigir resgate. Quando o
plano começa a ser executado, Philip trouxera para casa, de um importador
local, uma cobra, desconhecendo que o seu novo animal de estimação fora, acidentalmente,
trocado por uma mamba-preta destinada a um laboratório de toxicologia. O
laboratório informa a confusão e um polícia é enviado para a residência dos
Hopkins, somente para ser baleado pelo motorista em pânico. A casa londrina é
cercada, prendendo os criminosos, a criança e o avô (Sterling Hayden), no
interior, com a mamba, que agora está solta no sistema de ventilação.” Factos: “Klaus Kinski aceitou o
papel neste filme, em vez de uma oferta nos «Salteadores da arca perdida» de
Steven Spielberg, porque lhe ofereceram mais dinheiro. Kinski disse na sua
autobiografia, «All I Need Is Love: A Memoir» t.c.c. «Kinski Uncut: The
Autobiography of Klaus Kinski» (1988, 1996), que ele pensava que o argumento dos
«Salteadores» era «estupidamente merdoso».” “Piers Haggard substituiu Tobe Hooper
na realização. Numa festa
no Elaine's
Restaurant, em Manhattan, celebrando a estreia do filme, Klaus Kinski
vangloriou-se de como ele, outros membros do elenco e da equipa técnica
conspiraram contra Hooper, algumas semanas depois do início da filmagem, para
conseguirem substituí-lo."
__________________
[1] Filme datado. Com o encolhimento
dos níveis de testosterona, os diques de lágrimas rebentam nas faces masculinas,
e a asserção tomatada é delas. “Naked Killer / 赤裸羔羊” (1992), real. Clarence Fok Yiu-leung (霍耀良), Chingmy Yau (邱淑貞), Simon Yam (任達華), Carrie Ng
(吴家丽) … “Kitty (Chingmy Yau) é uma jovem
justiceira que não se ensaia nada em apunhalar os genitais dos homens que maltratam
as namoradas. Tinam (Simon Yam) é um polícia que atravessa um período bastante
traumático: ele matou o irmão, sem saber que era ele, no decurso de um assalto há
três meses e, como consequência, vomita todas as vezes que pega na arma. Kitty
despacha um homem de forma horrível, disparando-lhe um tiro em cada perna,
esborrachando-lhe a cabeça com dois halteres e dando-lhe um tiro nos cataplines por causa das tosses. Tinam cruza-se
com Kitty, na barbearia, quando ela esfaqueava forte e feio os tomates de um
agressor-emprenhador de uma amiga dela. Mais tarde, Kitty aparece na esquadra e
falseia os factos ao ponto que Tinam não tem alternativa senão começar um
relacionamento com ela. Isto revela Kitty como uma manipuladora subtil. Tinam,
que ficara impotente, descobre que não sente mais a mesma coisa por Kitty, que,
todavia está contente em brincar com ele.” Factos: “apesar do título, o
filme mostra pouca nudez. Na época, aparecer nu nos filmes asiáticos era visto
como prejudicial para as expetativas de carreira de um ator ou atriz, embora
muitos atores principais escolhessem trabalhar em filmes de Categoria III (para
maiores de 18 anos). Não obstante aparecer de mamas descobertas quando faz amor
com Simon Yam, Chingmy Yau mantém-nas cobertas com o braço.” “A atriz japonesa Madoka
Sugawara aparece, de facto, de tetas desnudas e o rabo é mostrado durante as
cenas de amor com Carrie Ng, que permaneceu vestida, e insistiu em usar luvas
enquanto acariciava o corpo de Sugawara.” “Naked Killer 2 t.c.c. Raped
by an Angel t.c.c. Super Rape t.c.c. Legal Rape / 香港奇案之強姦”, real. Wai-Keung Lau (劉偉強), c/ Simon
Yam, Chingmy Yau, Mark Cheng (郑浩南) … “o filme é
uma meia-sequela do anterior. Na realidade, a única ligação entre os dois
filmes é o par Simon Yam e Chingmy Yau, que interpretam papéis diferentes. Foi
seguido de mais outros quatro filmes.” Enredo: “Yau Yuk-nam (Chingmy Yau) é uma estrela da publicidade
na televisão
que atrai a atenção de Chuck
Chi-shing (Mark Cheng), um perfeito cavalheiro, advogado e violador em série
bastante persuasivo. Um dia uma amiga de Yau Yuk-nam é violada e morta por ele,
então ela planeia vingança com o seu namorado da tríade, Tso Tat Wah (Simon
Yam). A fim de atrair o sádico violador, ela monta uma armadilha com um striptease erótico pondo o seu próprio
corpo como isco.”
[2] As jovens modernas não vêm com
bagagem existencial. O trabalho árduo tirou-as da filosofia, pele macilenta,
roupas coçadas, óculos e rugas de expressão. “Tenho montes de conjuntos de
fotos que são todas de alta qualidade e grandes para que possam ver todos os
recantos do meu pequeno corpo. Podem ver-me pôr a minha boca num pénis e lamber
a crica das minhas amigas.” Lil Emma,
1,54 m, 55 kg, 86-64-89, olhos e cabelos castanhos, nascida a 28 de maio de 1991
na Rússia, t.c.c. Lilo, Estella, Estella Kasanov, Johanna Bach, Lara F, Manya,
Aliana, Honey, Isda, Isida, Izida, Janet. Sites:
{The Nude} {Indexxx} {Euro
Babe Index} {Define Babe} {Nubiles} {iafd} {Coed Cherry} {Nude
Reviews} {Site} {Double Teamed Teens} {Club
Seventeen} {Teen Sex Movs}. Obra fotográfica: {fotos1} {fotos2} {fotos3} {fotos4} {fotos5} {fotos6} {fotos7} {fotos8} {fotos9} {fotos10} {fotos11} {fotos12} {fotos13} {fotos14} {fotos15} {fotos16} {fotos17} {fotos18} {fotos19} {fotos20} {fotos21} {fotos22} {fotos23} {fotos24} {fotos25} {fotos26} {fotos27} {fotos28} {fotos29} {fotos30} {fotos31} {fotos32} {fotos33} {fotos34} {fotos35} {fotos36} {fotos37}. Obra cinematográfica: {“Finger Love” (2009)} ѽ {“Couch
Tease” (2009)} ѽ {“Stairway
Cum” (2009)} ѽ {“Bathroom
Fun” (2009)} ѽ {“Dildo” (2010)} ѽ {“Lil
Emma”} ѽ {“Milk
Junkies 6” (2010)} ѽ {“From
Teen Ass To Teen Mouth 5” (2010)} ѽ {“Piss
My Ass Off 3” (2010)} ѽ {“Lara
F + Anna P” (2011)} ѽ {“Sweethearts
Special 13: Teeny Lesbians” (2010)} ѽ {“Lilo
& Kasanov”} ѽ {“Lilo & Sanches”} ѽ {“AnalTeen Angel Lilo”} ѽ {“Teen
Anal 1” (2011)} ѽ {“Riding The
Big One
Vol.3” (2012)} ѽ {“Teen
Fanatics 2” (2012)} ѽ {“Rip
Her Up”} ѽ {“Lil Emma”} ѽ {“I
Fucked Her Finally”} ѽ {“Lilu in Sexyfootgirls”} ѽ {“Try
Teens”} ѽ {“18
Virgin Sex”} ѽ {“Dirty” (2012)} ѽ {“ Teens
Want Double 11” (2012)} ѽ {“Legal Tender” (2015)}.
[3] Sobre a série “6 fois 2” (1976), realizada para a televisão
por Jean-Luc Godard e Anne-Marie Miéville. “Mas então, e os cineastas e
fotógrafos que são pagos? Além disso, o que está o próprio fotógrafo preparado
para pagar? Algumas vezes está preparado para pagar o modelo. Algumas, o modelo
paga-lhe. Mas quando ele fotografa tortura ou uma execução, ele não paga nem à
vítima nem ao executor. E quando ele fotografa crianças que estão doentes,
feridas ou famintas, porque não lhes paga? Guattari sugeriu uma vez num
congresso psicanalítico que os analisados deviam ser pagos assim como os
analistas, uma vez que o analista não está exatamente a fornecer um «serviço»,
é mais uma divisão do trabalho, dois tipos distintos de trabalho a acontecer:
há o trabalho do analista de ouvir e estar sentado, mas, inconscientemente, o
analisado está a trabalhar também. Parece que ninguém prestou muita atenção à
sugestão de Guattari. Godard está a dizer a mesma coisa: por que não pagar às
pessoas que veem televisão, em vez de fazê-las pagar? Porque elas estão empenhadas
em trabalho real e estão elas próprios a fornecer um serviço público.” Gilles
Deleuze, em “Three Questions
about «Six Fois Deux»”.
[4] Laura já nasceu treinada e só recebe boas críticas. “Laura é uma garota linda e porreiraça, de 19 anos, do
Reino Unido, que adora exibir as suas firmes mamas e rata húmida em público. A
adolescente exibicionista desafia Islington para uma tarde de amostragem das
partes privadas.” {Laura
Naked In Public}. “A bonita jovem exibicionista, Laura, conduz-nos numa viagem voyeur
privada enquanto, num bar, brinca com as tetas, arrumando-se para exibicionismo
num parque nas proximidades. Naturalmente, a sensual adolescente britânica
termina excitada sem cuecas.” {UK
Flashers}. “A nudez
pública da bonita adolescente Laura, esplendorosa miúda amadora, mostrando as
tetas ao ar livre em Islington. Laura dá um passeio pelos canais e logo decide
despir-se em Islington desabotoando o vestido e mostrando tetas e rata aos
transeuntes que passam. A belíssima adolescente saiu para se divertir nestes
desafiantes vídeos de nudez pública e de cada vez que é vista, a adrenalina
ferve-lhe no corpo e espicaça-a a ficar ainda mais ousada.” {Laura
Public Flashing}. “Ela caça o orgasmo do voyeur, que lhe enche as medidas, ao passo que os
cidadãos ganham o dia vendo a jovem exibicionista. Após atingir o clímax na rua
comercial, Laura dirige-se para o popular passeio junto do canal e começa a
mostrar-se àqueles passageiros que cirandam perto da água. A loira britânica
pode parecer inocente, mas há uma exibicionista selvagem espreitando debaixo da
superfície do seu sorriso encantador e aparência angélica. Laura adora chocar
as pessoas com os seus propósitos de nudez pública e ficar completamente
exposta no processo.” {Naked
In Public}. Performances
artísticas: {vídeo1} ѽ {vídeo2} ѽ {vídeo3} ѽ {vídeo4} ѽ {vídeo5} ѽ {vídeo6} ѽ {vídeo7} ѽ {vídeo8} ѽ {vídeo9}.
[5] Singrar é o nome do meio dos jovens
atuais. Mellisa Clarke, 1,67 m, 56 kg, 81-64-81,
sapatos 39, olhos azuis, cabelo preto, nascida a 18 de setembro de 1991 em Northfleet, Inglaterra, t.c.c. Mel
Suicide. Sites: {Crave} {Twitter} {Suicide Girls} {Vimeo}. Obra fotográfica: {fotos1} {fotos2} {fotos3 + Rhian Sugden} {fotos4} {fotos5} {fotos7} {fotos8} {fotos9} {fotos10} {fotos11} {fotos12} {fotos13} {fotos14}. Obra cinematográfica: {“Suicide Girls: UK Holiday - Mel”} ѽ {“Mel + Chad: Suicide Girls Relaunch”} ѽ {“Mellisa Clarke”} ѽ {“Front 189 - Mel Clarke”} ѽ {Casting Vídeo} ѽ {DJ Mel Clark}.
no aparelho de televisão
“Teresa de Jesús” (1984), c/ Concha Velasco, María Massip, Antonio
Canal … série espanhola sob o título local “Santa Tereza d’Avila” transmitida
pelas 15h40, na RTP 2, às quintas-feiras, de 10 de março / 28 de abril de 1988.
“...é como para Santa Tereza - basta que vocês vão ver, numa certa igreja, em
Roma, a estátua de Bernini para compreenderem logo que ela está gozando, não há
dúvida. E do que é que ela goza? É claro que o testemunho essencial da mística
é justamente dizer isso, que a vivem, mas que não sabem nada. Essas
jaculações místicas não é gabarolice nem só falação, é em suma o que se pode
ler de melhor - podem pôr em rodapé, nota: Acrescentar os Escritos de Jacques
Lacan, porque é da mesma ordem. Com o que, naturalmente, vocês vão ficar todos
convencidos de que eu creio em Deus. Eu creio no gozo da mulher, no que ele é a
mais, com a condição de que esse a mais
vocês lhe coloquem um anteparo antes que eu o tenha explicado bem. O que se
tentava no fim do século passado, no tempo de Freud, o que eles procuravam,
toda a espécie de gente brava no círculo de Charcot e dos outros, era carregar
a mística para as questões de foda. Se vocês olharem de perto, de modo algum,
não é isto (pdf).” Jacques Lacan, em “Encore”.
“Esta visão quis o Senhor que eu visse assim: não era grande, mas pequeno, muito
bonito, o rosto tão aceso que parecia dos anjos muito elevados que parecem que
todos se queimam. Devem ser os que chamam querubins, pois os nomes eles não me
dizem, mas vejo bem que no céu há tanta diferença de uns anjos a outros, e de
outros a outros que eu não saberia dizer. Via em suas mãos um dardo de ouro
grande e no final da ponta me parecia haver um pouco de fogo. Ele parecia
enfiá-lo algumas vezes no meu coração e chegava às entranhas. Ao tirá-lo
parecia-me que as levava consigo e me deixava toda abrasada em grande amor de
Deus. [1] Era tão grande a dor que me fazia dar
aqueles gemidos, e tão excessiva a suavidade que põe em mim essa enorme dor que
não há como desejar que se tire nem se contenta a alma com menos do que Deus. Não é uma
dor corporal, mas espiritual, ainda que não deixe o corpo de participar em
alguma coisa e até bastante. É um requebro tão suave que se passa entre a alma
e Deus que suplico eu à sua bondade que a dê a experimentar a quem pensar que
eu minto. (…). Os dias que durava isto andava aparvalhada, não queria ver nem
falar, apenas queimar-me com a minha pena, que para mim era maior glória que
quantas há em toda a criação.” “Não me
parece outra coisa senão um morrer quase totalmente a todas as coisas do mundo
e ficar gozando em Deus. Não conheço outros termos para expressá-lo. Não sabe
então a alma o que fazer: se fala, se fica em silêncio, se ri, se chora. É um
glorioso desatino, uma celestial loucura na qual se aprende a verdadeira
sabedoria. Para a alma é uma maneira muito deliciosa de gozar.” Teresa de Ávila,
em “Livro da vida”. [2] “La neve nel bicchiere” (1984), real.
Florestano Vancini, c/ Massimo Ghini, Anna Teresa Rossini, Antonia Piazza …
minissérie italiana sob o título local “Um copo cheio de neve” transmitida
pelas 15h45, na RTP 2, às quintas-feiras, de 5 a 26 de maio de 1988. Trata-se
de uma série que relata 30 anos na vida de uma pequena família de agricultores
do vale do rio Pó, no início do século XX. Venanzio, a personagem central, é filho
dum pobre camponês e tem uma enorme vontade de ver o mundo e de o modificar.
Depois de se casar com Mariena, Venanzio começa a interessar-se pela política e
a colorir o futuro dos camponeses pobres com a esperança. Participa nas
primeiras greves, mas apesar da crescente tensão que se vai verificando na luta
de classes, as suas esperanças morrem. “Dezenas de homens sob sol a pique, para
cima e para baixo, interruptamente, por passagens improvisadas e precárias,
empurrando carrinhos de mão carregados de torrões de terra escavados num
terreno árido e ruim, para «domar» com canais de beneficiação. Breves pausas
para tirar a esgana com magras refeições de polenta e cebolas e matar a sede
com zurrapa, pálido vinho de terceira categoria. Com estas imagens, que com
eficácia representavam a fadiga dos «homens do carrinho de mão», começa «La
neve nel bicchiere», o filme extraído do livro de Nerino Rossi, a história de
uma família camponesa de 1898 até final de 1924-25, na província emiliano-romanhola.
É um filme rigoroso, interpretado por atores de teatro escolhidos pela
excelência e credibilidade física, sem vedetas nem concessões à espetacularidade,
produzido pela RAI e pela Vega, dirigido por Florestano Vancini, um realizador
que na sua carreira já demonstrou coragem para aventurar-se em empreendimentos
difíceis. Basta o exemplo de «Bronte» (significativo
subtítulo «Crónica de um massacre que os livros de história não contaram»), que
Vancini rodou nos anos 70, que a crítica não só italiana recebeu com agrado, e
que a RAI, a produtora, transmitiu uma única vez em 1973 (a preto e branco),
esquecendo-o nos seus baús. No caso de «La neve nel bicchiere», à coragem
junta-se o entusiasmo de um envolvimento pessoal: «Tem dentro a história de
muitos de nós emilianos. Eu sou de Ferrara, também eu de origem camponesa, as
vicissitudes do livro estão na minha memória, fazem parte das histórias de vida
da minha família», diz Vancini.” [3] “Rote Erde” (1983), real. Klaus Emmerich, c/ Claude-Oliver
Rudolph, Vera Lippisch, Karin Neuhäuser … sob o título local “Terra vermelha” série
alemã transmitida pelas 22h10, na RTP 2, às sextas-feiras, de 27 de maio / 22
de julho de 1988. Esta série de 9 episódios apresenta a vida de uma colónia de
mineiros na zona de Ruhr, entre 1887 e 1918. A dureza do trabalho, o amor, a
morte, as lutas pelos aumentos salariais e as aspirações destes homens de uma
vida digna são as questões essenciais que aqui são tratadas. 2.º episódio:
Bruno vive agora em casa de Erna. Viúva de um mineiro, ela tem dois filhos
menores que rapidamente se tornam amigos de Bruno. Entretanto os mineiros
desencadeiam uma greve. Mostrando-se particularmente ativos nos protestos,
Pauline e Herbert agridem Rewandowski. Outros, como Karl e Friedrich, não
acatam a paralisação e pretendem ir trabalhar. O conflito, esse, vai-se
agudizando. 3.º episódio: Käthe Boetzkes, a mulher de Friedrich, trabalha duas
vezes por semana como mulher-a-dias em casa do diretor Sturz e acaba por se
envolver com Rewandowski. Mais tarde, na altura em que este celebra o seu noivado
com Sylvia Von Kampen, Käthe deita fogo à casa. O inspetor Barwald surpreende
Bruno a infringir os regulamentos e os dois discutem. Bruno é chamado para o
serviço militar e Erna, que o acompanha na despedida, sabe que a sua vida em
comum está terminada. 4.º episódio: depois de dois anos de serviço militar,
Bruno regressa à povoação e encontra Pauline que, durante a sua ausência, se
transformara numa mulher. Decidem casar-se. 5.º episódio: Rewandowski e o sogro
reúnem os trabalhadores e Rewandowski faz um discurso em que se dirige às
personalidades importantes. No entanto, as suas palavras são interrompidas pela
notícia de uma explosão na mina. Uma a uma, as vítimas do acidente são salvas
e, entretanto, Pauline dá à luz um filho. Estamos na véspera do 1.º dia do ano
de 1900. Os homens ainda têm pensos e ligaduras nas feridas provocadas pela
explosão. Qual será o futuro dos mineiros no século que vai começar. 6.º
episódio: Rewandowski é indicado como candidato independente, pelo seu círculo
eleitoral, para as eleições gerais. E espera conseguir evitar que o candidato
social-democrata, Karl Boetzkes, seja eleito. No entanto, Karl ganha as
eleições e os sociais-democratas passam a ser a principal força política do
Reichstag. 7.º episódio: num cinema ambulante, os homens e as mulheres da
colónia contemplam com admiração as imagens de Karl Boetzkes no Reichstag. Em
consequência dos resultados eleitorais, os sindicatos sentem-se suficientemente
fortes para convocarem uma greve, mas a polícia faz uma busca em casa dos Boetzkes
ao saber que lá se efetuaria uma reunião ilegal destinada a preparar a greve.
No entanto, os homens conseguem fugir a tempo e Bruno, apesar das ameaças,
recusa-se a revelar os seus nomes. 8.º episódio: as celebrações do septuagésimo
aniversário da mina Siegfried são interrompidas com a notícia da mobilização
geral. Karl vê nisso a grande oportunidade de, finalmente, se poder provar o
patriotismo dos mineiros. A vida torna-se difícil para as mulheres que têm de
trabalhar nas minas e de suportar as consequências trágicas de uma guerra. 9.º
episódio: Otto Schablowski regressa à mina num camião do exército, juntamente
com alguns mineiros da Silésia. Durante um jantar em casa os Boetzkes, Bruno
diz a Otto que a assembleia de trabalhadores e soldados já fora informada da
ocupação da mina. Entretanto, Rewandowski e Karl encontram-se para entrarem em
negociações nas quais o futuro de todos será decidido. “Ferdy” (1984), série
de animação transmitida pelas 19h30, na RTP 2, às sextas-feiras, de 25 de
outubro de 1985 até (pelo menos) 24 de janeiro de 1986. «Ferdy» é uma série de
desenhos animados anglo-checa baseada nos livros da personagem, a formiga Ferdy,
do autor checo Ondřej Sekora. Ferdy começou por aparecer no jornal Lidové
noviny e em 1936 foi editado o primeiro livro. (…). A série de desenhos
animados foi produzida em 1984 pela European Cartoon Production. Foram
produzidos 26 episódios, realizados por Jerry Hampeys e com música de Evzen
Illinois e Zdenka Liska.” “Ferdy é uma
formiga simpática e aventureira que vive na utopia de insetos, Käfertal,
onde tem muitos amigos que vivem com ele muitas aventuras. Entre eles o seu cão
Snuffer, o TollPatsch, a joaninha Gwendoline, o caracol Oscar, a aranha
Arambula entre outros. Ferdy tem uma paixão secreta pela joaninha Gwendoline.” [4]
___________________
[1] Na fita do
tempo de qualquer jovem encontramos, num dado momento, uma namorada boa, um
espanto, aquela que extasia o olhar, roí de inveja os outros e liberta um calor
primordial que reduz todas estações ao verão perpétuo: como Valentina Matteucci. Nessas
idades,
o pénis, o dardo de ouro com a ponta de fogo, aponta a rapariga-assombro, para a
emancipação ou para a combustão. E, Valentina Matteucci foi um caso de sucesso,
entrou no mundo da arte. Valentina Matteucci,
94-71-89, 53 kg, olhos e cabelos castanhos, nascida a 20 de março de 1995 em
Ancona, Itália, t.c.c. Daniela, Eva Alegra, Vale Kelly. “Em abril de 2014, ela
escreveu a alguns fóruns italianos pedindo para removerem o material explícito
dela, incluindo alguns vídeos semiamadores de baixa qualidade em que estava
envolvida em ações lésbicas softcore
com outra rapariga. Alegadamente, na altura do pedido ela estava grávida (na
verdade deu à luz em 8 de julho de 2014) e estava tentando mudar de vida. Nos
pedidos, afirmava que o material publicado tinha sido roubado do seu pc ou
impropriamente usado pelos fotógrafos sem o seu consentimento. Mas em junho de
2014, Met-Art / Sex-Art lançou o vídeo «Eva
18» de Alis Locanta, dizendo que era a primeira apresentação dela em vídeo
para adultos, assim explicando a sua tentativa de intervir para garantir o
primeiro lugar do vídeo, e descobriu-se que os alegados vídeos lésbicos
roubados serem apenas material grátis que ela lançou profissionalmente para se
promover como modelo.” Sites: {Indexxx} {Babepedia} {The Nude} {hotties.shakinit} {SexArt}. Obra
fotográfica: {fotos1} {fotos4} {fotos6} {fotos8} {fotos9}. Obra
cinematográfica: {Private Home} ѽ {Shakinit1} ѽ {Shakinit2} ѽ {“Alegra 18”} ѽ {Incercadifuga Productions é uma
agência dedicada à seleção de raparigas para entrarem no mundo da arte e do
espetáculo (cinema, teatro, fotografia, televisão, curtas metragens vídeo). Há
muitas agências que fornecem este género de serviço, mas a particularidade consiste
no facto de que a Incercadifuga Productions se ocupará especificamente de tudo
relacionado com a homossexualidade e bissexualidade. Na prática, cada vez que
uma produtora de televisão ou cinema, o elenco de um telefilme ou uma agência
fotográfica, precisarem de ter raparigas disponíveis para filmarem cenas ou
tirarem fotos de temática homossexual ou bissexual, nós podemos fornecer-lhes
raparigas preparadas e especializadas neste tipo de imagens. Como sabe, em
muitos filmes e telefilmes, em muita publicidade ou serviços fotográficos, a
homossexualidade é ultimamente considerada um tema da atualidade. E nós,
através da experiência adquirida na seleção das atrizes para a produção do
projeto «L
WORD all'italiana», estamos
qualificados para fornecer raparigas preparadas e disponíveis para este tipo de
cenas. Sendo a única agência especializada neste setor, seremos capazes de
oferecer um serviço de grande qualidade e único em Itália. Os serviços que
oferecemos vão desde a audição até à formação, da organização de eventos até à
promoção pessoal.” “Vídeos
eróticos – no âmbito do projeto «L WORD all'italiana» e da
agência Incercadifuga Productions decidimos produzir também vídeos eróticos
(atenção, falamos de erotismo soft,
nada de porno) para permitir a qualquer interessado(a) de poder dispor de
vídeos eróticos intrigantes mas não vulgares, nos quais as nossas atrizes são
pessoas normais, não as clássicas «super-boazonas» vistosas e transbordantes
que vemos nos vídeos porno, mas raparigas normalíssimas como encontramos todos
os dias na rua. (…). A Corte di Cassazione emitiu uma sentença sobre o que é
porno, e definiu a pornografia «representação visível de relações sexuais
explicitas». Nós não fazemos isso, não enquadramos a zona genital em primeiro
plano, não fazemos nudez explícita, não representamos relações sexuais
explícitas com enquadramento específico. Não fazemos porno, mostramos o
erotismo, com especial referência ao erotismo homossexual feminino. Portanto,
beijos, contactos, caricias, sexo suave, paixão, ternura, sensualidade. Nada de
penetração de objetos, nada de relações violentas, nada de nudez explícita. Para
nós é mais erótico imaginar que mostrar.” Valentina > Diana > Clara / “Vídeo
n° 53 - Valentina
M. e Diana” ѽ “Vídeo
n° 54 - Valentina
M. e Clara”}.
[2] Santa
Teresa pertence a um grupo especial de mulheres, o das que se vêm só de roçar o
ar, felizmente minoritário, a maioria satisfaz-se com o trivial. Malina B, 1,66 m, 90-60-89, olhos e cabelo castanho,
t.c.c. Ksysha P, Malina. Sites: {Indexxx} {Met-Art} {Met-Art Hunter} {Amour Angels} {Femjoy} {Erotic Beauty}. “A
adorável Malina vive numa aldeia e não quer mudar-se para a cidade, porque
prefere ar puro e ambiente calmo. Adora comer vegetais frescos e fruta e nadar
no rio após a sauna. Malina ajuda a família trabalhando na quinta, mas quer ser
professora no futuro.” Obra fotográfica: {fotos1} {fotos2} {fotos3} {fotos4} {fotos5} {fotos6} {fotos7} {fotos8} {fotos9} {fotos10} {fotos11} {fotos12} {fotos13} {fotos14}.
[3] Excelência
e credibilidade física recheiam as atrizes do novo cinema. Yalena, 1,60 m, 45 kg, 82-60-81, olhos e cabelos castanhos,
nascida a 24 de setembro de 1990 em Kiev, na Ucrânia, t.c.c. Barbara, Elina G,
Erika, Karen A, Karina, Lisa, Olya. Sites:
{Indexxx} {The Nude} {Euro
Babe Index} {Porn Teen Girl} {Amour Angels} {Define Babe} {We Are Hairy} {ATK
Hairy} {Exclusive Teen Porn} {Favorite
Nudes}. Obra fotográfica: {fotos1} {fotos2} {fotos3} {fotos4} {fotos5} {fotos6} {fotos7} {fotos8} Obra
cinematográfica: {“Hairy
Barbara Masturbates”} ѽ {“Barbara
Plays With Whip Cream”} ѽ {“Teen
Sex Mania”} ѽ {“Amateur
Teen Porn”} ѽ {“Yalena Gets
Fucked”} ѽ {“Home Porn”} ѽ {“Two
For One”} ѽ {“Home
Teen”}.
[4] Uma
namorada doce. Beata D, 1,65 m, 87-62-90, olhos
azuis, cabelo loiro, nascida em 1989 na Rússia, t.c.c. Ang, Angelina, Ekat,
Kira, Liv, Liv A, Zoe. “Sou uma rapariga positiva e sociável. Adoro os meus
amigos e passear pela cidade à noite. Estudei uma variedade de danças durante
10 anos. Também adoro literatura clássica e frequento a faculdade de economia.
Participo em associações estudantis e represento os interesses da nossa escola
em várias ações. Sempre sonhei testar-me como modelo e agora, finalmente, estou
conseguindo a oportunidade em Met-Art.” Sites: {The Nude} {Indexxx} {Define Babe} {Erotic Beauties} {European Pornstars} {Coed Cherry} {Met-Art} {Femjoy} {Which Pornstar} {Elite Babes} {Erosberry} {Pornstar ID}. Obra
fotográfica: {fotos1} {fotos2} {fotos3} {fotos4} {fotos5} {fotos6} {fotos7} {fotos8} {fotos9 + Anju} {fotos10} {fotos11 + Bianca} {fotos12} {fotos13} {fotos14} {fotos15} {fotos16} {fotos17} {fotos18} {fotos19} {fotos20} {fotos21} {fotos22}. Obra
cinematográfica: {“Avilas” (2011)} ѽ
{“Class” (2011)} ѽ {“Sincere” (2012) +
Alexandra D}.
na aparelhagem stereo
Não há
memória, em Portugal, de nenhum advogado capaz, nem João das Regras nem João
Nabais e, o nosso orgulho, Marques Mendes, ficará na Wikipédia como uma boa
base de copos. “As responsabilidades pelo que se passou começam na governance,
mas a governance não resolve, como a lei não resolve, casos de comportamento
criminal, embora os possa prevenir e acautelar. Mas se olharmos para Portugal,
há um conjunto de atores que, como no cenário internacional, estiveram na
primeira linha do que se passou. Primeiro, naturalmente, os gestores,
executivos e não executivos, depois os auditores – só viam o que lhes era
informado –, a quem faltou sentido crítico. Depois as agências de rating que,
apesar de terem falhado, continuam a funcionar e a medir, como se nada tivesse
acontecido. E as sociedades de advogados…” [1] Outra memória, outra história, joga-se no futebol,
campo dos heróis populares. “A Associação Movimento dos Emigrantes Lesados
Portugueses (AMELP) pediu a Cristiano Ronaldo que intervenha a favor dos 2000
emigrantes lesados com a derrocada do BES, que fizeram aplicações no valor de
150 milhões euros. Em carta dirigida ao jogador da Seleção Nacional, os lesados
afirmam que Cristiano é o seu ídolo e que este tem «condições e influência»
para tirar os emigrantes do «drama que parece não ter fim». Pedem, por isso, a
intervenção do jogador a seu favor «perante os poderosos portugueses». Numa
carta endereçada à Federação Portuguesa de Futebol e dirigida a Cristiano
Ronaldo, a que o Económico teve acesso, os emigrantes lesados começam por dizer
«o quão importante é para os portugueses a sua imagem, o seu nome e o seu exemplo».
E recordam que «não há emigrante que não tenha a camisola, os calções ou as
sapatilhas daquele que mostra ao mundo que Portugal tem gente capaz e
que apesar da fama continua humano».” [2]
Gente capaz
nos anos 80:
█ “The Bitch is Back” (1986), Elton
John. Canção
publicada em 1974 no álbum “Caribou”. “Elton gravou o álbum nas montanhas do
Colorado, nos estúdios Caribou, propriedade de Jim Guercio, que era famoso pelo
seu trabalho com os Blood, Sweat & Tears e os Chicago. O disco
recebeu o nome dos estúdios.” “A ideia de
criar a canção foi inspirada não por John ou Taupin diretamente, mas antes pela
mulher de Bernie Taupin na época, Maxine Feibelman, que dizia: «A cabra
voltou», quando Elton estava de mau humor. Taupin escreveu a letra.
Musicalmente, a canção no original foi escrita
em
lá bemol
maior, mas hoje é tocada ao vivo um semitom a baixo em sol maior. O solo de
saxofone no meio é atualmente tocado por sintetizadores, embora um solo de
guitarra, ocasionalmente, o substitui, como pode ser visto nos vídeo dos concertos, ou aparece,
em saxofone, noutros, como em «One
Night Only: The Greatest Hits Live at Madison Square Garden».” “Elton é
a cadela. Um dia quando ele estava de mau humor, reclamando de tudo e todos, a
mulher de Bernie Taupin, Maxine, costureira da banda, viu-o e disse: «Oh-oh, a
cadela está de volta». Bernie Taupin que escrevia as letras de Elton achou que
era uma grande frase. Escreveu a letra e Elton colocou a música.” “Muitas
estações de rádio recusaram passá-la por causa da palavra bitch. Quando se tornou um sucesso, muitas dessas estações
começaram a tocá-la, mas algumas transmitiam uma versão editada com a palavra bitch apagada. Esta versão soava
bastante estúpida visto a palavra ser repetida vezes sem conta.” “Quando
Hillary Clinton foi às livrarias promover a sua autobiografia, «Living
History», em 2003, um grupo conservador chamado Free Republic encenou «protestos
áudio» tocando esta canção e “Stand by Your Man” de Tammy
Wynette nas suas sessões de autógrafos.” “Lita Ford fez uma versão e incluiu-o
no título do seu álbum ao vivo de 2013, «The Bitch is Back... Live». Transformando-a
numa canção rock para guitarra com a
ajuda do seu produtor Gary Hoey, Lita achou que a canção era apropriada para
ela, quando voltou para a indústria da música, depois de uma pausa para criar
os dois filhos.” █ “Jack Your Body”
(1986), p/ Steve “Silk” Hurley. “O termo «jack» vem do calão da música house de Chicago e refere o ato de
dançar freneticamente uma batida house.
Frequentemente aparece em letras e títulos de canções, começando em «Jack Your
Body» do artista de Chicago Steve «Silk» Hurley, que foi um dos primeiros
êxitos house no Reino Unido, alcançando
o n.º 1 em janeiro de 1987. No mesmo mês, Raze entrou no Top 20 inglês com «Jack The Groove» e uma
variedade de outros se seguiram, incluindo «Jack Mix II» e «Jack Mix IV» dos
Mirage, assim como «Jack To The Sound Of The Underground», do
produtor holandês Hithouse (Peter Slaghuis). Até o trio líder na escrita e
produção de canções pop, Stock,
Aitken & Waterman, embarcou no comboio jack
com «I’d Rather Jack», que foi
n.º 8 pelas Reynolds Girls. Uma canção de protesto reclamando pelas músicas que
conheciam não tocarem nas rádios, que preferiam passar melodias antigas,
Rolling Stones, Pink Floyd, Dire Straits, e onde ilustremente deparamo-nos
com as duas manas pop a dizer que «they’d
rather jack than Fleetwood Mac».” “Havia
discos melhores nos primórdios da house,
mas o sucesso inesperado de «Jack Your Body» - e o anonimato de Hurley então e
agora - deu-lhe um lugar especial na história da pop britânica. Dezoito meses antes da febre acid house, a mercurial
batida metálica com um polvilhado de prato de choque, tão proeminente na
mistura como nos vocais, de Hurley, baralhou as pessoas. Esta, apesar de tudo,
era a época do maximalismo (foi seguido no n.º1 pelo arfado e oco «I Knew You Were Waiting For Me» de George
Michael e Aretha Franklin). Crucialmente, «Jack Your Body» não tem nenhum verso
ou coros, apenas a melodia mais básica, com a voz de Hurley tratada e
desincorporada repetindo o título uma e outra vez. Tudo move-se no seu ritmo e
repetição. A era moderna pop começa
aqui.”
█ “French Kiss” (1989), p/
Lil Louis. “Esta canção foi apanhada numa das
periódicas nalgadas da censura inglesa, quando o futuro ministro do Interior,
Jack Straw, disse ao Times que o seu filho de 9 anos não conseguia entender
«por que tantas pessoas deveriam comprar um disco de uma mulher ofegando,
depois gemendo, intercalado com a ocasional frase balbuciada».” [3] “A canção foi amplamente samplada, inclusive em «Custom Made (Give It to You)» de Lil'
Kim, «Quickie» dos Geto
Boys e «Au Pair Girls» dos The
Wiseguys.” “Um dos
mais populares produtores house de
Chicago no final da década de 80, graças ao enorme sucesso de «French Kiss»,
Lil’ Louis foi também o único produtor de Chicago a trabalhar, com êxito, com
as principais etiquetas: lançou dois álbuns pela Epic e só saiu por livre
vontade. Nascido em Chicago, em 1962, Louis dificilmente seria filho de Bobby
Simms, (como afirmado no Discogs), músico de Chicago que
gravou para a Chess Records e apareceu nos The Mus-Twangs, em Bobby Simms & The Simmers, nos The Proper Strangers ou na banda
de soul psicadélico Rotary Connection. O pai
seria, talvez, Robert Sims, um barítono de Chicago especializado em folk e espirituais negros. Louis cresceu
em Chicago com nove irmãos e tocava bateria e baixo em criança, depois, em
meados de 70, começou a pôr discos (ganhou a alcunha depois de atuações no
clube River's Edge quando ainda andava no liceu). No final da década tinha o
seu próprio clube, o Future, onde começou a trabalhar as suas técnicas de edição,
graças a um gravador de cassetes e mais tarde um gravador de bobinas.” █ “The
New Style” (1986), p/ Beastie Boys.
“O famoso «… mmm drop», desta canção, foi posteriormente samplado noutras
músicas hip-hop, incluindo «Drop» (1995) dos
Pharcyde, «Benz
or a Beamer» (1995) dos Outkast e próprios Beastie Boys em «Johnny Ryall» (1989) e
no single «Intergalactic» (1998).” “Antes
dos seus emblemáticos discos e a entrada no Hall of Fame, os Beastie Boys
constituíam uma banda punk que
era corrida das hamburguerias White Castle. No início de 80, Mike D, Ad Rock e MCA
eram um desordeiro conjunto musical hardcore
que fazia primeiras partes de bandas como os Dead Kennedys e Bad Brains. No correr
do tempo, a influência do punk rock declinou e o seu som deslocou-se
para incluir mais elementos do hip-hop.
Chegado 1986, sob o olhar atento do produtor Rick Rubin, os Beastie Boys fizeram
a transição para um completo conjunto musical rap mesmo a tempo para o seu álbum de estreia, «Licensed to Ill». Editado
em 1986, há trinta anos, «Licensed to Ill» manteve os riffs de guitarra
estridentes e fragmentação dos primeiros EPs, mas há
bruxuleios do que veio depois. A sua rudimentar, transposição do lema punk, «aqui estão três acordes, agora
forma uma banda», para o hip-hop. O
primeiro single, «Fight for Your
Right» cimentou os Beastie num lugar no cânone musical, mas é «She’s Crafty»
que demonstra realmente quanto eles iriam desenvolver-se mais tarde. «She’s Crafty» mistura
riffs de guitarra punk com narração
de histórias hip-hop e precursão
industrial. A narrativa é adolescente, só sexo, jolas e festas a darem para o
torto, mas os instrumentais são o prelúdio para o estilo de mistura e harmonia,
que irão desenvolver no futuro.” █ “Balloon
Man” (1988), p/ Robyn Hitchcock and the Egyptians.
“Nascido a 3 de março de 1953, é um cantor, compositor e guitarrista britânico.
Embora, principalmente, vocalista e guitarrista, ele também toca harmónica,
piano e viola baixo. Depois de alcançar notoriedade nos finais de 1970 com os Soft Boys, Hitchcock
iniciou uma prolífera carreira a solo. O seu estilo musical e lírico foi
influenciado pela predileção por Bob Dylan, John Lennon, Syd Barrett e Roger
McGuinn. As letras de Hitchcock tendem a incluir surrealismo, elementos de
comédia, descrições da excentricidade inglesa e melancólicas representações da
vida quotidiana.” [4]
____________________
[1] Imaculada, sem pecado, nem culpa na crise, brilha uma
atriz de fino requinte, Ania, 1,70 m, 50 g, 87-60-89, sapatos 37, nascida
Anna Marantseva (Маранцева Анна Александровна) a 11de julho de 1984 em Sheremetyevo,
Moscovo, t.c.c. Anahi, Anna, Anna M, Anna Marantseva, Annala, Auda, Charlene,
Diana, Dimitra, Dimtra, Hilary, Hilary A, Liloo, Lisa, Liza, Luda, Nicolet,
Tamra. Sites: {Indexxx} {The Nude} {Gold Disk} {Met-Art} {Babes and Stars} {Elite Babes} {Erosberry} {Kind Girls} {jeuneart} {Agência} {hqcollect} {Which Pornstar}. “As
modelos de Moscovo são de dois tipos. Primeiro, as nascidas e criadas em
Moscovo e, segundo, as raparigas que vêm das aldeias para a capital e tentam
adaptar-se e encontrar o seu lugar nesta cidade difícil de viver. Todas as
raparigas são deste tipo, exceto Dunyasha. São raparigas
trabalhadoras, quase sempre artísticas, modernas e com boa instrução, que são
agradáveis não só de fotografar mas para conversar. A pascácia mais brilhante é
Ania. Com esta miúda podemos falar sobre literatura horas a fio, porque ela
finalizou os seus estudos de literatura na universidade. Escreve versos e
prosa. Gosta muito de viajar e está ansiosa para ir até ao fim do mundo com
Galitsin – quão fortemente se tornaram íntimos. Foi muito interessante
descobrir as raparigas de Moscovo, não pretendemos ser os únicos a
fotografá-las, e elas não são exclusivas, porque algumas delas trabalham com outros
fotógrafos. Ania tem ótima experiência em trabalhar com os melhores fotógrafos
russos e pensamos que a sua cara é-lhe familiar dessas produções. Mas tentamos ser
diferentes ao fotografar as raparigas de Moscovo. As modelos admitem que as
suas sessões com Grig e Valentina diferem totalmente daquelas que realizaram
antes. Estamos felizes que as modelos de Moscovo nos felicitem como outras
modelos famosas fizeram. Ora, estas miúdas disseram-nos que o nosso trabalho
conjunto foi, sem dúvida, o mais excitante e cativante momento das suas vidas.
Ania é extremamente fácil de trabalhar – ela é, de facto, uma profissional de
alta craveira. Facilmente concorda com as experiências mais invulgares que
foram interessantes para nós. Durante a nossa estadia no hotel, estavam a
filmar a conhecida série «Esenin»
(Есенин) protagonizada por um dos maiores atores russos. Não tive que torcer o
braço a Ania e Dunyasha para participarem numa sessão fotográfica no décor
deste filme. E foi a sua primeira experiência de nudez em público. No primeiro
dia de trabalho Ania apaixonou-se por Valentina. Ela olhava-a olhos flamejantes
de paixão e ficou realmente feliz quando Galitsin pediu-lhes para posarem
juntas. Na vida real, Ania é uma miúda muito recatada, sorridente e
inteligente, que não é típica para os padrões eróticos. Tentou a área da música,
dança e até o striptease. Assim, os
homens desfrutavam o seu apetitoso corpo elástico em palco num clube. Isto pode
ser percebido nos seus movimentos suaves e graciosos. Aqueles grandes olhos
infinitos e lábios sensuais podem enlouquecer qualquer um no seu passo.
Todavia, uma graça e timidez adolescentes estão presentes o tempo todo. Apesar
da sua maturidade e grande estatura, Ania é semelhante a uma miúda, por causa
do seu cabelo curto e impertinente”.
Entrevista: P: “Quais
pensas que são os teus melhores atributos?”, Ania: “Sou formidável no todo.” P:
“Cor favorita?”, Ania: “Vermelho e preto.” P: “Programas de TV favoritos, lista
de nomes”, Ania: “Não gosto de ver TV.” P: “Livros favoritos, lista de
títulos”, Ania: “Wolf Man.” P: “Filmes favoritos, lista de títulos”, Ania:
“Gosto dos filmes realizados por Fellini.” P: “Revistas favoritas, lista de
nomes”, Ania: “Não leio revistas.” P: “Música favorita, lista de títulos”,
Ania: “Gosto de música clássica, óperas.” P: “Altura favorita do dia, porquê?”,
Ania: “A noite, o trabalho acabou e posso descansar, tomar um duche.” P: “Qual
é a tua formação? Curso?”, Ania: “Faculdade de literatura.” P: “Falas outras
línguas? Se assim for, diz-me algo nessa língua”, Ania: “Inglês.”, P: “Lugar
favorito para viajar, relaxar ou visitar”, Ania: “Adoro dançar, é por isso que
gosto de discotecas.” P: “Quais foram os locais que visitaste?”, Ania: “São
Petersburgo.” P: “Qual é o teu feriado preferido? (Natal, dia dos namorados,
dia de ação de graças, etc.)”, Ania: “O ano novo.” P: “Comida favorita,
lanches, doces”, Ania: “Não gosto de comer muito, porque é mau para a linha.”
P: “Qual é o teu carro de sonho?”, Ania: “Gostaria de ter um avião.” P: “Qual é
o teu emprego de sonho?”, Ania: “Hospedeira.” P: “Descreve o teu lugar favorito
para fazer compras”, Ania: “IKEA.” P: “Assistes a desporto, se sim, quais são as
tuas equipas favoritas?”, Ania: “Não.” P: “Praticas desporto ou outras
atividades? Explica”, Ania: “O desporto não é para mim.” P: “Quais são os teus
passatempos?”, Ania: “Dançar.” P: “Preferência de bebidas, alcoólicas e não
alcoólicas”, Ania: “Martini.” P: “Tens algum animal de estimação?”, Ania: “Um
gatinho preto.” P: “Estado civil?”, Ania: “Solteira.” P: “O meu pior hábito
é…”, Ania: “Fumar.” P: “A única coisa que não suporto é…”, Ania: “A dor.” P:
“Que animal melhor descreve a tua personalidade e porquê?”, Ania: “Sou muito
parecida com um gato – pode avaliar isso no vídeo da minha entrevista.” P: “As
pessoas que me conheceram no liceu pensavam que eu era…”, Ania: “Uma mauzona.”
P: “Como é que descontrais ou passas o teu tempo livre?”, Ania: “P: “Leio
literatura clássica russa e oiço música.” P: “Qual foi o momento mais feliz da
tua vida?”, Ania: “Produções fotográficas interessantes.” P: “Quais são as tuas
esperanças e sonhos”, Ania: “Ficar bonita até quendo puder.” P: “O melhor conselho
que já me deram foi…”, Ania: “Não gosto de conselhos.” P: “O pior conselho que
me deram…”, Ania: “Não me lembro de tais coisas.” P: “Que tipo de cuecas usas,
se algumas”, Ania: “Biquíni.” P: “O tamanho importa? Qual é a tua medida
ideal?”, Ania: “O tamanho não é importante.” P: “Descreve a tua primeira vez
(pormenores, local, pensamentos, satisfação, etc.)”, Ania: “Oh… foi há muito
tempo. Não me lembro.” P: “O que te excita?”, Ania: “Tipos inteligentes.” P: “O
que te desliga?”, Ania: “Tipos estúpidos.” P: “O que te faz sentir mais
desejada?”, Ania: “Ofegarem-me na orelha.” P: “Melhor maneira de te dar um
orgasmo”, Ania: “Pichotas grandes.” P: “Masturbas-te? Com que frequência? (dedo,
brinquedos ou ambos)”, Ania: “Às vezes no banho.” P: “Qual foi o teu primeiro
fetiche, se algum?”, Ania: “Os meus sapatos pretos.” P: “Qual é o lugar mais
exótico ou invulgar em que fizeste sexo? Ou onde gostarias que fosse?”, Ania:
“Fazer sexo na água.” P: “Posição sexual favorita, porquê?”, Ania: “À canzana,
rapariga por cima.” P: “Descreve um dia típico da tua vida”, Ania: “Levanto-me
às 8 da manhã, tomo o pequeno-almoço, tomo um duche e vou para a universidade. Depois
das aulas vou tomar café com as minhas amigas. Então, vamos ao cinema ver
filmes italianos. Depois vou para casa ler livros, depois vou dormir. (Mas
antes de adormecer, masturbo-me).” P: “Tens alguma curiosidade sexual que
gostasses de explorar ou tivesses explorado? Por favor, descreve com pormenores
(rapariga / rapariga, voyeurismo, etc.)”, Ania: “Rapariga / rapariga.” P:
“Descreve em detalhe a tua fantasia sexual favorita”, Ania: “Quero fazer sexo
com Arnold Schwarzenegger.” P: “Se pudesses ser fotografada de qualquer forma,
em qualquer cenário, qual escolhias? O que te faria sentir mais desejada, mais
sensual?), Ania: “Quero um bom retrato.” Obra fotográfica: {fotos1} {fotos2} {fotos3} {fotos4} {fotos5}
{fotos6} {fotos8} {fotos9}
{fotos10}
{fotos11}
{fotos12}
{fotos13} {fotos14}
{fotos15}
{fotos16}
{fotos17}. Obra
cinematográfica: {“Longing
For A Half Meter Dildo” + Kristina} ѽ {“Joint
Pleasure” + Kristina} ѽ {“Interview”}
ѽ {“Welcome To The Coulisses”
+ Dunyasha + Valentina} ѽ {“Jealousy”
+ Kristina} ѽ {“Hot Girl”}
ѽ {“After
Loving Stop” + Kristina} ѽ {“Unexpected
End”
+ Dunyasha + Valentina} ѽ {“On
The Historical Film Shooting” + Dunyasha} ѽ {“Скорая Секс
помощь” (2004), real. Oleg Golduev (Олег Голдуев), c/ Ivan Petrov (Иван
Петров), Petr Batko (Петр Батько), Anna Marantseva (Анна Маранцева), Leon Aron
(Леона, Арон), Margot (Марго), Leela (Лилу), Julia Shopyreva (Юлия Шопырева)} ѽ
{“Русские студентки - игры в порно” (2006), real. Anton
Androsov (Антон Андросов), c/ Valeria Nemchenko (Валерия Немченко), Anna
Marantseva (Анна Маранцева), Yulia Tikhomirova (Юлия Тихомирова)}.
[2] Também
muito rica, Paris
Hilton deu uma lição de humildade, partilhando com os infelizes
desprotegidos um truque caseiro para proteger a garganta das lesões
quotidianas, aclarando-a, fortalecendo-a, para cantar como um rouxinol no Hit Parade
- “Good
Time” (2013) “Heartbeat”
(2006). Esse utilíssimo manual laríngeo unissexo é conhecido do grande público
como “One
Night In Paris” (2004). “O
vídeo foi lançado por Rick Salomon pouco antes da estreia da série de Hilton, «The Simple Life», causando
furor nos média. Quando Hilton afirmou publicamente que estava «fora de si»,
não sabia o que estava a fazer durante a gravação do vídeo e não aprovou o seu
lançamento público, Salomon processou-a por difamação. Hilton, em seguida,
contra-atacou com outro processo pelo lançamento da cassete, resolvido
extrajudicialmente em julho de 2005. Segundo notícias, Hilton recebeu mais ou
menos 400 000 dólares e planeava doar uma percentagem para caridade.” Hilton: “Essa
é uma coisa que realmente me chateia quando ouço falar, porque nunca, jamais,
recebi um dólar desse vídeo”, diz ela à revista Marie Claire. “Essa é a última
coisa que gostaria de ver por aí.” “É realmente doloroso, porque toda a minha
vida emulei a princesa Diana, todas essas mulheres elegantes e fantásticas, e
acho que tirou tudo isso de mim. Eu poderia ter sido como elas, mas por causa
daquela cassete, serei sempre julgada e lembrada, seja o que digam sobre mim, por
causa de um momento privado entre o meu namorado e eu.”
[3] Não é da
natureza de um político perceber arte e muito menos consumir arte. Quando isso
acontece temos os museus, as naturezas mortas, os naperons, os abajures, o
IKEA. “Valie Export, nascida a 17 de maio de 1940 em Linz como Waltraud Lehner,
mais tarde Waltraud Höllinger, é uma artista austríaca. O seu trabalho
artístico inclui instalações vídeo, performances, expanded cinema, animação
computorizada, fotografia, esculturas e publicações sobre arte contemporânea.” “Quando mudou
de nome em 1967 para VALIE EXPORT, a artista austríaca Waltraud Höllinger
(nascida Lehner) renunciou os nomes de seu pai e seu ex-marido – símbolos da
propriedade patriarcal – e transformou-se numa identidade de marca. Quase
imediatamente após esta pausa, EXPORT, então com 27 anos, começou a desenvolver
um dos conjuntos de obras de arte feministas e experimentais mais importantes
do período pós-guerra, explorando o nexo das relações entre política, experiência
e identidade pessoal. Como seus companheiros, os Actionistas, que
desafiaram as normas de uma sociedade vienense ansiosa e repressiva, EXPORT
empurrou o radicalismo para formas que eram agressivas, e, às vezes, chocantes.
No seu «Touch Cinema» icónico de
1968 – «o primeiro filme feminino genuíno», como ela diz – EXPORT estava numa
rua com uma caixa de esferovite sobre o peito convidando os transeuntes para
afastar a cortina com as próprias mãos e sentir o seu conteúdo: seus seios nus.
No ano seguinte, «Genital Panik» levou-a
para um cinema de Munique vestindo um par de calças com a virilha cortada. Lá,
ela apresentou ao público não a imagem do corpo feminino que ele estava
esperando na tela, mas com a verdade nua e crua. Em «Facing a Family» (1971),
com transmissão na televisão nacional austríaca EXPORT veiculou cinco minutos
de uma família olhando calmamente para o seu aparelho de TV, espelhando a
audiência em casa.”
[4] Surrealismo,
elementos de comédia, excentricidades pululam nas cabeças dos Economistas
Portugueses. (Nunca falham por que fazem as suas previsões através da
rebulhana). “Para o também filósofo, conselheiro de estado e apoiante das
políticas atuais de austeridade financeira em Portugal, o problema da
competição económica está na falta de uma ética correta seguida
convictamente pela maioria dos agentes económicos. Esse padrão moral foi
perdido desde que a religião deixou de dominar o comportamento dos indivíduos e
dos Estados e nada, entretanto, o substituiu. Ele acredita nas virtudes do
sistema, ele acredita no jogo económico, ele acredita nos benefícios de um
crescimento em que uns ganham muito e outros ganham menos, mas também ganham.
No limite da contradição insanável com esta fé, Vítor Bento constata que,
afinal, há um valor moral prevalecente e comum nas sociedades do século XXI: a
medida da riqueza material de cada individuo. Pergunta: Ao refletir sobre a
crise financeira que explodiu nos últimos anos o Vítor Bento contata que a
economia perdeu um guia moral porque as sociedades deixaram de ter como
referência a religião e não há outro padrão moral comum a funcionar em
substituição. Isto leva-me a suscitar uma pergunta que não está esclarecida no
livro. O vítor Bento é um homem religioso? Vítor Bento: «Naquele sentido
tradicional do termo, portanto, de alguém que tem um envolvimento com uma
religião em particular, não sou. Portanto, não tenho nenhuma atividade
religiosa, nem tenho nenhuma preocupação profunda com a religião. É uma matéria
com a qual não tenho um relacionamento muito próximo mas reconheço, de facto,
que a religião tem grande importância com guia das sociedades ao longo da
história». Pergunta: Porque é que a religião era importante para a economia?
Vítor B: «Todos nós somos mais religiosos do que aquilo que, em geral,
assumimos. Todos nós atuamos muito mais com base na fé do que aquilo que
admitimos. Muitas das nossas decisões, dos nossos comportamentos, são mais
baseados na fé do que na razão. Você, provavelmente, nunca foi à Austrália,
pois não?`» Não, nunca fui à Austrália. «Mas acredita que a Austrália existe?»
acredito. «Pois». Também acredito que os australianos não andam de pernas para
o ar. «Exatamente. Você acredita nisso porque há um conjunto de plausibilidades
que o levam a acreditar, você não funda a sua vida apenas naquilo que conhece
ou naquilo que testemunha diretamente. Uma boa parte da política tem uma visão
religiosa ou incorpora padrões típicos das religiões normais (chamemos-lhes
assim) como os da promessa de um paraíso – só que na política a promessa do
paraíso, normalmente, é para se materializar na Terra. Na religião, para se
chegar ao paraíso, é preciso sofrer durante uns tempos, porque o mundo é impuro
e portanto é necessário passar por um processo de sofrimento e ganhar assim
acesso ao paraíso. Na política o paralelo é possível. Por outro lado, tanto a
religião como a ideologia política têm um livro, um guia dessa atividade, com
um profeta dominante. Se quiser, o marxismo e Marx, com o Capital, com a
promessa da sociedade onde todos serão iguais, serve de exemplo claro para uma
chamada religião laica». (…).
«As grandes
religiões serviram também como um instrumento de organização da sociedade, como
uma forma de dar baias à sociedade para que ela se comportasse organizadamente.
Se cada individuo se guiasse apenas por aquilo que lhe convinha teria sido o
caos. A religião ajudou a criar um quadro mental pelo qual as pessoas se
disciplinavam, se disciplinam e se orientam. A religião é uma das coisas que
lhes proporciona um quadro de valores fundamentais de referência, desde os 10
mandamentos da Bíblia à sharia da religião muçulmana. Esses princípios
orientadores foram destilados pela própria vida, isto é, quando se chegou à
aplicação daquele quadro de valores foi por estar demonstrado ser esse guia
fundamental para que a sociedade funcionasse corretamente». (…). «Essa
hierarquia de valores era indisputada. Quando se pós em causa a religião e, no
fundo, a própria autoridade que outorgava esse conjunto de valores, cada um
entendeu que era soberano moral de si próprio, cada um definia o seu quadro de
valores. Entrámos naquilo a que podemos chamar de relativismo moral que acaba
por afetar, sobretudo, os valores ditos espirituais, os valores intangíveis,
que são difíceis de medir. Cada um estabelece a sua própria medida moral e,
pelo menos esta é a minha tese, entrámos num mundo de flutuação de valores. Só
que, do meu ponto de vista, o valor que acabou por dominar, por se elevar e ser
mais comum nesta nova sociedade, é o único valor tangível, é aquele valor que
se pode medir, em contraponto aos anteriores valores intangíveis, não
mensuráveis. E qual é o único valor tangível? É o da riqueza material».
(…). «Ou melhor, é ciência positiva e é constituída por um conjunto de teorias
a que nós chamamos, no seu todo, de teoria económica. Nesse âmbito uma teoria está
certa ou está errada quando representa melhor ou pior os comportamentos, na
prática, da sociedade. Aí aplica-se o mesmo princípio das ciências naturais,
utilizando o critério de Popper: todas as teorias são verdadeiras até serem
falsificadas. Para haver ciência tem que ser possível a contestação e as
teorias económicas são, de facto, contestadas. Surge assim uma nova teoria que
se adequa melhor à explicação desse fenómeno e elimina a anterior. Vou dar um
exemplo familiar: uma boa parte da física newtoniana foi substituída pela física
de Einstein, que era mais abrangente nas explicações que dava. Na teoria
económica acontece a mesma coisa: há teorias que em determinada altura se
aplicam, mas depois aparece uma teoria mais perfeita que se adequa
melhor à realidade e substitui as anteriores». (…). «Depois há a parte da
aplicação prática, que é a política económica, ou seja, a forma de se aplicar
os conhecimentos da teoria para a ação da comunidade. Aí, os resultados umas
vezes saem bem, outras vezes saem mal, porque o número de variáveis sobre os
quais nós podemos atuar é infinitamente menor do que o número de variáveis sobre
os quais não conseguimos atuar». (…).
«Uma
definição muito simples é que a economia é a arte (ou a ciência, como lhe
queiram chamar) de conciliar aspirações ilimitadas com recursos finitos. Dito
desta maneira a busca da máxima eficiência será sempre boa porque procura gerar
a maior riqueza possível, e isso, em princípio, beneficiaria toda a gente».
(…). «Nem todos os valores são estritamente económicos. A sociedade pode
entender, por exemplo, que o custo a pagar por ter uma desigualdade social
demasiado grande é inaceitável. Pode estar disposta a sacrificar a satisfação
de algumas necessidades para manter uma igualdade maior ou uma desigualdade
menor entre as pessoas». (…) «A economia é uma ciência do comportamento humano
da mesma forma que que a moral é uma ciência do comportamento humano. Enquanto
a economia é uma ciência que lida com as necessidades e com os recursos, a
moral lida com os valores. Portanto, a economia, quando muito, explica o que é
e como é. A moral explica o que deve ser e como deve ser. Aqui, por vezes, há
conflitualidade. Um dos erros que muitas vezes é cometido é interpretar-se uma
frase de Adam Smith. No seu livro A riqueza das nações, Adam Smith é
considerado o pai da economia». Da economia liberal… «Não exatamente, enfim, a
economia só existe enquanto economia de mercado, enquanto ciência só se
aplica à economia de mercado. O Adam Smith é considerado, digamos, o pai da
economia e há uma frase onde ele diz mais ou menos isto: que não é da boa
vontade do padeiro que eu tenho pão na mesa, é do interesse egoísta do padeiro,
do seu interesse na maximização da sua utilidade que ele cria uma coisa que eu
depois preciso. Há quem interprete isto dizendo que o objetivo da atividade
económica é a maximização do lucro. O que é verdade mas não é toda a verdade.
Porque nós, para compreendermos o pensamento de Adam Smith, temos de
compreender tudo o que ele escreveu para além dessa frase. E o Adam Smith,
entre outras coisas, era um professor de moral, até porque nessa altura a
economia era ensinada nas cadeiras de moral, era uma extensão porque era uma
ciência do comportamento humano, a extensão da moral, e um dos livros mais
importantes dele é a Teoria dos sentimentos morais. Aí vemos que ele, no fundo,
considerava que um cidadão que se comportava adequadamente era um cidadão que
se preocupava com o próximo, que tinha um comportamento reto, que era honesto.
O que nos permite dizer (ou, pelo menos, me permite a mim dizer) que a ilação
que podemos tirar de Adam Smith é que o objetivo da atividade económica é a
maximização do lucro respeitando as regras morais e legais que tenham de ser
cumpridas. E aqui é que muitas vezes há uma componente de conflitualidade.
Aqui é que entram na história os valores, isto é, se de repente a sociedade
começa a desvalorizar a honestidade, a parcimónia, etc. o gestor sente-se menos
preso ao respeito por esses valores e começa a esticar mais a tal maximização do
lucro, desprezando os efeitos que possa produzir». (…).
«E se a
sociedade for tolerante com os comportamentos desviantes, cria-se
necessariamente um incentivo para que haja mais comportamentos desviantes. Uma
coisa que se viu ao longo do último boom
é que o gestor que transgride tem mais sucesso do que o gestor que não
transgride, porque tem melhor resultado. E como tem melhor resultado, é
recompensado pelo seu resultado». (…). «Isso cria uma centrifugação dos
gestores que possam ter mais preocupações éticas porque, por terem essas
preocupações, têm um resultado material pior. Como a sociedade não o valoriza
por essa atitude, ele acaba por ser centrifugado e é criada uma seleção em que
os melhores gestores são aqueles que têm valores morais mais frágeis». (…). «Felizmente
a maior parte dos gestores é honesta, mas vimos em muitos casos que,
de facto, houve muitos gestores de sucesso que foram pisando o risco
e quanto mais pisavam o risco mais sucesso tinham. Em qualquer competição,
em qualquer jogo (no fundo, a economia é uma competição) tem de haver regras e
tem de haver um árbitro. Se não houver um árbitro, o jogador que tenha o padrão
mais baixo tem uma vantagem competitiva. Imagine um jogo de boxe: não se pode
dar golpes abaixo da cintura. Se não houver árbitro ou se o árbitro estiver
desatento, o jogador que der o golpe abaixo da cintura tem uma vantagem
competitiva. Apanha o adversário desprevenido, dá-lhe um golpe que o pode
inutilizar. Se não houver arbitragem qualquer competição – boxe ou outra – se
transforma rapidamente numa competição pelo rebaixamento do padrão moral,
porque a resposta do outro jogador vai ser, também, baixar o padrão moral. Se
quiser um exemplo, veja o resultado que deu a concorrência nas televisões. O
resultado que deu, em termos de programação. É um bom exemplo do que é a
competição pelo rebaixamento do padrão moral». (…).
«Isso aí
depende de nós todos porque a moralidade é o conjunto de valores que
supostamente deve orientar a sociedade, no sentido de permitirem a maior
felicidade possível. É óbvio que há um conjunto de valores que favorece mais a
obtenção da felicidade do que outros. Há sempre uma tensão permanente entre uns
valores e outros. A religião tinha automaticamente um sistema sancionatório
associado a isso, o que leva Kant a apostolar a existência de Deus. Kant era
religioso, mas preocupava-se em racionalizar tudo, nomeadamente a própria existência
de Deus. E uma das coisas que o levam a apostolar a existência de Deus é ser
impossível conceber um mundo onde o mal ganhe, e como a justiça humana é, por
natureza, imperfeita, é necessário a existência de uma autoridade superior que
assegure que o mal é sempre punido em última instância e, por isso, após a
morte, quem se tiver portado mal, no julgamento final, será condenado».” em
Diário de Notícias n.º 53 006.